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4.12.08

Luto

Porque os turistas ficavam tirando foto com flash e passando a mão nos atuns, a prefeitura de Tóquio acaba de barrar o acesso de não-profissionais ao mercado de peixe de Tsukiji, o maior do mundo, onde os atuns e outros peixes menos cotados são leiloados para os restaurantes de sushi.

Sacanagem. Era o meu destino turístico número um pra minha eventual viagem a Tóquio.

18.11.08

Comemoração

Na semana da consciência negra, segundo o site www.amazonia.org.br,



A Comissão Constituição, Justiça e Cidadania, da Câmara dos Deputados, vota hoje (18) o projeto de lei que propõe sustar o decreto que regulamenta os procedimentos para a titulação das terras quilombolas. Trata-se do Projeto de Decreto Legislativo (PDC) 44/2007, de autoria do Deputado Valdir Colatto (PMDB-SC), que susta o Decreto 4.887/2003 alegando que o procedimento para titulação de terras quilombolas é inconstitucional.

O relator do PDC, Deputado Gonzaga Patriota (PSB-PE), deu parecer pela rejeição do projeto, mas de acordo com a Coordenação Nacional das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), outros três deputados apresentaram voto em separado a favor da iniciativa.

A Conaq divulgou uma nota em que pede aos deputados a rejeição do projeto, e defende o Decreto 4.887. Os quilombolas citam o Ministério Público Federal, que considerou que o "Decreto 4.887/2003 não contém os defeitos que lhe são apontados".

Segundo a Conaq, o projeto do Deputado Valdir Colatto "é apenas uma tentativa de impedir o cumprimento da Constituição Federal, da Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e por que não dizer da própria Declaração Universal de Direitos Humanos, visto que o PDC visa criar obstáculos para o exercício e garantia dos direitos das comunidades quilombolas e violar o princípio da dignidade humana".

14.11.08

Conclusões

O ministro das minas e energia, Edison Lobão, declarou em Niviórque que o pré-sal brasileiro pode conter até 150 bilhões de barris. Conclusão: o estado brasileiro onde foram encontradas as maiores reservas de petróleo não é o Rio de Janeiro, é o Distrito Federal.

O movimento "pró-democracia" protesta porque Sérgio Cabral mudou a data do feriado para privilegiar Paes. Conclusão: Sergim tem uma máquina nacional impressionante, já que a mudança da data ocorreu em todos os níveis do funcionalismo, no Brasil inteiro.
Nota - como alguém pode sentir tanta paixão na disputa entre um candidato tucano e outro candidato tucano?

Uma pesquisa indica que 64% dos republicanos declaram querer que a candidata em 2012 seja Sarah Palin, Elapitócnos. Conclusão: Barack Obama será reeleito.
Nota - seguindo uma estratégia oposta com resultados semelhantes, os socialistas franceses escolheram a Segolène Royal.

23.10.08

Cordel pós-muderno

Bem, quase exatamente cordel. E que agora não só ganhou o mercado editorial "de verdade," como pelo visto também as bibliotecas públicas da Gringolândia.




Urban fiction's journey from street vendors to library shelves and six-figure book deals is a case of culture bubbling from the bottom up. That is especially true in New York, where the genre, like hip-hop music, was developed by, for and about people in southeast Queens and other mostly black neighborhoods that have struggled with drugs, crime and economic stagnation.

Writers like Mark Anthony — who at 35 is Miller's contemporary and the author of "Paper Chasers," based on his youth in Laurelton — found themselves being rejected by agents and publishers. So they paid to self-publish their books, with rudimentary designs and cheap bindings, and sold them on 125th Street in Harlem, or on Jamaica Avenue in Queens, around the corner from the borough library's main branch. Soon, a stream of people — high school students, first-time library users, the library's own staff — were asking for the books. And the librarians went out on the street to buy them.

"If there's some cultural phenomenon going on out there and it's not in here, we want to know why," said Joanne King, a spokeswoman for the Queens Library.

15.10.08

curiosa idade

O próximo presidente da república vai nomear os substitutos de 4 juízes do STF indicados pelo Lula. Os juízes indicados por Sarney e Collor, mais a Ellen Gracie, indicada pelo FH, só serão substituídos no mandato presidencial de 2015-18, junto com o Lewandowski, indicado do Lula. Gilmar Mendes, o caçula do tribunal, só sai em 2025.


a) Impressionante como os outros foram mais "pragmáticos" do que o Lula, ao indicar apaniguados relativamente jovens ao invés de procurar pessoas que realmente fossem decanos do direito.

b) Será que não seria razoável eliminar a tal aposentadoria compulsória e tornar o cargo vitalício? 70 anos é relativamente pouca coisa hoje em dia.

c) Pensando nisso, e na importância das prefeituras do Eixo pro PSDB em 2010, dá quase vontade de votar no Eduardo Paes ao invés de anular.

24.9.08

Eu qué!

Enzo Ferrari é o c*****o Ferrari boa é essa aqui:



Para a grande maioria das empresas, retomar sistemas de produção usados há mais de 500 anos é algo inimaginável. Mas não para a editora italiana FMR. Enquanto se discute a possibilidade de a internet levar, no futuro, ao desaparecimento dos livros impressos, a FMR faz uma aposta mais do que ousada: produzir livros como na época do Renascimento italiano, resgatando a riqueza artística e os métodos artesanais empregados naquele período. O resultado dessa estratégia é o livro contemporâneo mais caro do mundo: "Michelangelo. La Dotta Mano" (ou Michelangelo. A Mão Sábia), uma verdadeira obra de arte em folhas que custa ? 100 mil de euros (R$ 241 mil).


Os primeiros 33 exemplares, do total de 99 da edição limitada, já foram vendidos a clientes europeus e americanos, e estão em produção, o que leva de três a seis meses. A suntuosa obra de 24 kg e 264 páginas foi mostrada ao Valor como se fosse uma antigüidade rara que acaba de ser descoberta, com direito a luvas brancas para o manuseio.


A capa do livro abriga uma escultura em mármore de Carrara. Trata-se de uma réplica da Madonna della Scala, uma das primeiras obras de Michelangelo, ainda adolescente. A pedra, segundo a FMR, foi extraída da mesma pedreira (a Il Polvaccio) da qual Michelangelo costumava adquirir o mármore para suas principais criações.


O veludo de seda que cobre a capa é confeccionado em teares antigos, que produzem somente oito centímetros de tecido por dia. "É uma aventura louca. Uma verdadeira provocação", disse ao Valor Marilena Ferrari, presidente do grupo FMR. Ela pretende, ao ressuscitar os conceitos e técnicas do Renascimento, dar novo vigor à tradição do "made in Italy".


"O Renascimento não faz apenas parte da História. É o que permite hoje a sobrevivência da produção italiana, ressaltando a grande criatividade e a excelência de seu refinado trabalho artesanal. Se quisermos impulsionar o 'made in Italy' devemos retornar às suas origens", diz Marilena, que contratou ateliês de artistas e artesãos para os trabalhos de encadernação, impressão gráfica, caligrafia e fotolitogravuras, entre outros.


Divulgação

O papel, elaborado com puro algodão, fibra por fibra à mão, não contém ácidos nem derivados de clorina, que causam a deterioração do material com o tempo. Uma marca d´água, feita com uma técnica usada no século XIV, reproduz a assinatura de Michelangelo em cada página do livro que relata sua vida e obra. O texto foi escrito por Giorgio Vasari, arquiteto e pintor italiano, que viveu no século XVI e considerado por especialistas o melhor biógrafo de artistas conterrâneos. Até mesmo as dimensões da obra, de 42 por 68 cm, aplicam a chamada seqüência Fibonacci - relação numérica que permite chegar a um "número de ouro", utilizado há séculos na arquitetura, escultura e pintura para simbolizar a harmonia.


"Michelangelo. La Dotta Mano", lançado por ocasião dos 500 anos do início dos afrescos do artista na Capela Sistina, reúne 45 gravuras de desenhos e documentos do artista italiano. Além dos 33 exemplares já vendidos a pessoas físicas, outros 33 serão destinados a museus internacionais, como o do Prado, em Madri, que já recebeu a obra. Mais um lote de 33 deverá ser produzido no médio prazo com uma capa diferente (reprodução de outra escultura do artista).


"Michelangelo. La Dotta Mano", é apenas o primeiro livro da nova coleção "Book Wonderful" do grupo FMR. O segundo, sobre o escultor Canova, sairá em janeiro. Um outro, sobre a rainha francesa de origem italiana Catarina de Médicis, será totalmente escrito à mão e terá apenas cinco exemplares. O primeiro deve ficar pronto no final deste ano. Esse livro não estará à venda e servirá como uma espécie de amostra do trabalho idealizado por Marilena Ferrari.


Com ele, a presidente da FMR planeja rodar o mundo para apresentar seu projeto de marketing "made in Italy" a clientes abonados. "Não posso vender uma obra com essa sofisticação. Que preço cobraria?", pergunta, referindo-se à obra sobre catarina de Médicis. Para esse projeto, que vem sendo desenvolvido há dois anos, ela precisou criar escolas de caligrafia e de trabalhos em miniaturas.


Os livros têm garantia de 500 anos. E isso não é brincadeira. "A composição do papel e dos demais materiais foi pensada pelos artesãos para perdurar. É algo seríssimo", diz Marilena. Ela fundou, em 1992, a ART´E, uma editora especializada em livros de arte, que comprou, em 2003, a lendária editora FMR, iniciais de Franco Maria Ricci, criada nos anos 60.


Ricci entrou para a história do mercado editorial mundial pela riqueza do conteúdo e sofisticação dos livros publicados por sua empresa. Esse aristocrata de Parma começou lançando o Manual Tipográfico de Bodoni. Nos anos 70, ele reeditou a prestigiosa Enciclopédia de Diderot e d´Alembert, obra máxima do Século das Luzes.


Ricci tornou-se um verdadeiro ícone do luxo, cercado por grandes personalidades artísticas e literárias. Lançada em 1982, a revista de arte FMR é, até hoje, considerada a mais bela e renomada do mundo. Mas em 2000, com 63 anos e sérias dificuldades financeiras, Ricci vendeu a FMR a uma empresa com participações em grifes de moda, como Dolce & Gabbana e Versace, que, por sua vez, a revendeu três anos depois à ART´E´.


"FMR estava se desmanchando. Era uma perda para o mundo da cultura", diz Marilena. Naquele período, ART´E´ já havia conquistado prestígio internacional. Em 2000, a editora realizou para o Papa João Paulo II a obra Evangeliarium. Foi com esse mesmo livro que o cardeal Ratzinger prestou sermão antes de ser nomeado Papa.


No início de 2008, as duas empresas realizaram uma fusão, que deu origem ao grupo FMR. Com sede em Bolonha, na Itália, e escritórios em Paris, Madri e Nova York, o grupo FMR faturou em 2007 ? 42 milhões de euros, com expansão de 14% em relação a 2006. A livraria de Milão foi recentemente fechada, restando apenas a mítica de Paris, situada na elegante galeria Vérot-Dodat, ao lado de grandes grifes de luxo. É o show-room da FMR.


