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29.1.07

One. Million. Dollars.

George W. Bush sempre levou jeito de vilão do Capitão Planeta, com sua obsessão em detonar a reserva ecológica do norte do Alasca como solução pra todo e qualquer problema. Pois bem, agora ele acaba de graduar para vilão de James Bond, e dos mais loucos, porque sugeriu como solução pro aquecimento global a criação de um ESPELHO GIGANTE NO ESPAÇO PARA BLOQUEAR O SOL. Isso prova também que a administração americana atualmente só tem sicofantas e yes men, porque acho que até o Trofim Lysenko ia levantar a mão numa hora dessas e rir da idéia de ESPELHOS GIGANTES NO ESPAÇO. (sic, sic, sic, sic, pelamordedeus sic!)

O problema que ele identificou é bastante real - com a melhor das intenções, é bem possível que não possamos diminuir significativamente, muito menos reverter, o efeito estufa, e um aquecimento além do tolerável pela humanidade pode já ser irreversível simplesmente pela diminuição das emissões de CO2 e companhia. Mas a solução para esse problema real é coisa de cientista maluco. Sem querer ofender Luthor, Silvana e companhia.

24.1.07

Ops

Uns posts atrás, fiz referência à Silvinha, e esqueci de pôr o link. Agora tá aí.

Quem não chora não mama

Lendo a maioria dos cadernos de economia dos jornais brasileiros, a impressão que se tem é de que o Brasil é um dos piores lugares do mundo para ser empresário - excessão feita à Venezuela, comandada pela Besta-Fera - e que está a um passo do abismo. Por isso, não deixa de ser curioso o resultado da pesquisa feita pela Price Waterhouse Coopers. e divulgada em Davos , entre executivos do mundo inteiro. Nela, os brasileiros estão, junto com a Holanda, no primeiro lugar mundial em otimismo quanto aos próprios negócios, à frente de chineses ou sul-coreanos. Outros resultados também são curiosos: apesar da choradeira dos juros que continua (apesar de boa parte do dinheiro disponível no Brasil de hoje já custar menos do que a SELIC), os brasileiros são os menos cautelosos, os que mais pretendem pegar dinheiro alheio ao invés de investir só com o fluxo de caixa. Tá, este resultado pode ter mais a ver com o sacrosanto destino do lucro, no Brasil, ser o dividendo, e portanto o bolso do dono.
Do geral pro específico, as reações ao PAC variaram entre o desdém, o desapontamento, e o choro e ranger de dentes. Enquanto isso, empresas como Santander, EdP e Vale anunciaram que, graças às novas condições pós-PAC, vão aumentar seus investimentos...
Enfim. Talvez o empresário brasileiro seja só bipolar - já vi um se vangloriando de sua empresa ter crescido 100% em três anos e lamuriando que as condições de negócios eram impossíveis, no mesmo discurso.

23.1.07

Lugares estranhos do mundo VIII - a Finlândia

Ou, mais especificamente, o festival nacional de tango, em Sëinajoki. A própria Finlândia pode se candidatar ao título por vários motivos históricos. Afinal, ela esteve do lado "errado" das duas últimas guerras européias, a fria e a II Grande Guerra, e ninguém se lembra disso. Por conta disso, até hoje o lugar é um paraíso pra alemães "ostálgicos" por produtos comunistas como a Africa-Cola. Naqueles cantos frios do mundo, se fala uma língua que só tem relação mais ou menos próxima com o húngaro, e que ninguém mais no planeta entende. Nem os vizinhos suecos, bálticos ou russos.
Mas o assunto deste post é o Tango Finlandês. Por algum motivo, a febre de tango que passou pelo mundo inteiro nos anos 20 e sumiu, na Finlândia se manteve. Bem entendido, a distância - física e cultural - entre os dois pontos extremos do mundo ocidental é meio grande. Assim, ainda mais numa época em que não havia mp3, aliás nem um mercado de discos tão desenvolvido, em que o maior meio de difusão da música era a apresentação ao vivo, o tango que chegou à Suomi foi um tango filtrado pela Alemanha, quase transformado em marcha. E sofreu outra mudança, essa temática, num país quase recém-nascido, em que o nacionalismo associado às formas de vida e expressão locais era forte: foi camponesado. Ao invés dos lupanares e becos de Buenos Aires, o tango finlandês se sente em casa no campo. A solidão não é a da multidão, mas a do eremita mesmo.
A palavra-chave do tango finlandês é "kaiho," com significado talvez mais próximo do português saudades do que de qualquer outra. O tango finlandês logrou, ao se tornar mais lento e mudar de ares, uma operação fantástica, digna de Borges - juntou, através de um frio pântano boreal, a Mouraria e a Boca.
Hoje, esse tango-fado, quase detonado pela invasão dos Beatles, sobrevive principalmente na forma de festivais "tradicionais" com a intenção deliberada de valorizar a cultura "popular." Não deixa de ser outra ironia, digna de argentino, que uma música que preserva seu nome estrangeiro seja um símbolo nacional.

