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26.11.04

O programa de multinacionais brasileiras

Encarnado na AmBev, que recebeu grana do BNDES pra fazer algo que deveria ter sido proibida de fazer - a fusão de duas empresas gerando uma fatia de 70% do mercado de um produto, o programa, apoiado em versões diferentes pelo BNDES do Lessa, mas iniciado pelo FH, visava à criação de empresas brasileiras "capazes de concorrer em escala mundial." Já tem um resultado marcante, pelo menos -


Ser milionário no Brasil é uma coisa. Mas estar na lista dos milionários da Suíça, um dos países mais ricos do planeta, é demonstração de ter realmente muito dinheiro. É o caso de Jorge Paulo Lemann, sócio da Inbev e controlador da Americanas, que depois de frutificar seus negócios no Brasil tem de novo residência também no país de seu pai, onde acaba de ser incluído na lista dos 300 mais ricos.

O empresário é um dos fundadores do banco Garantia, hoje Credit Suisse First Boston (CFSB), foi o controlador da Brahma e articulador da fusão com Antarctica. Recentemente, tem se dedicado à filantropia com a Fundação Lemann, voltada para a promoção da qualidade da educação brasileira.

Lemann tem uma fortuna entre US$ 875 milhões e US$ 1,3 bilhão, pelos cálculos "prudentes" da revista suíça de economia "Bilan". É uma soma bem superior ao acumulado por boa parte de tradicionais famílias suíças de banqueiros, industriais, da construção civil etc.


Bom, como cidadão também da Bélgica (onde fica a nova dona da AmBev), gostaria de agradecer muito pela grana. (Tá, ela saiu também de mim como brasileiro, mas tem 18 vezes mais brasileiros pra dividir do que belgas...)

25.11.04

Cota é burro

Deixando de lado todo o debate sobre ação afirmativa, sobre as diferentes formas de racismo, sobre a importância da discriminação social, sobre se a universidade deve mesmo ser "democrática," sobre o estado das escolas no Brasil, sobre o gasto federal em educação. Tudo isso à parte, cotas são burrice. Nos EUA, paìs de origem da argumentação a favor delas, elas foram proibidas pela Suprema Corte (como forma de discriminação), mas isso são questões de política e direito diferentes, já que a proibição da discriminação também se aplicaria a qualquer forma de ação afirmativa. No caso das cotas, foram derrubadas porque a Suprema Corte decidiu que podiam ser caracterizadas como discriminação negativa direta.

Cotas são burras porque, se a intenção é fazer com que uma desvantagem histórica não prejudique o aluno, não faz sentido tirar completamente o mérito acadêmico da escolha, e porque é de um racismo horrível fazer "vestibulares separados." Ainda mais pra 50% das pessoas, como há projeto de lei propondo. Porque, com cotas desse jeito, canetando uma revolução social imediata como essa, o papel da universidade como fábrica de canudos é reforçado, em detrimento de insignificâncias como ensino e pesquisa. Porque elas dão razão ao argumento reaça de que assim vai ter muito aluno sem o mínimo de preparo na faculdade, e assim reforçam o preconceito.*

Quer fazer um programa de ação afirmativa, sem largar o vestibular**? É fácil - os alunos dos grupos beneficiados ganham um número tal de pontos extras, que contam igual a quaisquer outros pontos.

Tudo bem que eu ainda acho que uma ação afirmativa social (seja "baixa renda" em geral, seja "favelados") seria melhor do que uma em bases racistas. Note que, não existindo "cultura negra" e "cultura branca" isoladas no Brasil - dentro de cada classe social; na prática, cultura negra, nas regiões em que isso se aplica, é a cultura "popular", enquanto cultura branca é a de classe média. Ou, como disse um rapper paulista, "na periferia, japonês também é preto - um programa de ação afirmativa social também vai ter o efeito de enfiar um monte de preto, paraíba, caboclo, e o que mais seja de grupos sociais discriminados no Brasil.***



* Note-se que o que é desvantagem pra uns, é vantagem pra outros. O "movimento negro," em boa parte, lamenta a falta de um racismo forte e explícito, que teria ajudado a criar uma "consciência racial." O aumento do preconceito contra negros suscitado por um sistema de cotas é, pra eles, uma coisa boa.

