Existe um aforisma, esqueço de quem, de que o fim da era do petróleo não acontecerá devido ao fim do treco, assim como o motivo da idade da pedra acabar não foi uma escassez de pedra no mundo. O "big crush," em que o óleo do mundo começaria a acabar, vem sendo previsto para datas quase específicas desde os anos 50, e remanejado com uma regularidade de dar inveja a adventista do sétimo dia, mas as reservas de petróleo do mundo estão bem maiores do que nos anos 50, e continuam, num ano médio, crescendo, não diminuindo.
O que preocupa é que elas não estão se diversificando enquanto crescem. Pelo contrário, enquanto o total cresceu 1% no ano passado, a fatia do Oriente Médio no bolo cresceu 0,6%. Ou seja, a importância daquele pedaço de areia cresce todo ano, apesar de haver quem desconfie dos números mandados pelos nossos tiranos favoritos, principalmente no Kuwait e Iraque.
Segundo o povim simpático na Saudi Aramco, a coisa pode acontecer em muito maior escala ano que vem - eles anunciaram que as reservas deles podem ser de 460 bilhões de barris. A diferença entre isso e os 260 prévios é "só" três vezes as reservas da Venezuela, dez vezes as dos EUA, vinte e cinco vezes as do Brasil.
Se alguém ainda acredtava que os EUA tinham alguma intenção de sair daquela área, depois dessa é que pode ir botando as barbas de molho. Eleições, cruzadas e terroristas à parte, as forças armadas dos EUA se posicionaram, nos últimos anos, em cima do Golfo, e da única área que tem a possibilidade, ainda que remota, de um dia vir a rivalizar com o golfo, a Ásia Central.
Além dos fabricantes de armas americanos, a notícia dos 200bn de barris a mais da Saudi Aramco é ótima para a família real saudita (tecnicamente, a Arábia Saudita não é um estado no sentido moderno; são as possessões da Casa de Saud). Junto com os atuais preços altos, quer dizer que a estratégia deles de dar pão e circo, pra ver se aquele bando de moleque desempregado não se rebela, pode dar certo por um pouco mais de tempo.
Auferre, trucidare, rapere, falsis nominibus imperium; atque, ubi solitudinem faciunt, pacem appellant.
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29.12.04
27.12.04
Acordos bilaterais
However, bilateral investment protection treaties embody many of the overreaching provisions that were rejected at the multilateral level and contain few of the flexibilities that were discussed by developed and developing countries alike.
The collapse of WTO investment talks in 2003 has been hailed as a "victory" by civil society groups. A multi-track negotiating strategy deployed by western governments ensures that this victory could be a Pyrrhic one.
The collapse of WTO investment talks in 2003 has been hailed as a "victory" by civil society groups. A multi-track negotiating strategy deployed by western governments ensures that this victory could be a Pyrrhic one.
Pra que serve um Tarso Genro?
Pra nada que se ligue a educação, isso está bem claro. O comunismo, talvez? Afinal, ele lançou um livro em que se propõe a atualizar o marxismo. Mas fica a desconfiança de que Marx (como qualquer pessoa com cérebro) ia ficar horrorizado ao ver os "feitos" de Tarso no MEC.
O link é para um texto da Yvonne Maggie (organizadora da excelente coletânea "raça como retórica") na página de opinião do Globo de hoje. De sacanagem, o Globo publica junto uma matéria (não é opinião, notem, é "notícia") em que mais uma vez os desvios estatísticos são usados como provas. Afinal, não se pode discutir com os números. Sobre o que, outro artigo de mera opinião está na mesma edição do jornal - do José Murilo de Carvalho
Eu ainda queria saber porque, se a Globo é tão a favor assim do sistema de cotas (fora o Ali Kamel), a minha TV continua sendo mais pra Europa que pra Brasil em termos de cor. Tá, a resposta é óbvia, e o paradoxo, superficial. A Globo é a favor, sempre, de qualquer coisa "que nem no primeiro mundo," e especificamente o Circuito Elizabeth Arden do Itamaraty. Até a retirante nordestina é a Carolina Dieckmann, só faltava passar blackface (brownface?) na cara dela.
O link é para um texto da Yvonne Maggie (organizadora da excelente coletânea "raça como retórica") na página de opinião do Globo de hoje. De sacanagem, o Globo publica junto uma matéria (não é opinião, notem, é "notícia") em que mais uma vez os desvios estatísticos são usados como provas. Afinal, não se pode discutir com os números. Sobre o que, outro artigo de mera opinião está na mesma edição do jornal - do José Murilo de Carvalho
Eu ainda queria saber porque, se a Globo é tão a favor assim do sistema de cotas (fora o Ali Kamel), a minha TV continua sendo mais pra Europa que pra Brasil em termos de cor. Tá, a resposta é óbvia, e o paradoxo, superficial. A Globo é a favor, sempre, de qualquer coisa "que nem no primeiro mundo," e especificamente o Circuito Elizabeth Arden do Itamaraty. Até a retirante nordestina é a Carolina Dieckmann, só faltava passar blackface (brownface?) na cara dela.
26.12.04
Quem xingar quando for ver o email
By Kim Tae-gyu
Staff Reporter
The U.S.-based Sophos said Saturday that 13.43 percent of all junk messages sent this year came from Korea to earn the unenviable second-worst spot, only trailing the spam-sending kings, the United States with 42.11 percent.
China comes in at third with 8.44 percent followed by Canada with 5.71 percent, Brazil with 3.34 percent, Japan with 2.57 percent, France with 1.37 percent, Spain with 1.18 percent, Germany with 1.03 percent, Britain with 1.13 percent, Taiwan with 1 percent and Mexico with 0.89 percent.
Staff Reporter
The U.S.-based Sophos said Saturday that 13.43 percent of all junk messages sent this year came from Korea to earn the unenviable second-worst spot, only trailing the spam-sending kings, the United States with 42.11 percent.
China comes in at third with 8.44 percent followed by Canada with 5.71 percent, Brazil with 3.34 percent, Japan with 2.57 percent, France with 1.37 percent, Spain with 1.18 percent, Germany with 1.03 percent, Britain with 1.13 percent, Taiwan with 1 percent and Mexico with 0.89 percent.
25.12.04
Harvard Chairs e o SENAC
Elio Gaspari acredita piamente na teoria da mulher de César, e no dize-me com quem andas. Presta bons serviços ao jornalismo, apesar das trapalhadas que uma mistura de entusiasmo e, um, convicção moral fazem recorrentes. Se muda para Boston a fim de aceitar uma Lemann chair.
Lemann é o dono da InBev (antes da AmBev, antes da Brahma), que, com a ajuda da Viúva (como Gaspari chama a União) e da CVM, se tornou um dos homens mais ricos da Suíça. Entre os acionistas minoritários ferrados na compra da AmBev, figura a Previ.
A doação é um dos jeitos pelos quais, nos EUA, os maganos (elite econômica, em Gaspariês) devolvem dinheiro à sociedade, desde o tempo dos robber barons. As universidades, em particular, derivam boa parte de sua verba do que lhes dão os ex-alunos. Lemann doou 3.5 milhões de dólares ao Rockefeller Center for Latin American Studies. Para o Brasil, talvez Lemann esteja embarcando nesse barco, raro por cá - no site da sua fundação, as menções são de "ensino técnico ou agrotécnico" e "educação pra o trabalho" além de "gestão escolar."
Não há conexão entre a moralidade de seus doadores e as bolsas com pedigree. A Rhodes Scholarship, talvez a mais prestigiosa de todas, foi criada por um homem que poderia ser chamado, sem muito exagero, de criminoso de guerra. Como os Rhodes scholars demonstram bem, há uma certa conexão com a visão que eles têm do mundo, mesmo depois que eles morrem e frases como "white man's burden" viram piada para os de fora.
Lemann é o dono da InBev (antes da AmBev, antes da Brahma), que, com a ajuda da Viúva (como Gaspari chama a União) e da CVM, se tornou um dos homens mais ricos da Suíça. Entre os acionistas minoritários ferrados na compra da AmBev, figura a Previ.
A doação é um dos jeitos pelos quais, nos EUA, os maganos (elite econômica, em Gaspariês) devolvem dinheiro à sociedade, desde o tempo dos robber barons. As universidades, em particular, derivam boa parte de sua verba do que lhes dão os ex-alunos. Lemann doou 3.5 milhões de dólares ao Rockefeller Center for Latin American Studies. Para o Brasil, talvez Lemann esteja embarcando nesse barco, raro por cá - no site da sua fundação, as menções são de "ensino técnico ou agrotécnico" e "educação pra o trabalho" além de "gestão escolar."
Não há conexão entre a moralidade de seus doadores e as bolsas com pedigree. A Rhodes Scholarship, talvez a mais prestigiosa de todas, foi criada por um homem que poderia ser chamado, sem muito exagero, de criminoso de guerra. Como os Rhodes scholars demonstram bem, há uma certa conexão com a visão que eles têm do mundo, mesmo depois que eles morrem e frases como "white man's burden" viram piada para os de fora.
22.12.04
Somos todos Gordos
Lula perdeu uma excelente oportunidade de ficar calado, quando questionou a pesquisa do IBGE. Menos porque questionar pesquisa seja um absurdo, como as pessoas pensam, e mais porque as pessoas pensam assim, então ao questionar os números, ainda mais sem ter ele um canudo próprio, só faz papel de palhaço - e mais ainda porque esse resultado em particular tem poucas chances de tar errado. Aliás, pra que ele tem aquele bando de assessor, se nenhum deles lembra que não precisa, que desnutrição, passar fome mais ou menos regularmente, e ser gordo não são incompatíveis. Até as reportagens sobre a fome no Brasil lançadas à época do fome zero tinham um pessoal que só comia farinha, feijão duas vezes por semana, e era chubby. Os EUA, pátria da banha (60% de gordinhos e 35% de gordões), têm a honra de ser o único país rico com um número significativo de famintos, 4.1%, bem menos do que os 16% ou coisa que o valha do Brasil.
Pelo lado bom, o presidente sancionou hoje a lei isentando livros de impostos federais. Sarney aproveitou pra enfiar uma de que livro deveria ser parte da cesta básica. Imagina o susto do povão ao levar Marimbondos de Fogo junto com o arroz e feijão? Não lê nunca mais na vida.
Justiça seja feita, demagogias à parte, o Sarney trabalhou a favor da lei de desoneração.
Pelo lado bom, o presidente sancionou hoje a lei isentando livros de impostos federais. Sarney aproveitou pra enfiar uma de que livro deveria ser parte da cesta básica. Imagina o susto do povão ao levar Marimbondos de Fogo junto com o arroz e feijão? Não lê nunca mais na vida.
Justiça seja feita, demagogias à parte, o Sarney trabalhou a favor da lei de desoneração.
21.12.04
Jong Il, o doido
...mas nem tão doido assim:
Much has been written about the North Korean nuclear danger, but one crucial issue has been ignored: just how much credible evidence is there to back up Washington's uranium accusation? Although it is now widely recognized that the Bush administration misrepresented and distorted the intelligence data it used to justify the invasion of Iraq, most observers have accepted at face value the assessments the administration has used to reverse the previously established U.S. policy toward North Korea.
But what if those assessments were exaggerated and blurred the important distinction between weapons-grade uranium enrichment (which would clearly violate the 1994 Agreed Framework) and lower levels of enrichment (which were technically forbidden by the 1994 accord but are permitted by the nuclear Nonproliferation Treaty [NPT] and do not produce uranium suitable for nuclear weapons)?
A review of the available evidence suggests that this is just what happened. Relying on sketchy data, the Bush administration presented a worst-case scenario as an incontrovertible truth and distorted its intelligence on North Korea (much as it did on Iraq), seriously exaggerating the danger that Pyongyang is secretly making uranium-based nuclear weapons. This failure to distinguish between civilian and military uranium-enrichment capabilities has greatly complicated what would, in any case, have been difficult negotiations to end all existing North Korean nuclear weapons programs and to prevent any future efforts through rigorous inspection. On June 24, 2004, the United States proposed a new, detailed denuclearization agreement with North Korea at six-party negotiations (including the United States, China, Japan, Russia, South Korea, and North Korea) in Beijing. Before discussions could even start, however, the Bush administration insisted that North Korea first admit to the existence of the alleged uranium-enrichment facilities and specify where they are located. Pyongyang has so far refused to confirm or deny whether it has such facilities; predictably, the U.S. precondition has precluded any new talks.
If it turns out that North Korea did not cheat after all, the prospects for a new denuclearization agreement would improve, because the Bush administration could no longer argue that Pyongyang is an inherently untrustworthy negotiating partner. At any rate, to break the diplomatic deadlock, the United States urgently needs a new strategy. Washington should deal first with the very real and immediate threat posed by the extant stockpile of weapons-usable plutonium that Pyongyang has reprocessed since the breakdown of the Agreed Framework. Measures to locate and eliminate any enrichment facilities that can produce weapons-grade uranium are essential but should come in the final stages of a step-by-step denuclearization process. Above all, Washington must not once more become embroiled in a military conflict on the basis of a worst-case assessment built on limited, inconclusive intelligence. There is a real danger that military and other pressures on North Korea, designed to bolster a failing diplomatic process, could escalate into a full-scale war that none of North Korea's neighbors would support.
Much has been written about the North Korean nuclear danger, but one crucial issue has been ignored: just how much credible evidence is there to back up Washington's uranium accusation? Although it is now widely recognized that the Bush administration misrepresented and distorted the intelligence data it used to justify the invasion of Iraq, most observers have accepted at face value the assessments the administration has used to reverse the previously established U.S. policy toward North Korea.
But what if those assessments were exaggerated and blurred the important distinction between weapons-grade uranium enrichment (which would clearly violate the 1994 Agreed Framework) and lower levels of enrichment (which were technically forbidden by the 1994 accord but are permitted by the nuclear Nonproliferation Treaty [NPT] and do not produce uranium suitable for nuclear weapons)?
A review of the available evidence suggests that this is just what happened. Relying on sketchy data, the Bush administration presented a worst-case scenario as an incontrovertible truth and distorted its intelligence on North Korea (much as it did on Iraq), seriously exaggerating the danger that Pyongyang is secretly making uranium-based nuclear weapons. This failure to distinguish between civilian and military uranium-enrichment capabilities has greatly complicated what would, in any case, have been difficult negotiations to end all existing North Korean nuclear weapons programs and to prevent any future efforts through rigorous inspection. On June 24, 2004, the United States proposed a new, detailed denuclearization agreement with North Korea at six-party negotiations (including the United States, China, Japan, Russia, South Korea, and North Korea) in Beijing. Before discussions could even start, however, the Bush administration insisted that North Korea first admit to the existence of the alleged uranium-enrichment facilities and specify where they are located. Pyongyang has so far refused to confirm or deny whether it has such facilities; predictably, the U.S. precondition has precluded any new talks.
If it turns out that North Korea did not cheat after all, the prospects for a new denuclearization agreement would improve, because the Bush administration could no longer argue that Pyongyang is an inherently untrustworthy negotiating partner. At any rate, to break the diplomatic deadlock, the United States urgently needs a new strategy. Washington should deal first with the very real and immediate threat posed by the extant stockpile of weapons-usable plutonium that Pyongyang has reprocessed since the breakdown of the Agreed Framework. Measures to locate and eliminate any enrichment facilities that can produce weapons-grade uranium are essential but should come in the final stages of a step-by-step denuclearization process. Above all, Washington must not once more become embroiled in a military conflict on the basis of a worst-case assessment built on limited, inconclusive intelligence. There is a real danger that military and other pressures on North Korea, designed to bolster a failing diplomatic process, could escalate into a full-scale war that none of North Korea's neighbors would support.
20.12.04
Febeapá hardcore
"I have to weigh every item I want to send to Brazil and get a consular invoice for each," says Rehen. In 2003, while at the Federal University of Rio de Janeiro, Rehen received donations of research equipment, including microscopes, computers and slide scanners, worth more than US$200,000. Once the material arrived it was held by customs officials for six months, and the university was charged US$10,000.
The problem is not new. Rehen recalls that when the university ordered a machine for the laboratory he was working in as an undergraduate, it arrived more than six years after he finished his doctorate. [1~4+2+4+6=13~16 anos]
And, according to Rehen, when the material finally arrives, it is often outdated or broken (see Brazilian officials destroy rare fish specimens). He says disagreements between different government agencies encourage the delays. Brazil's Internal Revenue Service, for instance, recently blocked some imports, stating that CNPq was in debt, he says. CNPq denied the statement.
The problem is not new. Rehen recalls that when the university ordered a machine for the laboratory he was working in as an undergraduate, it arrived more than six years after he finished his doctorate. [1~4+2+4+6=13~16 anos]
And, according to Rehen, when the material finally arrives, it is often outdated or broken (see Brazilian officials destroy rare fish specimens). He says disagreements between different government agencies encourage the delays. Brazil's Internal Revenue Service, for instance, recently blocked some imports, stating that CNPq was in debt, he says. CNPq denied the statement.
18.12.04
PROINFA es el carajo
O governo federal está investindo uma puta grana no PROINFA - programa de incentivo a fontes alternativas de energia. Tem três componentes; dois deles, usinas éolicas e aproveitamento de lixo orgânico, são uma boa idéia. O terceiro, trata-se de "pequenas centrais hidrelétricas," que, ao contrário das grandes, seriam ecológicas. O que é uma besteira, o que faz uma hidrelétrica mais ou menos danosa não é o tamanho dela, mas o quanto ela produz de energia por área inundada. (Bom, isso e fatores específicos ao rio envolvido.) Uma hidrelétrica de 1MW tem o dano menor que Itaipu, mas vai ver 14000 hidrelétricas de 1MW. Quando os Britânicos trocaram os aquecedores individuais de carvão por uma meia dúzia de grandes centrais, o smog londrino acabou.
Era melhor se o tal do PROINFA, ao invés de das PCHs (até o nome é de cancerígeno), estimulasse isso aqui :
http://www.hidrocinetica.com.br
Um grupo de pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) desenvolveu uma tecnologia que pode resolver o problema de abastecimento de energia elétrica em pequenas comunidades ribeirinhas. As turbinas hidrocinéticas – nome do invento, que funciona como uma espécie de minihidrelétrica – prometem se tornar fontes seguras, baratas, ecológicas e estáveis de geração de energia.
Uma turbina hidrocinética consiste em um cilindro oco de metal, de tamanho variado – protótipos em teste hoje variam de quatro a nove metros de comprimento -, com uma hélice acoplada em seu interior. Suspensa por um braço mecânico instalado na margem ou flutuando em bóias no meio de um rio, a máquina aproveita a própria correnteza para girar a hélice e acionar um gerador de energia.
O professor Franco Morale, do Departamento de Engenharia Mecânica da UnB e um dos coordenadores do projeto, explica que o potencial de geração de energia de uma turbina hidrocinética varia de acordo com o rio onde é instalada. Mas que uma dessas máquinas é capaz de gerar até 20KW/h ou 14,4 mil KW/h por mês, o suficiente para abastecer cerca de 100 residências de classe média por mês.
Vantagens
“Colocou a máquina no rio, ela começa a gerar energia. Não tem que fazer barragem ou mexer com o meio ambiente”, diz Franco Morale. O professor explica que o custo inicial da máquina é relativamente alto, cerca de R$ 20 mil, mas recompensado por vários fatores.
O primeiro é o baixo custo ambiental: além de não precisar de grande obras de engenharia para funcionar, com perigo de alteração na flora e fauna local, as turbinas hidrocinéticas são projetadas de forma que tanto peixes de grande porte quanto outros menores não corram perigo de sofrer um acidente com as pás da hélice.
O segundo fator positivo do projeto é a sua durabilidade e manutenção econômica: uma turbina tem vida média projetada de 30 anos, com produção ininterrupta de energia. A única manutenção deve ser feita a cada seis meses: “De tempo em tempo a pessoa só precisa tirar a máquina da água e trocar peças que não valem mais de dez reais. Em meia hora, no máximo, está tudo resolvido e funcionando”, explica o pesquisador.
O terceiro fator é a adequabilidade do invento. As turbinas podem ser instaladas praticamente em qualquer rio com correnteza. Adaptações para aproveitar quedas d’água ou pequenos desníveis são possíveis e só aumentam a potência gerada. Além disso, as máquinas podem ser instaladas em série, para atender a demandas maiores.