A FMR também lançou a série "Book Beautiful", com livros "bem mais acessíveis", entre ? 2 mil e ? 12 mil euros, sobre artes, literatura, religião e viagens. E quem acha exorbitante o preço de ? 100 mil euros por um livro de arte é porque não viu o modelo de bolsa em couro de crocodilo na Hermès em Paris: mais de ? 120 mil euros e não traz nada sobre o Renascimento.

18.9.08

O Sérgio Cabral fazendo algo que preste??



O governo fluminense está decidido a garantir seu direito de regular a ocupação do Litoral Sul do Estado, na baía de Sepetiba, para evitar que a costa entre Itaguaí e a ilha de Guaíba, em frente à cidade de Mangaratiba, se transforme em área de logística para exportação de minério de ferro de mineradoras e siderúrgicas instaladas em Minas Gerais. Atualmente, a principal atividade da região é o turismo


O assunto será discutido hoje em reunião do secretário estadual de Desenvolvimento, Júlio Bueno, com o presidente da Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (Feema), Axel Grael, e com a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). A expectativa do Estado é que do encontro saia algum esboço de regulação da Antaq, no sentido de permitir que os terminais ociosos de uma empresa possam ser usados por outras, evitando soluções individuais.

"Temos de definir uma saída que leve a uma solução compartilhada para as mineradoras. Nossa proposta é instalar um ou dois grandes terminais, que carreguem entre 80 milhões e 100 milhões de toneladas de minério e que sirvam a todas as interessadas. Não vamos deixar construir sete terminais de exportação de minério naquela região . Senão, vai o minério e fica a poeira para o Rio, e nenhum tostão de imposto, já que as donas do minério não se localizam aqui. Vamos tentar organizar esses investimentos", disse Bueno ao Valor.

Bueno e Grael querem investimentos no Estado, mas não querem qualquer investimento. O "boom" do minério de ferro levou à carteira da Feema uma enxurrada de projetos de portos para carregamento de minério. "Despachar o minério e ficar com a poeira, estou fora", afirma o secretário de Desenvolvimento.

Esses projetos envolvem grandes empresas de mineração, como a gigante australiana BHP Billiton e a LLX, de Eike Batista, que planeja a construção de um segundo porto no Estado, o porto do Sudeste. Eike já está construindo um megaporto, o porto do Açu, em São João da Barra, no Norte do Estado. Existem ainda projetos portuários da CSN na ilha Madeira, em Itaguaí, da Ferrous Administração Portuária, na Ponta de Santo Antônio, na baía de Sepetiba, da Usiminas, da Gerdau e da Brazore, empresa controlada pela mineradora canadense Adriana Resources.

José Viveiros, da Arcelor Mittal: RJ precisa permitir escoamento do minério
A Feema está tendo problemas com o projeto do grupo canadense. Grael vetou o projeto de construção do porto da empresa na região de Itacuruçá, próxima a Mangaratiba, sob o argumento de que viola a legislação ambiental. O grupo quer fazer o EIA-Rima do projeto, mas Grael acha desnecessário, por considerá-lo inviável, já que destrói manguezais e Mata Atlântica.

O projeto foi enviado para ser apreciado pela Comissão Estadual de Controle Ambiental (Ceca), da Secretaria de Meio Ambiente, um plenário que se reúne todas as terças-feiras para discutir os casos mais complicados da Feema. No caso, a Adriana Resources, representada pela Brazore, está reivindicando fazer o EIA-Rima do projeto. A Arcelor Mittal, maior siderúrgica do mundo, está interessada em adquirir uma participação no projeto da Brazore, mas até agora não bateu o martelo, como apurou o Valor.

José Viveiros, diretor da área de ferrosos da Arcelor Mittal, disse que a multinacional do aço, que adquiriu uma jazida da London Mining, em Minas Gerais, está empenhada na busca de uma solução para um terminal onde possa escoar sua produção na baía de Sepetiba. Ele adiantou que, até o momento, não há ainda nenhum compromisso firmado com a Brazore e que não dispõe de informações sobre o andamento do processo do terminal da empresa.

Na avaliação de Viveiros, em uma questão tão ampla quanto a da utilização da baía de Sepetiba, a discussão de um único processo parece irrelevante. O que é relevante salientar, segundo ele, é a importância de Sepetiba para Minas Gerais. Ele acha que há uma razão para existir essa proliferação de projetos portuários. "Acho importante que o Estado de Minas Gerais tenha uma saída para o mar. É um Estado interiorano e depende de outros Estados para desenvolver sua economia. A questão dos portos é um assunto de extremo interesse para o Estado de Minas Gerais e também interessa ao Estado do Rio." Para Viveiros, algum benefício trará para o Rio essa movimentação. "E acho que é do interesse do Brasil."

O executivo argumentou que é preciso entender que a baía de Sepetiba foi escolhida há algum tempo como um canal de exportação, desde que se estabeleceu no seu território a Rede Ferroviária Federal, hoje MRS Logística. A Companhia Docas construiu em Sepetiba um terminal de carvão e abriu licitação à época para a construção de um terminal de minério de ferro. Naquele período, antes da privatização da RFFSA, foi estabelecido o corredor exportador entre Minas Gerais e a baía de Sepetiba.

"Isso foi fruto de uma decisão estratégica tomada pelos nossos governantes, pois a Rede e as Docas eram do governo. Durante anos, toda nossa exportação foi planejada dessa forma. Havia a estrada de ferro, o porto de Docas do Rio e o porto do Forno, da MBR, na ilha de Guaíba."

Viveiros lembra que até hoje há um terminal público dentro do porto da Companhia Docas do Rio, destinado a granéis sólidos (minério). A licitação chegou a ser marcada para abril de 2006, mas até hoje não foi realizada. Para ele, foram entraves desse tipo que fizeram com que outras empresas de Minas passassem a buscar alternativas isoladas. Segundo o diretor da Arcelor Mittal, é importante que o escoamento de minério seja permitido e facilitado pelo Estado do Rio, mesmo que seja através de terminais públicos.

"Como a licitação do terminal de Docas para granéis sólidos não aconteceu no tempo devido, surgiram todas essas alternativas, buscando uma solução que não dependesse de um processo de licitação pública tão complicado", disse Viveiros. Ele não nega o direito do setor público de definir a ocupação do seu território, como está acontecendo agora no Estado do Rio. "Quem planeja é o setor público e a iniciativa privada implementa esse planejamento. Mas ao governo cabe negociar", afirmou.

Na discussão sobre o direito de o governo delimitar seu espaço, o secretário de Desenvolvimento do Rio destacou que as áreas ambiental e de desenvolvimento econômico do Estado têm trabalhado em completa harmonia até agora, apesar dos megaprojetos que ancoraram na região, como o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), da Petrobras, que já conta com licença prévia da Feema.

"O governo fluminense está disposto a preservar essa harmonia", diz Bueno. No seu entender, o Rio de Janeiro tem sido até agora um exemplo de relação entre desenvolvimento econômico e área de meio ambiente. "O que buscamos é a sustentabilidade."

17.9.08

Contradição não mata

Se matasse, toda a população mundial teria morrido quando Lady Lynn Forrester de Rothschild deu como desculpa pra apoiar o McCain e não o Obama, apesar de fazer parte há gerações dos comitês democratas, ele ser "elitista demais."

Juro

Rothschild. Elitista. Rothschild. Elitista. Tipo "família que definiu o conceito de alta cultura ocidental, e cujo nome é literalmente (no dicionário) sinônimo de "milionário" ou "aristocrata" em diversas línguas." As únicas pessoas que talvez possam ser consideradas mais de elite do que os Rothschild no mundo são o clã imperial japonês e os Borbón, e olhe lá. Pensando melhor, nem eles. Eles não criaram o Metropolitan, o Louvre, a Cuisine francesa e os grands crus.

Né por nada não, mas se essa é a única desculpa pra mulher apoiar John Memória Criativa e Sarah Elápitócnos, acho que talvez haja uma razão mais obscura para a decisão. Por mais negra que a opinião dela sobre as políticas do Obama seja, acho que mais importante talvez seja uma coisa de pele.

12.9.08

o monstro de olhos verdes

Em homenagem ao anúncio de que a Leopoldina vai mesmo ser o término do TGV Rio-Campinas, fica aqui minha sugestão de linhas para o metrô do Rio, se um dia ele começar a ser construído em ritmo decente:

Linha circular (1): Estações N. Sra. da Paz - Jardim de Alah - Largo da Memória - PUC - Usina - Uruguai

Linha da Pavuna (2): Estações Catumbi - Cruz Vermelha - Carioca - Praça XV

Linha Araribóia (3): Ligando a Carioca com Itaboraí. Estações: Carioca, Praça XV, Araribóia, Jansen de Melo, Barreto, Neves, Vila Lage, Porto Velho, Paraíso, Parada 40, Zé Garoto, Rodo/Mutuá, São Miguel, Antonina, Trindade, Alcântara, Jardim Catarina, Santa Luzia, Guaxindiba e Itaboraí.

Linha Alvorada (4): Ligando a Barra ao Centro da cidade. Estações: Alvorada - Barra Shopping - Afonso Arinos - José Bernardin - Largo da Macumba - Travessa do Amor - Antônio Callado - Largo da Memória - Praça Santos Dumont - Pacheco Leão - Parque Lage - Humaitá - Largo dos Leões - Santa Marta - Argentina - Palácio Guanabara - Largo do Machado - Glória - Carioca

Linha dos cemitérios (5): Ligando todos os pontos de transporte interurbano da cidade, menos o S. Dumont. Estações: Atlântica - Siqueira Campos- S. João Batista - Santa Marta - Cosme Velho - Estácio - Leopoldina - Novo Rio - Caju - Reitoria - Fundão - Hospital Universitário - Galeão


Linha de Caxias (6): Ligando a Barra a Caxias e ao Galeão. Estações: Alvorada - Via Parque - Vila Olímpica - Praça do Apocalipse - Padre Ambrósio - Praça Seca - Campinho - Parque de Madureira - Largo de Vaz Lobo - Irajá - Praça Paulo Setúbal -

Tramo Galeão: Parque Ari Barroso - Avenida Brasil - Galeão
Tramo Caxias: Praça Anhangá - Parada de Lucas - Vigário Geral - Central de Caxias - Praça da Fé - Gramacho

Linha da orla (7): Acompanhando a linha 1, mas diretamente pela orla, e indo para o norte ao invés de fechar o anel Tijuca-Leblon. Estações Antonio Callado - Jardim de Alah - Posto 9 - Arpoador - Santa Clara - Lido - Universidade do Brasil - Botafogo - Praça Nicarágua - Paysandú - Catete - Santos Dumont - Praça XV - Presidente Vargas - Praça Mauá - Ingleses - Novo Rio - Tradições Nordestinas - São Januário - Manguinhos - Paris - Elói de Andrade - Praia de Ramos



Some-se a essas sete linhas, ao custo médio de 3bn cada, a requalificação dos trens da Central (4bn), um programa de ciclovias e bicicletas públicas sério (1,5bn), e três circuitos de bondes, ao redor da Lagoa Rodrigo de Freitas, percorrendo a Av. Das Américas, e ao longo da Avenida Brasil (2,5bn), tudo com bilhete integrado (1bn) e se teria, ao custo de 30bn ao longo de 10 anos, um sistema de transporte público digno de Paris, por 3bn ao ano. A título de referência, o orçamento estadual do Rio é de 40bn, e o da prefeitura uns 12bn.