**Diga-se de passagem, a ação afirmativa nos EUA existe, entre outras coisas, porque lá não há vestibular, e para contrabalançar as vantagens sociais que os brancos têm no processo de admissão - incluindo o possível preconceito da parte do entrevistador.

***Aliás, ninguém vai fazer nada pelos imigrantes? Já tem um número razoável de imigrantes ilegais, geralmente comendo o pão que o diabo amassou, no Brasil, principalmente bolivianos e angolanos.

22.11.04

Caminho de Volta

Assistindo um debate na TV entre o Sérgio Werlang e o possível novo vice do BNDES, sobre autonomia do Banco Central.

Lembrando de uma frase do Hobsbawm, sobre quando a burguesia européia, no final do século XIX, se deu conta de que a democracia era um caminho sem volta, e passou a pensar em como influenciar e controlar o Estado democrático.

Pois bem, e não é que isso de caminho sem volta estava errado? Por um lado pela evolução, inicialmente norte-americana, de um modelo de organização social e weltanschauung baseado na "comunidade," ao invés da "sociedade." Que tem até muito a ver com o próprio sistema jurídico anglo. Pelo outro lado, pela "blindagem" do aparelho do estado contra a "política" - que é outro nome para democracia, mas política soa mal - visando à melhor eficiência técnica.

Só tem uma pergunta que fica no ar - se eles acham que o presidente do banco central é importante demais pra ser demissível, quem mais o é? O ministro da defesa? O da educação? Energia? Tudo isso depende de estratégias de longo prazo.

Dissonância Cognitiva

Quem diria que os ídolos do PT, representantes da Esquerda, cuja queda é chorada em verso e prosa...pertenceriam ao PMDB e à ARENA.

Tudo bem, não é tão difícil assim de entender. Enquanto nas potências centrais a esquerda é (relativamente) anti-nacionalista, anti-militarista, e anti-corporativa, a associação com o anti-imperialismo faz com que uma aproximação da esquerda com esses setores, desde que qualificáveis de nacionais, se torne quase uma regra. Afinal, o exemplo máximo do desenvolvimentismo, pelo menos até o seu fim em 1992, foi o da Rússia, que de país agrícola e medievalesco no começo do século vinte, em trinta anos conseguiu derrotar a Alemanha na guerra, e em outros trinta se equiparar aos EUA em vários ramos da indústria e tecnologia.

Os presidentes do BNDES que saíram (Darc Costa, durante a ditadura, pensou em fazer uma represa no Amazonas) eram admiradores, não do socialismo, mas do "socialismo realmente existente." Queriam fazer uma Magnitogorsk em Itaqui, uma Leningrado no Rio. Quando se voltavam para o capitalismo, admiravam também o seu exemplo perfeito, os Zaibatsus, Kereitsus e Chaebols do modelo japonês - a megacorporação capitalista que se tornou o vilão dos escritores cyberpunks. Em parte por conta dessa sua vontade de ajudar quem já é rico, tiveram um desenpenho pífio no BNDES. Melhor que o da era FH, mas "melhor que o FH" e nada é a mesma merda. E olha que os juros de longo prazo, em que o Lessa punha a culpa, já não são muito altos, não. Com inflação de 7%, tão em 3% de juro real ao ano. Abaixo do Risco Brasil.

Justiça seja feita - Lessa só começou a panfletar reclamando do BNDES no dia seguinte, ao contrário do Cristóvam Buarque, que reclamava do MEC enquanto ainda era ministro.

Posso dizer uma coisa? Se o próximo "representante da esquerda petista" a sair for o Tarso Genro, e ele levar o companheiro Dutra, eu pelo menos não reclamo nem um pouco. Podia pôr o Pochman ou a própria Marta em algum daqueles tijolos de Brasília...

18.11.04

Surpresas do dia

O Meirelles subiu os juros (afinal, pra ele, a culpa dos juros altos é de um neoliberalismo imperfeito). Com a subida dos juros, o real subiu de preço. Populismo cambial II a missão?

A concorrência pra construir as instalações da vila do Pan 2007 só tem um consórcio concorrendo. Que coisa. É quase como se existisse um acerto entre as empreiteiras e a prefeitura do Rio.

15.11.04

Chile- neoliberal até na cadeia

Não que o Brasil, entre o reconhecimento da China como "economia de mercado" e a idéia de acabar com o BNDES e outros créditos dirigidos, não tenha uma quedinha, mas...