Outro ponto é a qualidade e a garantia de energia gerada. Franco Morale explica que o primeiro protótipo da turbina está em funcionamento há nove anos, e durante esse período, não deixou de produzir energia ou provocou oscilações de tensão que pudessem queimar os eletrodomésticos ligados ao sistema.
Por fim, a turbina possibilita a comunidades e pontos isolados – e próximos a rios - o acesso à energia elétrica sem a necessidade de uma rede elétrica completa instalada, processo caro e de difícil manutenção.
Era melhor se o tal do PROINFA, ao invés de das PCHs (até o nome é de cancerígeno), estimulasse isso aqui :
http://www.hidrocinetica.com.br
Um grupo de pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) desenvolveu uma tecnologia que pode resolver o problema de abastecimento de energia elétrica em pequenas comunidades ribeirinhas. As turbinas hidrocinéticas – nome do invento, que funciona como uma espécie de minihidrelétrica – prometem se tornar fontes seguras, baratas, ecológicas e estáveis de geração de energia.
Uma turbina hidrocinética consiste em um cilindro oco de metal, de tamanho variado – protótipos em teste hoje variam de quatro a nove metros de comprimento -, com uma hélice acoplada em seu interior. Suspensa por um braço mecânico instalado na margem ou flutuando em bóias no meio de um rio, a máquina aproveita a própria correnteza para girar a hélice e acionar um gerador de energia.
O professor Franco Morale, do Departamento de Engenharia Mecânica da UnB e um dos coordenadores do projeto, explica que o potencial de geração de energia de uma turbina hidrocinética varia de acordo com o rio onde é instalada. Mas que uma dessas máquinas é capaz de gerar até 20KW/h ou 14,4 mil KW/h por mês, o suficiente para abastecer cerca de 100 residências de classe média por mês.
Vantagens
“Colocou a máquina no rio, ela começa a gerar energia. Não tem que fazer barragem ou mexer com o meio ambiente”, diz Franco Morale. O professor explica que o custo inicial da máquina é relativamente alto, cerca de R$ 20 mil, mas recompensado por vários fatores.
O primeiro é o baixo custo ambiental: além de não precisar de grande obras de engenharia para funcionar, com perigo de alteração na flora e fauna local, as turbinas hidrocinéticas são projetadas de forma que tanto peixes de grande porte quanto outros menores não corram perigo de sofrer um acidente com as pás da hélice.
O segundo fator positivo do projeto é a sua durabilidade e manutenção econômica: uma turbina tem vida média projetada de 30 anos, com produção ininterrupta de energia. A única manutenção deve ser feita a cada seis meses: “De tempo em tempo a pessoa só precisa tirar a máquina da água e trocar peças que não valem mais de dez reais. Em meia hora, no máximo, está tudo resolvido e funcionando”, explica o pesquisador.
O terceiro fator é a adequabilidade do invento. As turbinas podem ser instaladas praticamente em qualquer rio com correnteza. Adaptações para aproveitar quedas d’água ou pequenos desníveis são possíveis e só aumentam a potência gerada. Além disso, as máquinas podem ser instaladas em série, para atender a demandas maiores.
Outro ponto é a qualidade e a garantia de energia gerada. Franco Morale explica que o primeiro protótipo da turbina está em funcionamento há nove anos, e durante esse período, não deixou de produzir energia ou provocou oscilações de tensão que pudessem queimar os eletrodomésticos ligados ao sistema.
Por fim, a turbina possibilita a comunidades e pontos isolados – e próximos a rios - o acesso à energia elétrica sem a necessidade de uma rede elétrica completa instalada, processo caro e de difícil manutenção.
17.12.04
Os dois patetas
Tangeni Amupadhi
Windhoek
A NAMIBIAN trade delegation to Brazil found itself embarrassed this week after two Cabinet ministers turned up to sign the same agreement, unaware of each other's presence.
Sources from other southern African countries, speaking from Brazil, related to The Namibian that Trade and Industry Minister Jesaya Nyamu arrived at the conference and was questioned by Brazilian foreign affairs officials perplexed about his role.
Subscribe to AllAfrica
Namibia got even more egg on its face when Nyamu asserted that he was not only Minister of Trade and Industry, but also head of the delegation that was to sign an agreement between the Southern African Customs Union (Sacu) and Mercosur.
Mercosur is a trading block of four South American countries:Argentina, Brazil, Paraguay and Uruguay.
The Brazilians told him, in the presence of delegates from Namibia's neighbours, that the Minister of Fisheries, Dr Abraham Iyambo, was already in town to sign the agreement.
Officials of the South American country also showed Nyamu a letter from the Namibian embassy in Brasilia indicating that Iyambo was the head of the delegation.
Sources in Windhoek told The Namibian this week that President Sam Nujoma had sidelined Nyamu, without telling him, and instead sent Iyambo to sign the agreement.
This was despite the fact that Cabinet had reportedly approved a submission by Nyamu, who had been spearheading talks on behalf of the Namibian Government to sign a trade pact with Mercosur.
Windhoek
A NAMIBIAN trade delegation to Brazil found itself embarrassed this week after two Cabinet ministers turned up to sign the same agreement, unaware of each other's presence.
Sources from other southern African countries, speaking from Brazil, related to The Namibian that Trade and Industry Minister Jesaya Nyamu arrived at the conference and was questioned by Brazilian foreign affairs officials perplexed about his role.
Subscribe to AllAfrica
Namibia got even more egg on its face when Nyamu asserted that he was not only Minister of Trade and Industry, but also head of the delegation that was to sign an agreement between the Southern African Customs Union (Sacu) and Mercosur.
Mercosur is a trading block of four South American countries:Argentina, Brazil, Paraguay and Uruguay.
The Brazilians told him, in the presence of delegates from Namibia's neighbours, that the Minister of Fisheries, Dr Abraham Iyambo, was already in town to sign the agreement.
Officials of the South American country also showed Nyamu a letter from the Namibian embassy in Brasilia indicating that Iyambo was the head of the delegation.
Sources in Windhoek told The Namibian this week that President Sam Nujoma had sidelined Nyamu, without telling him, and instead sent Iyambo to sign the agreement.
This was despite the fact that Cabinet had reportedly approved a submission by Nyamu, who had been spearheading talks on behalf of the Namibian Government to sign a trade pact with Mercosur.
O Rio é uma Grande Favela
Vem cá, uma coisa me preocupa na declaração do secretário de segurança - você já viu como a polícia age nas favelas? Será que isso quer dizer que, de agora em diante, a polícia vai chegar mandando bala e pescotapa aqui no asfalto também?
16.12.04
O problema do Mercosul...
É como se a união européia, ao invés dos 15+10 membros, tivesse só a Alemanha, a Grã-Bretanha, a Finlândia e a Eslováquia. Não, é pior do que isso, porque a renda per capita da "Alemanha" é menor que a média, e ela é 5x o tamanho da "Grã-Bretanha" ao invés de um terço maior.
Ou, nas palavras da The Economist,
Practising integration is harder than talking about it. Mercosur is an odd quartet. Brazil dwarfs its three partners, but is not rich enough to subsidise them nor willing to surrender chunks of sovereignty, as Germany has done to promote European union. Argentina is too small to play the strong sponsoring role of France, and sometimes adopts the wariness of Britain. All four members are prone to economic crises, which they spread to each other, triggering every-country-for-itself reactions. The new generation of leaders may make matters worse. Keen as they are on Mercosur, they are even more eager to expand the state's role in development, which is hard to reconcile with freer trade and uniform rules.
The countries have dealt with their differences by constructing an “imperfect customs union”. The “common external tariff” has 800 exceptions, says Roberto Giannetti da Fonseca, trade director of FIESP, São Paulo's main industry federation. Exporters to Mercosur often pay it twice, once on entry and again at the border with the destination country.
More worrying, the union is getting more imperfect over time. On top of agreed exceptions for cars and sugar, Argentina has recently piled tariffs on Brazilian televisions, shoes and other goods. Brazilian businessmen blame Europe's unwillingness to open its agricultural market in part on Argentina's protectionism. And now Argentina wants automatic safeguards to block spikes in imports.
Ou, nas palavras da The Economist,
Practising integration is harder than talking about it. Mercosur is an odd quartet. Brazil dwarfs its three partners, but is not rich enough to subsidise them nor willing to surrender chunks of sovereignty, as Germany has done to promote European union. Argentina is too small to play the strong sponsoring role of France, and sometimes adopts the wariness of Britain. All four members are prone to economic crises, which they spread to each other, triggering every-country-for-itself reactions. The new generation of leaders may make matters worse. Keen as they are on Mercosur, they are even more eager to expand the state's role in development, which is hard to reconcile with freer trade and uniform rules.
The countries have dealt with their differences by constructing an “imperfect customs union”. The “common external tariff” has 800 exceptions, says Roberto Giannetti da Fonseca, trade director of FIESP, São Paulo's main industry federation. Exporters to Mercosur often pay it twice, once on entry and again at the border with the destination country.
More worrying, the union is getting more imperfect over time. On top of agreed exceptions for cars and sugar, Argentina has recently piled tariffs on Brazilian televisions, shoes and other goods. Brazilian businessmen blame Europe's unwillingness to open its agricultural market in part on Argentina's protectionism. And now Argentina wants automatic safeguards to block spikes in imports.
14.12.04
"Apagão logístico" - versão mundial
Each night a line of ships stretches across the horizon off the palm-lined seafront of Panama City. Sometimes more than 20 vessels are queuing here, waiting to travel from the Pacific Ocean into the Atlantic via the lock chambers of the 90-year-old Panama Canal.
The build-up of ships is evidence of how busy the canal, like much of the world's freight transport infrastructure, has become since Asia's manufacturing boom sent trade volumes and demand for shipping soaring. According to Alberto Alemán Zubieta, the canal's administrator, the waterway is operating at 93 per cent of its capacity, even after improvements made as part of and ongoing $1.5bn upgrade.
About 60 per cent of the vessels in the queue will be travelling between Asian ports and the eastern seaboard of the US. Container traffic from Asia to the US will grow 14.3 per cent this year after strong growth in 2002 and 2003, according to Drewry Shipping, a London-based consultancy.
The problems that such fast-growing demand is causing for shipping lines become clear at Balboa, a port at the canal's Pacific entrance. Some of the heavily laden ships off Panama are riding so low in the water that they have to offload containers at the port in order to pass through the canal. This is good for the Panama Canal Railway Company, the operator of an 80km rail link running parallel to the canal, which does brisk business shuttling hundreds of containers each week across the country. But for shippers, such operations add to the cost and complexity of moving goods.
Capacity constraints such as those at Panama have become significant problems for shipping lines and ports around the world. In Europe, many shippers faced a congestion surcharge earlier this year at Rotterdam and Antwerp, the continent's busiest and third-busiest container ports. The charge was levied by the barge operators that carry much of the ports' container traffic inland. In the US, labour shortages at Los Angeles and neighbouring Long Beach, the country's two busiest container ports, meant that, at one point in October, 94 ships were waiting offshore to be unloaded.
Ron Widdows, chief executive of APL, a container shipping line owned by Singapore's Neptune Orient Line, says that nearly all shipping lines would admit their services on most key trade routes are running unreliably.
Mr Widdows faces the same paradox as nearly every other participant in the global shipping and ports industries. The growth of trade from Asia has given rise to a longer, more sustained boom than anyone in the freight industry can remember. But many ports, railways and roads can no longer cope with the traffic being generated. The industry faces unprecedented delays and extra costs as it tries to satisfy rising demand.
The build-up of ships is evidence of how busy the canal, like much of the world's freight transport infrastructure, has become since Asia's manufacturing boom sent trade volumes and demand for shipping soaring. According to Alberto Alemán Zubieta, the canal's administrator, the waterway is operating at 93 per cent of its capacity, even after improvements made as part of and ongoing $1.5bn upgrade.
About 60 per cent of the vessels in the queue will be travelling between Asian ports and the eastern seaboard of the US. Container traffic from Asia to the US will grow 14.3 per cent this year after strong growth in 2002 and 2003, according to Drewry Shipping, a London-based consultancy.
The problems that such fast-growing demand is causing for shipping lines become clear at Balboa, a port at the canal's Pacific entrance. Some of the heavily laden ships off Panama are riding so low in the water that they have to offload containers at the port in order to pass through the canal. This is good for the Panama Canal Railway Company, the operator of an 80km rail link running parallel to the canal, which does brisk business shuttling hundreds of containers each week across the country. But for shippers, such operations add to the cost and complexity of moving goods.
Capacity constraints such as those at Panama have become significant problems for shipping lines and ports around the world. In Europe, many shippers faced a congestion surcharge earlier this year at Rotterdam and Antwerp, the continent's busiest and third-busiest container ports. The charge was levied by the barge operators that carry much of the ports' container traffic inland. In the US, labour shortages at Los Angeles and neighbouring Long Beach, the country's two busiest container ports, meant that, at one point in October, 94 ships were waiting offshore to be unloaded.
Ron Widdows, chief executive of APL, a container shipping line owned by Singapore's Neptune Orient Line, says that nearly all shipping lines would admit their services on most key trade routes are running unreliably.
Mr Widdows faces the same paradox as nearly every other participant in the global shipping and ports industries. The growth of trade from Asia has given rise to a longer, more sustained boom than anyone in the freight industry can remember. But many ports, railways and roads can no longer cope with the traffic being generated. The industry faces unprecedented delays and extra costs as it tries to satisfy rising demand.
13.12.04
Subúrbio da Música II
A Cidade da Música Roberto Marinho, estrupício que inaugurou este blog, era anunciada como uma obra de 100 milhões. Dar uma garibada nas instalações musicais da prefeitura que já existem, ou dar à OSB o mesmo tratamento que tem a OSESP, nem pensar. Duas notícias desta semana fazem a obra - faraônica, fora de mão, e em cima do que antes era parque - ainda "melhor."
1 - O aeroporto de Jacarépaguá vai ser transformado em aeroporto de verdade, para incentivar a "vocação central" da Barra. Ou seja, vai ser uma "cidade da Música" debaixo do caminho dos aviões.
2 - A prefeitura anuncia novos investimentos de 149 milhões no prédio.
Ah sim, agora a Cidade da Música vai ter "quatro cinemas, lojas, restaurante e cafeteria..."
Falando em subúrbio - o metrô de mentirinha não vai ser feito tão cedo, nem a prefeitura dá sinal de que desafogar o trânsito pra entrar e sair da Barra seja prioritário. Prioritário é o túnel da Grota Funda, para acrescentar mais área à dita cuja, e assim realizar mais lucros pros empreiteiros - e piorar o trânsito ainda mais. Com direito a dizer que vai ter bonde em Guaratiba.
1 - O aeroporto de Jacarépaguá vai ser transformado em aeroporto de verdade, para incentivar a "vocação central" da Barra. Ou seja, vai ser uma "cidade da Música" debaixo do caminho dos aviões.
2 - A prefeitura anuncia novos investimentos de 149 milhões no prédio.
Ah sim, agora a Cidade da Música vai ter "quatro cinemas, lojas, restaurante e cafeteria..."
Falando em subúrbio - o metrô de mentirinha não vai ser feito tão cedo, nem a prefeitura dá sinal de que desafogar o trânsito pra entrar e sair da Barra seja prioritário. Prioritário é o túnel da Grota Funda, para acrescentar mais área à dita cuja, e assim realizar mais lucros pros empreiteiros - e piorar o trânsito ainda mais. Com direito a dizer que vai ter bonde em Guaratiba.
7.12.04
O problema da imprensa de press release.
No Globo, depois do leilão de energia elétrica
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SÃO PAULO - O preço da energia oferecida no leilão de empreendimentos existentes já está seguramente numa faixa de risco alto, afirmou Cláudio Sales, diretor da Câmara Brasileira de Investidores em Energia (CBIE). Segundo Sales, a redução dos preços no leilão coloca em risco a capacidade de investimento das empresas.
- O investidor tem que ter um preço que remunere os investimentos feitos recentemente, seja na construção ou aquisição de uma geradora - disse ele.
Na 17ª rodada do leilão, por exemplo, não houve oferta de energia para o período que começa em 2005 e o preço para o megawatt hora permanece em R$ 62,10, bem abaixo do preço inicial de R$ 80. O preço para os períodos iniciados em 2006 e 2007 caiu, pois a oferta foi maior do que a demanda, e fechou em R$ 72,60 e R$ 79,30, pela ordem."
Na Economist, antes do mesmo leilão
"Potential investors will judge the outcome of the mega-auction largely by the contract prices paid for old energy. Any average below $20(NE R$ 56) per megawatt-hour will “raise a very big red flag,” says one industry source. If prices are above $25(R$70), investors “will be a little more relaxed.”
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SÃO PAULO - O preço da energia oferecida no leilão de empreendimentos existentes já está seguramente numa faixa de risco alto, afirmou Cláudio Sales, diretor da Câmara Brasileira de Investidores em Energia (CBIE). Segundo Sales, a redução dos preços no leilão coloca em risco a capacidade de investimento das empresas.
- O investidor tem que ter um preço que remunere os investimentos feitos recentemente, seja na construção ou aquisição de uma geradora - disse ele.
Na 17ª rodada do leilão, por exemplo, não houve oferta de energia para o período que começa em 2005 e o preço para o megawatt hora permanece em R$ 62,10, bem abaixo do preço inicial de R$ 80. O preço para os períodos iniciados em 2006 e 2007 caiu, pois a oferta foi maior do que a demanda, e fechou em R$ 72,60 e R$ 79,30, pela ordem."
Na Economist, antes do mesmo leilão
"Potential investors will judge the outcome of the mega-auction largely by the contract prices paid for old energy. Any average below $20(NE R$ 56) per megawatt-hour will “raise a very big red flag,” says one industry source. If prices are above $25(R$70), investors “will be a little more relaxed.”
Lanterninha
O estudo PISA de 2003 foi liberado pela OCDE. O estudo inclui, além do clube de países ricos (que por sua vez, além do "primeiro mundo" propriamente dito inclui o México, a Europa Oriental, e a Coréia), o Brasil, a Indonésia, a Rússia, Macau e Hong Kong, o Uruguai, e uns outros. Avalia o desempenho dos alunos de cada país em três áreas: ler e escrever, matemática, e ciências.
Adivinha quem está na lanterninha, em matemática? São noventa milhões em ação, avante Brasil... não só por último - de Brasil, Indonésia e Tunísia pro México tem um espaço grande, e do México pro resto outro intervalo grandinho. Em português*, o Brasil está na cabeça do terceiro pelotão (o segundo tem Turquia, Uruguai, e a Eslováquia), à frente de Tailândia, México, Sérvia, Tunísia e Indonésia. Em ciência, de novo a lanterna.
Boas notícias não há, mas há as menos ruins. O Brasil não tem uma desigualdade das maiores, entre escolas, por conta de sua desigualdade social (quer dizer, a educação é ruim pra todos)**. Está pior do que a média, mas os piores da turma, no quesito desigualdade, são Alemanha, Bélgica e Hungria. Aliás, até os estudantes brasileiros cujos pais tinham diploma universitário se deram mal. Uma coisa interessante - no Brasil, o capital econômico dos pais tem um efeito desproporcional em relação ao seu capital cultural, isso é, o nível educacional dos pais importava menos que a sua renda.
O estudo é muito mais interessante do que simplesmente pela constatação da deficiência brasileira, e lida com a organização dos sistemas escolares, além das já mencionadas diferenças sociais e econômicas. Uma mina de números, análises, e informações.
*Eslovaco, russo, inglês, cantonês, alemão, javanês (indonésio), ou o que seja.
**Por conta do papel da escola particular, a desigualdade por conta de fatores socioeconomicos dentro das escolas é quase zero.
Adivinha quem está na lanterninha, em matemática? São noventa milhões em ação, avante Brasil... não só por último - de Brasil, Indonésia e Tunísia pro México tem um espaço grande, e do México pro resto outro intervalo grandinho. Em português*, o Brasil está na cabeça do terceiro pelotão (o segundo tem Turquia, Uruguai, e a Eslováquia), à frente de Tailândia, México, Sérvia, Tunísia e Indonésia. Em ciência, de novo a lanterna.
