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10.5.11

Estados por encomenda

A Câmara de Deputados aprovou a realização de plebiscitos para decidir se vão ser criados dois novos estados a partir do Pará, os estados de Tapajós e Carajás. Hormis os nomes parecidos, os dois estados têm outra característica em comum: sua criação (com todo o respeito pelas pessoas das duas regiões que gostam da idéia) atende a interesses nem tão confessáveis nem tão locais.

O estado de Carajás, por exemplo, poderia logo situar como sua capital o Rio de Janeiro, mais especificamente o prédio que já foi conhecido como "Noivinha do MEC" e situado na Avenida Graça Aranha, nº 26. É onde funciona a sede da ex-estatal Vale ex-do Rio Doce, a maior interessada num estado todinho só pra ela. E boa parte do interesse específico da empresa nesse desmembramento pode se dever ao fato de que, um tanto atrasado, o Pará, com Minas, nos últimos anos tem começado a fazer pressão pelo pagamento do valor justo de royalties sobre a mineração. É que o estado, hoje em dia, em troca dos grandes passivos sociais e ambientais gerados pela mineração, ganha um quase nada. O problema não é apenas a alíquota (apesar desta ser uma das mais baixas do mundo), é que o royalty sobre a mineração no Brasil é faturado sobre uma figura confusa chamada "faturamento líquido," que na prática faz com que a Vale, com um valor bruto da produção mineral de um quarto da Petrobrás, pague menos de um centésimo do que esta paga em royalties. Isso mesmo, menos de um centésimo. (No relatório lincado acima, de 2006 e sem as participações especiais devidas à alta do petróleo, falam em um oitenta e oito avos.)

Do mesmo modo, o estado de Tapajós poderia ter seu palácio de governo na Marginal Tietê, onde fica a sede da JBS, ex-Friboi, que à custa de muito dinheiro público via BNDES se tornou a maior produtora de carne dos EUA e da Austrália, além do Brasil. É que o estado do Pará é amistoso com fazendeiros desmatadores, mas não chega a ser tão ridiculamente amistoso quanto o Mato Grosso, e isso é ainda mais importante num momento em que está para ser aprovado um novo código florestal, que tira responsabilidades por coibir desmatamento do poder federal e as entrega aos estados.

Se os nomes dos estados fossem mais honestos, seria até interessante. "Com a palavra, o nobilíssimo senador por Vale-Inco, rebatendo o argumento de sua excelência o governador de JBS Friboi."

4.1.08

Jornalismo I

E depois dizem que o jornalismo investigativo está morto. O Valor, na primeira página do caderno Empresas de hoje, tem uma extensa matéria sobre o andamento do megaprojeto de carvão da Vale do Rio Doce em Moçambique. A matéria descreve em pormenores o ocorrido na província de Moatize; as relações da empresa com as comunidades e autoridades locais; as preocupações de todas as partes envolvidas. Tudo que precisaria ser averiguado.

Só tem um detalhe meio engraçado - matéria e sub-lead são ambos "do Rio," não "do Rio e Moatize." Aliás, pera um pouco - é verdade, todas as informações colhidas foram obtidas no escritório climatizado da Vale, no centro do Rio.

Isso é que é beleza de press release.

14.11.06

Angband

Uma das grandes idéias brilhantes partilhadas por neo-desenvolvimentistas e neoliberais brasileiros é a anulação da idéia* de que trustes são uma coisa ruim. Assim, os neoliberais tucanos forçaram a barra para que a AmBev fosse criada, e o Lessa propôs textualmente o apoio público à consolidação e "cooperação" no mercado brasileiro, para formar kereitsus e chaebols**. Pois bem, a AmBev, que seria a Grande Multinacional Brasileira, agora é o braço sul-americano da Interbrew belga, fazendo do Lemann um dos homens mais ricos da Suíça. E do mesmo modo é na Suíça, através de vários níveis de anti-transparência e evasão fiscal,*** que os altos executivos da Vale do Rio Doce querem centrar os negócios de minerais não-ferrosos da empresa, tanto os internacionais (adquiridos com a Inco) quanto os nacionais, preexistentes. A estrutura proposta tira poder do conselho de acionistas (o governo, via BNDES e fundos de pensão, ainda poderia ser o acionista controlador, se quisesse, agora que o Steinbruch saiu) e entrega na mão dos executivos. Vamos lá: o "orgulho do Brasil," além de estar ameaçando o governo brasileiro tanto com a opção de saída quanto com processos internacionais, está se mudando parcialmente pra Suíça, numa manobra expressamente calculada para diminuir sua sujeição ao Estado brasileiro (e aos acionistas controladores em geral). E vai continuar a receber babações de ovo de políticos e jornalistas.

