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15.5.05

Estado cafetão

O ministério da saúde rejeitou uma verba de 40 milhões de dólares dos EUA, porque a verba estava condicionada à condenação da prostituição.

Aparentemente, alguns senadores brasileiros gostariam de seguir os seus pares americanos

Do site do PSDB


Jornal do Senado (13 de maio) - O senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) acusou o governo federal de estimular a prostituição. Segundo o parlamentar, isso estaria ocorrendo porque o Ministério do Trabalho, em seu site, define a categoria "profissionais do sexo" na lista da Classificação Brasileira de Ocupações.

- Este é um governo trapalhão, que pode ser processado por cafetinagem. Só faltava isso ao Brasil: um governo cafetão. Mas é isso o que é o governo Lula - declarou Antero.


O senador mencionou em seu discurso matéria publicada no jornal Correio Braziliense segundo a qual um juiz da Vara da Infância e da Juventude do Distrito Federal, motivado por essa mesma questão, solicitou que o Ministério Público Federal investigue o Ministério do Trabalho.

- O ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini, que já foi responsabilizado por maus-tratos aos anciãos quando ordenou o cadastramento de todos os aposentados do país, agora estaria estimulando os jovens a se prostituir. O governo deveria ter mais responsabilidade com a sociedade brasileira - afirmou. Antero também criticou o que chamou de "inesgotável capacidade do governo do PT de criar confusão e de gerar situações que desgastam sua própria imagem".

Os senadores Arthur Virgílio (PSDB-AM) e Romeu Tuma (PFL-SP) expressaram apoio às posições de Antero. Virgílio sugeriu que o ministro do Trabalho fosse convocado para esclarecer a polêmica. Já Tuma disse que o discurso do senador de Mato Grosso parecia a "leitura de um relatório policial".




Da coluna do senador Eduardo Valium Suplicy , no JB:

Antero Paes de Barros (PSDB-MT) usou a tribuna para um discurso bombástico para fazer ''a mais grave denúncia que até então qualquer pessoa poderia imaginar sobre este governo''. Sobretudo porque a Igreja e todas as organizações religiosas iriam criticar severamente o que chamou de '' grande pecado''.

Ele disse ter descoberto no ''site'' do Ministério do Trabalho que o ministro Ricardo Berzoini estava promovendo a prostituição, estimulando jovens a se prostituir. Isto porque naquele ''site'' referente à categoria ''profissionais do sexo'' na lista da Classificação Brasileira de Ocupações, estava descrito o que normalmente fazem as pessoas que vivem de vender o seu corpo. Antero Paes de Barros estava à toda: ''Só faltava isso ao Brasil: um governo cafetão. Mas é isso o governo Lula'', disse, enfático.

Os senadores Arthur Virgílio (PSDB-AM), Romeu Tuma (PFL-SP) e Heloísa Helena (PSOL-AL) expressaram apoio às posições de Antero. Virgílio sugeriu que o ministro do Trabalho seja convocado para esclarecer os fatos. Tuma disse que Antero estava fazendo a leitura do que parecia ser um relatório policial. Heloísa Helena afirmou seu ''protesto e indignação'' em relação ao ato do ministério.

Logo após a sessão encontrei o ministro Ricardo Berzoini e lhe contei sobre o episódio. Se estivessem bem informados, os senadores teriam mudado os seus discursos. Quem foi o responsável pela criação da Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), em cuja lista as profissionais do sexo estão, entre mais de três mil ocupações? Foi o presidente Fernando Henrique Cardoso e o seu ministro do Trabalho, Paulo Jobim, que anunciaram a nova CBO, em 10 de outubro de 2002, após extenso trabalho. A anterior era de 1972. Mais de sete mil pessoas pesquisaram sobre todos os tipos de ocupações realizadas pelos brasileiros, desde as de médicos, professores, engenheiros, advogados até as de cacique, mãe-de-santo, mestre de bateria de escola de samba; pajé, parteira, raizeiro - e também profissionais de sexo.

A nova CBO foi saudada, dentre outros, pelo economista Roberto Macedo, do PSDB, em artigo no Ö Estado de São Paulo'', de 17.10.2002: ''A CBO revela como o mercado de trabalho se estrutura no sentido ocupacional, descrevendo as ocupações existentes e a formação educacional necessária para exercê-las, entre outros aspectos.

A descrição do que constitui a atividade dos profissionais do sexo na CBO, portanto, não é incentivo do governo Lula nem do de Fernando Henrique à prostituição, mas um bom trabalho de pesquisa.

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