Boas notícias não há, mas há as menos ruins. O Brasil não tem uma desigualdade das maiores, entre escolas, por conta de sua desigualdade social (quer dizer, a educação é ruim pra todos)**. Está pior do que a média, mas os piores da turma, no quesito desigualdade, são Alemanha, Bélgica e Hungria. Aliás, até os estudantes brasileiros cujos pais tinham diploma universitário se deram mal. Uma coisa interessante - no Brasil, o capital econômico dos pais tem um efeito desproporcional em relação ao seu capital cultural, isso é, o nível educacional dos pais importava menos que a sua renda.
O estudo é muito mais interessante do que simplesmente pela constatação da deficiência brasileira, e lida com a organização dos sistemas escolares, além das já mencionadas diferenças sociais e econômicas. Uma mina de números, análises, e informações.
*Eslovaco, russo, inglês, cantonês, alemão, javanês (indonésio), ou o que seja.
**Por conta do papel da escola particular, a desigualdade por conta de fatores socioeconomicos dentro das escolas é quase zero.
Solo la Izquierda, como la censura.
A esquerda latinoamericana, vista da Argentina :
Durante dez meses, entre dezembro de 1999 e outubro 2000, o historiador Carlos Alberto "Chacho" Alvarez foi vice-presidente da Argentina, eleito pela frente partidária Frepaso em coligação com Fernando De la Rúa, um conservador da centrista União Cívica Radical. Foi o mais alto posto ocupado por um político de esquerda naquele país, onde as correntes ditas "progressistas" sempre foram mais fracas do que em todos os países vizinhos, com exceção do Paraguai. Foi uma experiência aliancista que tornou-se o símbolo de um desastre: denunciando um esquema de compra de votos no Senado para aprovar a flexibilização da legislação trabalhista, Alvarez renunciou. Um ano e dois meses depois, foi a vez de De la Rúa fazer o mesmo, em meio a um verdadeiro levante popular.
Depois da eleição de Lula no Brasil e Néstor Kirchner na Argentina, Chacho começou a sair do ostracismo. Montou um "think tank", chamado Centro de Estudos Políticos e Sociais e lançou um livro comparando os dois presidentes. Sua conclusão é que o dirigente brasileiro poderia ter sucesso onde De la Rúa falhou: desenvolver uma política ortodoxa que proporcionasse crescimento sustentado. O historiador esteve no Brasil, para participar da conferência promovida pelo Pnud em Brasília, onde concedeu a seguinte entrevista ao Valor:
Valor: No Brasil, há uma comparação muito freqüente entre Lula e Kirchner, de que Kirchner seria um dirigente com posições políticas e econômicas mais fortes que Lula no cenário interno. O sr. concorda?
Chacho Alvarez De maneira alguma. Os países vêm de situações políticas distintas. Argentina vem do défault e está renegociando a dívida e Lula chegou ao governo e esteve obrigado a desenvolver uma política para justamente evitar que o Brasil caia em défault e melhorar a confiança externa do Brasil. As políticas para enfrentar situações diferentes são diferentes.
Valor: Como Lula conseguiu superar o impasse que não foi vencido na Argentina?
Alvarez Lula está tentando consolidar uma plataforma mais sólida para o crescimento, assegurando fontes de financiamento para a economia. E estamos vendo agora o crescimento do Brasil no último trimestre, que indica o êxito da estratégia. O desafio é ampliar a base de crescimento. Com um crescimento sustentado na média de 3%, não haverá geração de empregos. No caso da Argentina, nossa economia tem que crescer, no mínimo, 5% em bases sustentadas. Este crescimento só se dará com regras claras e aceitáveis para os investidores. Se não, não haverá ingresso de capital.
Valor: Ou seja, se trocássemos os presidentes Lula e Kirchner, teríamos as mesmas políticas executadas em ambos os países?
Alvarez Os dois governos têm que garantir as contas fiscais, a saúde das finanças públicas, o superávit fiscal e as bases para um crescimento sustentado da economia. Esta estratégia os dois presidentes as têm clara, como Tabaré Vazques no Uruguai também a terá clara, e como Ricardo Lagos já faz o mesmo no Chile. Ser presidente de esquerda não quer dizer mais que não se tenha que dar conta de determinadas políticas macroeconômicas, que não são mais de esquerda ou de direita. Não têm um signo ideológico.
Valor: Isto não pode afastar a esquerda democrática dos movimentos sociais?
Alvarez A esquerda deveria rever sua postura quando ainda está na oposição. Porque em vários países, a esquerda adota uma certa facilidade discursiva e quando chega ao governo constata que precisa remontar situações e necessita de utilizar instrumentos que não estavam na sua agenda. Isto também se passa com Kirchner. Isto gera mal-estar nos movimentos sociais, que têm demandas que não podem ser atendidas a curto prazo. O sucesso político do governo dependerá da capacidade de liderança do presidente, da força do partido que o sustenta e dos resultados da política econômica que está aplicando. A eficácia desta política se mede com o crescimento. Na Argentina, em 1999, quando chegamos ao poder, aplicamos uma receita dura, porque tínhamos US$ 10 bilhões de déficit fiscal. A receita dura não funcionou, o país continuou na recessão. Aumentamos a carga tributária para melhorar a arrecadação, mas as críticas que recebemos não foram pela política que desenvolvemos, mas pela falta de resultados.
Valor: Em 2002, na eleição de Lula, o fracasso do governo De la Rúa foi um tema recorrente durante a campanha eleitoral. Na Argentina, de que maneira o governo Lula torna-se objeto de debates na classe política?
Alvarez Em primeiro lugar, do resultado final do governo Lula no Brasil dependerá o futuro da esquerda democrática na América Latina. Em nenhum outro país a esquerda está sendo posta à prova como no Brasil. Lula comanda um governo em que a esquerda tem hegemonia, o que não é o caso de outros governos de coalizão, como o do Chile. Na Venezuela, no Equador, os presidentes não estão amparados por um partido de esquerda democrática com tradição. Tudo isto em um país com o peso do Brasil. A expectativa que Lula despertou, mesmo em outros continentes, é extraordinária. Portanto todos os dias torcemos para que Lula se saia bem. Na esquerda argentina, o governo Lula gera um debate em surdina, já que a política de Lula surpreendeu a muitos, mas não há discussão pública.
Valor: Kirchner e Lula agora já possuem condições de retomar a agenda das esquerdas no âmbito administrativo, ou a agenda do mercado financeiro ainda se impõe?
Alvarez Novamente, há uma diferença de situações. Na Argentina, o acordo com o FMI, que traz uma agenda de compromissos a cumprir, está suspenso até que se conclua a renegociação da dívida. Enquanto isso, Kirchner está executando uma agenda de transformação no campo dos direitos humanos, no combate à criminalidade e no campo das reformas institucionais. Começa a rever os valores de pensões e aposentadorias. Negociou com empresários e trabalhadores um aumento do salário mínimo. Dentro de limites, há como agir. Não estamos capturados pela agenda que a questão da dívida impõe.
Durante dez meses, entre dezembro de 1999 e outubro 2000, o historiador Carlos Alberto "Chacho" Alvarez foi vice-presidente da Argentina, eleito pela frente partidária Frepaso em coligação com Fernando De la Rúa, um conservador da centrista União Cívica Radical. Foi o mais alto posto ocupado por um político de esquerda naquele país, onde as correntes ditas "progressistas" sempre foram mais fracas do que em todos os países vizinhos, com exceção do Paraguai. Foi uma experiência aliancista que tornou-se o símbolo de um desastre: denunciando um esquema de compra de votos no Senado para aprovar a flexibilização da legislação trabalhista, Alvarez renunciou. Um ano e dois meses depois, foi a vez de De la Rúa fazer o mesmo, em meio a um verdadeiro levante popular.
Depois da eleição de Lula no Brasil e Néstor Kirchner na Argentina, Chacho começou a sair do ostracismo. Montou um "think tank", chamado Centro de Estudos Políticos e Sociais e lançou um livro comparando os dois presidentes. Sua conclusão é que o dirigente brasileiro poderia ter sucesso onde De la Rúa falhou: desenvolver uma política ortodoxa que proporcionasse crescimento sustentado. O historiador esteve no Brasil, para participar da conferência promovida pelo Pnud em Brasília, onde concedeu a seguinte entrevista ao Valor:
Valor: No Brasil, há uma comparação muito freqüente entre Lula e Kirchner, de que Kirchner seria um dirigente com posições políticas e econômicas mais fortes que Lula no cenário interno. O sr. concorda?
Chacho Alvarez De maneira alguma. Os países vêm de situações políticas distintas. Argentina vem do défault e está renegociando a dívida e Lula chegou ao governo e esteve obrigado a desenvolver uma política para justamente evitar que o Brasil caia em défault e melhorar a confiança externa do Brasil. As políticas para enfrentar situações diferentes são diferentes.
Valor: Como Lula conseguiu superar o impasse que não foi vencido na Argentina?
Alvarez Lula está tentando consolidar uma plataforma mais sólida para o crescimento, assegurando fontes de financiamento para a economia. E estamos vendo agora o crescimento do Brasil no último trimestre, que indica o êxito da estratégia. O desafio é ampliar a base de crescimento. Com um crescimento sustentado na média de 3%, não haverá geração de empregos. No caso da Argentina, nossa economia tem que crescer, no mínimo, 5% em bases sustentadas. Este crescimento só se dará com regras claras e aceitáveis para os investidores. Se não, não haverá ingresso de capital.
Valor: Ou seja, se trocássemos os presidentes Lula e Kirchner, teríamos as mesmas políticas executadas em ambos os países?
Alvarez Os dois governos têm que garantir as contas fiscais, a saúde das finanças públicas, o superávit fiscal e as bases para um crescimento sustentado da economia. Esta estratégia os dois presidentes as têm clara, como Tabaré Vazques no Uruguai também a terá clara, e como Ricardo Lagos já faz o mesmo no Chile. Ser presidente de esquerda não quer dizer mais que não se tenha que dar conta de determinadas políticas macroeconômicas, que não são mais de esquerda ou de direita. Não têm um signo ideológico.
Valor: Isto não pode afastar a esquerda democrática dos movimentos sociais?
Alvarez A esquerda deveria rever sua postura quando ainda está na oposição. Porque em vários países, a esquerda adota uma certa facilidade discursiva e quando chega ao governo constata que precisa remontar situações e necessita de utilizar instrumentos que não estavam na sua agenda. Isto também se passa com Kirchner. Isto gera mal-estar nos movimentos sociais, que têm demandas que não podem ser atendidas a curto prazo. O sucesso político do governo dependerá da capacidade de liderança do presidente, da força do partido que o sustenta e dos resultados da política econômica que está aplicando. A eficácia desta política se mede com o crescimento. Na Argentina, em 1999, quando chegamos ao poder, aplicamos uma receita dura, porque tínhamos US$ 10 bilhões de déficit fiscal. A receita dura não funcionou, o país continuou na recessão. Aumentamos a carga tributária para melhorar a arrecadação, mas as críticas que recebemos não foram pela política que desenvolvemos, mas pela falta de resultados.
Valor: Em 2002, na eleição de Lula, o fracasso do governo De la Rúa foi um tema recorrente durante a campanha eleitoral. Na Argentina, de que maneira o governo Lula torna-se objeto de debates na classe política?
Alvarez Em primeiro lugar, do resultado final do governo Lula no Brasil dependerá o futuro da esquerda democrática na América Latina. Em nenhum outro país a esquerda está sendo posta à prova como no Brasil. Lula comanda um governo em que a esquerda tem hegemonia, o que não é o caso de outros governos de coalizão, como o do Chile. Na Venezuela, no Equador, os presidentes não estão amparados por um partido de esquerda democrática com tradição. Tudo isto em um país com o peso do Brasil. A expectativa que Lula despertou, mesmo em outros continentes, é extraordinária. Portanto todos os dias torcemos para que Lula se saia bem. Na esquerda argentina, o governo Lula gera um debate em surdina, já que a política de Lula surpreendeu a muitos, mas não há discussão pública.
Valor: Kirchner e Lula agora já possuem condições de retomar a agenda das esquerdas no âmbito administrativo, ou a agenda do mercado financeiro ainda se impõe?
Alvarez Novamente, há uma diferença de situações. Na Argentina, o acordo com o FMI, que traz uma agenda de compromissos a cumprir, está suspenso até que se conclua a renegociação da dívida. Enquanto isso, Kirchner está executando uma agenda de transformação no campo dos direitos humanos, no combate à criminalidade e no campo das reformas institucionais. Começa a rever os valores de pensões e aposentadorias. Negociou com empresários e trabalhadores um aumento do salário mínimo. Dentro de limites, há como agir. Não estamos capturados pela agenda que a questão da dívida impõe.
26.11.04
O programa de multinacionais brasileiras
Encarnado na AmBev, que recebeu grana do BNDES pra fazer algo que deveria ter sido proibida de fazer - a fusão de duas empresas gerando uma fatia de 70% do mercado de um produto, o programa, apoiado em versões diferentes pelo BNDES do Lessa, mas iniciado pelo FH, visava à criação de empresas brasileiras "capazes de concorrer em escala mundial." Já tem um resultado marcante, pelo menos -
Bom, como cidadão também da Bélgica (onde fica a nova dona da AmBev), gostaria de agradecer muito pela grana. (Tá, ela saiu também de mim como brasileiro, mas tem 18 vezes mais brasileiros pra dividir do que belgas...)
Ser milionário no Brasil é uma coisa. Mas estar na lista dos milionários da Suíça, um dos países mais ricos do planeta, é demonstração de ter realmente muito dinheiro. É o caso de Jorge Paulo Lemann, sócio da Inbev e controlador da Americanas, que depois de frutificar seus negócios no Brasil tem de novo residência também no país de seu pai, onde acaba de ser incluído na lista dos 300 mais ricos.
O empresário é um dos fundadores do banco Garantia, hoje Credit Suisse First Boston (CFSB), foi o controlador da Brahma e articulador da fusão com Antarctica. Recentemente, tem se dedicado à filantropia com a Fundação Lemann, voltada para a promoção da qualidade da educação brasileira.
Lemann tem uma fortuna entre US$ 875 milhões e US$ 1,3 bilhão, pelos cálculos "prudentes" da revista suíça de economia "Bilan". É uma soma bem superior ao acumulado por boa parte de tradicionais famílias suíças de banqueiros, industriais, da construção civil etc.
Bom, como cidadão também da Bélgica (onde fica a nova dona da AmBev), gostaria de agradecer muito pela grana. (Tá, ela saiu também de mim como brasileiro, mas tem 18 vezes mais brasileiros pra dividir do que belgas...)
25.11.04
Cota é burro
Deixando de lado todo o debate sobre ação afirmativa, sobre as diferentes formas de racismo, sobre a importância da discriminação social, sobre se a universidade deve mesmo ser "democrática," sobre o estado das escolas no Brasil, sobre o gasto federal em educação. Tudo isso à parte, cotas são burrice. Nos EUA, paìs de origem da argumentação a favor delas, elas foram proibidas pela Suprema Corte (como forma de discriminação), mas isso são questões de política e direito diferentes, já que a proibição da discriminação também se aplicaria a qualquer forma de ação afirmativa. No caso das cotas, foram derrubadas porque a Suprema Corte decidiu que podiam ser caracterizadas como discriminação negativa direta.
Cotas são burras porque, se a intenção é fazer com que uma desvantagem histórica não prejudique o aluno, não faz sentido tirar completamente o mérito acadêmico da escolha, e porque é de um racismo horrível fazer "vestibulares separados." Ainda mais pra 50% das pessoas, como há projeto de lei propondo. Porque, com cotas desse jeito, canetando uma revolução social imediata como essa, o papel da universidade como fábrica de canudos é reforçado, em detrimento de insignificâncias como ensino e pesquisa. Porque elas dão razão ao argumento reaça de que assim vai ter muito aluno sem o mínimo de preparo na faculdade, e assim reforçam o preconceito.*
Quer fazer um programa de ação afirmativa, sem largar o vestibular**? É fácil - os alunos dos grupos beneficiados ganham um número tal de pontos extras, que contam igual a quaisquer outros pontos.
Tudo bem que eu ainda acho que uma ação afirmativa social (seja "baixa renda" em geral, seja "favelados") seria melhor do que uma em bases racistas. Note que, não existindo "cultura negra" e "cultura branca" isoladas no Brasil - dentro de cada classe social; na prática, cultura negra, nas regiões em que isso se aplica, é a cultura "popular", enquanto cultura branca é a de classe média. Ou, como disse um rapper paulista, "na periferia, japonês também é preto - um programa de ação afirmativa social também vai ter o efeito de enfiar um monte de preto, paraíba, caboclo, e o que mais seja de grupos sociais discriminados no Brasil.***
* Note-se que o que é desvantagem pra uns, é vantagem pra outros. O "movimento negro," em boa parte, lamenta a falta de um racismo forte e explícito, que teria ajudado a criar uma "consciência racial." O aumento do preconceito contra negros suscitado por um sistema de cotas é, pra eles, uma coisa boa.
**Diga-se de passagem, a ação afirmativa nos EUA existe, entre outras coisas, porque lá não há vestibular, e para contrabalançar as vantagens sociais que os brancos têm no processo de admissão - incluindo o possível preconceito da parte do entrevistador.
***Aliás, ninguém vai fazer nada pelos imigrantes? Já tem um número razoável de imigrantes ilegais, geralmente comendo o pão que o diabo amassou, no Brasil, principalmente bolivianos e angolanos.
Cotas são burras porque, se a intenção é fazer com que uma desvantagem histórica não prejudique o aluno, não faz sentido tirar completamente o mérito acadêmico da escolha, e porque é de um racismo horrível fazer "vestibulares separados." Ainda mais pra 50% das pessoas, como há projeto de lei propondo. Porque, com cotas desse jeito, canetando uma revolução social imediata como essa, o papel da universidade como fábrica de canudos é reforçado, em detrimento de insignificâncias como ensino e pesquisa. Porque elas dão razão ao argumento reaça de que assim vai ter muito aluno sem o mínimo de preparo na faculdade, e assim reforçam o preconceito.*
Quer fazer um programa de ação afirmativa, sem largar o vestibular**? É fácil - os alunos dos grupos beneficiados ganham um número tal de pontos extras, que contam igual a quaisquer outros pontos.
Tudo bem que eu ainda acho que uma ação afirmativa social (seja "baixa renda" em geral, seja "favelados") seria melhor do que uma em bases racistas. Note que, não existindo "cultura negra" e "cultura branca" isoladas no Brasil - dentro de cada classe social; na prática, cultura negra, nas regiões em que isso se aplica, é a cultura "popular", enquanto cultura branca é a de classe média. Ou, como disse um rapper paulista, "na periferia, japonês também é preto - um programa de ação afirmativa social também vai ter o efeito de enfiar um monte de preto, paraíba, caboclo, e o que mais seja de grupos sociais discriminados no Brasil.***
* Note-se que o que é desvantagem pra uns, é vantagem pra outros. O "movimento negro," em boa parte, lamenta a falta de um racismo forte e explícito, que teria ajudado a criar uma "consciência racial." O aumento do preconceito contra negros suscitado por um sistema de cotas é, pra eles, uma coisa boa.
**Diga-se de passagem, a ação afirmativa nos EUA existe, entre outras coisas, porque lá não há vestibular, e para contrabalançar as vantagens sociais que os brancos têm no processo de admissão - incluindo o possível preconceito da parte do entrevistador.
***Aliás, ninguém vai fazer nada pelos imigrantes? Já tem um número razoável de imigrantes ilegais, geralmente comendo o pão que o diabo amassou, no Brasil, principalmente bolivianos e angolanos.
22.11.04
Caminho de Volta
Assistindo um debate na TV entre o Sérgio Werlang e o possível novo vice do BNDES, sobre autonomia do Banco Central.
Lembrando de uma frase do Hobsbawm, sobre quando a burguesia européia, no final do século XIX, se deu conta de que a democracia era um caminho sem volta, e passou a pensar em como influenciar e controlar o Estado democrático.
Pois bem, e não é que isso de caminho sem volta estava errado? Por um lado pela evolução, inicialmente norte-americana, de um modelo de organização social e weltanschauung baseado na "comunidade," ao invés da "sociedade." Que tem até muito a ver com o próprio sistema jurídico anglo. Pelo outro lado, pela "blindagem" do aparelho do estado contra a "política" - que é outro nome para democracia, mas política soa mal - visando à melhor eficiência técnica.
