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13.10.04

Saudades do Febeapá

Agora o que existe é o Fefaamu - festival de fascismo que assola o mundo. A fascistização da sociedade ocidental é até velha, e haverá os que discordarão de mim sobre algumas coisas que identifico como fascistas. Como o fechamento das fronteiras, as "identity politics," a reificação do conceito de nação e do de raça, a orientação tecnocrática da política, e a idéia da "coordenação das forças produtivas."

Uma que impera pelo mundo afora, especialmente com os "liberais" dos países desenvolvidos, e intelectuais em geral, é a eugenia. A mesma do holocausto, e que vigorou nos EUA, Escandinávia e França antes de Hitler chegar ao poder na Alemanha. A diferença é que o novo nome da criança é "planejamento familiar," e que a discussão é, na superfície, apresentada como tendo o interesse dos próprios "controlados" em mente, e não sua destruição para o bem da sociedade. O argumento, ademais, como tantos outros argumentos fascistas, é vestido de roupagem econômica. A pobre da economia é mais utilizada para suportar absurdos em nome da ciência do que a biologia jamais foi, e com o mesmo grau de "racionalidade."

A última proposta a me deixar puto nesse sentido foi a da Andréa Gouvêa Vieira, encampada pelo César Maia, de que "o problema" das favelas se deve a que pobre pare muito. Como sói acontecer nessas explicações, ela é errada até nas suas premissas básicas. Não é a taxa de natalidade que faz crescer a favela. Se fosse, o Rio não teria uma concentração de favelas tão maior que o seu peso na população total do Brasil. O que faz crescer as favelas é uma política deliberada do próprio César Maia, que, com seus projetos de "bica d'água" centrados nas favelas, e abandono dos bairros pobres não favelados, faz com que, cada vez mais, morar na favela, em termos urbanísticos, seja uma boa escolha, em termos econômicos. Não há porque morar num lugar que também pode ser perigoso, mal cuidado e sujo, e ainda por cima pagar imposto e conta de luz.

Mas pode deixar, que a câmara de vereadores já prometeu aprovar o projeto Césaresco permitindo que as encostas do Rio sejam desmatadas por condomínios, ao invés de por favelas. Afinal, muito melhor ter o público roubado pelo rico, nénão?

Estudo sobre habitação no Rio, em pdf

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