Cabe dizer aqui, só pra que ninguém me confunda, que eu não defendo a reestatização da Vale. Cronologicamente, minha opinião sobre cada momento da vida da empresa:

1: Não devia ter sido criada. Empresas estatais para serviços públicos, OK. Empresas estatais para setores básicos, estruturantes, da economia, além da capacidade de investimento do setor privado, ótimo. Mas uma mega-empresa estatal que funciona como operação de exportação auto-contida, nos mesmos moldes das grandes empresas primárias dos EUA-Europa, aí incluídas a influência indevida sobre o governo e o atropelo das comunidades locais? Eu hein.

2: Na privatização, devia ter sido quebrada em pedacinhos. Qualquer pessoa com um mínimo de cérebro poderia prever os problemas relacionados à privatização do maior complexo mineiro e melhor rede logística do país em um bloco só. Começando com a falta de capital privado disponível para comprá-la, o que fez com que fosse comprada com dinheiro público, e passando pela posição de força da CVRD contra outras mineradoras, suas concorrentes e clientes de suas estradas e portos. Não custa lembrar: o porto de Santos, maior porto público do país, é só o terceiro porto em tonelagem, se você incluir na lista os terminais da Vale em São Luís e Vitória. E a vale, especialmente quando seu controlador ainda era o Steinbruch, detinha as vias de escoamento de minério das Gerais.

3: É óbvio que houve maracutaia na privatização. Steinbruch, Armínio Fraga, e provavelmente o Eliezer Batista, talvez devam fazer companhia ao Marcola. Mas se isso for provado, não quer dizer necessariamente que devamos reestatizar a empresa. Inclusive porque imagino que alguém devesse ser idenizado por isso, até porque esses três não são mais acionistas da CVRD, nem o é o grupo Soros.

4: Depois de privatizar a Vale num bloco só, o governo não fez nada para impedir que ela passasse de maior mineradora a quase-monopolista. Pelo contrário, até ajudou. No máximo a SDE manda umas compensações meia-bomba. Qualquer ação antitruste decente pelo menos mandaria cindir o negócio de logística do de mineração, se não fragmentar mais ainda a empresa. Ao contrário, a Vale pôde, sem ser incomodada, pressionar e adquirir suas concorrentes. Assim, o prédio da Caemi em Botafogo agora é o "centro empresarial botafogo," e a Samarco, segunda maior empresa de Minas, não existe mais. Nem a MBR, detentora de um quinto do capital da outra via férrea de Minas, que não era da Vale. A ferrovia Centro-Atlântica também foi pro papo. Resultado: a empresa estatal que tinha concorrentes virou uma empresa privada praticamente monopolista.

5: Mesmo sem ação antitruste, mesmo sem revisão da privatização, cabe lembrar que o governo poderia, se quisesse, influenciar a empresa. Os fundos de pensão estatais mais o BNDES detém mais de 50% das ações da Valepar, que por sua vez controla a Vale (o BNDES também tem uns 10% das ações da própria Vale). Não o faz para não ameaçar os rendimentos dos fundos de pensão, e porque a ideologia do "crescimento," a qualquer custo e como se fosse um dado simples, está firmemente associada à mineradora, que conseguiu vender a imagem de orgulho nacional a tal ponto que o CEO é cotado pra ministro da Fazenda. Imagine se a Vale, como a Petrobras, estivesse aproveitando o aumento nos preços de seu produto pra conseguir ao mesmo tempo lucrar horrores e incentivar a indústria nacional? Poderia fazer na indústria ferroviária uma renovação similar à que a Petrobrás fomentou entre os estaleiros (esta também poderia ser potencializada pela Vale, que é um dos maiores armadores do Brasil). Imagine, aliás, se a Vale pagasse impostos "como deve," ao invés de se valer de todo artifício legal disponível. Ou se tivesse um orçamento cultural digno de nota? Ou se tivesse uma cooperação real, ao invés de uns trocados pra calar a boca, com as comunidades vizinhas? Pô, até a dívida externa total brasileira, que inclui a das empresas privadas, mudou com esse empréstimo de 18bn pra comprar a Inco à vista.