Só tem uma pergunta que fica no ar - se eles acham que o presidente do banco central é importante demais pra ser demissível, quem mais o é? O ministro da defesa? O da educação? Energia? Tudo isso depende de estratégias de longo prazo.
Lembrando de uma frase do Hobsbawm, sobre quando a burguesia européia, no final do século XIX, se deu conta de que a democracia era um caminho sem volta, e passou a pensar em como influenciar e controlar o Estado democrático.
Pois bem, e não é que isso de caminho sem volta estava errado? Por um lado pela evolução, inicialmente norte-americana, de um modelo de organização social e weltanschauung baseado na "comunidade," ao invés da "sociedade." Que tem até muito a ver com o próprio sistema jurídico anglo. Pelo outro lado, pela "blindagem" do aparelho do estado contra a "política" - que é outro nome para democracia, mas política soa mal - visando à melhor eficiência técnica.
Só tem uma pergunta que fica no ar - se eles acham que o presidente do banco central é importante demais pra ser demissível, quem mais o é? O ministro da defesa? O da educação? Energia? Tudo isso depende de estratégias de longo prazo.
Dissonância Cognitiva
Quem diria que os ídolos do PT, representantes da Esquerda, cuja queda é chorada em verso e prosa...pertenceriam ao PMDB e à ARENA.
Tudo bem, não é tão difícil assim de entender. Enquanto nas potências centrais a esquerda é (relativamente) anti-nacionalista, anti-militarista, e anti-corporativa, a associação com o anti-imperialismo faz com que uma aproximação da esquerda com esses setores, desde que qualificáveis de nacionais, se torne quase uma regra. Afinal, o exemplo máximo do desenvolvimentismo, pelo menos até o seu fim em 1992, foi o da Rússia, que de país agrícola e medievalesco no começo do século vinte, em trinta anos conseguiu derrotar a Alemanha na guerra, e em outros trinta se equiparar aos EUA em vários ramos da indústria e tecnologia.
Os presidentes do BNDES que saíram (Darc Costa, durante a ditadura, pensou em fazer uma represa no Amazonas) eram admiradores, não do socialismo, mas do "socialismo realmente existente." Queriam fazer uma Magnitogorsk em Itaqui, uma Leningrado no Rio. Quando se voltavam para o capitalismo, admiravam também o seu exemplo perfeito, os Zaibatsus, Kereitsus e Chaebols do modelo japonês - a megacorporação capitalista que se tornou o vilão dos escritores cyberpunks. Em parte por conta dessa sua vontade de ajudar quem já é rico, tiveram um desenpenho pífio no BNDES. Melhor que o da era FH, mas "melhor que o FH" e nada é a mesma merda. E olha que os juros de longo prazo, em que o Lessa punha a culpa, já não são muito altos, não. Com inflação de 7%, tão em 3% de juro real ao ano. Abaixo do Risco Brasil.
Justiça seja feita - Lessa só começou a panfletar reclamando do BNDES no dia seguinte, ao contrário do Cristóvam Buarque, que reclamava do MEC enquanto ainda era ministro.
Posso dizer uma coisa? Se o próximo "representante da esquerda petista" a sair for o Tarso Genro, e ele levar o companheiro Dutra, eu pelo menos não reclamo nem um pouco. Podia pôr o Pochman ou a própria Marta em algum daqueles tijolos de Brasília...
Tudo bem, não é tão difícil assim de entender. Enquanto nas potências centrais a esquerda é (relativamente) anti-nacionalista, anti-militarista, e anti-corporativa, a associação com o anti-imperialismo faz com que uma aproximação da esquerda com esses setores, desde que qualificáveis de nacionais, se torne quase uma regra. Afinal, o exemplo máximo do desenvolvimentismo, pelo menos até o seu fim em 1992, foi o da Rússia, que de país agrícola e medievalesco no começo do século vinte, em trinta anos conseguiu derrotar a Alemanha na guerra, e em outros trinta se equiparar aos EUA em vários ramos da indústria e tecnologia.
Os presidentes do BNDES que saíram (Darc Costa, durante a ditadura, pensou em fazer uma represa no Amazonas) eram admiradores, não do socialismo, mas do "socialismo realmente existente." Queriam fazer uma Magnitogorsk em Itaqui, uma Leningrado no Rio. Quando se voltavam para o capitalismo, admiravam também o seu exemplo perfeito, os Zaibatsus, Kereitsus e Chaebols do modelo japonês - a megacorporação capitalista que se tornou o vilão dos escritores cyberpunks. Em parte por conta dessa sua vontade de ajudar quem já é rico, tiveram um desenpenho pífio no BNDES. Melhor que o da era FH, mas "melhor que o FH" e nada é a mesma merda. E olha que os juros de longo prazo, em que o Lessa punha a culpa, já não são muito altos, não. Com inflação de 7%, tão em 3% de juro real ao ano. Abaixo do Risco Brasil.
Justiça seja feita - Lessa só começou a panfletar reclamando do BNDES no dia seguinte, ao contrário do Cristóvam Buarque, que reclamava do MEC enquanto ainda era ministro.
Posso dizer uma coisa? Se o próximo "representante da esquerda petista" a sair for o Tarso Genro, e ele levar o companheiro Dutra, eu pelo menos não reclamo nem um pouco. Podia pôr o Pochman ou a própria Marta em algum daqueles tijolos de Brasília...
18.11.04
Surpresas do dia
O Meirelles subiu os juros (afinal, pra ele, a culpa dos juros altos é de um neoliberalismo imperfeito). Com a subida dos juros, o real subiu de preço. Populismo cambial II a missão?
A concorrência pra construir as instalações da vila do Pan 2007 só tem um consórcio concorrendo. Que coisa. É quase como se existisse um acerto entre as empreiteiras e a prefeitura do Rio.
A concorrência pra construir as instalações da vila do Pan 2007 só tem um consórcio concorrendo. Que coisa. É quase como se existisse um acerto entre as empreiteiras e a prefeitura do Rio.
15.11.04
Chile- neoliberal até na cadeia
Não que o Brasil, entre o reconhecimento da China como "economia de mercado" e a idéia de acabar com o BNDES e outros créditos dirigidos, não tenha uma quedinha, mas...
Francisca Vega
Santiago
O casarão da rua Capuchinos 746 é perfeito. O piso do pátio do antigo edifício está um espelho de tão bem encerado. Vestígios na grelha do churrasco indicam que não passou muito tempo desde o último festim. “Todos aproveitam bastante a piscina”, diz Marta Arias, dona da casa. “Mas homens e mulheres a utilizam separadamente.” Essa divisão não é questão de pudor, mas de categoria. A esbelta e bem apessoada Marta é subinspetora e chefe do Anexo Centro de Detención Preventiva Santiago, cadeia mais conhecida como Capuchinos, onde cumprem suas penas ex-ministros, empresários, líderes políticos, ricos e famosos do Chile.
Bem-vindos à única penitenciária cinco-estrelas da América Latina para réus em julgamento e condenados por crimes econômicos. Na ‘‘Prisão Caixa Alta’’, que só aceita réus pouco conhecidos se comprovarem boa conduta, não há assassinos, violadores ou seqüestradores de baixa categoria. Nela, o quente são grandes desfalques, malversação de fundos e fraudes. “Aqui você se torna especialista em economia e finanças”, diz um interno. “Você pode topar com conhecidos que jamais imaginaria que teriam problemas.”
Capuchinos não tem grades e, além de banhos de sol, oferece mais regalias, o que o faz diferente dos outros presídios latino-americanos. Para começar, por lei, seus presos VIP pagam pelo luxo uma mensalidade de até US$ 140. Homens e mulheres dormem em lugares separados e dificilmente um guarda aceita suborno.
No edifício de três andares, só há capacidade para 120 pessoas, que dormem em quartos individuais. Cada andar acarpetado possui os mesmos espaços comuns de uma casa de família. Há um pequeno living, onde os presos podem conversar; uma cozinha, uma sala de jantar e TV a cabo. Durante o dia, os prisioneiros podem mover-se por todos os espaços quase sem restrições. Os mais concentrados preferem disputar o desafio de xadrez no living.
Do lado de fora, no pátio central, perto da piscina de 10 metros de comprimento, um reluzente campo de futebol de salão reúne ilustres e policiais num campeonato no qual competem equipes batizadas como “Somos Inocentes” ou “Venho por um Dia e Vou Embora Amanhã”. Se o prisioneiro é um bom tenista, encontrará uma rede para improvisar um court, e uma academia com quatro equipamentos. Os presos também jogam tênis de mesa ou se divertem nos impecáveis bilhares, onde há letreiros com a frase “Cuide da mesa”.
Como o pagamento é legal, em Capuchinos ninguém esconde a comodidade. Com seus dólares, os internos garantem boa comida, médicos, capela e, melhor, vivem entre iguais. “As leis estabelecem que a pena deve ser cumprida e os internos perdem a possibilidade de livre circulação”, diz Juan Carlos Pérez, diretor da Gendarmería de Chile, organização que administra a prisão.
A lei é clara nesse sentido. As Nações Unidas estabelecem que os prisioneiros devem ser separados por tipo de delito, ter um espaço digno, comunicação e segurança. Claro que isso é apemas no papel, pois, segundo a mesma organização, mais de 80% dos processados por delitos econômicos na América Latina estão amontoados em pavilhões imundos.
pessoas educadas. Em tese, ser condenado por um golpe financeiro na América Latina implica viver apertado como sardinha em lata junto com algum criminoso barra-pesada e pedir aos céus para não ter de dormir abraçado com um serial killer estuprador. Quer dizer, isso se o golpista chega a ser condenado. Além do mais, eventuais privilégios são obtidos geralmente de maneira ilegal, por meio de suborno. Por outro lado, o sistema chileno fere o princípio de igualdade. “Na Argentina, todos devem ser tratados como iguais, têm direitos idênticos e se separam por prisões conforme o delito que cometeram e suas características como réus”, garante Enzo Gómez, diretor da Escuela Penitenciaria de la Nación Juan José O’Connor, em Buenos Aires. Mas existe a possibilidade de cruzar com um homicida em algum pátio? “Sim.”
Francisca Vega
Santiago
O casarão da rua Capuchinos 746 é perfeito. O piso do pátio do antigo edifício está um espelho de tão bem encerado. Vestígios na grelha do churrasco indicam que não passou muito tempo desde o último festim. “Todos aproveitam bastante a piscina”, diz Marta Arias, dona da casa. “Mas homens e mulheres a utilizam separadamente.” Essa divisão não é questão de pudor, mas de categoria. A esbelta e bem apessoada Marta é subinspetora e chefe do Anexo Centro de Detención Preventiva Santiago, cadeia mais conhecida como Capuchinos, onde cumprem suas penas ex-ministros, empresários, líderes políticos, ricos e famosos do Chile.
Bem-vindos à única penitenciária cinco-estrelas da América Latina para réus em julgamento e condenados por crimes econômicos. Na ‘‘Prisão Caixa Alta’’, que só aceita réus pouco conhecidos se comprovarem boa conduta, não há assassinos, violadores ou seqüestradores de baixa categoria. Nela, o quente são grandes desfalques, malversação de fundos e fraudes. “Aqui você se torna especialista em economia e finanças”, diz um interno. “Você pode topar com conhecidos que jamais imaginaria que teriam problemas.”
Capuchinos não tem grades e, além de banhos de sol, oferece mais regalias, o que o faz diferente dos outros presídios latino-americanos. Para começar, por lei, seus presos VIP pagam pelo luxo uma mensalidade de até US$ 140. Homens e mulheres dormem em lugares separados e dificilmente um guarda aceita suborno.
No edifício de três andares, só há capacidade para 120 pessoas, que dormem em quartos individuais. Cada andar acarpetado possui os mesmos espaços comuns de uma casa de família. Há um pequeno living, onde os presos podem conversar; uma cozinha, uma sala de jantar e TV a cabo. Durante o dia, os prisioneiros podem mover-se por todos os espaços quase sem restrições. Os mais concentrados preferem disputar o desafio de xadrez no living.
Do lado de fora, no pátio central, perto da piscina de 10 metros de comprimento, um reluzente campo de futebol de salão reúne ilustres e policiais num campeonato no qual competem equipes batizadas como “Somos Inocentes” ou “Venho por um Dia e Vou Embora Amanhã”. Se o prisioneiro é um bom tenista, encontrará uma rede para improvisar um court, e uma academia com quatro equipamentos. Os presos também jogam tênis de mesa ou se divertem nos impecáveis bilhares, onde há letreiros com a frase “Cuide da mesa”.
Como o pagamento é legal, em Capuchinos ninguém esconde a comodidade. Com seus dólares, os internos garantem boa comida, médicos, capela e, melhor, vivem entre iguais. “As leis estabelecem que a pena deve ser cumprida e os internos perdem a possibilidade de livre circulação”, diz Juan Carlos Pérez, diretor da Gendarmería de Chile, organização que administra a prisão.
A lei é clara nesse sentido. As Nações Unidas estabelecem que os prisioneiros devem ser separados por tipo de delito, ter um espaço digno, comunicação e segurança. Claro que isso é apemas no papel, pois, segundo a mesma organização, mais de 80% dos processados por delitos econômicos na América Latina estão amontoados em pavilhões imundos.
pessoas educadas. Em tese, ser condenado por um golpe financeiro na América Latina implica viver apertado como sardinha em lata junto com algum criminoso barra-pesada e pedir aos céus para não ter de dormir abraçado com um serial killer estuprador. Quer dizer, isso se o golpista chega a ser condenado. Além do mais, eventuais privilégios são obtidos geralmente de maneira ilegal, por meio de suborno. Por outro lado, o sistema chileno fere o princípio de igualdade. “Na Argentina, todos devem ser tratados como iguais, têm direitos idênticos e se separam por prisões conforme o delito que cometeram e suas características como réus”, garante Enzo Gómez, diretor da Escuela Penitenciaria de la Nación Juan José O’Connor, em Buenos Aires. Mas existe a possibilidade de cruzar com um homicida em algum pátio? “Sim.”
12.11.04
Rumbo al Futuro
O futuro, esteja bem entendido, é a Argentina de 1910.
http://www.revistacontratiempo.com.ar/escenarios2.htm
http://www.revistacontratiempo.com.ar/escenarios2.htm
A revitalização da Região Portuária
Como tudo no governo Cesaropapista, é uma mistura de factóides, promessas vazias, destruição urbana, e muito dinheiro na mão de empreiteiras. O presidente da Firjan, que é apresentado pelos jornais como um empresário em briga com a encarnação do mal, o casal Garotinho, é o comparsa. Como se a Firjan, o César Maia e o Garotinho não fossem una farza, una raza.
Alguns pontos biitos -
- Precisa do Guggenheim. Pela grana já gasta sem que o Guggenheim saísse do papel, dava pra transformar o Píer Mauá num belo terminal de passageiros-mercado. Pela grana do Guggenheim, dava pra fazer em algum canto do Rio (sugiro o Fundão) o maior aquário público do mundo, triplicar o Zoológico, e transformar o Museu Nacional numa atração internacional. Três vezes o chamado turístico, mais um retorno científico, pelo mesmo preço.
- A idéia é usar o Píer Mauá pro Guggenheim e aí construir outro píer pra ser terminal de passageiros. Sou só eu que acho meio desperdício, tirar pra pôr?
- Ao contrário de outros portos revitalizados, o cais da Gamboa, a exemplo do terminal de passageiros da Mauá, ainda tá sendo usado. Se a ameaça de renascimento da cabotagem se concretizar, mais ainda. Não há nenhum plano de expandir o cais do Caju, e Sepetiba não serve como desculpa.
- O projeto original prevê a miamização como revitalização, com um shopping center enorme na Francisco Bicalho, e uma ciclovia sinuosa, com coqueirinhos, no lugar dos trilhos e guindastes. Tem uma maquete de computador mais nova em que os coqueirinhos, pelo menos, foram tirados, e a ciclovia retificada.
Alguns pontos biitos -
- Precisa do Guggenheim. Pela grana já gasta sem que o Guggenheim saísse do papel, dava pra transformar o Píer Mauá num belo terminal de passageiros-mercado. Pela grana do Guggenheim, dava pra fazer em algum canto do Rio (sugiro o Fundão) o maior aquário público do mundo, triplicar o Zoológico, e transformar o Museu Nacional numa atração internacional. Três vezes o chamado turístico, mais um retorno científico, pelo mesmo preço.
- A idéia é usar o Píer Mauá pro Guggenheim e aí construir outro píer pra ser terminal de passageiros. Sou só eu que acho meio desperdício, tirar pra pôr?
- Ao contrário de outros portos revitalizados, o cais da Gamboa, a exemplo do terminal de passageiros da Mauá, ainda tá sendo usado. Se a ameaça de renascimento da cabotagem se concretizar, mais ainda. Não há nenhum plano de expandir o cais do Caju, e Sepetiba não serve como desculpa.
- O projeto original prevê a miamização como revitalização, com um shopping center enorme na Francisco Bicalho, e uma ciclovia sinuosa, com coqueirinhos, no lugar dos trilhos e guindastes. Tem uma maquete de computador mais nova em que os coqueirinhos, pelo menos, foram tirados, e a ciclovia retificada.
11.11.04
Sai o doido...
Demitiu-se John Ashcroft, o ministro da justiça americano, que entre seus feitos conta ter perdido a disputa pro senado, para um oponente que morreu antes da eleição, gasto 8000 dólares pra pôr roupa nas estátuas do seu ministério, e a música "let the mighty eagle sooooooooooooar." É o primeiro a mudar, no novo ministério Bush. O substituto não é boa notícia - pode não ser um fanático religioso como Ashcroft, que se fazia ungir e mandava todo mundo rezar com ele, mas...
Mr Gonzales will oversee US anti-trust investigations and corporate crime cases, and his appointment is likely to be greeted favourably by US companies. After studying law at Harvard in 1982, he went to work for Vinson & Elkins, a large Texas law firm. He compiled a strong pro-business record in his stint on the Texas Supreme Court.
He is certain to face tough questioning at his Senate confirmation hearings. As White House counsel, he wrote a 2002 memo advising Mr Bush to deny Geneva convention rights to prisoners in the war on terrorism. After the Abu Ghraib prison-abuse scandal earlier this year, memos also surfaced in which Justice Department lawyers advised Mr Gonzales that prohibitions against torture of detainees could be loosened without breaking US or international laws. (Financial Times)
Mr Gonzales will oversee US anti-trust investigations and corporate crime cases, and his appointment is likely to be greeted favourably by US companies. After studying law at Harvard in 1982, he went to work for Vinson & Elkins, a large Texas law firm. He compiled a strong pro-business record in his stint on the Texas Supreme Court.
He is certain to face tough questioning at his Senate confirmation hearings. As White House counsel, he wrote a 2002 memo advising Mr Bush to deny Geneva convention rights to prisoners in the war on terrorism. After the Abu Ghraib prison-abuse scandal earlier this year, memos also surfaced in which Justice Department lawyers advised Mr Gonzales that prohibitions against torture of detainees could be loosened without breaking US or international laws. (Financial Times)
10.11.04
De quem é a conta
Artigo do Villas Boas Corrêa fala da "vergonhosa" colocação brasileira no índice de educação do IDH, e do desmatamento "recorde," como motivos para o governo federal se envergonhar.
Deixemos de lado o fato de que a colocação brasileira no IDH se refere ao governo passado, nem nunca foi melhor do que isso, a incompetência quase homérica dos dois petistas que ocuparam a cadeira da educação (Cristóvam Buarque escrevia artigos conclamando o governo federal a fazer alguma coisa, como se o ministro não fosse ele; Tarso Genro só chegou perto do assunto "educação" para defender as cotas raciais), e a força da corrente "desenvolvimentista" no governo Lula (desenvolvimentismo significa "taca a escavadeira"), ou a falta de aparelhamento, não só do Ibama, mas de todas as agências do ramo no governo federal (INPI, Receita, a parte de fiscalização da PF, até a àrea de meteorologia), ou que "não ter resolvido um problema" seja uma acusação meio de chefe do Dilbert.