Eu não disse que era bom...

16.1.07

Força nacional

Eu volta e meia pareço doido por achar que, em muitos campos em que é criticado, o governo Lula foi até bem, ou mesmo espetacularmente (considerando-se a realidade) bem. Na economia, os juros reais foram pra um dígito e a FBCF passou de um quinto. Na redução da desigualdade, a ocorrida no Brasil em quatro anos, por mais oito, nos poria abaixo da China e dos EUA. No ensino superior, o orçamento das IFEs mais que dobrou, e o de fomento à inovação se multiplicou. Até o desmatamento na Amazônia caiu mais do que pode ser atribuído só à queda no preço da soja.
Agora, uma coisa realmente me decepcionou no governo, e pelo visto vai continuar a me decepcionar. Ao invés de usar os poderes da presidência para tentar mudar o foco do debate sobre segurança no Brasil, o governo Lula jogou fora, por um suposto deslize ético, quem queria fazer isso, e muito pelo contrário, encampou a linha-dura. Criou a Força Nacional, que eu acharia até uma idéia razoável se fosse uma força a ser usada em substituição à violência das "tropas de elite" estaduais. Ao invés disso, ela é criada a partir dos "melhores" agentes dessas tropas. Que são, não custa lembrar, torturadores e assassinos - e a própria Força Nacional, atuando no Espírito Santo, já foi acusada de tortura.
Todo ano, mais pretos e/ou pobres "bandidos" (como os chamam a polícia e os jornais - suspeitos e transeuntes, na vasta maioria) são mortos pelas polícias brasileiras do que jamais presos políticos foram mortos pela ditadura. A democracia brasileira, pra imensa maioria da população, não começou em 1985 nem em 1989, nem nunca. Lula, com a Força Nacional, deixou bem claro que não pretende ser o primeiro presidente de um Brasil democrático.
Outro diria que o que é pior é que essa violência por sua vez não resolve violência alguma. Eu já disse que não resolve antes neste blog várias vezes, mas não acho pior não. Dá vergonha saber que o meu governo -e é meu, sem dúvida, já que é legitimamente eleito - mata e tortura.

13.1.07

SS Defi salva o dia

O Jubilee Sailing Trust é uma caridade britânica com um objetivo meio esquisito : manter e operar navios a vela adaptados para pessoas com deficiências. Tipo equoterapia, mas com um clíper no lugar do cavalo. Qualquer um que já tenha lido Conrad ou Melville pode imaginar o quão mais difícil do que andar a cavalo deve ser tripular um treco desses, com suas teias de cabos (que, se partindo, podem rasgar uma pessoa ao meio), velas do tamanho de campos de futebol e vigias da altura de uma torre de escritórios. Tudo coordenado.
Pois bem, o maior dos navios do JST, o Tenacious, no final do ano passado, não só mostrou que defis conseguem atravessar o Atlântico Norte no meio do inverno, como ainda por cima deu uma paradinha pra salvar a tripulação de um barco em apuros, ao longo da costa da Martinica. Sem recorrer hora nenhuma ao motor auxiliar.