9.9.08

tfPPPPP

Sabe uma das coisas que sempre achei curiosas no Brasil? Como a direita conservadora e católica acha razoável apoiar gente que sequestra e mata padres.

Por outro lado, acho chiquérrimo a CNA, que cada vez ruma mais para uma fusão com a Bancada Ruralista (maior partido nas duas casas do Congresso brasileiro), não tentar fingir que é dos agricultores, como a maioria das suas congêneres. Afinal, o requerimento mínimo de dois módulos fiscais - uns 2Km2 de terra, dependendo da região do país - pra se filiar serve justamente pra manter fora a arraia miúda.

8.9.08

Fiat lux!

Quarta-feira, finalmente, vão ligar o grande colisor de hadrons (LHC), na Suíça.

O bagulho, note-se, recria as condições existentes no universo um pentelhésimo de segundo após o Big Bang. Isso quer dizer que existe uma chance- microscópica mas existe - de que, ao ser ligado, ele cause um novo Big Bang, e acabe com o universo conhecido. Uma chance um pouco maior, mas ainda assim minúscula, é de que a ativação do LHC cause a criação de um buraco negro miniatura, mas ainda grande o bastante para que sua degeneração solte raios gama o bastante para fritar toda a biosfera terrestre, ou pelo menos a Europa Central.

Então, se quarta feira não existir mais civilização pós-moderna, foi bom se comunicar com quem quer que leia isso...

Ah sim - maior do que qualquer das chances catastróficas descritas acima, é a de que boa parte das teorias físicas hoje correntes tenha que ser revista ou mesmo jogada fora. Catastrófico pra quem compra livros didáticos...

6.9.08

Wal-mart é anagrama de quê?

Juro, cada vez que ouço uma estória nova sobre a Wal-mart fico me perguntando se eles não são um projeto de arte engajada que deu errado, uma caricatura da corporação malvada.

Tipo, pagar o salário dos empregados em conta no armazém é coisa de coroné do mato. Não da maior companhia do mundo.

5.9.08

Jandirão! Jandirão! Jandirão!

Jandira Feghali foi a única a criar a "saia justa," nas palavras do próprio Grobo, e mencionar que as favelas não são as únicas ocupações irregulares do Rio de Janeiro. Em contraste, Gabeira falou de aliança com o Sinduscom, que era justamente o órgão que, por meio de uma de suas afiliadas, patrocinava a banca onde todo mundo falava de expulsar pobres de suas casas pra abrir terreno à especulação imobiliária.

Assustador foi ler a página de comentários:

02/09/2008 - 11h 55m

A palavra chave é ERRADICAR ocupações ilegais, e transferir os moradores para conjuntos habitacionais que os próprios moradores ajudarão a construir em regime de mutirão. Se houve mão de obra, habilidade e dispopsição para construir em cima de morros, encostas íngrimes em desafio às forças da Lei e da Natureza, creio que será tarefa fácil. Falta coragem e vontade política, ou então querem manter como está para ober vantagens sobre a miséria alheia.



02/09/2008 - 11h 54m

Só existe um jeito de conter o crescimento, sem demagogia ou hipocrisia:
1) ENCERRAR O BOLSA FAMILIA
2) ENCERRAR TODO TIPO DE BOLSA PRA FAVELADO
3) COM O DINHEIRO QUE VAI VIR DAÍ, OFERECER 2 MIL REAIS A CADA UMA DESSAS PARIDORAS PRA LACRAR AS TROMPAS.


Ah sim, as minhas sugestões para "o problema das favelas" :

- Urbanização, com compensação adequada para casas que estejam em áreas de risco ou onde serão construídas ruas e praças.
- Melhoria das condições de transporte de massas de longa distância. Leia-se trens da Central, via convênio com Estado e Supervia, e integração aos ônibus.
- Utilização de terrenos hoje pertencentes ao governo, nos três níveis, para criação de habitação popular e áreas verdes. Há mais de 6Km2 de terreno disponível.
- Criação de parques onde hoje são o campo de Gericinó e a refinaria de Manguinhos.
- Integração da Maré com a ilha do Fundão e o novo Parque Manguinhos, gerando uma área verde que atenda a zona da Leopoldina inteira.
- Criação de ciclovias e sistema de bicicletas públicas semelhante ao Vélib parisiense, começando pela Zona Oeste e perto das estações de trem.
- Aumento dos salários de professores municipais em zonas consideradas de risco.
- Aumento da progressividade do IPTU, e IPTU punitivo para imóveis desocupados.
- Isenção de impostos municipais sobre a venda de cal viva.

4.8.08

Narigão é a solução

Para o racismo, pelo visto. Aparentemente, cada vez mais imigrantes estão recorrendo à cirurgia plástica para escapar do preconceito. O narigão europeu, que já fez com que a expressão para europeu na China fosse "bárbaros narigudos," atualmente é um marcador de status buscado intensamente pelos imigrantes na Europa.

Depois tem quem acredite que, em se encontrando técnicas de manipulação genética humanas confiáveis, pele clara não vai ser o hit número um. Como dá pra ver também na introdução de outra reportagem que não tem nada (diretamente) a ver com o assunto, a colonização européia conseguiu fazer com que a idéia da superioridade da estética européia no mundo - ou, pior ainda, da "normalidade" da estética européia, com o resto todo sendo inferior ao "normal" ou, quando particularmente atraente, exótico - não mostra nenhum sinal de que vai morrer no futuro previsível.

*********

Eu, por mim, só arranjaria narigão se fosse pra pegar a Carla Bruni. Por outro lado, pode ser que o segredo esteja no que se absorve através do nariz. Reza a lenda que o Sarkozy, como certo outro presidente neoliberal "modernizador," talvez aprecie certos estimulantes.

Faz sentido.



1.8.08

Tortura sempre mais

A professora minnesotana Kathryn Sikkink apresentou, na reunião que tá acontecendo agora da Associação Brasileira de Ciência Política,, uma correlação bem interessante - que ela argumenta que reflete uma relação de causa e efeito, sim. A princípio, quanto maior o tempo desde que se começaram a julgar os crimes das ditaduras ao redor do mundo, melhor a progressão de cada país no que tange aos direitos humanos e violência política ou não, conforme auferidos pela Anistia Internacional.

Para se pegar os dois extremos latinoamericanos, a Argentina e o Brasil, vê-se na primeira, com 19 anos de julgamentos, uma progressão de 1,7 pontos no índice da Anistia Internacional. Era 4,0, passou pra 2,3. No caso do Brasil, que ainda não teve nem arquivo aberto quanto mais julgamento, houve uma regressão de 0,9 pontos. Era 3,2 passou pra 4,1. Isso é, mais gente é presa arbitrariamente, torturada ou morta pelo Estado brasileiro hoje do que durante a ditadura.

Um bom argumento pro Tarso Genro usar quando defende a punição aos torturadores.

31.7.08

O próprio idealizador do modelo de cálculo do Produto Interno Bruto (PIB) já avisava sobre o perigo de se fetichizar o número resultante como se ele se tratasse de uma realidade concreta; pior, como se a dimensão do crescimento dele fosse um fim em si.

Os EUA do período Clinton, com sua exuberância irracional, são dos melhores exemplos de por quê crescimento do PIB não é necessariamente algo tão bom assim. Durante o período, apesar de uma das mais longas fases ininterruptas de crescimento do PIB na história daquele país, a renda mediana - isto é, 50% da população recebe menos, 50% recebe mais - permaneceu estagnada, enquanto a infraestrutura pública se degradava. O "crescimento" beneficiou aos mais ricos, mas não foi tão útil assim pra maioria da população americana. Já tem economista que de socialista não tem nada propondo a substituição da renda per capita pela renda mediana como cálculo da riqueza, por isso mesmo.

Não é o caso do Brasil de Lula. Pelo contrário, pela primeira vez na hiftória defte paíf são justamente os mais pobres que estão vendo sua renda aumentar mais. É um testamento à desigualdade de renda brasileira que o crescimento chinês da renda dos 20% mais pobres não resulte em crescimento tão alto assim do PIB total.

Mas o Brasil-PT se aproxima muito mais de outro caso de fetichismo pelo crescimento econômico, que são os países anteriormente ditos comunistas. Isso porque, afinal, "entre um cerradinho e a soja, Lula é soja." Não se dá conta, portanto, que o cerradinho, o açozinho, ou o que quer que seja zinho - zinho, no caso, significa megaempreendimentos - tem efeitos negativos que, muitas vezes, ultrapassam de muito os efeitos positivos. Até, a longo prazo, pode influenciar pra baixo o sacrossanto PIB. Uma previsão, baseada em investimentos anunciados, para o Brasil na próxima década:

a) O Brasil vai deixar de ser um país de eletricidade renovável.Em vários estados, mais de 90% da energia elétrica virá de fontes minerais.

b) A indústria pesqueira, tanto artesanal quanto comercial, vai entrar em colapso, com o represamento de rios e devastação de manguezais.

c) O Rio de Janeiro terá índices de poluição atmosférica dignos de cidade chinesa, com a resultante alta nas internações e mortalidade infantil.

d) A produtividade agrícola de muitas áreas vai baixar, com processos de desertificação e o fim dos serviços digrátish prestados pelas áreas de "pastagens degradadas" (ou seja, mato) às plantações vizinhas, como polinização e controle de pragas.

e) Com o corte de nascentes e afluentes, a disponibilidade de água para hidrelétricas irá baixar em até 30%.

25.7.08

The Goddamn Bushman

Eu bem queria dizer que era um primeiro sintoma da compra do Wall Street Journal pelo Rupert Murdoch (leia-se Fox News). Mas acontece que o WSJ sempre praticou uma separação bastante estrita entre suas páginas de noticiário - sempre tentando ser o mais corretas possíveis - e os editoriais e colunistas, que se mantém na fronteira mais longínqua do reacionarismo-tantã.

Mas mesmo sem ser sinal de nada, o artigo merece destaque, só pelo insólito da comparação. Bush, o vingador mascarado!

A cry for help goes out from a city beleaguered by violence and fear: A beam of light flashed into the night sky, the dark symbol of a bat projected onto the surface of the racing clouds . . .

Oh, wait a minute. That's not a bat, actually. In fact, when you trace the outline with your finger, it looks kind of like . . . a "W."