Vamos à obsessão com Brasília da imprensa brasileira, estimulada pelo próprio governo federal (aí incluído em "governo," como deveria, não apenas o executivo, mas também o congresso), nessa nossa federação Doutor Ulysses.
O governo federal não pode, pela constituição de 88, se vangloriar nem ser criticado tanto assim pela educação. Que a educação brasileira é municipal, depois estadual, e só então federal. Apesar da hecatombe sofrida no governo FH (queda de 87% no orçamento do MEC), as universidades federais brasileiras estão, relativo ao resto, até bem, mesmo hoje. Produzem bem mais do que os "rivais" latinoamericanos. Um professor universitário ganha, em média, 13 vezes o salário de um primário. A educação brasileira que é uma merda é a primária e secundária. Nem tem como um "município" sem receita própria se dispôr a melhorar a educação, a não ser por capricho bondoso dos vereadores (pagos com dinheiro de fora). E os estados ainda seguem o mote de Washington Luís.
Quanto ao desmatamento, mais uma vez, em princípio o IBAMA só age em terras federais, reservas indígenas, ou fronteiras entre estados. O que até faz sentido, dentro de uma federação feita para preservar o poder das oligarquias locais (como toda federação é, de certa forma; a diferença é que, nesta, o poder delas depende do governo central, não é orgânico). E 80% do desmatamento brasileiro se concentra em dez municípios, 90% em três estados. Os governadores dos três estados já declararam pra quem quiser ouvir que são, eles mesmos, desmatadores contumazes. Imagino que os prefeitos dos dez municípios também o tenham feito.
Pro mal ou pro bem - principalmente pro mal - o BRasil é uma federação. Às vezes eu até penso que seria melhor não ser. Pra muita gente, já não é, pelo visto.
Deixemos de lado o fato de que a colocação brasileira no IDH se refere ao governo passado, nem nunca foi melhor do que isso, a incompetência quase homérica dos dois petistas que ocuparam a cadeira da educação (Cristóvam Buarque escrevia artigos conclamando o governo federal a fazer alguma coisa, como se o ministro não fosse ele; Tarso Genro só chegou perto do assunto "educação" para defender as cotas raciais), e a força da corrente "desenvolvimentista" no governo Lula (desenvolvimentismo significa "taca a escavadeira"), ou a falta de aparelhamento, não só do Ibama, mas de todas as agências do ramo no governo federal (INPI, Receita, a parte de fiscalização da PF, até a àrea de meteorologia), ou que "não ter resolvido um problema" seja uma acusação meio de chefe do Dilbert.
Vamos à obsessão com Brasília da imprensa brasileira, estimulada pelo próprio governo federal (aí incluído em "governo," como deveria, não apenas o executivo, mas também o congresso), nessa nossa federação Doutor Ulysses.
O governo federal não pode, pela constituição de 88, se vangloriar nem ser criticado tanto assim pela educação. Que a educação brasileira é municipal, depois estadual, e só então federal. Apesar da hecatombe sofrida no governo FH (queda de 87% no orçamento do MEC), as universidades federais brasileiras estão, relativo ao resto, até bem, mesmo hoje. Produzem bem mais do que os "rivais" latinoamericanos. Um professor universitário ganha, em média, 13 vezes o salário de um primário. A educação brasileira que é uma merda é a primária e secundária. Nem tem como um "município" sem receita própria se dispôr a melhorar a educação, a não ser por capricho bondoso dos vereadores (pagos com dinheiro de fora). E os estados ainda seguem o mote de Washington Luís.
Quanto ao desmatamento, mais uma vez, em princípio o IBAMA só age em terras federais, reservas indígenas, ou fronteiras entre estados. O que até faz sentido, dentro de uma federação feita para preservar o poder das oligarquias locais (como toda federação é, de certa forma; a diferença é que, nesta, o poder delas depende do governo central, não é orgânico). E 80% do desmatamento brasileiro se concentra em dez municípios, 90% em três estados. Os governadores dos três estados já declararam pra quem quiser ouvir que são, eles mesmos, desmatadores contumazes. Imagino que os prefeitos dos dez municípios também o tenham feito.
Pro mal ou pro bem - principalmente pro mal - o BRasil é uma federação. Às vezes eu até penso que seria melhor não ser. Pra muita gente, já não é, pelo visto.
Humor militar?
Fairfax, Va. — The Marine and Army forces now entering Falluja, Iraq have prepared for this fight for some time, and not just since the collapse of Saddam Hussein's regime last spring. Our military has a long history of training for and battling against unconventional enemies - the Revolutionary War, the Indian wars, Vietnam and, in particular, a battle few American think much about: the invasion of Panama City in 1989.
In the effort to topple the corrupt government of Manuel Noriega, the American military pulled off one of the most complex and risky operations in the history of warfare. The elements were daunting: a diversity of urban and jungle terrain; a need to synchronize air power, airborne troops, light forces and special operations troops (some 23,000 Americans in all) on nearly 30 simultaneous missions; and a desire to keep civilian casualties and damage to a minimum. Yes, some things went wrong, and two dozen Americans were killed. But on the whole it was an overwhelming success.
That fight served to inform, teach and train a generation of leaders, many of whom are entering Falluja today. The young lieutenants, corporals and privates of 15 years ago are now battalion commanders and senior sergeants in Iraq. They carry with them the scar tissue of experience.
Urban fighting is grinding, destructive and deadly. When I entered Baghdad last year the city was without power, order or livestock. Dead horses rotted in the slums of Sadr City while looters, called "couchpushers" by the coalition troops, made off with everything. Nothing was without value; everything was pilfered. But other than a few isolated spots where there had been pitched battles, the city wasn't destroyed.
In Falluja things may be different. We will use precision weapons where there is a high probability of killing innocent Iraqis, but for the most part we will use conventional artillery, mortars and rockets. Buildings will crumple - the train station demolished on Monday will not be the last - because we will destroy them and so will the insurgents. Dust will be everywhere, small fires and smoke will obscure the vision of our troops and the enemy.
But it will not be as out of control as it may seem; the destruction will have a purpose. We will not do what the Russians did to Grozny, the capital of Chechnya: level the city and completely strip it of its form and shape. Our goal is to bring democracy and liberty to Iraq, and that won't happen if we destroy whole cities and towns. Fortunately, our soldiers have extensive training in urban operations down to the platoon and company level.
In the effort to topple the corrupt government of Manuel Noriega, the American military pulled off one of the most complex and risky operations in the history of warfare. The elements were daunting: a diversity of urban and jungle terrain; a need to synchronize air power, airborne troops, light forces and special operations troops (some 23,000 Americans in all) on nearly 30 simultaneous missions; and a desire to keep civilian casualties and damage to a minimum. Yes, some things went wrong, and two dozen Americans were killed. But on the whole it was an overwhelming success.
That fight served to inform, teach and train a generation of leaders, many of whom are entering Falluja today. The young lieutenants, corporals and privates of 15 years ago are now battalion commanders and senior sergeants in Iraq. They carry with them the scar tissue of experience.
Urban fighting is grinding, destructive and deadly. When I entered Baghdad last year the city was without power, order or livestock. Dead horses rotted in the slums of Sadr City while looters, called "couchpushers" by the coalition troops, made off with everything. Nothing was without value; everything was pilfered. But other than a few isolated spots where there had been pitched battles, the city wasn't destroyed.
In Falluja things may be different. We will use precision weapons where there is a high probability of killing innocent Iraqis, but for the most part we will use conventional artillery, mortars and rockets. Buildings will crumple - the train station demolished on Monday will not be the last - because we will destroy them and so will the insurgents. Dust will be everywhere, small fires and smoke will obscure the vision of our troops and the enemy.
But it will not be as out of control as it may seem; the destruction will have a purpose. We will not do what the Russians did to Grozny, the capital of Chechnya: level the city and completely strip it of its form and shape. Our goal is to bring democracy and liberty to Iraq, and that won't happen if we destroy whole cities and towns. Fortunately, our soldiers have extensive training in urban operations down to the platoon and company level.
A surpresa e o absurdo
Que empresários no Brasil preferem embolsar o dinheiro a reinvestir no negócio é uma "surpresa" - o absurdo é que existe no Brasil uma lei OBRIGANDO as empresas a pagar dividendos, ao invés de reinvestir tudo. Taí um belo par de "reformas microeconômicas" que estimularia muito o crescimento, mas ao contrário das que beneficiam empresários, essas eu não ouço o Palocci mencionar. Reverte a lei de dividendos (pagamento máximo ao invés de mínimo), e corta as ações preferenciais da existência. Ações preferenciais são ações sem direito a voto na empresa, isso é, que só servem pra receber dividendos mesmo (e para serem negociadas em bolsa, claro). As "PN" não existem na maioria dos países, e é em parte por causa delas que existe a lei de dividendos, para proteger o vivente que compra uma e não tem o que fazer contra as decisões dos ON.
Detalhe - as melhores pagadoras de todas, chegando a 20%, são as prestadoras de serviços públicos privatizadas, as mesmas que reclamam ajuda do governo pra pagar sua dívida, que inclui a "dívida" com as matrizes estrangeiras.
Os investidores brasileiros têm o que comemorar quando o assunto é o ganho obtido com a distribuição de lucros para os acionistas. Estudo feito pela consultoria Economática, a pedido do Valor, mostra que o Brasil está entre os primeiros colocados no retorno obtido com dividendos.
Levando em conta a relação entre os proventos distribuídos pelas empresas e as cotações dos papéis que formam os principais indicadores dos mercados de ações de seis países, o Índice Brasil 50 (IBrX-50) proporcionou nos últimos 12 meses um retorno de 5,15%. Com isso, o Brasil só perde para o Chile no campeonato de retorno com a distribuição de dividendos e juros sobre capital próprio, entre os países analisados pela consultoria.
O Índice de Preços Seletivos de Ações (IPSA) chileno acumula média de 6,63% de retorno sobre o preço das 40 ações do indicador, ponderadas de acordo com sua participação no indicador. Chama a atenção que, nos últimos 12 meses, o Brasil está à frente mesmo de mercados considerados "mais desenvolvidos" acompanhados pela consultoria, como Espanha, cujo IBEX 35, da bolsa de Madrid, teve um dividend yield de 2,97%.
Nos EUA, o retorno de proventos do Standard & Poor's 500 foi ainda menor, de 1,55%, percentual considerado bastante baixo pelos especialistas em carteiras de dividendos. Dos papéis, 124 empresas não distribuíram dividendos nos últimos 12 meses.
Desconsiderando os pesos de cada ação na carteira - o que elimina a concentração de casos como o da Petrobras e das empresas de telecomunicações -, em uma média simples, o Brasil mostra um desempenho ainda melhor, de líder no ganho com a distribuição de dividendos. O retorno é de 4,42% sobre o valor inicial das ações no IBrX-50. O Chile viria em seguida, com 4,23%. O S&P 500, dos EUA, continuaria na lanterna, com 1,33% de dividend yield.
Uma explicação dos analistas para a boa colocação do Brasil é o baixo preço das ações, o que aumenta o peso dos dividendos no cálculo. No entanto, nos 12 meses anteriores a 5 de novembro o Ibovespa acumulou variação de 28,59%, enquanto o IBrX-100 subiu 45,01% e o IBrX-50, 42,42%.
Especialistas reconhecem que a cultura de dividendos está crescendo no Brasil, indo além dos 25% obrigatórios pela Lei das S/A. Mas lembram que, muitas vezes, esta "boa vontade" pode estar associada à concentração do controle, ou seja, à quantidade de ações que o dono possui, já que ele também recebe dividendos proporcionais. Estas empresas podem dar frutos, mas menos voz ao acionista.
O diretor para América Latina da Economática, Einar Rivero, lembra que muitas ações nos EUA têm procura forte de investidores mesmo sem a distribuição de dividendos. Ele usa o exemplo da Microsoft, que ofereceu proventos pela primeira vez nesse ano. Nos EUA, a maioria das empresas prefere reinvestir os lucros, em vez de pagar dividendos, o que aumenta o valor das ações. Não há uma lei de dividendo mínimo como aqui.
Detalhe - as melhores pagadoras de todas, chegando a 20%, são as prestadoras de serviços públicos privatizadas, as mesmas que reclamam ajuda do governo pra pagar sua dívida, que inclui a "dívida" com as matrizes estrangeiras.
Os investidores brasileiros têm o que comemorar quando o assunto é o ganho obtido com a distribuição de lucros para os acionistas. Estudo feito pela consultoria Economática, a pedido do Valor, mostra que o Brasil está entre os primeiros colocados no retorno obtido com dividendos.
Levando em conta a relação entre os proventos distribuídos pelas empresas e as cotações dos papéis que formam os principais indicadores dos mercados de ações de seis países, o Índice Brasil 50 (IBrX-50) proporcionou nos últimos 12 meses um retorno de 5,15%. Com isso, o Brasil só perde para o Chile no campeonato de retorno com a distribuição de dividendos e juros sobre capital próprio, entre os países analisados pela consultoria.
O Índice de Preços Seletivos de Ações (IPSA) chileno acumula média de 6,63% de retorno sobre o preço das 40 ações do indicador, ponderadas de acordo com sua participação no indicador. Chama a atenção que, nos últimos 12 meses, o Brasil está à frente mesmo de mercados considerados "mais desenvolvidos" acompanhados pela consultoria, como Espanha, cujo IBEX 35, da bolsa de Madrid, teve um dividend yield de 2,97%.
Nos EUA, o retorno de proventos do Standard & Poor's 500 foi ainda menor, de 1,55%, percentual considerado bastante baixo pelos especialistas em carteiras de dividendos. Dos papéis, 124 empresas não distribuíram dividendos nos últimos 12 meses.
Desconsiderando os pesos de cada ação na carteira - o que elimina a concentração de casos como o da Petrobras e das empresas de telecomunicações -, em uma média simples, o Brasil mostra um desempenho ainda melhor, de líder no ganho com a distribuição de dividendos. O retorno é de 4,42% sobre o valor inicial das ações no IBrX-50. O Chile viria em seguida, com 4,23%. O S&P 500, dos EUA, continuaria na lanterna, com 1,33% de dividend yield.
Uma explicação dos analistas para a boa colocação do Brasil é o baixo preço das ações, o que aumenta o peso dos dividendos no cálculo. No entanto, nos 12 meses anteriores a 5 de novembro o Ibovespa acumulou variação de 28,59%, enquanto o IBrX-100 subiu 45,01% e o IBrX-50, 42,42%.
Especialistas reconhecem que a cultura de dividendos está crescendo no Brasil, indo além dos 25% obrigatórios pela Lei das S/A. Mas lembram que, muitas vezes, esta "boa vontade" pode estar associada à concentração do controle, ou seja, à quantidade de ações que o dono possui, já que ele também recebe dividendos proporcionais. Estas empresas podem dar frutos, mas menos voz ao acionista.
O diretor para América Latina da Economática, Einar Rivero, lembra que muitas ações nos EUA têm procura forte de investidores mesmo sem a distribuição de dividendos. Ele usa o exemplo da Microsoft, que ofereceu proventos pela primeira vez nesse ano. Nos EUA, a maioria das empresas prefere reinvestir os lucros, em vez de pagar dividendos, o que aumenta o valor das ações. Não há uma lei de dividendo mínimo como aqui.
Serra Tamborindeguy
Não, apesar dele merecer, esse não é um artigo pra falar mal do Serra, mas da coluna do Ancelmo Gois, que virou a Hilde.
Aliás...
Serra, que descansa em Buenos Aires, está maravilhado com o cinema latino-americano. Já viu cinco filmes, todos argentinos e colombianos.
A mala também já está cheia de livros.
As moedas de um euro e de R$ 1 são parecidas (não no valor, o que é uma pena).
Acredite. Em Paris, uma brasileira recebeu duas vezes moedas de R$ 1 como se fosse de euro.
O irmão de Rita
Deu no “Le Monde”.
O jornalão francês publicou na edição de segunda uma longa reportagem elogiando a Trama, gravadora independente criada por João Marcelo Bôscoli, irmão de Maria Rita, e André Szajman.
Aliás...
Serra, que descansa em Buenos Aires, está maravilhado com o cinema latino-americano. Já viu cinco filmes, todos argentinos e colombianos.
A mala também já está cheia de livros.
As moedas de um euro e de R$ 1 são parecidas (não no valor, o que é uma pena).
Acredite. Em Paris, uma brasileira recebeu duas vezes moedas de R$ 1 como se fosse de euro.
O irmão de Rita
Deu no “Le Monde”.
O jornalão francês publicou na edição de segunda uma longa reportagem elogiando a Trama, gravadora independente criada por João Marcelo Bôscoli, irmão de Maria Rita, e André Szajman.
9.11.04
Gigante pela própria natureza
Lembrando do dado, aceito por todo mundo, de que cada município brasileiro representa uma cidade, cada distrito uma vila, e portanto 80% da população é urbana, e a maior parte das "cidades" não tem equipamentos culturais básicos.
Bom, estava lendo um texto sobre a China - e lá, para sublinhar o gigantismo dela, o autor lista os números - China has 31 provinces, 656 cities, 48,000 districts, seven major dialects and 80 spoken tongues.
Ou seja, o Brasil é dez vezes maior que a China!
PS o link pro artigo anterior tá aí em cima.
Bom, estava lendo um texto sobre a China - e lá, para sublinhar o gigantismo dela, o autor lista os números - China has 31 provinces, 656 cities, 48,000 districts, seven major dialects and 80 spoken tongues.
Ou seja, o Brasil é dez vezes maior que a China!
PS o link pro artigo anterior tá aí em cima.
5.11.04
Eu quero
É uma jóia do kitsch neofascista. Sério. Todo mundo devia comprar um. De preferência, com cartão de crédito roubado.
Inflação de Bush
Com a reeleição de Bush, a sua política pró-Seven Sisters continua. A reserva americana de petróleo - gigantescas cavernas de sal no Golfo do México, projetadas, logo após os Choques da OPEC, para liberar óleo quando o preço ficasse muito alto ou as importações parassem, vai continuar enchendo (liberar, nem pensar). No fundo, estão servindo ao seu papel, o de fornecer aos EUA, apesar de sua condição de importador, falta de controle direto sobre a indústria, privada, e produção declinante, uma condição de controlador de preços, parecida com a da própria OPEC.
O que ninguém poderia imaginar é que um presidente americano usasse ela para manter o preço do troço, não apenas alto, mas quase o dobro do preço "ideal." E é assim que, logo depois da reeleição do dito cujo, boa parte dos títulos do Financial Times fala do reajuste de preços de derivados, a ser efetuado em países onde há controle (incluindo o Brasil). Estavam todos esperando pra ver se o alto preço do barril ia se reeleger, apesar das reinvindicações da mídia e políticos de oposição, aqui, por um reajuste, e denúncias de que este não acontecia por conta da eleição. Note-se que o preço de um reajuste, para a economia, é similar ao de aumentar os juros...
Quais os motivos desse preço alto, se baixar um marxista ortodoxo aqui, e descontar a possibilidade de que Bush esteja simplesmente ajudando os cupinchas? Como um petróleo alto beneficiaria a burguesia americana, maior consumidora de energia do mundo? Existe mais de um ângulo. O primeiro é uma questão de atrito econômico - o alto preço da energia prejudica a produção americana, mas a Índia e a CHina têm uma necessidade de energia por dólar produzido muito maior. Fora isso, o alto preço do petróleo não parece estar impedindo a economia americana de se desenvolver, e permite assim o esticamento da bolha de juros baixos. Finalmente, o alto preço do petróleo dá uma sobrevida às tiranias aliadas no Golfo Pérsico, que passam a poder oferecer pão e circo a uma população que dobrou ou triplicou desde a formação da OPEC.
O problema da idiotia do Bush é esse - as burrices que ele faz, quase invariavelmente, resultam em algo bom, ou pra ele pessoalmente, ou para um projeto de poder americano. Chamar ele de Bismarck o palhaço pode ser demais, mas ignorar as tais vantagens também é perigoso.