* de socialistas como Teddy Roosevelt.
** são duas figuras administrativas-proprietárias diferentes, mas ele queria dizer grandes trustes e fazer a associação com crescimento acelerado.
*** perdão, "planejamento tributário."

6.12.05

Das Eisenoctopus

Enquanto foi estatal, a Vale do Rio Doce nunca se constituiu em monopólio. Estava até meio removida da estrutura produtiva nacional: era basicamente uma produtora de minério para exportação, com uma estrutura logística dedicada. Uma estrutura logística dedicada sem tamanho, diga-se - os terminais da Vale em Vitória e São Luís são ambos maiores do que o porto de Santos, pelo critério de toneladas de carga movida, e o conjunto Vitória-Minas/Porto de Tubarão (Vitória) já transportava boa parte do minério de terceiros para exportação.

Foi privatizada em um só lote (o que, por conta da falta de capital disponível no Brasil para comprar uma empresa desse tamanho, significou "privatizada de graça"), e desde então tem agido como seria natural uma empresa com a geração de caixa que tem agir: comprando as concorrentes, tanto na área de mineração quanto na de logística. A Vale, hoje, é quase monopolista na exportação de minério de ferro, e somou às suas estradas de ferro a FCA e uma participação de 40% na MRS (a segunda, menor, é também mais importante, porque liga, em bitola larga, os principais centros industriais do Brasil). Isso permite, entre otras cositas más, que ela jogue pesado com as mineradoras que sobraram e siderúrgicas, o que fez com que o preço do minério de ferro brasileiro se aproximasse do preço internacional.

Agora, a empresa considera mais um passo no caminho do monopólio logístico, a compra da Brasil Ferrovias.

31.8.05

Opção de saída

Uma das maiores forças pressionando os estados nacionais, hoje em dia, no sentido de reformas "liberalizantes" é a opção de saída das múltis. É basicamente uma forma de chantagem, possibilitada pelo custo cada vez menor do transporte e da comunicação, que permite às empresas carregar a sua produção pra qualquer lugar do mundo, desde que haja trabalhadores qualificados. E graças à revolução educacional, combinada com o "pós-fordismo," há não só trabalhadores qualificados, mas trabalhadores desempregados em qualquer lugar do mundo. Então, "se você não cortar benefícios trabalhistas, tchau" passou a ser uma ameaça constante, exigindo as "reformas" que qualquer país precisa estar fazendo - "estar fazendo" não é gerundismo, é para assinalar o fato de que, para "o mercado," encarnado nas agências de classificação, um país precisa estar num processo permanente de reforma pró-corporativa. E como trabalhadores desempregados abundam no mundo inteiro, e o novo patamar de fusões e aquisições dá às múltis um poder cada vez maior em qualquer país, não há governo que não tenha medo da opção de saída.

No Brasil, por algum motivo estranho, os burocratas do BNDES, desde a venda das empresas estatais (sempre é bom lembrar que dez das dez maiores empresas nacionais são estatais ou ex-estatais), passara a achar que "o que é bom para a Vale é bom para o Brasil," e vêm tentando estimular, inclusive, que elas se tornem múltis. Bem...

Vale reavalia investimentos em hidrelétricas no Brasil

O aumento dos custos de geração e transporte de energia estão levando a Vale do Rio Doce a reavaliar seus investimentos geração elétrica no país. O presidente da companhia, Roger Agnelli, disse que estão em analise alternativas à construção de hidrelétricas. Uma dessas alternativas seria a construção de termoelétricas movidas a carvão mineral próximas às unidades industriais consumidoras. O carvão seria trazido pela Vale de minas no exterior.