12.1.07

Soprando as velinhas dda Slvia L. Plath

O campo de concentração X-Ray, na base americana de Guantánamo, está fazendo cinco anos. Pra comemorar a data, alguns amiguinhos foram à imprensa pra mostrar as realizações do petiz - como enlouquecer pessoas. Atenção para a parte negritada, por favor.


Prisoners held at the Guantánamo Bay detention camp in Cuba are being driven insane by a tightening of conditions and the situation of their indefinite detention without trial, according to lawyers and rights activists involved with the US camp.

The lawyers and activists also doubt whether the Bush administration intends to carry out its stated desire to close the facility.

Protesters around the world plan to mark today's fifth anniversary of the first delivery of detainees to Guantánamo with demonstrations calling for its closure. American anti-war activists and at least one former British prisoner intend to march to the perimeter of the US-held enclave in eastern Cuba.

Kenneth Roth, executive director of Human Rights Watch, says the isolation regime at Guantánamo has tightened in recent months, piling the mental pressure on inmates who have "no fair procedure" that would lead to possible release.

Mr Roth told the Financial Times he had proposed to Angela Merkel, the German chancellor and chairman of the European Union presidency, that EU member states offer to take some of the detainees who cannot return to their home countries for fear of torture.

In exchange the US would offer a concrete closure plan that would lead to trials, preferably before a court martial, of remaining prisoners.

Ms Merkel was "intrigued but non-committal", Mr Roth said. But he does not believe the US is looking to close the camp - despite comments by President George W. Bush last year that he would "very much" like to shut it down.

Mr Roth is also sceptical of Mr Bush's claim in September to have closed CIA-run secret prisons when 14 terrorist suspects were transferred to Guantánamo. Human Rights Watch has documented 15 cases of prisoners who "disappeared" into the CIA prison system before September and have not been accounted for since.

Brent Mickum, a defence lawyer, says one of his two clients, Bisher al-Rawi, an Iraqi-born UK resident, "is slowly but surely slipping into madness" because of "prolonged isolation coupled with environmental manipulation that includes constant exposure to temperature extremes and constant sleep deprivation".

He says Mr Rawi's ration of toilet paper was removed because he used it for shielding his eyes from the light and his prayer rug was taken away because he used it for warmth.


Attorneys representing other prisoners say their clients kept in isolation are going insane.

11.1.07

Bipost

Flex-fuel



Carro flex-fuel não tem mais graça - inventaram o navio flex-fuel. Só que ao invés de álcool e gasolina ele usa vento, energia solar e ondas. O bichinho (tá, o "bichinho" carregará 10.000 carros no porão) tem velas com painéis solares em cima, e aletas ligando os cascos auxiliares aos principais, que funcionarão como uma usina de energia das ondas. A velocidade é um pouco inferior à dos navios de transporte de carros existentes (15 ao invés de 18 nós), e o preço bem superior (100 ao invés de 70 milhões), mas além da poluição zero ele não gasta nada de combustível.

Além de não queimar óleo bunker, o "Orcelle" não tem água de lastro (catamarãs são estáveis sozinhos), evitando o outro problema ecológico gigante dos navios. O único problema dessa segunda medida é que eu imagino a Marinha brasileira multando o Orcelle por não possuir o livro de registro da água de lastro...


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Dove, de novo.

Tá, a explicação de que a propaganda brasileira se destina à classe alta e média, que é mais clara, e por isso tem modelos mais claros, é furada. Os tais modelos são bem mais claros do que essa classe alta e média. Mas ainda dá pra engolir, ainda mais se você falar da auto-imagem dessa classe alta e média, e não dos olhos de um Gobineau "tudo bugre."

Agora, qual é a explicação pra suequidade no caso de anúncios destinados à comunidade nissei??

10.1.07

O meu problema com I - Cotas

Veja que quando digo "o meu problema com," não estou, como poderia ser óbvio, atacando a idéia. Muito pelo contrário; tô falando de coisas que eu apóio. No caso das cotas, o meu problema com elas é a ideologia que pressupõem. Não, como a maioria dos anti-cotas ressalvaria, a "noção do Brasil como uma sociedade racista." Essa eu assino embaixo, em gênero número e grau. Pelo contrário, o que eu critico é justamente a noção, compartilhada pelos defensores e opositores das cotas, de que se possa separar preconceito racial e social assim tão facilmente; tanto a opção pelo primeiro nos EUA quanto a pelo segundo aqui são formas de se minimizar o problema. Nem poderia ser de outro jeito, já que, a não ser que você seja um mangusto e veja uma cobra, o preconceito racial não é senão uma forma de preconceito social, dirigido a membros da mesma sociedade (não-xenofóbico, portanto).