O que ninguém poderia imaginar é que um presidente americano usasse ela para manter o preço do troço, não apenas alto, mas quase o dobro do preço "ideal." E é assim que, logo depois da reeleição do dito cujo, boa parte dos títulos do Financial Times fala do reajuste de preços de derivados, a ser efetuado em países onde há controle (incluindo o Brasil). Estavam todos esperando pra ver se o alto preço do barril ia se reeleger, apesar das reinvindicações da mídia e políticos de oposição, aqui, por um reajuste, e denúncias de que este não acontecia por conta da eleição. Note-se que o preço de um reajuste, para a economia, é similar ao de aumentar os juros...
Quais os motivos desse preço alto, se baixar um marxista ortodoxo aqui, e descontar a possibilidade de que Bush esteja simplesmente ajudando os cupinchas? Como um petróleo alto beneficiaria a burguesia americana, maior consumidora de energia do mundo? Existe mais de um ângulo. O primeiro é uma questão de atrito econômico - o alto preço da energia prejudica a produção americana, mas a Índia e a CHina têm uma necessidade de energia por dólar produzido muito maior. Fora isso, o alto preço do petróleo não parece estar impedindo a economia americana de se desenvolver, e permite assim o esticamento da bolha de juros baixos. Finalmente, o alto preço do petróleo dá uma sobrevida às tiranias aliadas no Golfo Pérsico, que passam a poder oferecer pão e circo a uma população que dobrou ou triplicou desde a formação da OPEC.
O problema da idiotia do Bush é esse - as burrices que ele faz, quase invariavelmente, resultam em algo bom, ou pra ele pessoalmente, ou para um projeto de poder americano. Chamar ele de Bismarck o palhaço pode ser demais, mas ignorar as tais vantagens também é perigoso.
3.11.04
Lição eleitoral
Marqueteiros não prestam.
Pelamordedeus, o Duda Mendonça tinha que ser preso, não pela rinha de galos (eu como carne, então não posso falar nada), mas pela incompetência. Depois da grana que ele teve, um contingente grande de pessoas dizer "acho que ela fez um bom trabalho, mas não vou com a cara dela"? Nos EUA, o contrário - os marqueteiros do Bush são gênios, já que as pessoas dizem "poxa, todas as merdas aconteceram quando ele tava de serviço, mas não foi culpa dele, ele é tão bonzinho."
Conclusão - nem uma nem a outra coisa são culpa dos marqueteiros, e sim dos candidatos, e de uma atenção à personalidade dos candidatos, que precisaria de uma discussão maior. A Marta pode ser uma ótima prefeita, mas é uma perua chata, e o Bush é o desastre em pessoa, mas é um fratboy, figura que eu acho um porre, mas muita gente gosta.
Então, despeçam os marqueteiros, e chutem a política da opinião pra pqp.
Ah, se pegarem a galera de educação e política social de SP pra trabalhar no governo federal, eu agradeço. Depois das múmias paralíticas de ministros nessa área, tô aceitando qualquer um, mas se o que a Marta fez em Sampa se repetisse pelo Norte ou Nordeste, ou pelas "Zonas Leste" das outras regiões metropolitanas, ia ser uma boa.
Pelamordedeus, o Duda Mendonça tinha que ser preso, não pela rinha de galos (eu como carne, então não posso falar nada), mas pela incompetência. Depois da grana que ele teve, um contingente grande de pessoas dizer "acho que ela fez um bom trabalho, mas não vou com a cara dela"? Nos EUA, o contrário - os marqueteiros do Bush são gênios, já que as pessoas dizem "poxa, todas as merdas aconteceram quando ele tava de serviço, mas não foi culpa dele, ele é tão bonzinho."
Conclusão - nem uma nem a outra coisa são culpa dos marqueteiros, e sim dos candidatos, e de uma atenção à personalidade dos candidatos, que precisaria de uma discussão maior. A Marta pode ser uma ótima prefeita, mas é uma perua chata, e o Bush é o desastre em pessoa, mas é um fratboy, figura que eu acho um porre, mas muita gente gosta.
Então, despeçam os marqueteiros, e chutem a política da opinião pra pqp.
Ah, se pegarem a galera de educação e política social de SP pra trabalhar no governo federal, eu agradeço. Depois das múmias paralíticas de ministros nessa área, tô aceitando qualquer um, mas se o que a Marta fez em Sampa se repetisse pelo Norte ou Nordeste, ou pelas "Zonas Leste" das outras regiões metropolitanas, ia ser uma boa.
1.11.04
O pólo siderúrgico Lessa-Vale
É digno de um Brasil Grande. São 24 milhões de toneladas de aço, quase igual a tudo que é produzido no Brasil de hoje. Também é exemplar da globalização contemporânea - à medida em que produtos industriais viram commodities, empresas localizadas em países desenvolvidos deslocam a produção deles para os países periféricos. Ganham com os custos mais baixos, e se livram do passivo ambiental que a indústria pesada implica. No caso do pólo siderúrgico do Maranhão, as candidatas a fazer isso são a Arcelor belga (a Bélgica foi o primeiro país da indústria pesada, até um pouco antes da Grã-Bretanha), a Krupp alemã (que na verdade é Krupp-Thyssen, reunindo os dois rivais do período áureo da indústria pesada), e a Posco coreana (a novata entre as três, e mais nova até do que a CSN, mas na Coréia não havia alternativa ao desenvolvimento industrial). As três pretendem fabricar placas no maranhão - é o produto siderúrgico mais barato, e pode ser exportado para outras siderúrgicas da mesma companhia, para que lá produzam itens mais sofisticados. Isso é, fabricariam o aço-commodity propriamente dito, principalmente em função do aumento do preço do minério de ferro e do frete, que faz com que carregar ferro do Brasil e da Austrália fique mais caro.
Ganham mais; em nome do desenvolvimento, tecnocratas nos tais países periféricos, como o Lessa aqui, praticamente pagam a eles para isso, com suas visões de um desenvolvimento industrial baseadas no "catching-up" forçado. Mais ou menos as mesmas que tiveram o maior de todos os sucessos na União Soviética - onde Chernobyl, Magnitogorsk, e o Mar de Aral mostram o resultado ambiental, e a produção industrial maior que a do Ocidente em 1980 não impediu o colapso econômico e social.
Ganham mais; em nome do desenvolvimento, tecnocratas nos tais países periféricos, como o Lessa aqui, praticamente pagam a eles para isso, com suas visões de um desenvolvimento industrial baseadas no "catching-up" forçado. Mais ou menos as mesmas que tiveram o maior de todos os sucessos na União Soviética - onde Chernobyl, Magnitogorsk, e o Mar de Aral mostram o resultado ambiental, e a produção industrial maior que a do Ocidente em 1980 não impediu o colapso econômico e social.
31.10.04
Esquerda = direita
Ou, pelo menos, a mídia de esquerda brasileira se assemelha muito à mídia de direita americana.
Por exemplo, ao usar quaisquer casos de desvio de programas sociais para criticar a própria existência do programa. É de se perguntar se pretendem andar em ruas de barro, porque, pela mesma lógica, a corrupção em obras públicas é tão universal que tem quem use a taxa de concreto usado por dólar de PIB como indicação do grau de corrupção de uma economia. Provavelmente é um indicador mais confiável do que o Corruption Perception Index, da Transparency International, que só perde para o Economic Freedom Index em matéria de índices que, no contrato, não querem dizer o que fica subentendido quando são apresentados. A percepção de corrupção, ainda mais num índice tirado da média de várias pesquisas com metodologias diferentes (em alguns casos, com desvios-padrão imensos), não tem mais do que uma relação circunstacial com o grau de corrupção (isso é, a frequência e escala do desvio de recursos públicos em prol de interesses privados).
O campeão, pra dizer que os países com mais "liberdade econômica" são mais desenvolvidos e fazer lobby pelo neoliberalismo, ignora soberanamente "peso dos impostos" como indicador, e adiciona "grau de transparência" e "corrupção." Com isso, consegue fazer, dos socialistas escandinavos, modelos de livre mercado.
Nada contra - a função dos tais índices é fazer lobby mesmo, assim como a função de um colunista é, com as notícias, influenciar a opinião pública (cadeia!) em algum sentido. (Há os que acham que seja fazer pensar...)
Por exemplo, ao usar quaisquer casos de desvio de programas sociais para criticar a própria existência do programa. É de se perguntar se pretendem andar em ruas de barro, porque, pela mesma lógica, a corrupção em obras públicas é tão universal que tem quem use a taxa de concreto usado por dólar de PIB como indicação do grau de corrupção de uma economia. Provavelmente é um indicador mais confiável do que o Corruption Perception Index, da Transparency International, que só perde para o Economic Freedom Index em matéria de índices que, no contrato, não querem dizer o que fica subentendido quando são apresentados. A percepção de corrupção, ainda mais num índice tirado da média de várias pesquisas com metodologias diferentes (em alguns casos, com desvios-padrão imensos), não tem mais do que uma relação circunstacial com o grau de corrupção (isso é, a frequência e escala do desvio de recursos públicos em prol de interesses privados).
O campeão, pra dizer que os países com mais "liberdade econômica" são mais desenvolvidos e fazer lobby pelo neoliberalismo, ignora soberanamente "peso dos impostos" como indicador, e adiciona "grau de transparência" e "corrupção." Com isso, consegue fazer, dos socialistas escandinavos, modelos de livre mercado.
Nada contra - a função dos tais índices é fazer lobby mesmo, assim como a função de um colunista é, com as notícias, influenciar a opinião pública (cadeia!) em algum sentido. (Há os que acham que seja fazer pensar...)
Torcer
Por um Boston Brahmin e uma quatrocentona, é esquisito.
Fazer o quê, né? Boa sorte pro JFK (II) e pra Marta Teresa Smith de Vasconcellos Matarazzo Suplicy.
Fazer o quê, né? Boa sorte pro JFK (II) e pra Marta Teresa Smith de Vasconcellos Matarazzo Suplicy.
30.10.04
O que está acontecendo?
(Como diria o velhinho narigudo daquele anime imbecil do Gênio, que tinha quando a gente era criança, lá pela Era Mesozóica)
O Financial Times já publicou, no último mês, umas doze reportagens de turismo/cultura sobre o Rio de Janeiro e arredores. No caderno de Américas (que não inclui os EUA), consigo lembrar, sobre o assunto, umas duas sobre o Canadá, duas sobre o Caribe, uma sobre a Cidade do México, e duas sobre o Brasil. E doze sobre o Rio. Duas só hoje. Alguém pagou a eles por isso? As matérias, se forem matérias pagas, não têm cara. Várias, inclusive, mencionam a violência do Rio. (Mesmo se, numa sobre o Copacabana Palace, dizem que a violência "gives the city its edge, a certain raffish charm.")
Falando em matéria paga, e se a Embratur pagasse à Dorling Kindersley pra fazer um Eyewitness Guide?
PS - César o magnífico, reeleito, quer de novo fazer o Guggenheim e o bonde da Barra. A Camargo Corrêa - como sempre, no Rio, desde os anos 40 - agradece.
O Financial Times já publicou, no último mês, umas doze reportagens de turismo/cultura sobre o Rio de Janeiro e arredores. No caderno de Américas (que não inclui os EUA), consigo lembrar, sobre o assunto, umas duas sobre o Canadá, duas sobre o Caribe, uma sobre a Cidade do México, e duas sobre o Brasil. E doze sobre o Rio. Duas só hoje. Alguém pagou a eles por isso? As matérias, se forem matérias pagas, não têm cara. Várias, inclusive, mencionam a violência do Rio. (Mesmo se, numa sobre o Copacabana Palace, dizem que a violência "gives the city its edge, a certain raffish charm.")
Falando em matéria paga, e se a Embratur pagasse à Dorling Kindersley pra fazer um Eyewitness Guide?
PS - César o magnífico, reeleito, quer de novo fazer o Guggenheim e o bonde da Barra. A Camargo Corrêa - como sempre, no Rio, desde os anos 40 - agradece.
Política e religião
E aqui vai a explicação de porque a frase do Dapieve sobre política e religião, apesar de usar a História como autoridade, não respeita a história.
Primeiro - como assim, "sempre que política e religião se misturaram"? A impressão, pela alusão a perseguições religiosas, é de que se está falando de uma perspectiva ampla, em que cairiam o Santo Ofício e as Cruzadas. Ora, isso é que nem falar das relações raciais no Egito faraônico. Um anacronismo sem sentido. Só se pode falar de "política e religião," como dois elementos separados, a partir do momento em que se desenvolve, no Ocidente, uma "esfera secular" - isso é, a partir do Iluminismo.
Vamos, então, restringir a interação de política e religião ao que se passou depois da primeira constituição prevendo a separação entre Igreja e Estado. Desde então, por mais que se deteste os Garotinhos e Dubyas, a impressão é de que os anti-religiosos causaram bastante mais dano que os religiosos. Da Kulturkampf ao Terror, dos massacres comunistas aos latifúndios latinoamericanos. Por outro lado, a influência mais danosa da religião (cristã, por supuesto) sobre a política foi exercida, não diretamente, mas pela influência da "moral" - isso é, não é necessário nenhum populista evangélico pra exercer a repressão em nome da religião. Nem as ligações reacionárias com a religião são questionadas como são as ligações populistas dos neo-evangélicos. Não que o conservadorismo (relativo) cristão, mesmo oficial, seja necessariamente um desastre - que o digam os países da Europa em que, durante os trinta anos do Milagre econômico, viram se alternar no poder socialistas e cristãos-democratas. Ou os "paraísos" social-democratas escandinavos, que têm Igrejas Luteranas Oficiais, cujo chefe é o chefe de Estado, e subvencionadas por impostos. (Tudo bem, se eles são paraísos ou não é outra estória...)
A separação absoluta entre Estado e Igreja continua sendo, como a liberdade de imprensa absoluta, um tema que só pode realmente ser discutido nas pátrias das revoluções burguesas, os EUA e a França(a segunda, só nos EUA). Em outros lugares, falar de populistas religiosos como se ferissem esse príncipio inviolável é falar de uma realidade americana, sem conhecer a própria. É como a piada de que, graças aos seriados policiais, a maior parte do mundo acha que, se for preso, vai receber os Miranda warnings. (You have the right to remain silent, anything you say...)
Então, se a mistura de religião com política não é necessariamente daninha, nem rara em outros políticos, porque as pessoas se fixam tanto nelas para criticar Bush e Little Boy? Tudo bem, os dois usam o poder para privilegiar suas respectivas igrejas. Mas o grosso do que fazem de ruim não tem porra nenhuma a ver com elas, nem o clientelismo é tão criticado em outros casos. Nem são particularmente afeitos à ciência ou à lógica, as pessoas que são contra o obscurantismo dos criacionistas - ou seja, defendem a ciência porque é a autoridade constituída, não por quaisquer razões claras. O que leva ao verdadeiro motivo do preconceito contra eles - eles são revolucionários. Vão contra o status quo, em muitos sentidos, e são, como os fascistas no segundo quartel do século XX, anti-intelectuais, e anti- a sociedade liberal burguesa, em geral. Estão fora do jogo como ele "deveria" ser jogado, e é isso, não o seu autoritarismo, corrupção ou incompetência, o que realmente incomoda. Vide a diferença de reação a eles e a personagens políticas igualmente desastrosas, como nosso querido FHC, ou Sua Majestade Maia, que não se vestiram no manto da religião evangélica. Ou a falta de horror quanto ao aumento dos poderes da polícia durante a presidência de Bill Clinton, nos EUA. Ou ao efetivo Estado de Polícia decretado na Grã-Bretanha por Tony Blair. Ou...
Primeiro - como assim, "sempre que política e religião se misturaram"? A impressão, pela alusão a perseguições religiosas, é de que se está falando de uma perspectiva ampla, em que cairiam o Santo Ofício e as Cruzadas. Ora, isso é que nem falar das relações raciais no Egito faraônico. Um anacronismo sem sentido. Só se pode falar de "política e religião," como dois elementos separados, a partir do momento em que se desenvolve, no Ocidente, uma "esfera secular" - isso é, a partir do Iluminismo.
Vamos, então, restringir a interação de política e religião ao que se passou depois da primeira constituição prevendo a separação entre Igreja e Estado. Desde então, por mais que se deteste os Garotinhos e Dubyas, a impressão é de que os anti-religiosos causaram bastante mais dano que os religiosos. Da Kulturkampf ao Terror, dos massacres comunistas aos latifúndios latinoamericanos. Por outro lado, a influência mais danosa da religião (cristã, por supuesto) sobre a política foi exercida, não diretamente, mas pela influência da "moral" - isso é, não é necessário nenhum populista evangélico pra exercer a repressão em nome da religião. Nem as ligações reacionárias com a religião são questionadas como são as ligações populistas dos neo-evangélicos. Não que o conservadorismo (relativo) cristão, mesmo oficial, seja necessariamente um desastre - que o digam os países da Europa em que, durante os trinta anos do Milagre econômico, viram se alternar no poder socialistas e cristãos-democratas. Ou os "paraísos" social-democratas escandinavos, que têm Igrejas Luteranas Oficiais, cujo chefe é o chefe de Estado, e subvencionadas por impostos. (Tudo bem, se eles são paraísos ou não é outra estória...)
A separação absoluta entre Estado e Igreja continua sendo, como a liberdade de imprensa absoluta, um tema que só pode realmente ser discutido nas pátrias das revoluções burguesas, os EUA e a França(a segunda, só nos EUA). Em outros lugares, falar de populistas religiosos como se ferissem esse príncipio inviolável é falar de uma realidade americana, sem conhecer a própria. É como a piada de que, graças aos seriados policiais, a maior parte do mundo acha que, se for preso, vai receber os Miranda warnings. (You have the right to remain silent, anything you say...)
Então, se a mistura de religião com política não é necessariamente daninha, nem rara em outros políticos, porque as pessoas se fixam tanto nelas para criticar Bush e Little Boy? Tudo bem, os dois usam o poder para privilegiar suas respectivas igrejas. Mas o grosso do que fazem de ruim não tem porra nenhuma a ver com elas, nem o clientelismo é tão criticado em outros casos. Nem são particularmente afeitos à ciência ou à lógica, as pessoas que são contra o obscurantismo dos criacionistas - ou seja, defendem a ciência porque é a autoridade constituída, não por quaisquer razões claras. O que leva ao verdadeiro motivo do preconceito contra eles - eles são revolucionários. Vão contra o status quo, em muitos sentidos, e são, como os fascistas no segundo quartel do século XX, anti-intelectuais, e anti- a sociedade liberal burguesa, em geral. Estão fora do jogo como ele "deveria" ser jogado, e é isso, não o seu autoritarismo, corrupção ou incompetência, o que realmente incomoda. Vide a diferença de reação a eles e a personagens políticas igualmente desastrosas, como nosso querido FHC, ou Sua Majestade Maia, que não se vestiram no manto da religião evangélica. Ou a falta de horror quanto ao aumento dos poderes da polícia durante a presidência de Bill Clinton, nos EUA. Ou ao efetivo Estado de Polícia decretado na Grã-Bretanha por Tony Blair. Ou...
29.10.04
As Cotas e os Gringos
Entrevista na Folha com Peter Burke, em que ele declara ser contra as cotas raciais (e a favor de cotas econômicas). Quem sabe assim as pessoas prestam atenção, já que é um Renomado Historiador do Primeiro Mundo falando. E deixam de (à parte o campo de idiotas que acham que não existe preconceito racial no Brasil, ou os que são contra quaisquer cotas, em princípio) assumir que cotas raciais são um jeito de lutar contra o racismo. O que é tão esperto quanto coçar pra ver se pára a coceira, ou raspar uma quelóide.
Se bem que o Livio Sansone e o Peter Fry já falam há tempos, sem serem ouvidos. Mas sei lá, eles já são da casa, pelo visto, então não valem mais como Grandes e Poderosos Gringos.
PS - Volto a defender a Única Idéia Boa do Bush lá de baixo - que, aliás, não foi bem o que o Bush efetivamente fez, no Texas, mas a idéia era boa.
Se bem que o Livio Sansone e o Peter Fry já falam há tempos, sem serem ouvidos. Mas sei lá, eles já são da casa, pelo visto, então não valem mais como Grandes e Poderosos Gringos.
PS - Volto a defender a Única Idéia Boa do Bush lá de baixo - que, aliás, não foi bem o que o Bush efetivamente fez, no Texas, mas a idéia era boa.