A logística de importação de carvão e os custos de geração desse tipo de energia ainda estão em estudo na companhia. Uma outra alternativa, mais radical, segundo Agnelli, seria buscar investimentos em mineração em outras regiões, em especial a África, onde a energia é mais barata.

"Hoje, nossa preocupação é suprir nossa necessidade de consumo de energia. Mas não estamos conseguindo expandir o suprimento no mesmo ritmo em que nosso consumo aumenta. E, sem essa infra-estrutura, vamos ter que procurar oportunidades onde há disponibilidade de energia a preços acessíveis", afirmou.

O presidente da Vale diz que a companhia está buscando oportunidades de investimento em países como Moçambique, Angola, Gabão, China, Austrália e Venezuela, nas áreas de carvão, cobre, fosfato e manganês. "Não dá para considerar uma nova fundição de alumínio no Brasil por conta do risco de déficit ou de aumento de preço da energia. Mas na África temos energia a custos baixos."

Diga-se de passagem, o que ele quer dizer é "na África não há licenciamento ambiental." Se bem que no Brasil ele é meio capenga, tanto que a Vale pensa nesse estrupício que são usinas a carvão. Um dos resultados brilhantes dos anos tucanos parece que vai ser a degradação definitiva do perfil energético brasileiro, em termos de sustentabilidade. Não que isso tenha alguma relação direta com os tucanos, como a Dilma ou o Wagner Victer poderiam lembrar, a questão é que, a partir da reformulação das regras do setor elétrico, termelétricas, com o custo de investimento inicial baixo em relação ao custo total, passaram a ser mais atraentes.

Bom, isso e eu acabo de ouvir na BBC um sujeito falar sobre a escassez de refino no mundo "nobody wants to have a refinery in their backyard." Bem, nobody but us imbeciles, aparentemente. A previsão é de que, entre termoelétricas e indústria pesada, em 2015 o Rio tenha um ar 3 vezes mais poluído que o de São Paulo.

20.7.05

Capitalismo Tupinambá II

De um executivo da Vale do Rio Doce:

"Todos os projetos feitos no Brasil têm de ter apoio do BNDES. O banco vai ter de analisar nossa proposta dentro dos critérios dele e estamos abertos a ter a colaboração do banco"

Pra que foi que a gente privatizou essa bodega mesmo...?

Esse pedaço aqui, como eu já pitaquei, lembra o Larry Summers, o Swift do século XXI :

Fioca destacou que o banco vê ganhos potenciais em associar um investimento em produção de placas no Brasil, como o da Thyssen Krupp, a um sistema de acabamento do produto e de distribuição comercial no exterior.

Ao ponderar sobre a visão do BNDES, argumentou que essa estratégia pode ser perseguida tanto por uma empresa brasileira que tenha ativos para processamento das placas no exterior (caso da CSN), como por uma companhia estrangeira que decide produzir semi-acabados no Brasil para alimentar suas linhas de acabamento em outros países. "O projeto da Thyssen atende a esta questão relevante", realçou Fioca.

Na análise técnica do BNDES, assinalou, a verticalização da produção de aço é importante desde que o investidor conte com a fase de acabamento, independente desse processo final ocorrer no Brasil ou no exterior. E independente de o investimento ser de capital nacional ou estrangeiro.

O banco, explicou seu vice-presidente, leva em conta a problemática de o Brasil enfrentar barreiras comerciais para exportar para os Estados Unidos, por exemplo, produtos acabados. "Enquanto essa realidade existir, as empresas siderúrgicas, para crescer e serem competidores mundiais, terão de ter escala. E se a alternativa para ter escala e exportar, é ter acabamento lá fora, a gente aprova isso".

Corbellini disse que "de jeito nenhum vamos verticalizar a produção na CSA". Ele informou que o projeto prevê produzir placas para alimentar suas unidades de produção de laminados nos Estados Unidos e na Alemanha.
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17.6.05

O bom conspirando com o ruim

Do Valor Online, sobre pesquisa mineral :

O Brasil, ainda de acordo com o estudo do MEG, figura entre os principais pólos de pesquisa. O país respondeu por 5% dos investimentos mundiais, o equivalente a US$ 120 milhões. Conseguiu ultrapassar o Chile (que atraiu 4% do orçamento mundial, ou US$ 100 milhões), mas ainda está longe dos principais países mineradores na América Latina: México (US$ 153 milhões) e Peru (US$ 203 milhões). Os maiores orçamentos em pesquisa em 2004 ficaram com o Canadá, com US$ 690 milhões.