There seems to me no question that the Batman film "The Dark Knight," currently breaking every box office record in history, is at some level a paean of praise to the fortitude and moral courage that has been shown by George W. Bush in this time of terror and war. Like W, Batman is vilified and despised for confronting terrorists in the only terms they understand. Like W, Batman sometimes has to push the boundaries of civil rights to deal with an emergency, certain that he will re-establish those boundaries when the emergency is past.

And like W, Batman understands that there is no moral equivalence between a free society -- in which people sometimes make the wrong choices -- and a criminal sect bent on destruction. The former must be cherished even in its moments of folly; the latter must be hounded to the gates of Hell.




O outro pedaço maravilhoso do artigo é esse:

Why is it then that left-wingers feel free to make their films direct and realistic, whereas Hollywood conservatives have to put on a mask in order to speak what they know to be the truth? Why is it, indeed, that the conservative values that power our defense -- values like morality, faith, self-sacrifice and the nobility of fighting for the right -- only appear in fantasy or comic-inspired films like "300," "Lord of the Rings," "Narnia," "Spiderman 3" and now "The Dark Knight"?

The moment filmmakers take on the problem of Islamic terrorism in realistic films, suddenly those values vanish. The good guys become indistinguishable from the bad guys, and we end up denigrating the very heroes who defend us. Why should this be?


Tipo, a visão conservadora do mundo é aquela encontrada em revistas de super-heróis e contos de fadas? E isso é uma defesa do conservadorismo? O_O

24.7.08

Schadenfreude é uma merda mais nóis gosta III

Lula acaba de não só anistiar o João Cândido como prometer que o próximo barquinho da marinha vai levar o nome dele.

Os milicos - que se deram ao trabalho até de publicar livro falando mal do cara, recentemente - devem ter amado.

Pessoalmente? Por mim renomeava-se o porta-aviões São Paulo com o nome dele...

19.7.08

Schadenfreude culpada II

Confesso que não consegui reprimir inteiramente minha Schadenfreude quando li a notícia sobre marinheiros espanhóis sequestrados por piratas. Afinal, os coitados dos marinheiros estavam se dedicando à pesca predatória, industrial e ilegal (mas à qual todos os governos envolvidos fecham os olhos) de atuns.


*************

Em outra notícia relacionada a violência, a economist critica Chávez por massagear os números relacionados ao tema na Venezuela. . Uma crítica inteiramente válida, e me pergunto como o fã-clube brasileiro do Chávez pensa o fato de a tática dele para enfrentar a violência é mais ou menos a mesma do Sérgio Cabral.

Só um detalhe é esquisito - por que será que os números massageados da Colômbia nunca foram criticados?

13.7.08

Mandato do Céu

Pensar nas pessoas comuns afetadas me corta a Schadenfreude por conta do annus horribilis do PCC. Mas uma parte de mim se pergunta - será que o Hu deveria começar a construir sua anta gigante? Será que eu deveria comprar ações de empresas fornecedoras de terracota?

Do Los Angeles Times:

BEIJING — First there was the freak snowstorm in February. Then the Tibetan riots in March. Then in rapid succession the controversial torch relay, Sichuan earthquake, widespread flooding and an algae bloom that's tarnishing the Olympic sailing venue. Just when it seemed that nothing else could go wrong this year in China, the locusts arrived.

Locusts? What is going on here? The litany of near-biblical woes would seem to lack only a famine, frogs and smiting of the first born.

The Middle Kingdom's parade of problems has threatened to put a major damper on China's anticipated moment of glory less than five weeks before the start of the 2008 Beijing Games.

"This sure has been a weird year," said Ma Zhijie, 20, who works in a coffee shop. "There are so many disasters, it's hard to know what's happening."

Authorities have been working overtime to tackle, contain and spin their way out of each new setback. But the volume of calamities this year would challenge any government, let alone one that has staked so much on pulling off the perfect Olympic Games.

This week, China sent out an all-points bulletin for exterminators. About 33,000 professional pest killers were quickly dispatched to Inner Mongolia in hope of preventing a cloud of locusts from descending on Beijing during the Games.

The vermin apparently hatched a month early because of warmer-than-usual weather and already have eaten their way through 3.2 million acres of grassland in three areas of the countryside. With the capital only a few hundred miles away and the Chinese leadership in no mood to take chances, about 200 tons of pesticide, 100,000 sprayers and four aircraft have been thrown into this battle against the bugs.

"To ensure a smooth Olympic Games and stable agricultural production, we have launched a full prevention plan to prevent and control further locust migration," Bao Xiang, head of the badly hit Xilingol League grassland work station, told the state-run New China News Agency.

Though China's response to some of the year's crises was sluggish, by the time the magnitude 7.9 earthquake struck Sichuan province in May the government was able to mount a rapid and effective response.

"All the disasters this year have certainly given the government lots of practice at crisis management," said Peng Zongchao, a public policy professor at Beijing's Qinghua University. "Some have been natural, some man-made, some related to health, some to social security."

China is no stranger to disasters, natural or man-made. But such a series of woes in this high-profile year has fanned rumors and superstition in a nation where people pay huge sums for lucky license plate numbers and feng shui consultants are in high demand.

China has sought to bank as much good luck as possible before the Olympics next month. The opening ceremony begins at 8:08 p.m. on the eighth day of the eighth month of 2008. Eight is considered a lucky number by the Chinese because in Mandarin the number sounds like the word for "prosperity."

Also, the government built the Olympic Village on a meridian directly north of Tiananmen Square and the Forbidden City, consistent with Beijing's core feng shui principles.

These supplications to the gods of fortune by an officially atheist Communist government, however, apparently weren't enough. This year has also seen sharply rising prices, a falling stock market, an outbreak of foot-and-mouth disease and a major train collision.

The killing of six policemen in Shanghai this week and a riot involving as many as 30,000 people in Guizhou province, southwest of Beijing, after the mysterious death of a high school girl have raised fears of more problems.

For the leaders, this bad patch is more than something to shake their heads over. The nation's 5,000-year history is littered with dynasties that collapsed because the population believed leaders had lost the "mandate of heaven."

Among the Internet search terms restricted in recent months include those linking the earthquake to the curse of heaven, "the anger by the heaven" or the change of dynasty.

"There's no such thing as luck, these are just natural disasters," said Zhao Shu, a researcher in the Beijing Literature and Historical Research Institute. "These rumors will be disproved over time."

But some say the government may share the blame.

"Officials have picked up stones to hit their own feet," said Zhou Xiaozheng, a sociologist at People's University in Beijing, citing a Chinese proverb. "Even as they decry rumors and superstition surrounding all this bad news, they laid the groundwork with their focus on 8s and by calling the Olympic torch a sacred flame. Now common people are throwing it back at them."

Some rumormongers say that the three numbers of the date of the earthquake, 5/12, add up to eight, which evokes prosperity, but it also sounds like the word for "handcuffs."

Internet postings have even started linking the five Chinese Olympic mascots, known as fuwa or "friendly children," to inauspicious events:

Beibei, a blue fish-like creature, is linked to June floods in the south that killed 176 people and affected 43 million.

Jingjing, who resembles a panda, represents the quake that killed at least 85,000 in Sichuan, where most pandas live.

Yingying, a Tibetan antelope, is tied to the unrest in Lhasa, the capital of the mountainous region.

Flame-headed Huanhuan is linked to the torch protests.

And Nini, a swallow with a headdress that looks like a kite, is said to represent a major train crash in April in an eastern city known for its kites.

"What can you do," said Liu Feng, 39, a salesman. "Some people are superstitious and some are not. China always has disasters"

4.7.08

Potemkin tupiniquim quim quim

O príncipe, na verdade, foi um ingênuo. Para ele, a opção a mujiques famintos e maltrapilhos eram mujiques gordos e felizes. As grandes desapropriações de áreas urbanas, seja em meio a processos de "revitalização" ou para a sacrossantíssima infraestrutura, e as justificativas dadas para elas, mostram que os governantes e a classe "média" preferem é não ver mujique nenhum.

Do Valor Econômico de hoje:


O porto de Santos prepara-se para oferecer mais quatro berços para operação de navios de contêineres, o que representará acréscimo de cerca de um milhão de Teus (sigla em inglês para unidades de 20 pés) à sua atual capacidade de três milhões. Em 2007, o porto movimentou 2,5 milhões dessas unidades, com expectativa de crescimento de 3% este ano. Os investimentos em infra-estrutura para deixar o local em condições de licitação são de US$ US$ 515 milhões.

O projeto prevê a desocupação de uma área total 541 mil m2, ocupadas por favelas, e a transferência de 2,5 mil famílias do local. A Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) e a prefeitura de Guarujá assinaram um acordo nesse sentido. Esta operação contará com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), da ordem de R$ 107 milhões, por meio de convênio com a Caixa Econômica Federal.

As áreas denominadas de Prainha e Conceiçãozinha chegam até o estuário de Santos e provocam impacto negativo à navegação internacional e turística, pela sua extrema precariedade. Elas são vizinhas, respectivamente, do Terminal de Exportação de Veículos (TEV) da Santos Brasil, que detém o maior volume de operações conteinerizadas do país, e da Cargill, que opera com granéis sólidos. O mercado de contêineres em Santos, que inclui a margem esquerda, pelo lado de Guarujá, é disputado, pelo menos por mais três empresas: Libra, Tecondi e Rodrimar.

Há negociações no sentido de levar as famílias transferidas para o Parque da Montanha, no Distrito de Vicente de Carvalho, que contará com casas novas de alvenaria. De forma concomitante, a Codesp se propõe a repassar ao município outra área, fora da zona portuária, por onde passa a linha de transmissão de energia elétrica da usina de Itatinga (Bertioga) ao porto. A área será aterrada e posta em condições para receber edificações.

26.6.08

Programa de estímulo à indústria alheia

Um artigo da ADITAL sobre os locautes na Argentina, além de interessante por si só, me faz pensar na Lei Kandir, que isenta de ICMS os produtos básicos (commodities) destinados à exportação. Isso é, que funciona basicamente como o contrário das retenções argentinas. Poderia ser chamada de "estímulo à desindustrialização," ou de "estímulo à indústria alheia." Graças à diferença é que, eg, desde 96 o Brasil tem aumentado a exportação de soja bruta, enquanto a Argentina aumenta a exportação de soja semi-processada.

Mais uma confirmação de que o PSDB, apesar do nome, não deu "guinada à direita" nenhuma, mas sempre foi neoliberal, a lei é curiosa por estar no barco da estrutura de imposto brasileira, concentradora e cara, que nunca é questionada com muita vontade pelos partidos de esquerda e centro-esquerda. A não ser que a Heloísa Helena ou o Genoíno tenham discursado em defesa do seu fim quando eu não tava olhando.

Seria uma bandeira econômica da esquerda social-democrata muito mais convincente, relevante, e transformadora do que o leitmotif de concordar com a FIESP sobre a queda da taxa SELIC. E poderia inclusive gerar uma saudável dissenssão nas fileiras do grande capital brasileiro, ao jogar os interesses dos exportadores de matérias básicas contra os interesses industriais.