Mots Clef
Lendo a coluna do Dapieve no Globo, lembrando de como "historicamente" significa "eu não sei nada de história, mas vou invocá-la como autoridade para meu argumento, " assim como "cientificamente" quer dizer "eu não sei nem o que é ciência." Especialmente se cientificamente for comprovado, claro, ou se for algo que a Ciência nos diz. E depois falam mal dos "nunca antef na hiftória defe paíf" do Lula.
Pobrezinhas das Ciências e Saberes. São mais abusadas que "literalmente."
PS - o trecho, num texto revelando o impensável, uma sacada inteligentíssima - os Matheus e os Bush são similares em muitos pontos. Nãaaao...
A mistura entre religião e política historicamente nunca deu em nada de bom. Ou, tornados governantes, os sacerdotes proscrevem quem professa fé distinta ou não professa fé nenhuma; ou, tornados sacerdotes, os governantes instalam o culto à sua própria personalidade.
PPS - O pessoal do Globo realmente só descobriu agora a estatística oficial de mortos pela PM em 2003, que saiu no começo do ano, e já foi postada até aqui nesse blog (duas vezes). E ainda acham que ela foi produzida pela Justiça Global.
Pobrezinhas das Ciências e Saberes. São mais abusadas que "literalmente."
PS - o trecho, num texto revelando o impensável, uma sacada inteligentíssima - os Matheus e os Bush são similares em muitos pontos. Nãaaao...
A mistura entre religião e política historicamente nunca deu em nada de bom. Ou, tornados governantes, os sacerdotes proscrevem quem professa fé distinta ou não professa fé nenhuma; ou, tornados sacerdotes, os governantes instalam o culto à sua própria personalidade.
PPS - O pessoal do Globo realmente só descobriu agora a estatística oficial de mortos pela PM em 2003, que saiu no começo do ano, e já foi postada até aqui nesse blog (duas vezes). E ainda acham que ela foi produzida pela Justiça Global.
28.10.04
MA! Jeb's doin' it again!
58000 votos pelo correio "sumiram" na Flórida. Mais ou menos como no caso das 350 toneladas de explosivo que sumiram no Iraque, a resposta dos Bushes é "num fui eu." Sei não, mas o público americano daria uma péssima mãe. Aceita "num fui eu, nñao sei quem foi" e "ele começou" o tempo todo.
Não que alguém morando no País do Diminutivo, na Cidade Imperial, possa falar mal dos eleitores de quem quer que seja, e em Sampa as pessoas vão votar no Serra porque a Marta (quem dá pra argentino não dá pra prefeita) "só vai governar pros baianos e homossexuais."
Não que alguém morando no País do Diminutivo, na Cidade Imperial, possa falar mal dos eleitores de quem quer que seja, e em Sampa as pessoas vão votar no Serra porque a Marta (quem dá pra argentino não dá pra prefeita) "só vai governar pros baianos e homossexuais."
27.10.04
Late capitalism
"You have to remember that as an employee, you don't have total free speech anymore."
Com plumas
Eu até concordo com o Elio Gaspari*, mas será que ele se esqueceu de que galo é bípede?
*Segunda coluna seguida - estranho, muito estranho.
*Segunda coluna seguida - estranho, muito estranho.
25.10.04
Pobrezinhos
After the 1917 Revolution, all Princess Vera's family estates were seized by the authorities. Her family fled Russia disguised as peasants, and went to Paris, where the she was born and raised.
Only after the fall of Communism did she come back to live in St Petersburg and she is now seeking to get part of that property back.
The home she claims is hers is next to the Peter and Paul Fortress, which is famed for the role it had in the founding of the city. It has a direct view, across the water, of the Winter Palace.
"This whole proposal is a complete shame and disgrace. Of course we can't all have all our properties back, but one of the houses that my family once owned would be enough."
Não que os novos boiardos sejam melhores -
But he added that he believed the buildings will go to those with most money or political influence. This speculation has recently been fuelled by reports surrounding two former palaces on the "English Embankment" which runs along the South Bank.
One is Tenisheva's Palace, the St Petersburg HQ of Chelsea chairman Roman Abramovich. Mr Abramovich acquired the property in 2002 in his capacity as governor of the Chakotka region.
Further down the Embankment is a building belonging to energy Lukoil, which may well soon acquire the right to buy it. Both Lukoil and the governor's office have, in the past, denied any impropriety.
But political analyst Igor Leshukov, of the St Petersburg Institute of International Affairs, told Assignment he believes the best stately homes for sale will go to those with the strongest links to government. He also fears few properties will be properly restored.
"The main danger is many old and historic buildings will be simply destroyed and replaced by newly-done fakes," he said.
"The Hotel Europe is one of the masterpieces of Art Nouveau in St Petersburg - now we have just a facade, inside all the interior's been lost.
"The same situation is in the Hotel Astoria. So in that case, we can easily see what could happen in any palace owned by a private company and used as their luxury office."
Only after the fall of Communism did she come back to live in St Petersburg and she is now seeking to get part of that property back.
The home she claims is hers is next to the Peter and Paul Fortress, which is famed for the role it had in the founding of the city. It has a direct view, across the water, of the Winter Palace.
"This whole proposal is a complete shame and disgrace. Of course we can't all have all our properties back, but one of the houses that my family once owned would be enough."
Não que os novos boiardos sejam melhores -
But he added that he believed the buildings will go to those with most money or political influence. This speculation has recently been fuelled by reports surrounding two former palaces on the "English Embankment" which runs along the South Bank.
One is Tenisheva's Palace, the St Petersburg HQ of Chelsea chairman Roman Abramovich. Mr Abramovich acquired the property in 2002 in his capacity as governor of the Chakotka region.
Further down the Embankment is a building belonging to energy Lukoil, which may well soon acquire the right to buy it. Both Lukoil and the governor's office have, in the past, denied any impropriety.
But political analyst Igor Leshukov, of the St Petersburg Institute of International Affairs, told Assignment he believes the best stately homes for sale will go to those with the strongest links to government. He also fears few properties will be properly restored.
"The main danger is many old and historic buildings will be simply destroyed and replaced by newly-done fakes," he said.
"The Hotel Europe is one of the masterpieces of Art Nouveau in St Petersburg - now we have just a facade, inside all the interior's been lost.
"The same situation is in the Hotel Astoria. So in that case, we can easily see what could happen in any palace owned by a private company and used as their luxury office."
21.10.04
Ancelmite
A ancelmite- uso de frases prontas podres, com destaque para as tiradas do hino nacional - se alastra pela imprensa brasileira. Os diretores da Previ podem não fazer saliência no expediente, mas sempre que o fundo é mencionado, ele é "gigante pela própria natureza." Parece até que o computador da galera tem um macro, onde ao se escrever "gigante" vem o "pela própria natureza," e "bela" vira "toda-toda." Só falta daqui a pouco as matérias acabarem com um "parabéns" ou "então tá."
PS porque diabos a reportagem sobre a espionagem (igualzinho Watergate, só que pior porque usando espiões do Estado) continua pé de página. se tanto?
PS porque diabos a reportagem sobre a espionagem (igualzinho Watergate, só que pior porque usando espiões do Estado) continua pé de página. se tanto?
Extra! extra!
O Globo noticia que o ar dentro dos túneis (Zuzu Angel e Rebouças, ou você acha que, pro Globo, existe outro tùnel comprido na cidade?) é poluído. Principalmente durante engarrafamentos.
Caramba!
Caramba!
Síndrome de Bush
Um Salão do Automóvel blindado para Lula
SÃO PAULO. Um inédito aparato de segurança foi montado durante a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Salão do Automóvel de São Paulo. É comum que o presidente abra oficialmente o evento. Ontem, porém, a segurança foi atípica: cerca de cem agentes fizeram uma varredura no pavilhão de exposições e isolaram os estandes.
Era o segundo dia em que o salão estava aberto à imprensa e o esquema de segurança perturbou o andamento das entrevistas coletivas. Às 15h — Lula chegou às 19h45m — cercas de metal começaram a ser espalhadas, formando labirintos. O acesso aos jornalistas foi ficando cada vez mais restrito e, por fim, todos tiveram que sair do pavilhão durante aproximadamente duas horas.
Os jornalistas tiveram de buscar credenciais da presidência. Aí, surpresa: dos cerca de 1.500 jornalistas que trabalhavam no evento, apenas cem puderam voltar à mostra.
Profissionais que cobrem o Salão desde os anos 60 contam que nem no tempo da ditadura militar houve um esquema de segurança tão pesado.
— Foi um desrespeito — resumiu Bob Sharp, que esteve em todas as edições do Salão, criado em 1960.
Mês passado, o presidente da França, Jacques Chirac, circulou normalmente no Salão de Paris. (Jason Vogel)
SÃO PAULO. Um inédito aparato de segurança foi montado durante a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Salão do Automóvel de São Paulo. É comum que o presidente abra oficialmente o evento. Ontem, porém, a segurança foi atípica: cerca de cem agentes fizeram uma varredura no pavilhão de exposições e isolaram os estandes.
Era o segundo dia em que o salão estava aberto à imprensa e o esquema de segurança perturbou o andamento das entrevistas coletivas. Às 15h — Lula chegou às 19h45m — cercas de metal começaram a ser espalhadas, formando labirintos. O acesso aos jornalistas foi ficando cada vez mais restrito e, por fim, todos tiveram que sair do pavilhão durante aproximadamente duas horas.
Os jornalistas tiveram de buscar credenciais da presidência. Aí, surpresa: dos cerca de 1.500 jornalistas que trabalhavam no evento, apenas cem puderam voltar à mostra.
Profissionais que cobrem o Salão desde os anos 60 contam que nem no tempo da ditadura militar houve um esquema de segurança tão pesado.
— Foi um desrespeito — resumiu Bob Sharp, que esteve em todas as edições do Salão, criado em 1960.
Mês passado, o presidente da França, Jacques Chirac, circulou normalmente no Salão de Paris. (Jason Vogel)
20.10.04
A retroatividade do mal
N'O Globo de ontem, Merval Pereira anunciava que o crédito pelas alianças estapafúrdias, na política brasileira, era do governo Lula.
O PT é tão horrível que seus efeitos chegam a uma década no passado, e forçaram o Príncipe dos Sociólogos a se aliar com a Arena e o velho partidão, entre outros, formando o "rolo compressor"...
Ainda na linha "PT é horrível," cadê as manchetes sobre o Watergate do FH?
O PT é tão horrível que seus efeitos chegam a uma década no passado, e forçaram o Príncipe dos Sociólogos a se aliar com a Arena e o velho partidão, entre outros, formando o "rolo compressor"...
Ainda na linha "PT é horrível," cadê as manchetes sobre o Watergate do FH?
19.10.04
Holee porra
Do Jornal do Commercio :
Arapongagem continuou até o Governo FHC
Em plena democracia, no Governo Fernando Henrique Cardoso, a 2a Seção do Comando Militar do Planalto expedia, em 22 de junho de 1995, a Ordem de Busca 37 C-95 e despachava quatro arapongas para bisbilhotar encontros do Partido dos Trabalhadores. A ordem mostra que, embora legalizados e atuando de forma legítima, os partidos de esquerda continuaram a ser a tratados pelo Exército como inimigos do Estado, informa o repórter Rudolfo Lago, do Correio Braziliense, que teve acesso aos documentos retirados do Exército pelo ex-agente José Alves Firmino.
Arapongagem continuou até o Governo FHC
Em plena democracia, no Governo Fernando Henrique Cardoso, a 2a Seção do Comando Militar do Planalto expedia, em 22 de junho de 1995, a Ordem de Busca 37 C-95 e despachava quatro arapongas para bisbilhotar encontros do Partido dos Trabalhadores. A ordem mostra que, embora legalizados e atuando de forma legítima, os partidos de esquerda continuaram a ser a tratados pelo Exército como inimigos do Estado, informa o repórter Rudolfo Lago, do Correio Braziliense, que teve acesso aos documentos retirados do Exército pelo ex-agente José Alves Firmino.
Sambas-enredo de 2005
O samba do crioulo doido continua popular como sempre. Em meio aos tours-de-force de plantão, uns melhores outros piores* - o sobre a navegação, da Vila, é melhorzinho, o da Mangueira** meio sem pé nem cabeça, o da Unidos da Tijuca*** pirou em todas as batatinhas da Rússia.
O da Portela é sobre as metas de desenvolvimento das Nações Unidas, e me fez pensar - depois do Gil pondo a galera pra tocar tamborim, será que a gente vai assistir à Madeleine Albright e ao Kofi Annam rebolando na Avenida?
*Quanto à inteligibilidade - como letra de música, é difícil julgar sem ouvir a música, e esse site não funciona pra mim.
**Energias alternativas?
***hm, ã, imaginação? Medo do escuro? Sei lá.
PS - é engraçado como o discurso das escolas de samba tem uma capacidade de se afinar com o politicamente correto, do nacionalismo fascista à responsabilidade social pós-keynesiana, como nenhuma outra instituição coerente.
O da Portela é sobre as metas de desenvolvimento das Nações Unidas, e me fez pensar - depois do Gil pondo a galera pra tocar tamborim, será que a gente vai assistir à Madeleine Albright e ao Kofi Annam rebolando na Avenida?
*Quanto à inteligibilidade - como letra de música, é difícil julgar sem ouvir a música, e esse site não funciona pra mim.
**Energias alternativas?
***hm, ã, imaginação? Medo do escuro? Sei lá.
PS - é engraçado como o discurso das escolas de samba tem uma capacidade de se afinar com o politicamente correto, do nacionalismo fascista à responsabilidade social pós-keynesiana, como nenhuma outra instituição coerente.
18.10.04
A privatização da Vale pode não ter sido uma boa
But AME believes the recent consolidation of the industry, which is dominated by BHP Billiton, Rio and Brazil's CVRD, means suppliers have "the scope to defer or slow the rate of ramp-up of new projects and help maintain market stability".
Quer dizer, existem outros motivos - a empresa foi vendida a um preço de banana e com dinheiro no banco, foi privatizada junto uma grande parte da rede logística brasileira, a empresa dava lucro ainda como estatal, etc etc etc.
Mas o principal motivo é que, ao contrário da irmã Petrobrás, que é uma empresa de petróleo até grandinha, a Vale é uma das megamineradoras de ferro. Ter privatizado ela num bloco só, sem sequer separar o Sistema Norte, a logística, e o Sistema Sul, foi como se a Arábia Saudita privatizasse, para um único grupo privado, a Saudi Aramco. O preço do ferro e do aço no mundo são controlados, em boa medida, pelo presidente da CVRD. Abrir mão desse poder pode ser razoável, por diversos motivos. Abrir mão dele para que um único grupo o tenha no seu lugar, e sem receber por isso, ou é burrice da gorda ou é crime mesmo.
17.10.04
Shoeshine boy e as epifanias dos ricos
No www.nominimo.com.br , Marcos Sá Corrêa, tendo lido Jack London, e descoberto a verdade íntima sobre como é ser pobre, recomenda a "alguém em Brasília" que faça o mesmo.
Ahn...
Ahn...
Eu preferia em cash.
Do site do BNDES -
· Vulcabrás do Nordeste S/A vai receber R$ 35 milhões
· Empresa se compromete a abrir mais 301 empregos
35.000.000/301 ~ 116.000 por emprego. Se cada um dos 301 ganhasse esse dinheiro e aplicasse na renda fixa, ganhava uns quatro salários mínimos, e podia procurar outro emprego se quisesse.
· Vulcabrás do Nordeste S/A vai receber R$ 35 milhões
· Empresa se compromete a abrir mais 301 empregos
35.000.000/301 ~ 116.000 por emprego. Se cada um dos 301 ganhasse esse dinheiro e aplicasse na renda fixa, ganhava uns quatro salários mínimos, e podia procurar outro emprego se quisesse.
16.10.04
Joelmir Beting
http://www.joelmirbeting.com.br/noticias.asp?IDgNews=2 - especulando que o preço do petróleo tem mais a ver com o medo de que Bush, o vilão de Capitão Planeta e amigo dos petroleiros, não seja reeleito do que com qualquer outra coisa.
No artigo precedente, o Joelmir Fala dos índices de competitividade, que saíram agora, e em que o Brasil teria caído. Por coincidência, dei uma olhada nos índices de 1990 outro dia. O Japão estava em primeiro lugar disparado. Em 1990. O Japão. Quer dizer, noves fora serem mentirosos (porque juntam um monte de informações sobre assuntos diferentes numa conta só, inclusive algumas que não se prestam a análise numérica), a lição é que esses índices olham pro passado. Realmente, até 1990, o Japñao era quem tinha mais crescido.
Agora é cruzar os dedos para que o Brasil em 57º em 2004 seja tão ridículo, daqui a dez anos, quanto o Japão em primeiro em 1990.
No artigo precedente, o Joelmir Fala dos índices de competitividade, que saíram agora, e em que o Brasil teria caído. Por coincidência, dei uma olhada nos índices de 1990 outro dia. O Japão estava em primeiro lugar disparado. Em 1990. O Japão. Quer dizer, noves fora serem mentirosos (porque juntam um monte de informações sobre assuntos diferentes numa conta só, inclusive algumas que não se prestam a análise numérica), a lição é que esses índices olham pro passado. Realmente, até 1990, o Japñao era quem tinha mais crescido.
Agora é cruzar os dedos para que o Brasil em 57º em 2004 seja tão ridículo, daqui a dez anos, quanto o Japão em primeiro em 1990.
15.10.04
14.10.04
A Serra e o Arbusto
Assembléia de Deus apóia Serra - Jornal do Brasil, 2002
Candidato se compromete a condenar união civil de
homossexuais e aborto
BRASÍLIA - Em troca da condenação da união civil entre homossexuais e da legalização do aborto, José Serra, do PSDB, tornou-se ontem o candidato oficial da Assembléia de Deus na disputa pela Presidência da República, em 27 de outubro. O
apoio dos evangélicos foi capitaneado pelo bispo Manoel
Ferreira, candidato derrotado do PPB ao Senado pelo Rio e
presidente vitalício das Assembléias de Deus no Brasil. O
projeto que beneficia os homossexuais é de autoria da ex-
deputada e atual prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, do PT.
Serra prometeu rever, ainda, a posição do governo Fernando
Henrique Cardoso, a favor da cobrança de taxas sobre os
templos evangélicos. O tributo consta de uma emenda
constitucional de autoria do ex-deputado Eduardo Jorge (PT-
SP). No primeiro turno, a orientação para os fiéis da
Assembléia de Deus era apoiar Anthony Garotinho, do PSB.
Agora, a congregação preferiu apoiar a candidatura tucana por
unanimidade, alegando maior compatibilidade com suas
propostas. De olhos fechados, Serra recitou o Pai Nosso
evangélico, com final diferente da oração católica , de mãos
dadas com os bispos Manoel e Samuel Ferreira. - Serra é o
melhor candidato e foi um bom ministro da Saúde - afirmou o
bispo Manoel Ferreira. Na solenidade, Serra agradeceu o
apoio, comprometendo-se a defender a liberdade religiosa no
país, como parte da luta pelos direitos humanos e a liberdade
individual. - As propostas de Serra têm mais compatibilidade
com as nossas que as do Lula, do PT. Insistimos e Serra
concordou em não apoiar o casamento civil entre homossexuais.
Queremos acabar, ainda, com as restrições à instalação de
novos templos nos centros urbanos - anunciou o bispo Manoel
Ferreira.
Candidato se compromete a condenar união civil de
homossexuais e aborto
BRASÍLIA - Em troca da condenação da união civil entre homossexuais e da legalização do aborto, José Serra, do PSDB, tornou-se ontem o candidato oficial da Assembléia de Deus na disputa pela Presidência da República, em 27 de outubro. O
apoio dos evangélicos foi capitaneado pelo bispo Manoel
Ferreira, candidato derrotado do PPB ao Senado pelo Rio e
presidente vitalício das Assembléias de Deus no Brasil. O
projeto que beneficia os homossexuais é de autoria da ex-
deputada e atual prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, do PT.
Serra prometeu rever, ainda, a posição do governo Fernando
Henrique Cardoso, a favor da cobrança de taxas sobre os
templos evangélicos. O tributo consta de uma emenda
constitucional de autoria do ex-deputado Eduardo Jorge (PT-
SP). No primeiro turno, a orientação para os fiéis da
Assembléia de Deus era apoiar Anthony Garotinho, do PSB.
