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28.5.05

Ainda é pouco, mas é um passo

Um milhão de pessoas estão sendo alfabetizadas no programa de alfabetização do MEC. Universalizar a alfabetização é pouco, pouquíssimo, quase nada. Até a universalização do ensino médio não significa necessariamente um povo educado. Mas é uma revolução social tão grande quanto a universalização fundiária, ei quei ei reforma agrária. Algumas consequências:

Num dos muitos livros "pensando o Brasil," um ensaísta* fala de seu sonho do Brasil com ensino médio universalizado, no qual a empregada lhe anota o recado, ao invés do Brasil real onde a empregada não sabe ler. Sinto muito, mas numa situação de acesso universal ao conhecimento, empregadas domésticas ficam muito mais caras. A não ser que ele imagine uma empregada importada da Bolívia ou das Filipinas, como nos EUA.

O debate sobre cotas, que hoje significa o acesso de uma classe média e média-baixa negra emergente à faculdade, passaria a representar realmente a "inclusão dos excluídos," ao invés de "a inclusão dos próximos 20%."

A indústria cultural sofreria uma transformação, de escala quanto geográfica quanto na sua dependência do governo. Aliás, toda a geografia econômica e social do Brasil mudaria.

Boa parte da diferença de renda entre os sexos está relacionada à baixa educação - não porque as mulheres são menos educadas, mas porque profissões masculinas exigindo pouca educação formal são mais bem pagas do que as feministas (com a possível exceção da diarista servindo em casa de rico, que é classe média).


*esqueci quem no momento; prometo passar na livraria e dar edit aqui.



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O PV faz parte da coalizão que elegeu Blairo Maggi. E pretende reeleger. Também fez parte da coalizão do Ivo Cassol, que está nas manchetes por conta do autogrampo, mas poderia ter chegado lá por conta da sua ferrenha oposição a qualquer coisa que cheire a ambientalismo, com direito a bate-boca entre ele e a Marina Silva.

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Mea culpa : o "descarmamento" teria pontos negativos; por exemplo, o desaparecimento de uma classe de microempresários que são os caminhoneiros; um baque na indústria automobilística nacional; um gasto alto, principalmente para vencer a serra costeira; o encarecimento e sucateamento das estradas de rodagem.

Aliás, não existe NADA (nem a Sabrina Sato) que só tenha pontos positivos. Se alguém tentar dizer que existe, está pregando, e não discutindo. Me lembrei disso por conta da declaração de um executivo japonês ao Lula, "no Japão, estabilidade de longo prazo é por 30 anos, não 5." A fábula moral do capitalismo contemporâneo justifica o ganho do capitalista pelo risco que ele corre; daí, teorias surgidas com base nela dizem que risco e lucro são sinônimos. Ora, a cultura empresarial japonesa é alérgica a risco desde o período Taisho, no mínimo, e a economia japonesa é a que mais cresceu no mundo. Os coreanos, que imitaram o modelo japonês em boa parte, são a segunda.


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Falando na Coréia, que queria mudar de capital, a África do Sul vai fazer o mesmo. Bem, quase - como não tem dinheiro, a África do Sul vai só mudar o nome. Olha só - uma decisão simples, em que ficar contra ou a favor é difícil. Que estranho.

Um comentário:

nenhum disse...

O descarmento poderia gerar muitos empregos a longo prazo. A decadência ferroviária colocou várias regiões de SP -alta Paulista e Vale do Paranapanema- na pobreza. São regiões com população em queda.