25.6.08

Escrevendo errado por linhas retas

É problemática, moralmente, a iniciativa do governo espanhol de estender aos migrantes legais, se quiserem voltar para suas terras de origem, todos os benefícios a que teriam direito se ficassem sem emprego por lá mesmo. De certa forma, é a versão institucionalizada do "sopão nazi," cantinas para sem-teto operadas por radicais de extrema-direita em que ostensivamente se anunciava que a "comida identitária" incluía porco. (Isso é, excluía muçulmanos e judeus.)

Ninguém é prejudicado pelas duas medidas. Pelo contrário, tanto migrantes legais num caso quanto a maioria, cristã, dos sem-tetos europeus, no outro, se beneficiam diretamente, e indiretamente até os imigrantes ilegais e sem-teto muçulmanos (pela liberação de recursos - trabalho ou sopa - que antes iam pro grupo beneficiado diretamente).

Mas...bem, noves fora o efeito negativo prático (o reforço da xenofobia), é moralmente lícito fazer uma coisa boa por um motivo perverso?

20.6.08

Brincando de Smithsonian

Tá, minha brincadeira de "ah se eu tivesse grana" não é interessante pra ninguém mais. Mas em compensação eu arrumei um monte de links maneiros. Clica sem ler, a esmo. (Não são os sites oficiais da coisa mencionada, na maior parte dos casos)


 


Então, se eu tivesse a fortuna do Carlos Slim Helú:


 


 


 


6bn de dólares vão pra renovação da Biblioteca Nacional.  Um concurso arquitetônico internacional seria feito para escolher uma proposta de renovação e uso dos edifícios, que incluiriam o presente, o Palácio Gustavo Capanema , e o quarteirão entre a Beira-Mar, a Presidente Wilson, e a Presidente Antônio Carlos, que seria reformado ou arrasado, à escolha do projeto.  Além disso, seriam construídas ou adaptadas unidades regionais em Porto Alegre, São Paulo (na região do Anhangabaú ), Goiânia, Recife e Belém.  Seriam 2bn em prédios, e 4bn num fundo de renovação permanente do acervo. Arquitetura líquida pro prédio novo do Rio, estilo internacional pra São Paulo, neomoderna em Goiânia, high-tech no Recife e verde em Belém e PoA.


 


Outros 8bn de dólares seriam distribuídos igualmente entre  UFF , UFRJ , UFAM , UERJ , UCAMFiocruz, UFABC, e PUC-SP .  Façam o que quiserem com o dinheiro.


 


Com 10bn, seria criado o Instituto Carioca de Tecnologia, imitação barata do MIT , distribuído pela zona portuária  e ao longo da Presidente Vargas, incluindo alojamentos para estudantes naqueles sobrados atrás da Marechal Floriano, e uma biblioteca central no prédio art deco que tem na Santa Luzia. A princípio, não teria matérias de humanas, só exatas, biológicas (não médicas) e aplicadas.


 


1bn iria para a criação, onde hoje se encontra o gasômetro, de um aquário público  de grandes dimensões (o maior do mundo , hoje, é o de Osaka , que custou uns 170 milhões), e para sua manutenção. A idéia é algo que teria um caráter mais sério do que o da SeaWorld (nada de shows, em geral), mas teria um número grande o bastante de atrações interativas (fora os sempre populares túneis dentro de aquários gigantes) para ser atraente em si. 


 


1bn para a ampliação do Rio-Zôo , incluindo as compensações pela área hoje ocupada por presídio , exército , etc, e um mergulhão substituindo a avenida Bartolomeu de Gusmão.


 


1bn para a reforma geral  do Museu Nacional, incluindo a construção de grandes salões subterrâneos para a área de paleontologia, para a reserva e para estacionamento (as duas primeiras ligadas diretamente ao palácio da boa vista), e de um prédio pequeno para a área administrativa e letiva.


 


0.5bn para a criação do Museu da Intolerância, em São Cristóvão, focado na escravidão brasileira, mas com direito a exposições sobre outros horrores como o Holocausto, Ruanda, Bósnia, etc, sobre outras escravidões, inclusive as atuais ou as da Roma Antiga, sobre a Passagem Atlântica e sobre o racismo e preconceito étnico.


 


1bn para o Museu da África, na Gamboa, parte em moldes similares aoMuseu Afro-Brasil, mas com muito mais sobre a África propriamente dita.


 


1bn para um museu de transportes na Estação Barão de Mauá, da antiga Leopoldina.


 


2bn para os museus da praça Mauá. Um do mar, no píer, e um das Índias no prédio da Portus. Ao lado do museu do mar, no lado direito do píer, talvez fosse o caso de se construir uma marina.  O museu do mar seria acima de tudo um museu de ciências, com todos os experimentos e informações tendo algo a ver com o mar, mas utilizando o tema para falar de processos físicos, de geologia, de biologia, etc. (E incluindo, claro, a forma como a pesca industrial está esvaziando o mar).  O das Índias teria como tema central o império colonial português, e partiria daí pra contemplar a evolução das rotas de comércio no mundo, as trocas entre Brasil e África, as artes e sociedades do Oceano Índico, a construção das naus, de onde vieram as árvores das ruas do Rio de Janeiro...


 


2.5bn para enterrar as oficinas do metrô e as linhas de trem da Central do Brasil e da linha 2 até o ponto onde se separam os ramais norte e oeste,  e construir um parque por cima, incluindo a reforma (com um grande teto de vidro sobre as plataformas) da Central, e a criação de uma estação de trêm e ônibus integrada (com o espaço de veículos enterrado) no lugar da atual (e vergonhosa) estação de São Cristóvão.


 


1bn para o "Museu dos mil povos," perto da Luz. Falando não apenas da imigração brasileira, passada e corrente, mas também de todos os movimentos migratórios no mundo, dos coiotes na Frontera mexico-americana aos Velhos Crentes russos no Mato Grosso e na Bolívia, passando pelos chineses no Tibet e israelenses nos territórios ocupados, pela imigração balcânica na Suécia, pelos armênios na França... Com um centro de apoio ao imigrante e uma Casa da Bolívia anexos.


 


1bn para o Museu Geográfico Brasileiro, no Eixo Monumental. O museu teria um saguão de entrada sobre uma gigantesca maquete do Brasil, com pele de lcds flexíveis pra poder projetar diferentes dados na pele da maquete, e falaria de todo tipo de questão ligada à geografia, da geofísica aos deslocamentos diários de grupos humanos. O museu teria também um programa itinerante, focado não em cidades mas em quilombos e áreas indígenas. 


 


6bn para a Universidade do Nordeste, a ser criada em Natal, com uma ênfase nos cursos de história, física, neurologia , paleontologia , e em engenharia especificamente na geração de energia de fontes alternativas .


 


6bn para a Universidade do Mercosul, em Asunción, que começaria suas atividades com grupos formados por professores convidados das principais universidades de todos os países do bloco, para determinar necessidades e possibilidades; um dos campos de atuação de ponta iniciais seria o sistema dos rios Paraguai-Paraná, outro seria línguas sul-americanas, outro ecologia.  


 


1.6bn para a aquisição, reforma e conversão em habitação social  (de preferência através de aluguel social, não de casa própria) de prédios e sobrados  em centros urbanos . O Brasil, com um dos maiores déficits habitacionais do mundo, não utiliza de maneira significativa essas duas alternativas, muito mais baratas e interessantes do que a construção de casas próprias de má qualidade na PQP .


 


1.4bn para a revitalização dos rios São Francisco e Paraíba do Sul. Nâo "plantar árvores," mas um processo em que as prioridades e processos seriam decididos em colaboração com as comunidades ribeirinhas, e que incluiria a aquisição de terras hoje destinadas ao agronegócio, ou nas mãos de latifundiários, para a criação de reservas de desenvolvimento sustentável (tá, a palavra mais usada do milênio. No caso, quer dizer reservas públicas, inalienáveis, sob administração da comunidade local).


 


.5bn para o Jardim Botânico do Rio de Janeiro (façam o que quiserem com a grana).


 


.25bn para a Pinacoteca do Estado de São Paulo (idem)


 


.25bn pro MAM-RJ (ibidem)


 


.5bn para a criação, em Manaus, de um museu e centro de estudos sobre o Rio Amazonas. Sem arquitetura preferida. O museu incluiria um aquário, obiviamente.


 


2bn para comprar cinemas antigos Brasil afora (começando pela Cinelândia do Rio) e pôr os ditos-cujos, reformados, pra passar filmes velhos e novos (inclusive animação) a preço de custo. Nas cidades grandes, cada um com uma especialidade; por mim o Metro Boavista passava filme alemão, o Cine Imperial japonês, o Pathé francês, etc.


 


1bn para o Museu da Ciência, próximo à estação Santo André da CPTM. Cópia barata, evidentemente, de La Villette.


 


.6bn para restaurar o campo de Santana, fazendo um mergulhão na Presidente Vargas naquela altura (e o concomitante desvio do metrô).


 


50 M para uma estação de barcas em São Gonçalo.  Arquitetura líquida.


 


400 M para a construção de uma estação central de trens em São Paulo, porque a idéia de usar a Luz, com suas quatro pistas e três plataformas, desse jeito é burrice. De preferência próxima à Luz, porque assim dá pra ter integração com as linhas 1 e 4 do metrô, e tendo uma torre com relógio em cima.


 


600 M para a construção de dois arranha-céus: um no Catete-Glória, utilizando os planos do Gaudí para um hotel (originalmente previsto pra ocupar a área em que hoje tá sendo construída a Torre da Liberdade), outro na avenida Paulista, com concurso de arquitetura, que deveria ter pelo menos 800 metros. Tá, podem falar de charuto, mas eu sempre achei que faltava um bom mirante à ex-terra da garoa. Pra respeitar as tradições arquitetônicas locais, pode pôr uma antena, com estrutura de sustentação à torre Eiffel, em cima.


 


400 M para a construção de uma rede de albergues para mendigos "inteligentes," que seriam pagos, na base de um ou dois reais por noite, e teriam projeto feito de modo a minimizar os custos de manutenção e higiene, se tornando o mais perto possível de auto-sustentáveis.


 


 


Em todos os prédios a ser construídos acima, o concurso de arquitetura tem 10 jurados, cada um dando nota de um a cinco. Além disso, quem fizer o projeto dentro do estilo preferido (que não seria divulgado) ganha cinco pontos, quem for de país subdesenvolvido ganha mais cinco, quem for da América do Sul mais cinco. Os cinco primeiros colocados ficam abertos à votação pública (pela internet, ou valendo o quádruplo em urnas no local) por um mês, e o primeiro lugar nessa votação soma mais dez pontos, o segundo lugar cinco pontos.


