Rola uma briga, no momento, por conta da autorização dada pela prefeitura do Rio para que ergam, entre os Arcos da Lapa e a Catedral, um prédio de 44 andares. Da briga, estou fora; a idéia de que arranha-céus "descaracterizam" a Lapa é meio estranha, já que parte do charme do centro do Rio é justamente o contraste entre o moderno e o antigo. De qualquer ponto do largo da Lapa dá pra ver os espigões da Chile.
O que me choca, entretanto, é o Eduardo Paes falando que a autorização foi concedida porque ajudará a "revitalizar" a área. Defendi a revitalização da zona portuária porque, ao contrário da maioria das áreas "revitalizadas" mundo afora, ela está mesmo morta, com uma população pequena e decrescente, e menos ainda empregos. Mas a palavra revitalização, geralmente, quer dizer mesmo gentrificação, ou, em outras palavras, expulsar os pobres para dar lugar aos ricos, com ajuda do governo e muita especulação imobiliária. E é difícil imaginar um exemplo mais claro disso do que na declaração da Duda. Alguém consegue ir na Lapa numa noite de sexta e dizer que àquilo falta vida?
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Quando furacões assolaram o Haiti, foram prometidos 300 milhões em ajuda. Não pingou um centavo. A ver se dessa vez sai alguma coisa. Só pra constar - o valor pago pelo Haiti à França de 1804 a 1879, corrigido e sem juros, tá por volta de E21bn. O valor pago em diversas extorsões (é, extorsões na cara dura) feitas à França, Reino Unido, EUA e Alemanha dá uns outros E9bn. É só devolver parte do roubado, não precisa fazer caridade não.
2 comentários:
Hmm,
não precisa ser na sexta-feira não.
Já fui segunda à noite na ver música na Comuna da Semente - tava lotadaço, e tinha gente cantando e dançando na rua.
A zona portuária tá morta e abandonada. É um lugar central, etc. Faz muito mais sentido, realmete.
Tenho a impressão de que algumas pessoas vão, mais uma vez, revitalizar seus bolsos...
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