Agora, a congregação preferiu apoiar a candidatura tucana por
unanimidade, alegando maior compatibilidade com suas
propostas. De olhos fechados, Serra recitou o Pai Nosso
evangélico, com final diferente da oração católica , de mãos
dadas com os bispos Manoel e Samuel Ferreira. - Serra é o
melhor candidato e foi um bom ministro da Saúde - afirmou o
bispo Manoel Ferreira. Na solenidade, Serra agradeceu o
apoio, comprometendo-se a defender a liberdade religiosa no
país, como parte da luta pelos direitos humanos e a liberdade
individual. - As propostas de Serra têm mais compatibilidade
com as nossas que as do Lula, do PT. Insistimos e Serra
concordou em não apoiar o casamento civil entre homossexuais.
Queremos acabar, ainda, com as restrições à instalação de
novos templos nos centros urbanos - anunciou o bispo Manoel
Ferreira.
13.10.04
Apagão Logístico
Não é que eu seja contra construir barquinho, muito pelo contrário. Mas os avisos veiculados pelas empresas de logística, e reproduzidos pelos jornalistas econômicos, de que o Brasil vai sofrer um "apagão logístico," e para prevenir isso o governo tem que dar a eles dinheiro, muito dinheiro, não são exatamente novidade.
Saudades do Febeapá
Agora o que existe é o Fefaamu - festival de fascismo que assola o mundo. A fascistização da sociedade ocidental é até velha, e haverá os que discordarão de mim sobre algumas coisas que identifico como fascistas. Como o fechamento das fronteiras, as "identity politics," a reificação do conceito de nação e do de raça, a orientação tecnocrática da política, e a idéia da "coordenação das forças produtivas."
Uma que impera pelo mundo afora, especialmente com os "liberais" dos países desenvolvidos, e intelectuais em geral, é a eugenia. A mesma do holocausto, e que vigorou nos EUA, Escandinávia e França antes de Hitler chegar ao poder na Alemanha. A diferença é que o novo nome da criança é "planejamento familiar," e que a discussão é, na superfície, apresentada como tendo o interesse dos próprios "controlados" em mente, e não sua destruição para o bem da sociedade. O argumento, ademais, como tantos outros argumentos fascistas, é vestido de roupagem econômica. A pobre da economia é mais utilizada para suportar absurdos em nome da ciência do que a biologia jamais foi, e com o mesmo grau de "racionalidade."
A última proposta a me deixar puto nesse sentido foi a da Andréa Gouvêa Vieira, encampada pelo César Maia, de que "o problema" das favelas se deve a que pobre pare muito. Como sói acontecer nessas explicações, ela é errada até nas suas premissas básicas. Não é a taxa de natalidade que faz crescer a favela. Se fosse, o Rio não teria uma concentração de favelas tão maior que o seu peso na população total do Brasil. O que faz crescer as favelas é uma política deliberada do próprio César Maia, que, com seus projetos de "bica d'água" centrados nas favelas, e abandono dos bairros pobres não favelados, faz com que, cada vez mais, morar na favela, em termos urbanísticos, seja uma boa escolha, em termos econômicos. Não há porque morar num lugar que também pode ser perigoso, mal cuidado e sujo, e ainda por cima pagar imposto e conta de luz.
Mas pode deixar, que a câmara de vereadores já prometeu aprovar o projeto Césaresco permitindo que as encostas do Rio sejam desmatadas por condomínios, ao invés de por favelas. Afinal, muito melhor ter o público roubado pelo rico, nénão?
Estudo sobre habitação no Rio, em pdf
Uma que impera pelo mundo afora, especialmente com os "liberais" dos países desenvolvidos, e intelectuais em geral, é a eugenia. A mesma do holocausto, e que vigorou nos EUA, Escandinávia e França antes de Hitler chegar ao poder na Alemanha. A diferença é que o novo nome da criança é "planejamento familiar," e que a discussão é, na superfície, apresentada como tendo o interesse dos próprios "controlados" em mente, e não sua destruição para o bem da sociedade. O argumento, ademais, como tantos outros argumentos fascistas, é vestido de roupagem econômica. A pobre da economia é mais utilizada para suportar absurdos em nome da ciência do que a biologia jamais foi, e com o mesmo grau de "racionalidade."
A última proposta a me deixar puto nesse sentido foi a da Andréa Gouvêa Vieira, encampada pelo César Maia, de que "o problema" das favelas se deve a que pobre pare muito. Como sói acontecer nessas explicações, ela é errada até nas suas premissas básicas. Não é a taxa de natalidade que faz crescer a favela. Se fosse, o Rio não teria uma concentração de favelas tão maior que o seu peso na população total do Brasil. O que faz crescer as favelas é uma política deliberada do próprio César Maia, que, com seus projetos de "bica d'água" centrados nas favelas, e abandono dos bairros pobres não favelados, faz com que, cada vez mais, morar na favela, em termos urbanísticos, seja uma boa escolha, em termos econômicos. Não há porque morar num lugar que também pode ser perigoso, mal cuidado e sujo, e ainda por cima pagar imposto e conta de luz.
Mas pode deixar, que a câmara de vereadores já prometeu aprovar o projeto Césaresco permitindo que as encostas do Rio sejam desmatadas por condomínios, ao invés de por favelas. Afinal, muito melhor ter o público roubado pelo rico, nénão?
Estudo sobre habitação no Rio, em pdf
10.10.04
Tristeza eleitoral
O medo é pensar que, depois do César Maia, o Serra e o Bush agora vão vencer também. Tudo bem que me afetam menos diretamente - no caso do Bush, mais de um já disse que, para nosotros en Latinoamérica, el é melhor que o Kerry, porque o Kerry seria de um protecionismo industrial ferrenho. Tudo bem que esse argumento parte do presupuesto de que o crescimento econômico é um bem em si, sem qualificação, e por mais que tenha que ser lembrado o aforisma de que "no capitalismo, a única coisa pior do que ser explorado é não ser explorado," essa noção é duvidosa. É até estranho que ela seja aceita tão facilmente logo no Brasil, que é dos campeões mundiais de crescimento econômico fudendo com o povo. Também, o Rio de Janeiro todo se entusiasma com a perspectiva de recriar a Baixada Fluminense na Baixada se Sepetiba...
Por mais que não me afetem diretamente as outras eleições, me deixam triste. Pô, os paulistas e gringos não mereciam isso. Não dá pra dizer que merecem, pra deixar de ser burros, que ninguém nunca aprendeu desse jeito.
Por mais que não me afetem diretamente as outras eleições, me deixam triste. Pô, os paulistas e gringos não mereciam isso. Não dá pra dizer que merecem, pra deixar de ser burros, que ninguém nunca aprendeu desse jeito.
8.10.04
A Coluna da Míriam Leitão...
...que às vezes fala de economia, dessa vez reclama da Petrobrás não aumentar os preços, dizendo que isso vai desestimular empresas estrangeiras a investir no Brasil. Ahã. Se é por aí, pela mesma lógica canhestra, isso devia estimular investimento em outras áreas, já que a perda de um é o ganho do outro. E essa lógica de que atrair investimento estrangeiro é a função primária das atividades do governo em economia é ridícula - o investimento estrangeiro nunca passou de 10% do que é investido no Brasil, a não ser que você conte a compra de empresas como "investimento."
E eu que tava lamentando que, se a Vale do Rio Doce não tivesse sido vendida (a preço de banana), o governo ia poder fazer o mesmo com o minério de ferro. Tudo bem, a Míriam Leitão ia repetir o que ouviu de alguém, e reclamar que isso impedia investimentos em minério de ferro no Brasil. Mas a inflação industrial, com o preço do ferro em baixo, ia tar bem menor. Fora os 4.5bn em dividendos que a Vale pagou, que iam dar uma bela força no tal superávit primário.
Falando na Míriam Leitão, ela é um bom exemplo de porque intuição é o caralho. Não saber nada sobre o assunto e confiar na intuição pra saber a quem ouvir dá numa coluna dessas.
E eu que tava lamentando que, se a Vale do Rio Doce não tivesse sido vendida (a preço de banana), o governo ia poder fazer o mesmo com o minério de ferro. Tudo bem, a Míriam Leitão ia repetir o que ouviu de alguém, e reclamar que isso impedia investimentos em minério de ferro no Brasil. Mas a inflação industrial, com o preço do ferro em baixo, ia tar bem menor. Fora os 4.5bn em dividendos que a Vale pagou, que iam dar uma bela força no tal superávit primário.
Falando na Míriam Leitão, ela é um bom exemplo de porque intuição é o caralho. Não saber nada sobre o assunto e confiar na intuição pra saber a quem ouvir dá numa coluna dessas.
7.10.04
Canadá já vai à guerra, já tem porta-aviões
E pelo visto não é só o Brasil que paga - caro - por sucata inglesa.
A Royal Navy submarine sold to the Canadians just two days ago has been left stranded off the coast of Ireland after an electrical fire on board.
A Royal Navy submarine sold to the Canadians just two days ago has been left stranded off the coast of Ireland after an electrical fire on board.
Ze Gofernor ov Kahlifornia
Taken on its own, his record in office is distinctly underwhelming. He was elected on two populist promises: to resolve California's budget crisis and to reform the political culture in the state capital of Sacramento. Today, the budget crisis is as bad as it was a year ago. Schwarzenegger was eventually able to push through a budget, but it was late and merely rolled over the $12bn debt into the coming years. And despite his populist rhetoric, the political culture in Sacramento runs along pretty much as before, with Democrats and Republicans sparring, doing deals and being swayed by lobbyists. But Schwarzenegger's poll ratings remain in rude good health, with 65% saying that they think he's doing a good job.
"He's more of a politician than anybody expected," says Marc Cooper of the LA Weekly. "He's certainly more of a politician than your average politician. To be an effective politician, you probably have to be a good actor."
"He wears risers in his boots," counters Mulholland. "He's a 5ft 10in citizen of Austria who believes his real place in history is to be president of the United States. You've got to be distrustful of a politician who has a makeup artist with him 24/7."
"His real gift is to let people see him as the Terminator and see the characters he's played," says Jamie Court, founder of ArnoldWatch.org, a website devoted to cataloguing the governor's relationship with big business. "And they don't pay much attention to what he's done. What he's proving is that all politics is showbusiness. He's a brand."
"He's more of a politician than anybody expected," says Marc Cooper of the LA Weekly. "He's certainly more of a politician than your average politician. To be an effective politician, you probably have to be a good actor."
"He wears risers in his boots," counters Mulholland. "He's a 5ft 10in citizen of Austria who believes his real place in history is to be president of the United States. You've got to be distrustful of a politician who has a makeup artist with him 24/7."
"His real gift is to let people see him as the Terminator and see the characters he's played," says Jamie Court, founder of ArnoldWatch.org, a website devoted to cataloguing the governor's relationship with big business. "And they don't pay much attention to what he's done. What he's proving is that all politics is showbusiness. He's a brand."
He's so sweet
Mais uma vez, o Bush deixa claro que a cara de fratboy bobão dele é só pra inglês ver. O consolo é que é por conta dele ter caído nas pesquisas, o medo é que Al Gore II, slightly less boring, consiga o feito de perder de novo. Da primeira vez, a pergunta é como ele perdeu no meio da maior bolha de prosperidade da história. Agora, como ele vai perder pra um presidente cujo "ponto forte" é a segurança - e no governo dele morreram 4.000 americanos pela violência estrangeira, o centro de Nova Iorque tem um "ground zero," e a paranóia virou política de governo e clima nacional. E isso é o ponto forte.
Mr Bush's speech before a fervent Republican audience had been billed by Bush administration officials as a significant presidential address on the economy and the "war on terror".
But the president instead used the ample television time afforded him by the cable networks to offer a more biting attack on Mr Kerry, punctuating his stump speech with new laugh lines and a mocking portrayal of his opponent.
Mr Kerry "once again came down firmly on every side of the Iraq war", Mr Bush said, offering a summary of the Democratic presidential candidate's apparently conflicting stances on the military invasion of Iraq. "You hear all that and you understand why somebody would make a face," Mr Bush added, as a delighted crowd rose to its feet to applaud a president whose first debate performance was noted for his scowls and grimaces.
Mr Bush said Mr Kerry had a "20-year history of weakness in the US senate", a "strategy of retreat in Iraq" and a "September 10 mindset".
The biting personal attack was leavened by a series of new witticisms and old gags. Mr Bush damned Mr Kerry's healthcare proposals as a return to "Clinton care". He pledged to be a president "who will stand up to trial lawyers, not put one on the ticket" - a reference to John Edwards, the Democratic vice-presidential candidate.
He sneered at Mr Kerry as the only politician in history to run for president on a pledge of raising taxes - and "that is the kind of promise that a politician from Massachusetts usually keeps".
Mr Bush's speech before a fervent Republican audience had been billed by Bush administration officials as a significant presidential address on the economy and the "war on terror".
But the president instead used the ample television time afforded him by the cable networks to offer a more biting attack on Mr Kerry, punctuating his stump speech with new laugh lines and a mocking portrayal of his opponent.
Mr Kerry "once again came down firmly on every side of the Iraq war", Mr Bush said, offering a summary of the Democratic presidential candidate's apparently conflicting stances on the military invasion of Iraq. "You hear all that and you understand why somebody would make a face," Mr Bush added, as a delighted crowd rose to its feet to applaud a president whose first debate performance was noted for his scowls and grimaces.
Mr Bush said Mr Kerry had a "20-year history of weakness in the US senate", a "strategy of retreat in Iraq" and a "September 10 mindset".
The biting personal attack was leavened by a series of new witticisms and old gags. Mr Bush damned Mr Kerry's healthcare proposals as a return to "Clinton care". He pledged to be a president "who will stand up to trial lawyers, not put one on the ticket" - a reference to John Edwards, the Democratic vice-presidential candidate.
He sneered at Mr Kerry as the only politician in history to run for president on a pledge of raising taxes - and "that is the kind of promise that a politician from Massachusetts usually keeps".
6.10.04
Afeganistão
A situação é uma versão mais radical da minha vontade de que o Lindhibérgui ganhe em New Iguaçu. O Kharzai é um ditador, uma marionete da CIA, mas mesmo assim eu estou torcendo pra que ele se dê bem. Afinal, as duas alternativas a ele, a Aliança do Norte e a Talibã, são uma pior do que a outra - as duas tinham, entre outros hábitos legais, maneiros e gente fina, executar gente em estádio de futebol. A rodo.
Prós da Aliança do Norte - permite o xadrez, as pipas, e ouvir música.
Prós da Talibã - não mata tanta gente. Quase não estupra.
PS - agora tem link clicando no título.
Prós da Aliança do Norte - permite o xadrez, as pipas, e ouvir música.
Prós da Talibã - não mata tanta gente. Quase não estupra.
PS - agora tem link clicando no título.
São Francisco
Relatório sobre os prós e contras do Sertão virar mar... (tudo bem, um pouco de exagero na frase. O projeto chinês equivalente quer tirar do Yangtzé uma quantidade de água maior que o Rio São Francisco inteiro, e mandar pro Rio Amarelo)
Pobres marujos
Desde o atentado de 11 de setembro, as medidas de segurança anti-terrorismo têm dificultado o desembarque dos marítimos. Hoje, nos portos norte-americanos, guardas impedem que tripulação estrangeira sem visto deixe o navio. O trânsito só é permito com visto individual, com custo de US$ 100 cada. O processo atrapalha a operação, trazendo prejuízos financeiros, principalmente para os armadores que negociam as cargas pouco antes de chegar aos portos norte-americanos.
Na quinta-feira (30/09), Dia Marítimo Mundial, navios do mundo inteiro fizeram manifestação contra o tratamento discriminatório dado aos tripulantes soando suas sirenes ao meio-dia. Segundo informações do Sindicato Nacional das Empresas de Navegação (Syndarma), os Estados Unidos estariam desrespeitando a Convenção 185 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que determina as regras de tratamento dos marítimos. O movimento contra essas ações é liderado pela Federação Internacional dos Trabalhadores em Transportes (ITF) e pela Federação Internacional dos Armadores (ISF).
"Os mais prejudicados são os armadores que trabalham sem linha definida e negociam as cargas dois ou três portos antes da chegada aos Estados Unidos. O consulado americano exige que os marítimos compareçam ao Rio de Janeiro para a retirada do visto. É prejuízo financeiro para o embarcador que precisaria mandar todos de volta ao Brasil", comentou o vice-presidente do Syndarma, Bruno Lima, em entrevista ao NetMarinha.
Como muitas vezes não é possível tirar o visto para todos os marítimos, cria-se uma situação constrangedora dentro da embarcação. "São trabalhadores que passaram até 40 dias no mar e merecem algum tempo em terra. Por acordo internacional, o marítimo sempre foi tratado de forma diferenciada em países estrangeiros. Como o episódio de 11 de setembro, isso mudou", afirmou Lima, destacando que o maior prejuízo é para o relacionamento entre a empresa e o marítimo.
Com a participação da ITF e da ISF - órgãos ligados à OIT, da Organização das Nações Unidas (ONU) -, o vice-presidente do Syndarma acredita ser possível reverter o quadro. "São entidades que têm forte representação junto ao governo americano. Com exceção dos navios de linha, que saem com destino pré-determinado, todos os embarcadores estão tendo problemas com isso", completou.
Conforme o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte Aqüaviário e Aéreo, na Pesca e nos Portos (CONTTMAF), Severino Almeida, "os Estados Unidos estão exacerbando e temos receio de que esta experiência americana termine por contaminar o mundo todo, dada a grande influência que este país exerce no mundo. Já encaminhamos um ofício a Embaixada dos EUA no Brasil e agora vamos agendar uma reunião que contará com a presença do embaixador americano, do Secretário Nacional de Direitos Humanos, Nilmário Miranda, da CONTTMAF e do Syndarma."
Steamboy
É o melhor filme do mundo.
Tá, eu já disse isso sobre outros filmes antes. Mas dessa vez é de verdade. E ainda tem uma mensagenzinha pacifista, e uma tonelada de máquinas malucas a vapor. Durante os créditos, passam imagens que ou são da sequência, "Steamgirl," ou da revistinha. A revistinha do Akira é muito melhor que o desenho. Se o mesmo for verdade no caso do Steamboy, monto uma capela pro Katsuhiro Otomo.
É muito mais pra criança ver do que Akira - mas uma estória pra criança sem achar que criança é burra, como mesmo bons autores pra crianças muitas vezes acham. Vou caçar todas as crianças do mundo e forçar a assistir, à Laranja Mecânica.
Tá, eu já disse isso sobre outros filmes antes. Mas dessa vez é de verdade. E ainda tem uma mensagenzinha pacifista, e uma tonelada de máquinas malucas a vapor. Durante os créditos, passam imagens que ou são da sequência, "Steamgirl," ou da revistinha. A revistinha do Akira é muito melhor que o desenho. Se o mesmo for verdade no caso do Steamboy, monto uma capela pro Katsuhiro Otomo.
É muito mais pra criança ver do que Akira - mas uma estória pra criança sem achar que criança é burra, como mesmo bons autores pra crianças muitas vezes acham. Vou caçar todas as crianças do mundo e forçar a assistir, à Laranja Mecânica.
4.10.04
Parabéens pra vocêee
A Bélgica sopra 174 velinhas hoje. Bom, mais ou menos - a criança só foi batizada em janeiro de 1831, e a data nacional é a do rei Leopoldo jurando a constituição, em julho.
http://www.herodote.net/histoire10042.htm
PS - Leopoldo era da família Saxe-Coburg-Gotha - a mesma dos reis da Grã-Bretanha, que mudaram pra Windsor por conta do nacionalismo e anti-germanismo. Por conta disso, eu tinha escrito um texto circular, passando por eles, pelos Spencer, criacionismo, umbanda na Argentina, até chegar de novo à Bélgica. O blogger engoliu, então azar.
http://www.herodote.net/histoire10042.htm
PS - Leopoldo era da família Saxe-Coburg-Gotha - a mesma dos reis da Grã-Bretanha, que mudaram pra Windsor por conta do nacionalismo e anti-germanismo. Por conta disso, eu tinha escrito um texto circular, passando por eles, pelos Spencer, criacionismo, umbanda na Argentina, até chegar de novo à Bélgica. O blogger engoliu, então azar.
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