 


PS Arquitetura high-tech é isso http://www.centrepompidou.fr/Pompidou/Accueil.nsf/tunnel?OpenForm e isso http://baugeschichte.a.tu-berlin.de/bg/lehre/veranstaltung_dokumentation.php?det_id=125&veranst_id=18&veranstaltung=vorlesung&semester=


 


Arquitetura líquida é isso http://www.sr.se/diverse/appdata/isidor/images/news_images/1278/30714_366_220.jpg ou  isso http://vcity-c825.uibk.ac.at/liquidarchitecture/menu_projekte.html pro Rio, já foi sugerida usando o estilo a Cidade do Sexo. Que, obviamente, quando saiu das idéias de um arquiteto para a cabeça do prefeito, foi transferida de Copacabana para a Gamboa. Afinal, Copacabana é lugar de cidadãos de bem(ns).

19.6.08

Irmãs na areia

Uma reportagem do NY Times( fala sobre como as grandes petroleiras estão salivando por lucrativos negócios sem licitação ou concorrência no Iraque.

Faz sentido. Há algum tempo, a tônica dos negócios do setor petroleiro mundial tem sido a saída das Irmãs (bem, do que sobrou delas) do negócio de exploração primária, com cada vez mais campos nas mãos de empresas estatais. Até a esperança latinoamericana gorou, com a PdVSA e a Petrobrás voltando à ativa, e a Argentina e a Bolívia virando bagunça.

Claro que as irmãs ainda têm, nos negócios de refino e distribuição, lucros gigantescos. Mas estão, cada vez mais, alijadas do filé que é "furar poço," como diria o Severino. Sobrou, por enquanto, o caro petróleo submarino da África Ocidental, mas não é o bastante pra todas. Assim, o Iraque, com seu petróleo bom e fácil de extrair, é realmente a última esperança delas.

No Blood for Oil...

18.6.08

Não voltou porque não foi embora

Já tem quem diga que o crime cometido pelo tenente representa uma "volta do AI-5." Besteira. O crime foi denunciado, está sendo investigado, e muito provavelmente será punido. A reação do Estado à atrocidade cometida é até muito melhor do que a que normalmente ocorre em situações semelhantes - não custa nunca lembrar dos milhares de mortos pela polícia brasileira todo ano, muitos com requintes de crueldade.

As condiçóes que tornaram possível a atitude do tenente é que são vergonhosas e sistêmicas. A saber:

1 - O uso do exército para policiamento. Esse uso só pode ser considerado natural num país em que o uso da polícia como exército de ocupação foi generalizado. Exército não é polícia, não funciona como polícia, e não coíbe o crime. Serve para matar inimigos, não manter a ordem. A escala do problema do uso do exército, no caso, é até pequeno comparado ao uso da polícia militarizada. Isto é, não faz diferença o exército ou a polícia fazerem o policiamento, já que a polícia virou exército, mas a polícia está agindo como exército em uma área muito maior.

2 - A cultura corporativa do exército brasileiro, que continua, apesar de estarmos no mais longo e profundo período democrático da história brasileira, sendo a cultura de um exército golpista. Antidemocrática e antipopular. Não se questiona um superior, ainda mais quando se trata de impor a autoridade da Arma perante civis. Se os soldados fossem ensinados a prezar as leis e instituições brasileiras (nem precisava pensar que pobre era gente), teriam recusado a ordem do tenente.

3 - O crime de "desacato." Como o de "apologia ao crime," não tem lugar numa sociedade democrática. Se não estiver impedindo a autoridade de fazer seu trabalho, o cidadão tem, sim, todo o direito de xingar como quiser até o presidente da república. Mesmo que não fosse usado como desculpa para prender quem não fez nada ou justificar comportamento truculento de policiais e soldados, o crime de desacato seria um absurdo.

15.6.08

Brooooother Sun and Siiiiiiiiister Mooon...

Duas coisas reafirmaram minha fé na humanidade nas últimas horas. Uma delas é, provavelmente, mais patética do que inspiradora, e só prejudica as pessoas envolvidas sem nenhuma vantagem: foi constatar, numa madrugada fria, a quantidade de mendigos dormindo ao lado de estátuas que abriam mão de um cobertor para jogá-lo sobre os ombros da estátua. A fraternidade, pelo visto, é mais básica do que querem os darwinistas sociais. O que poderia ser mais desinteressado do que agasalhar uma estátua?

A outra é mais prática, e mostra que, mal e mal, alguma resistência ao estado de controle ainda é possível: trata-se da quantidade de notícias como essa aqui, sobre como os vizinhos de asilados na Europa têm se mobilizado para impedir que o Estado, uma vez processados e negados os pedidos de asilo, mande os pobres coitados de volta para de onde quer que eles tenham fugido.

12.6.08

Curtas

A Folha noticia que 14 de 80 estações de medição de poluição atmosférica em SP registram grau "severo" (o máximo) de poluição. Mais relevante, olhando a tabela que acompanha a reportagem, e não mencionado no texto, é outro dado: a maioria das estações não mede a maioria dos poluentes. Só o ozônio é acompanhado em quase todas elas. Detalhes: 80 é um número ridiculamente baixo, e pra prover todas as estações de todos os medidores, não custaria mais de 200.000 - pro orçamento paulista, dinheiro que se acha no fundo do sofá.


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O Valor noticia que os estados do Nordeste, embora ainda abaixo da média nacional, evoluíram mais rápido na melhoria do Índice de Educação Básica, que aufere o estado do ensino fundamental público no país. Mais vergonhoso, se se ler o gráfico anexo, é que o Rio de Janeiro, com a segunda renda per capita (depois do DF), tenha uma nota quase igual à média nacional, e atrás do Mato Grosso.


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Falando do Mato Grosso, e mostrando por que foi bom a Marina Silva ter voltado ao Congresso, enquanto o Minc faz o ótimo anúncio da redução nos limites de emissão de poluentes, a bancada ruralista pratica o que até o Valor chamou de "política de terra arrasada," apresentando projetos de leis e alterações em leis que simplesmente acabam com toda e qualquer política ambiental ou de regularização fundiária no Brasil, e em particular na Amazônia Legal. E enquanto isso se discute uma merreca como a CSS na primeira página.

10.6.08

O homem branco é um Sísifo

Os bananais em chamas em Camarões permitem aos pentelhos como eu desconfiar do novo fardo do homem branco que cada vez mais é disseminado de mil maneiras primeiro mundo afora. A idéia de que a África esteja na pindaíba porque é "ignorada" pelo mundo, e que esse mundo deveria dar mais atenção a ela para se redimir do colonialismo, esbarra na constatação de que o colonialismo - inclusive armado, afinal pra que diabos serve a Legião Estrangeira? - continua vivo, atuante, e assassino.

Aliás, é exatamente esse probleminha que me faz não gostar da idéia da internacionalização da Amazônia. Não sou nacionalista o bastante pra achar que a posse brasileira sobre aquela área seja mais importante do que o bem-estar dos seus moradores ou a preservação da sua natureza, e sei muito bem que na prática o Brasil trata a Amazônia como uma colônia, também. O diacho é que é muito difícil acreditar na intenção ou capacidade das potências mundiais de tratar a Amazônia de outra forma. Ainda mais sabendo que as ditas-cujas nem preservar o pouco que restou de seus próprios biomas conseguem - as florestas inglesas e alemãs diminuíram mais de 50% no pós-guerra, e a floresta úmida temperada do noroeste americano mais de 80%.

Por outro lado, a real cobiça estrangeira sobre a Amazônia é utilizada da forma mais cara de pau possível por grupos reacionários aqui no Brasil. Porque é necessária muita cara de pau - além de algum racismo - pra dizer que a reserva indígena, sob controle da União, é um corpo estranho, enquanto a terra grilada em associação com conglomerados multinacionais é um baluarte da nação.

E além de cara de pau, a maluquice - achar que o interesse na Amazônia envolveria carregar água pra fora. Mais fácil gastar esse óleo diesel em dessalinizadoras. Se a água da Amazônia for exportada, vai ser como é exportada a água do cerrado brasileiro, ou do semiárido australiano, ou ainda a das pradarias americanas: sob a forma de produtos agrícolas. A produção de óleo de dendê, como na Malásia, nem afetaria o clima, provavelmente caindo na definição Mangabeira Unger de sustentável...

7.6.08

Inventário

Se o Brasil é uma nação "megadiversa" em termos biológicos, em termos etnolinguísticos, é relativamente medíocre. Apesar da enorme área, a densidade de diferenciação étnica, comparada com o Velho Mundo ou mesmo a América Andina e Central, é relativamente baixa.

Bem, mas a área É enorme. E apesar de tudo, nem só o português se fala por aqui, e ele não é tão homogêneo assim. Por isso é uma boa a iniciativa do IPHAN de, finalmente, conduzir um inventário da diversidade linguística brasileira.

5.6.08

Notícias da Maggilândia

O governador Blairo Maggi autorizou a construção, pela empresa Maggi Energia, de uma série de hidrelétricas em Mato Grosso. A empresa foi apenas instada, em atendimento a solicitação da Hermasa (grupo Maggi) a prover as usinas de eclusas.

Não, não é piada. E demonstra o poder que o Maggi tem no estado; por mais que se chamasse Sarney ou ACM de "donos" de seus estados, eles no máximo tinham uma ou outra empresa menor, além do governo. Blairo Maggi tem quase o processo produtivo completo do Mato Grosso, além de uma quantidade incognoscível de terras e do poder político.

Com esse poder todo, o ódio dele pelo ministério do meio ambiente é compreensível. Imagino que tenha ficado pior ainda quando ele começou a soltar os rojões pela saída da Marina Silva, e o Minc não só continuou na mesma linha como ainda por cima sugeriu que a restrição de crédito deixe de se aplicar somente ao desmatamento da Amazônia, mas se extendesse ao Cerrado e Pantanal. Que, afinal de contas, têm sofrido mais com o desmatamento do que a Amazônia.

É um paradoxo: o bioma ameaçado mais famoso do mundo, a Amazônia brasileira, é dos menos ameaçados. Tanto em comparação com outras florestas equatoriais mundo afora (ainda mais agora que as guerras civis da África equatorial estão amainando) quanto com outros biomas brasileiros. Até com outras Amazônias: a situação anda tão braba no Peru, Equador, Colômbia e Venezuela, que cada vez mais o Brasil, sem que isso se note na Metrópole*, está começando a ter um problema de refugiados, principalmente índios expulsos por petroleiras e madeireiras.

Ah sim - falando em Amazônia, o Globo publicou uma matéria sobre o assunto que é quase uma aula de mau jornalismo. Segundo a matéria, o Ministério do Meio Ambiente teria alterado uma resolução do CMN (o que é impossível), a Confederação Nacional da Agricultura é uma entidade sindical - o que talvez seja tecnicamente correto, mas falar de "cumplicidade entre parlamentares e entidades sindicais" deixa parecer que ela é parecida com uma CUT ou Força Sindical - e alega que "especialistas" anônimos dizem que um zoneamento ambiental bem-feito "desagradaria a todo mundo" (bem feito pra quem?).


*Porque a relação entre o Brasil do Sul-Sudeste+Brasília com a Amazônia é de potência colonial.

