Com a reeleição de Bush, a sua política pró-Seven Sisters continua. A reserva americana de petróleo - gigantescas cavernas de sal no Golfo do México, projetadas, logo após os Choques da OPEC, para liberar óleo quando o preço ficasse muito alto ou as importações parassem, vai continuar enchendo (liberar, nem pensar). No fundo, estão servindo ao seu papel, o de fornecer aos EUA, apesar de sua condição de importador, falta de controle direto sobre a indústria, privada, e produção declinante, uma condição de controlador de preços, parecida com a da própria OPEC.
O que ninguém poderia imaginar é que um presidente americano usasse ela para manter o preço do troço, não apenas alto, mas quase o dobro do preço "ideal." E é assim que, logo depois da reeleição do dito cujo, boa parte dos títulos do Financial Times fala do reajuste de preços de derivados, a ser efetuado em países onde há controle (incluindo o Brasil). Estavam todos esperando pra ver se o alto preço do barril ia se reeleger, apesar das reinvindicações da mídia e políticos de oposição, aqui, por um reajuste, e denúncias de que este não acontecia por conta da eleição. Note-se que o preço de um reajuste, para a economia, é similar ao de aumentar os juros...
Quais os motivos desse preço alto, se baixar um marxista ortodoxo aqui, e descontar a possibilidade de que Bush esteja simplesmente ajudando os cupinchas? Como um petróleo alto beneficiaria a burguesia americana, maior consumidora de energia do mundo? Existe mais de um ângulo. O primeiro é uma questão de atrito econômico - o alto preço da energia prejudica a produção americana, mas a Índia e a CHina têm uma necessidade de energia por dólar produzido muito maior. Fora isso, o alto preço do petróleo não parece estar impedindo a economia americana de se desenvolver, e permite assim o esticamento da bolha de juros baixos. Finalmente, o alto preço do petróleo dá uma sobrevida às tiranias aliadas no Golfo Pérsico, que passam a poder oferecer pão e circo a uma população que dobrou ou triplicou desde a formação da OPEC.
O problema da idiotia do Bush é esse - as burrices que ele faz, quase invariavelmente, resultam em algo bom, ou pra ele pessoalmente, ou para um projeto de poder americano. Chamar ele de Bismarck o palhaço pode ser demais, mas ignorar as tais vantagens também é perigoso.
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