É digno de um Brasil Grande. São 24 milhões de toneladas de aço, quase igual a tudo que é produzido no Brasil de hoje. Também é exemplar da globalização contemporânea - à medida em que produtos industriais viram commodities, empresas localizadas em países desenvolvidos deslocam a produção deles para os países periféricos. Ganham com os custos mais baixos, e se livram do passivo ambiental que a indústria pesada implica. No caso do pólo siderúrgico do Maranhão, as candidatas a fazer isso são a Arcelor belga (a Bélgica foi o primeiro país da indústria pesada, até um pouco antes da Grã-Bretanha), a Krupp alemã (que na verdade é Krupp-Thyssen, reunindo os dois rivais do período áureo da indústria pesada), e a Posco coreana (a novata entre as três, e mais nova até do que a CSN, mas na Coréia não havia alternativa ao desenvolvimento industrial). As três pretendem fabricar placas no maranhão - é o produto siderúrgico mais barato, e pode ser exportado para outras siderúrgicas da mesma companhia, para que lá produzam itens mais sofisticados. Isso é, fabricariam o aço-commodity propriamente dito, principalmente em função do aumento do preço do minério de ferro e do frete, que faz com que carregar ferro do Brasil e da Austrália fique mais caro.
Ganham mais; em nome do desenvolvimento, tecnocratas nos tais países periféricos, como o Lessa aqui, praticamente pagam a eles para isso, com suas visões de um desenvolvimento industrial baseadas no "catching-up" forçado. Mais ou menos as mesmas que tiveram o maior de todos os sucessos na União Soviética - onde Chernobyl, Magnitogorsk, e o Mar de Aral mostram o resultado ambiental, e a produção industrial maior que a do Ocidente em 1980 não impediu o colapso econômico e social.
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