4.6.08

Pedindo ajuda aos universitários

Na sua tentativa de, a qualquer preço, constituir capital político para uma campanha presidencial em cima de um dos ministérios mais ricos e menos relevantes do Brasil pós-ditadura, Nelsom Jobim dá a entender que pretende fazer uma ampla reforma das instituições militares brasileiras, do alto-comando (que passaria a existir) ao recrutamento (que passaria a existir, de certa forma).

Quanto ao recrutamento, uma das mudanças aventadas é a que instituiria a opção pelo serviço social obrigatório. Não quer servir no exército, pegar em armas, dormir em dormitório, levar esporro de sargento? Ótimo, você vai trabalhar por um ano e meio, uma média de 16 horas por semana, em algum serviço público, recebendo salário mínimo por isso.

Além de achar a idéia ótima (sim, mesmo se for retroativa :P), acho que pode ser uma boa solução pra universidade pública. Veja bem, a universidade pública significa, de certa forma, um subsídio pra quem poderia pagar. Acaba sendo a classe média ascendente que paga por faculdades particulares, enquanto a elite da elite vai para as universidades federais ou pras estaduais paulistas (quando muito, pras PUCs). Mas tornar a faculdade pública paga esbarra em problemas políticos e práticos - estes, relacionados ao custo de um sistema misto, já que obviamente a idéia não é cobrar de todo mundo.

Então, talvez o serviço social obrigatório fosse a solução. Além dos 18 meses a que todo mundo é obrigado, quem se formar em faculdade pública poderia ter mais 18 meses obrigatórios, que podem ser reduzidos em até 2/3 se se aceitar um emprego de tempo integral em local remoto.

17.4.08

Caridade com sofrimento alheio

Um artigo do LA Times, já um pouco datado, fala dos investimentos da fundação Bill e Melinda Gates, que contrastam só um pouquinho com as metas humanitárias da fundação.

Não acho que a idéia do "investimento ético" é a panacéia que tentam vender. Pelo contrário, mesmo que fosse inteiramente focado em empresas realmente éticas - e os índices tanto da Bovespa quanto da NYSE incluem a Aracruz Celulose - ele seria incapaz, por definição, de alterar substancialmente a dinâmica de preços, e portanto a atitude do sistema como um todo, dentro de um livre mercado capitalista. Mas as centenas de bilhões de dólares das fundações filantrópicas americanas poderiam muito bem fazer uma diferença, não decisiva mas pelo menos substancial, se fossem aplicadas em empresas com um padrão mínimo de responsabilidade. Digamos, não "boas," mas pelo menos "não tão horríveis assim."

O problema pra que isso acontecesse é que, por definição, uma fundação deve manter seu dinheiro em aplicações "fortes," para não arriscar a interrupção de suas atiuvidades-fim. Por outro lado, procuram um mínimo de rentabilidade, para conseguir expandir suas operações. E o único jeito de reconciliar esses dois objetivos é a aplicação nas blue chips, as companhias grandes e fortes - que geralmente são justamente as que têm prontuários globais dignos do Lex Luthor.

8.4.08

Dark angelic mills

Desde o final dos anos 70, é comum a noção de que o mundo, e especialmente suas regiões mais ricas, estaria entrando em uma era "pós-industrial." A noção não é de modo algum incontroversa, mas reflete uma realidade: os processos produtivos atualmente se caracterizam por uma produtividade extrema que faz com que menos de 20% da população de um país, trabalhando na indústria, possa suprir todas as suas necessidades materiais. Assim, o trabalhador na indústria começa a trilhar o mesmo caminho que seu avô camponês um dia trilhou, e junto com ele o "capitão da indústria," que ruma ao baú onde o senhor feudal está guardado.
Disse "reflete uma realidade," mas a realidade em questão é uma realidade nocional; pertence ao campo das percepções e imaginários mais do que ao campo da atividade física. Afinal de contas, ainda há gente - e muita - trabalhando no agronegócio, mesmo em países desenvolvidos. A questão é que essa gente passa a trabalhar de acordo com uma concepção e estrutura de produção industriais, ao invés da estrutura camponesa ou feitorial de antes; e com a especialização, muitas tarefas que eram dos próprios produtores de alimentos passaram a se tornar tarefas industriais. Numa sociedade camponesa, apesar de haver artesãos especializados, boa parte da produção eg de pano, ou panelas e potes ou o que seja é feita pelos próprios agricultores. Do mesmo modo, com a "economia do conhecimento," continuam havendo indústrias, mas o proletário passa a se tornar um prestador de serviço em firmas fragmentárias.
Isso não é uma "necessidade" infraestrutural ou tecnológica, mas um resultado em parte de teorias, em parte sim de uma evolução tecnológica, em parte de estratégias deliberadas contra regulamentação governamental e associação dos empregados. Mas por não ser "necessário," não deixa de moldar o mundo em que vivemos. Nesse mundo, muita gente que é filha de proletários ou industrialistas não conhece aquele ambiente no qual os pais viveram; a cultura urbana que surge se percebe como desconectada de uma "realidade" que é o ambiente de produção antigo, do mesmo modo como a formação de uma vida inteiramente urbana isolava os citadinos do século XVIII do contato com a natureza. Ou pelo menos essa é a minha explicação provisória.
Ops. Esqueci de apresentar o que deveria ser explicado.
Se virmos os abundantes projetos de "requalificação urbana" existentes mundo afora, a linguagem e as intenções deles são extremamente parecidos com os dos construtores de parques durante o período 1740-1860. Fala-se de preservar uma herança que faz parte da nossa própria identidade - como seres humanos e como membros de comunidades específicas. São feitos comentários sobre a rápida erosão das oportunidades de conviver de modo adequado, em espaços públicos e comunitários. Até a o contraste com as atitudes passadas (e presentes ainda em círculos menos "avançados") que viam na natureza ou no parque industrial uma selva horrenda é similar.
Então, a preservação do passado industrial faz parte de uma iteração moderna do parque. Jardins e parques, desde que a noção começou, representam uma tentativa de recriação de um ambiente ideal, de certa forma edênico. No limite, como o chahr-bagh persa, representam uma tentativa literal de recriação do paraíso, com as árvores, rios e alinhamento que se acreditava serem característicos deste. Outros, como os jardins italianos da renascença tardia, representavam uma "lição" espiritual e intelectual, um processo de internalização da iluminação; é o caso, também, do tipo de jardim chinês que ficou conhecido no Ocidente pós-nova era como jardim zen.
O que separa o parque moderno de outros jardins, e que ele tem em comum com a tentativa de preservar o ambiente industrial, é que A) o paraíso perdido em questão não faz parte de uma realidade remota e de outra qualidade, inumana, B) o parque não está associado a uma construção ou uso específico (se houver museus, instalações esportivas, ou outras construções dentro do parque, elas que fazem parte do parque, e não o contrário, e C) faz parte da ideologia por trás de sua construção a apresentação deles como essenciais para a preservação/recriação de uma vida comunitária perdida/em degeneração.
Imagino o que não diria um Ruskin (no auge da primeira era dos parques) ao ver os urbanistas de hoje clamarem pela preservação dos dark satanic mills

1.4.08

Porrada fofa

Uma decisão recente da Suprema Corte japonesa negando o julgamento do recurso impetrado contra a condenação, há 42 anos atrás, de um acusado de assassinato, serve pra lembrar que nem tudo muda tanto quanto parece. O Japão obcecado por coisas fofas, desenhos animados e uma realidade cuidadosamente sem conflitos e asséptica de hoje em dia continua sendo, como no passado, um país em que a autoridade e a hierarquia esperam ser obedecidas inquestionavelmente - e têm métodos para garantir isso bastante, ahnn... radicais. Afinal, é uma das poucas democracias do mundo que conservam a pena de morte em tempos de paz.

Não é de se surpreender, quando se lembra que logo depois da administração do doido do McArthur, que democratizou o país e fez uma reforma agrária maciça (sem ligar pra essas besteiras de se o latifúndio era improdutivo ou não), os americanos decidiram que o Japão tinha que ser uma barreira aos soviéticos, tiraram todos os criminosos de guerra do período fascista da cadeia e instalaram no governo. Bem, quase todos - alguns já tinham sido enforcados, então ao invés do governo foram só virar santos na capela onde todo primeiro-ministro vai rezar. (Admita-se : com os crisântemos da família imperial bordados na enorme bandeira branca, é mais bonita do que a média dos monumentos fascistas ou ur-fascistas

25.3.08

A tale of two colonies

A construtora brasileira Camargo Corrêa é responsável, no momento, por um megaprojeto para o governo de Moçambique. Vai ela mesma conseguir o financiamento para construir uma hidrelétrica de grande porte por lá, e vender a energia. A vantagem para o governo são os impostos e a eventual reversão da concessão, já que a energia a ser gerada supera em muito as necessidades moçambicanas, e deve ser quase toda exportada para a África do Sul.
Enquanto isso, do lado de cá da Grande Poça, o candidato favorito nas pesquisas para presidente do Paraguai é o (ex-)bispo Lugos, que promete rever as condições em que o país exporta energia elétrica para o Brasil e a Argentina, numa situação mais ou menos similar.
Tanto numa situação como na outra, Brasil, Argentina e África do Sul estão na condição clássica de imperialistas, mandando trazer matérias-primas de locais distantes, com uma interação mínima com a economia local. E o mesmo, evidentemente, pode se repetir dentro de um país, sem que essa parte da dinâmica seja tão notada porque, por exemplo, caboclos amazônicos e paulistas são "todos brasileiros."
A energia elétrica abundante do Noroeste americano fez com que os estados americanos de Washington e Oregon fossem os grandes centros da indústria aeroespacial do país, junto com a vizinha Califórnia. A energia elétrica abundante do Tocantins, até agora, não levou uma única indústria metal-mecânica para o estado, nem há sinais de que a energia do Rio Madeira, quando este tiver sido detonado para fazer hidrelétricas, alimente alguma coisa a não ser as imensas linhas de transmissão até o Sudeste. Quando muito umas esmagadoras de soja.

11.3.08

Puliça global

Artigo do Le Monde com o diretor da Interpol. O que é assustador é a naturalidade com que o Le Monde trata, como se fosse um ajuste a novas realidades, dos números citados no começo. Decuplicaram os "suspeitos" e "inquéritos" da Interpol nos últimos anos, e esse ritmo de crescimento não dá nenhum sinal de estar diminuindo.

Cada vez mais, para além de suas picuinhas internas, os governos estreitam sua cooperação no sentido de ter mais controle sobre seus cidadãos. Não é paranóia, apesar d'eu ter motivos pessoais pra desconfiar da Interpol (meu bisavô, que era bandido mesmo, veio pro Brasil fugindo dela). É que isso faz parte de toda uma tessitura de ações, que ao contrário da mundialisação das multinacionais e de suas regras de "livre comércio," não suscitou ainda nenhuma resistência em escala global. Assustador, porque a tecnologia já existente (processamento distribuído de informações, RFIDs, monitoramento por satélite, etc) já permitiria, em tese, controlar individualmente as ações de toda uma sociedade.

