Pesquisar este blog

23.5.05

Desfazendo mitos

Segundo a Folha de São Paulo, um estudo do IBGE derruba o mito de que poluição do ar está relacionada principalmente à existência de fábricas, indústrias e ao excesso de veículos nas ruas.

Como é de praxe em declarações bombásticas da imprensa, ler a matéria é recomendado. No caso, nem precisa procurar a fonte original, e a própria matéria já desfaz o desfeito. Afinal, o que a pesquisa mostra é, não a importância de cada fator na poluição atmosférica, mas a prevalência desses fatores entre os relatados pelas prefeituras brasileiras. Isso é, quantos dos 1200 municípios que disseram sofrer com a poluição do ar listaram entre seus poluentes esses fatores.

Ora, desses 1200 municípios, é difícil crer que a maioria fosse de cidades grandes. E, realmente, no campo e nas cidades pequenas, sem indústrias, a poluição do ar realmente está mais ligada à agropecuária e à poeira das estradas. Além disso, a própria pesquisa aponta que muitas prefeituras de cidades que sofrem com a poluição atmosférica não mencionaram o fato.

Pelo título da Folha, você imaginaria algo mais polêmico do que "cidadezinhas reclamam mais frequentemente de poluição de queimadas e poeira do que de indústrias e escapamentos." O "mito" de que fala a Folha - a importância dos gases produzidos por chaminés e canos de escapamento na poluição - continua sendo verdade. Experimente conferir quem reclama mais de poluição, o morador do sertão ou o de Duque de Caxias.



PS existe, sim uma anomalia de fontes poluentes no Brasil. As queimadas e os arrotos bovinos são, aqui, marginalmente mais importantes na emissão de gases do efeito estufa (CO2 e CH4) do que a queima de combustíveis fósseis, enquanto no resto do mundo esta é de longe a principal fonte.

2 comentários:

nenhum disse...

Mais ou menos. Se consideramos as grandes cidades, aonde de fato a poluição afeta a qualidade de vida, o carro é a principal fonte de poluição.

Ao menos em São Paulo é.

thuin disse...

Em quase qualquer lugar (a exceção são as cidades, como Teerã, Ryadh, ou Pequim, vítimas de enormes quantidades de poeira por conta da região onde estão).

O "mito" de que a Folha fala não é mito, é a mais pura verdade, como até eles poderiam ter percebido, se tabulassem as reclamações de poluição dando peso às cidades igual à sua poluição, e contando nas estatísticas as cidades que não reportaram poluição (a não ser que essas 5000 cidades brasileiras que não reclamam de poluição tenham 100% de ruas e estradas asfaltadas, e não conheçam a queimada).