A ideologia que me incomoda é a do multiculturalismo; a que vê a sociedade como composta, não de indivíduos com matrizes culturais complexas e de difícil definição, mas de "culturas" algo essencializadas, das quais os indivíduos são integrantes mais ou menos plenos. Ela não está ligada necessariamente à noção de cotas raciais, não mais pelo menos do que a pergunta do IBGE sobre a cor dos brasileiros (suspensa, pela mesma alegação de "racismo," pela ditadura militar). O que acontece é que os movimentos negros brasileiros, que têm mais ligações externas do que "grassroots," (e nisso se assemelham aos movimentos nacionalistas de várias eras), maiores proponentes do sistema de cotas, assimilaram também a ideologia do multiculturalismo. Os dois estão juntos de maneira eletiva, mas não parece que a ninguém (a começar pelo governo e sua secretaria de igualdade racial) divorciá-los.

Não é inerentemente errado que as pessoas sejam consideradas de diferentes "etnias" à moda americana, ao invés de primariamente cidadãos de seus países. Por outro lado, o argumento de que essa identidade comunitária poderia dar-lhes forças para melhorar seu status coletivamente esbarra nas evidências; além disso, a identidade étnico-racial não é a única identidade coletiva possível. Pelo contrário, de nordestinos a favelados existem várias identidades coletivas marginalizadas no Brasil. A maioria delas dotadas de maior coesão interna e ritos e símbolos em comum do que a "negritude." Pra quê a Kwanzaa, pra quem tem o Carnaval? O fato dessas identidades não serem de confronto, acusado pelos movimentos negros, não é nem inteiramente verdade nem necessariamente ruim - a não ser que você não considere o próprio conflito ou a guetização males-em-si.

Eu volto aqui a falar da sugestão que dou há tempos sempre que converso com alguém sobre as cotas: cotas geográficas. Atendem aos critérios de imparcialidade e impessoalidade do Estado, ajudam as pessoas prejudicadas pelo preconceito, e mudam a cor das universidades brasileiras. Sem acusações de engenharia racial ou "racismo reverso"(sic). Mas além disso, outra sugestão: que o arcaico sistema de cores do IBGE (preto, pardo, branco, amarelo, vermelho) seja trocado por um em que as tais "etnias" brasileiras - favelado, paraíba/baiano, etc - sejam contempladas. (Além da sugestão que não é só minha, de um sistema em que aparecessem os termos raciais mais comuns no Brasil, como morena, mulata, etc.)

Referências(agora essa budega vai ter referências - chique, né?)

Revista USP - número especial Racismo, I e II
Livio Sansone - Negritude sem Etnicidade

7.1.07

Camp Concentration

Nos EUA, estão sendo implantados campos de trabalho com fins lucrativos para imigrantes "ilegais."

A coisa tem tantos motivos pra ser errada que é um milagre que não gere um buraco negro de erro. Será que os imigrantes trabalhando lá enxergam o horizonte?

Vamos contando: 1 Começando pelo nome "imigrante ilegal" é um termo de propaganda anti-imigrante em si; o termo técnico é "imigrante não-documentado," e a razão pela qual isso acontece é que eles não são, na verdade, "ilegais" - não mais do que uma carrocinha de rua que ainda não conseguiu toda a papelada na prefeitura; 2 a imigração sem documentos não é um crime, mas uma infração civil, que não deve levar à pena de privação de liberdade (muito menos trabalhos forçados); 3 trabalhos forçados não-pagos com fins lucrativos soa familiar, não?; 4 encarcerar crianças em campos de trabalho escravo é um absurdo sem tamanho por si só, mas além disso 5 os filhos dos imigrantes "ilegais" são cidadãos americanos.