Nem sei o que é preferível, se esse controle absoluto ou a violência indiscriminada, mais primitiva, à moda da polícia brasileira. Não que não dê pra combinar as duas coisas...

6.3.08

Um artigo De Philippe Askenazy, colunista do Le Monde, fala novamente de manipulação de estatísticas. Prometo que amanhã traduzo, mas por enquanto vai o artigo no original:

Uma comissão presidida por Roger Guenesrie, professor no Collège de France, avalia os livros didáticos de economia e ciências sociais para o ginásio. Ela foi instaurada pelo ministro da educação devido às críticas constantes dos meios patronais, de que os atuais livros seriam "anti-empresa." Para além dessa picuinha, a comissão irá, até maio, propor sugestões de melhoria dos conteúdos.

A leitura das informações estatísticas é um campo no qual a formação secundária e universitária e seus anexos deveriam ser melhoradas. As polêmicas sobre as estatísticas de desemprego, depois sobre o poder de compra, ilustram que o debate é legítimo.


Une commission, présidée par Roger Guesnerie, professeur au Collège de France, évalue les manuels d'économie et sciences sociales pour le niveau lycée. Elle a été installée par le ministre de l'éducation après les critiques récurrentes de milieux patronaux : les manuels seraient "anti-entreprises". Au-delà de cette guerre picrocholine, la commission va, d'ici à mai, proposer des pistes d'amélioration des contenus.

La lecture des informations statistiques est un domaine dans lequel la formation secondaire et universitaire et ses supports sont à améliorer. Les polémiques sur les statistiques du chômage, puis celles sur le pouvoir d'achat, illustrent qu'en débattre est légitime. Prenons deux exemples qui montrent l'enjeu de la compréhension de la façon dont on manipule les chiffres.

Le premier vient de remarques stimulantes d'internautes à ma chronique du 22 janvier. Mon argumentation ferait l'impasse sur un problème posé par le SMIC : un trop fort écrasement de la hiérarchie salariale. A l'appui, les données d'Eurostat, l'office statistique européen, une référence naturelle. En 2005, 17 % des salariés français seraient "payés au salaire minimum", contre 2 % outre-Manche.

En fait, Eurostat n'a pas, cette fois, harmonisé les données des organismes nationaux : définitions britannique et française n'ont rien à voir. Comment est calculé le chiffre sur la Grande-Bretagne ? Accrochez-vous. Il s'agit de la proportion d'employés temps plein qui sont rémunérés, primes incitatives incluses, moins que le salaire minimum horaire plus 0,05 livre, selon les déclarations des employeurs six mois après la hausse du salaire minimum.

La proportion de salariés au salaire minimum en France - 13 % en 2007, soit 4 points de moins en deux ans - recouvre, elle, à la fois les temps pleins et partiels en entreprise payés sur la base du SMIC au 1er juillet, date de revalorisation dudit SMIC. Ainsi un vendeur bénéficiant d'une base au SMIC plus un commissionnement, et touchant au total 3 000 euros par mois, sera considéré comme smicard ! Or, et c'est une évolution de fond, les entreprises multiplient les outils incitatifs additionnels à un salaire de base, rendant le concept français obsolète. Si l'on veut obtenir un chiffre plus proche de la logique britannique, on pourrait compter les temps pleins gagnant moins que 1,02 SMIC horaire : la part de ces "vrais" smicards tombe autour de 5 %. En fait, les entreprises françaises sont capables d'assurer une hiérarchie salariale. Plus étonnant, dans une tribune récente publiée par Le Monde, les auteurs du futur rapport du Conseil d'analyse économique sur le SMIC ont aussi fait une présentation brute de données types Eurostat. Pourquoi ? Nicolas Sarkozy, pendant la campagne, avait habilement saisi l'ambiguïté de cette comparaison erronée qui arrange autant les anti-SMIC que les dénonciateurs d'une France de bas salaires : "De plus en plus de Français sont rémunérés au SMIC : 17 % contre 1,4 % des salariés britanniques... Voilà la triste réalité de notre pays."

Le second exemple vient de l'alarmiste rapport de la commission Attali. Il relève un des "maux" de la France : des dépenses publiques parmi les plus hautes en Europe. Et d'appeler à une réforme de l'Etat pour qu'il soit plus efficace, moins coûteux et, implicitement, éviter sa faillite. Cette fois, les statistiques d'Eurostat sont réalisées sur une base commune de comptabilité. En 2005, la France avait, après la Suède, les plus fortes dépenses publiques : 53,5 % du PIB, soit 9,2 % de plus que le Royaume-Uni.

Mais, pour avoir un diagnostic complet sur cette énorme différence - inchangée en une décennie -, il faut regarder de près ce que recouvrent ces dépenses. Principalement, deux gros blocs. D'un côté, des dépenses régaliennes et éducatives (services généraux des administrations, éducation, justice, police, armée). De l'autre, des dépenses sociales et culturelles (santé, culture et protection sociale : vieillesse, chômage, famille...). En 2005, les premières pesaient 16,6 % du PIB en France contre 15,8 % outre-Manche. La convergence est nette, ces parts étant respectivement de 18,7 % et 15 % en 1995. L'éducation est le facteur principal de cette tendance : quand la France baissait son effort d'un demi-point de PIB, le Royaume-Uni l'augmentait d'un point.

Il demeurerait donc une marge d'amaigrissement de l'Etat, mais pas de miracle. Si l'on veut réduire drastiquement les dépenses publiques, il faudra couper dans les dépenses sociales et culturelles : ce bloc pèse 31,4 % en France contre 23,3 % au Royaume-Uni.

Sauf à recourir à un tour de passe-passe. Si on transfère une bonne part de la protection sociale de la Sécurité sociale à des assurances privées obligatoires (par exemple des caisses de retraite mutuelles paritaires), comme en Suisse ou en Finlande, la France sera enfin dans la moyenne des dépenses publiques en Europe. Pourtant, chacun continuera à "subir" un prélèvement obligatoire et à bénéficier de prestations. Mais il s'agira de dépenses privées obligatoires, donc non publiques...

Les citoyens et les politiques ont tout à gagner à savoir décrypter les chiffres pour mieux poser les débats démocratiques sur l'économique, le social, ou encore la sécurité. Ces compétences sont aussi utiles aux employeurs. C'est aussi, voire plus, fondamental que de construire de nouveaux indicateurs plus "pertinents".

3.3.08

Artesiano

Uma das coisas que eu, e muitos outros, diziamos sobre a eleição do Serginho Cabral pra governador, era que "melhor do que os Garotinhos tem que ser." E em alguns quesitos o vaticínio se revelou verdadeiro. O nível de corrupção passou de espantoso para alto. A atividade-meio do estado, que apesar de demonizada pelos proponentes acríticos do "estado mínimo" é essencial, se ajeitou. A Cedae passou a funcionar. As finanças se equilibraram.

MAS naquilo que é a pior crise do estado do Rio, que mata mais gente em seus territórios ocupados do que Israel na Palestina, o Sérgio Cabral provou que não há poço tão fundo que uma pá não sirva para aprofundá-lo. A mortandade policial aumentou em mais de cinquenta por cento, superando o nível de crescimento já robusto da era do diminutivo.

Não por muito tempo, afinal o Cabral já descobriu como resolver o problema das estatísticas criminais se deteriorando: é só mexer nas estatísticas. . Das poucas coisas boas que os Garotinhos fizeram (que faz com que o Rio esteja bem melhor do que os outros estados brasileiros em divulgação de dados de segurança) está sendo desmantelada pelo hômi.

29.2.08

And a star to steer her by

Admita-se, a vela proposta pela companhia alemã Skysails não tem exatamente a beleza de um clíper ou uma mesmo de uma das barcas que, no começo do século XX, foram os últimos navios a vela em rotas de longo curso, levando minério do Chile pra Europa e EUA, quando a velocidade já era domínio dos vapores. Pra falar a verdade, parece que um pára-quedas gigante ficou preso na proa do navio.

Mas a grande vantagem dela é que, ao contrário de velas modernas mais radicais, como
os juncos metálicos japoneses do segundo choque do petróleo ou o E/S Orcelle, a skysail pode ser adaptada, a um custo relativamente baixo, em qualquer estaleiro, a qualquer navio. É uma solução que não precisa galgar a montanha das práticas, desenhos e interesses preexistentes - mas mesmo assim garante uma redução de 10 a 40% no consumo de combustível. Como os navios de carga consomem mais ou menos 5% do combustível usado no mundo, e esse combustível, o sujíssimo óleo bunker, responde por quase 10% das emissões de gases de efeito estufa, na hipótese de a Skysails ter um sucesso retumbante, algo como 2% da contribuição humana para o aquecimento global poderia sumir.

Não é nada, não é nada, é o equivalente ao total emitido pelo Reino Unido.

26.2.08

Virtude sem virtuosos

A imprensa brasileira, apesar de ser de modo geral bastante de direita, se orgulhou ano passado da oposição dos brasileiros ao aquecimento global. Ora, considerando-se a quantidade de assuntos em que as correntes políticas americanas são copiadas sem mais cá na Terra de Santa Cruz, e lembrando que o aquecimento global é a maior bête noire científica dos conservadores americanos, junto com a evolução e a embriologia, isso poderia parecer esquisito.

É menos quando se lembra que as "dúvidas" sobre o aquecimento global, ao contrário do criacionismo e congêneres, não são derivados de alguma oposição ideológica básica, de cunho moral, mas dos interesses da grande indústria americana, especialmente a automobilística. Enquanto isso, a indústria brasileira não se vê ameaçada pelo debate sobre como conter o aquecimento global, muito pelo contrário - no que têm uma certa razão, já que ninguém no Brasil presta muita atenção à expansão da nossa própria pegada ambiental. Isso apesar de mesmo o álcool, combustível "verde," pode estar contribuindo pra ela, se aumenta o desmatamento.

Agora vai ver o quanto parlamentares e associações industriais concordam com a comunidade científica quando o assunto é desmatamento. Quer ser xingado? Apresenta o estudo recente sobre necessidade de expansão das matas ciliares protegidas por lei na tribuna do Congresso que pretende reduzir as reservas legais.

20.2.08

A nova califórnia

Um artigo na Carta Capital fala das possibilidades de que estaria prenhe a Caatinga. Sempre é bem-vindo, considerando-se a tara pela Amazônia 90% de quem fala em ecologia ou meio ambiente no Brasil. (Como demonstrado pelo mapa dos projetos do WWF, abaixo) Mas, sinceramente, pelo andar da carruagem o semiárido vai virar a Califórnia brasileira é noutro sentido. Vai virar a Califórnia das grandes extensões de terras irrigadas no deserto pra plantar hortaliças e frutas, e o Velho Chico vai ter o mesmo destino do Colorado - bem, talvez não tão poluído quanto o seu primo americano, mas igualmente exangue