A falta de informações do potencial mineral no Brasil é o que tem levado investidores ao México e Peru, países que aliam um alto grau de levantamentos geológicos (que minimizam o risco dos investimentos) e solo rico em minerais como cobre e níquel, reconheceu o MME. A rígida legislação ambiental brasileira também inibe alguns investidores.

Entretanto, para suprir essas deficiências, o MME está promovendo a modernização do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) e do Departamento Nacional de Pesquisa Mineral (DNPM), principalmente do sistema de concessão de outorga. Entre 2003 e 2006, o órgão deverá receber US$ 26 milhões. Serão intensificados também os levantamentos aerogeofísicos. O departamento deverá contar também com reforço de pessoal. Até 2005, devem ser contratados 1,2 mil funcionários para reforçar a equipe, atualmente com 750 pessoas no Brasil.

Os estudos aerogeofísicos foram iniciados em Goiás em meados do ano passado. O projeto, que custará US$ 12 milhões (divididos entre governos estadual e federal) tem como objetivo detalhar o potencial mineral em 170 mil quilômetros quadrados. Desde novembro último (quando a primeira fase do levantamento foi concluída, com pesquisa em 30% da área total), 20 empresas já compraram as informações. Rio Tinto, Bunge, Codelco, Vale do Rio Doce, Anglo American, Yamana, Votorantim e Falconbridge figuram como adquirentes desses levantamentos.

De acordo com Luiz Fernando Magalhães, superintendente de Geologia e Mineração de Goiás, a média de pedidos de alvarás de pesquisa no Estado saltou de 50 para 600 logo após a divulgação dos primeiros levantamentos. Níquel, cobre, ouro e fosfato são os principais alvos das novas prospecções. Goiás espera concluir o mapeamento até o fim do ano.

Neste ano, o trabalho deve se estender para outros estados: Amapá, Pernambuco, Rondônia, Pará, Tocantins, Ceará, Bahia e Minas Gerais. Vai cobrir área de cerca de 536 mil quilômetros quadrados. O orçamento previsto é de R$ 41 milhões, incluindo a parte de Goiás.

De posse dessas informações, os especialistas acreditam que o volume de investimentos estrangeiros deve aumentar nos próximos anos. As empresas nacionais deverão responder por 60% a 70% das pesquisas prevista para este ano. A maioria delas deverá ser conduzida pela Vale do Rio Doce. O orçamento da companhia em pesquisa e desenvolvimento saltou de R$ 66 milhões em 2000 para R$ 1,21 bilhão neste ano.

8.10.04

A Coluna da Míriam Leitão...

...que às vezes fala de economia, dessa vez reclama da Petrobrás não aumentar os preços, dizendo que isso vai desestimular empresas estrangeiras a investir no Brasil. Ahã. Se é por aí, pela mesma lógica canhestra, isso devia estimular investimento em outras áreas, já que a perda de um é o ganho do outro. E essa lógica de que atrair investimento estrangeiro é a função primária das atividades do governo em economia é ridícula - o investimento estrangeiro nunca passou de 10% do que é investido no Brasil, a não ser que você conte a compra de empresas como "investimento."

E eu que tava lamentando que, se a Vale do Rio Doce não tivesse sido vendida (a preço de banana), o governo ia poder fazer o mesmo com o minério de ferro. Tudo bem, a Míriam Leitão ia repetir o que ouviu de alguém, e reclamar que isso impedia investimentos em minério de ferro no Brasil. Mas a inflação industrial, com o preço do ferro em baixo, ia tar bem menor. Fora os 4.5bn em dividendos que a Vale pagou, que iam dar uma bela força no tal superávit primário.

Falando na Míriam Leitão, ela é um bom exemplo de porque intuição é o caralho. Não saber nada sobre o assunto e confiar na intuição pra saber a quem ouvir dá numa coluna dessas.