O próprio idealizador do modelo de cálculo do Produto Interno Bruto (PIB) já avisava sobre o perigo de se fetichizar o número resultante como se ele se tratasse de uma realidade concreta; pior, como se a dimensão do crescimento dele fosse um fim em si.
Os EUA do período Clinton, com sua exuberância irracional, são dos melhores exemplos de por quê crescimento do PIB não é necessariamente algo tão bom assim. Durante o período, apesar de uma das mais longas fases ininterruptas de crescimento do PIB na história daquele país, a renda mediana - isto é, 50% da população recebe menos, 50% recebe mais - permaneceu estagnada, enquanto a infraestrutura pública se degradava. O "crescimento" beneficiou aos mais ricos, mas não foi tão útil assim pra maioria da população americana. Já tem economista que de socialista não tem nada propondo a substituição da renda per capita pela renda mediana como cálculo da riqueza, por isso mesmo.
Não é o caso do Brasil de Lula. Pelo contrário, pela primeira vez na hiftória defte paíf são justamente os mais pobres que estão vendo sua renda aumentar mais. É um testamento à desigualdade de renda brasileira que o crescimento chinês da renda dos 20% mais pobres não resulte em crescimento tão alto assim do PIB total.
Mas o Brasil-PT se aproxima muito mais de outro caso de fetichismo pelo crescimento econômico, que são os países anteriormente ditos comunistas. Isso porque, afinal, "entre um cerradinho e a soja, Lula é soja." Não se dá conta, portanto, que o cerradinho, o açozinho, ou o que quer que seja zinho - zinho, no caso, significa megaempreendimentos - tem efeitos negativos que, muitas vezes, ultrapassam de muito os efeitos positivos. Até, a longo prazo, pode influenciar pra baixo o sacrossanto PIB. Uma previsão, baseada em investimentos anunciados, para o Brasil na próxima década:
a) O Brasil vai deixar de ser um país de eletricidade renovável.Em vários estados, mais de 90% da energia elétrica virá de fontes minerais.
b) A indústria pesqueira, tanto artesanal quanto comercial, vai entrar em colapso, com o represamento de rios e devastação de manguezais.
c) O Rio de Janeiro terá índices de poluição atmosférica dignos de cidade chinesa, com a resultante alta nas internações e mortalidade infantil.
d) A produtividade agrícola de muitas áreas vai baixar, com processos de desertificação e o fim dos serviços digrátish prestados pelas áreas de "pastagens degradadas" (ou seja, mato) às plantações vizinhas, como polinização e controle de pragas.
e) Com o corte de nascentes e afluentes, a disponibilidade de água para hidrelétricas irá baixar em até 30%.
Nenhum comentário:
Postar um comentário