Francisca Vega
Santiago

O casarão da rua Capuchinos 746 é perfeito. O piso do pátio do antigo edifício está um espelho de tão bem encerado. Vestígios na grelha do churrasco indicam que não passou muito tempo desde o último festim. “Todos aproveitam bastante a piscina”, diz Marta Arias, dona da casa. “Mas homens e mulheres a utilizam separadamente.” Essa divisão não é questão de pudor, mas de categoria. A esbelta e bem apessoada Marta é subinspetora e chefe do Anexo Centro de Detención Preventiva Santiago, cadeia mais conhecida como Capuchinos, onde cumprem suas penas ex-ministros, empresários, líderes políticos, ricos e famosos do Chile.

Bem-vindos à única penitenciária cinco-estrelas da América Latina para réus em julgamento e condenados por crimes econômicos. Na ‘‘Prisão Caixa Alta’’, que só aceita réus pouco conhecidos se comprovarem boa conduta, não há assassinos, violadores ou seqüestradores de baixa categoria. Nela, o quente são grandes desfalques, malversação de fundos e fraudes. “Aqui você se torna especialista em economia e finanças”, diz um interno. “Você pode topar com conhecidos que jamais imaginaria que teriam problemas.”

Capuchinos não tem grades e, além de banhos de sol, oferece mais regalias, o que o faz diferente dos outros presídios latino-americanos. Para começar, por lei, seus presos VIP pagam pelo luxo uma mensalidade de até US$ 140. Homens e mulheres dormem em lugares separados e dificilmente um guarda aceita suborno.

No edifício de três andares, só há capacidade para 120 pessoas, que dormem em quartos individuais. Cada andar acarpetado possui os mesmos espaços comuns de uma casa de família. Há um pequeno living, onde os presos podem conversar; uma cozinha, uma sala de jantar e TV a cabo. Durante o dia, os prisioneiros podem mover-se por todos os espaços quase sem restrições. Os mais concentrados preferem disputar o desafio de xadrez no living.

Do lado de fora, no pátio central, perto da piscina de 10 metros de comprimento, um reluzente campo de futebol de salão reúne ilustres e policiais num campeonato no qual competem equipes batizadas como “Somos Inocentes” ou “Venho por um Dia e Vou Embora Amanhã”. Se o prisioneiro é um bom tenista, encontrará uma rede para improvisar um court, e uma academia com quatro equipamentos. Os presos também jogam tênis de mesa ou se divertem nos impecáveis bilhares, onde há letreiros com a frase “Cuide da mesa”.

Como o pagamento é legal, em Capuchinos ninguém esconde a comodidade. Com seus dólares, os internos garantem boa comida, médicos, capela e, melhor, vivem entre iguais. “As leis estabelecem que a pena deve ser cumprida e os internos perdem a possibilidade de livre circulação”, diz Juan Carlos Pérez, diretor da Gendarmería de Chile, organização que administra a prisão.

A lei é clara nesse sentido. As Nações Unidas estabelecem que os prisioneiros devem ser separados por tipo de delito, ter um espaço digno, comunicação e segurança. Claro que isso é apemas no papel, pois, segundo a mesma organização, mais de 80% dos processados por delitos econômicos na América Latina estão amontoados em pavilhões imundos.

pessoas educadas. Em tese, ser condenado por um golpe financeiro na América Latina implica viver apertado como sardinha em lata junto com algum criminoso barra-pesada e pedir aos céus para não ter de dormir abraçado com um serial killer estuprador. Quer dizer, isso se o golpista chega a ser condenado. Além do mais, eventuais privilégios são obtidos geralmente de maneira ilegal, por meio de suborno. Por outro lado, o sistema chileno fere o princípio de igualdade. “Na Argentina, todos devem ser tratados como iguais, têm direitos idênticos e se separam por prisões conforme o delito que cometeram e suas características como réus”, garante Enzo Gómez, diretor da Escuela Penitenciaria de la Nación Juan José O’Connor, em Buenos Aires. Mas existe a possibilidade de cruzar com um homicida em algum pátio? “Sim.”

12.11.04

Rumbo al Futuro

O futuro, esteja bem entendido, é a Argentina de 1910.



http://www.revistacontratiempo.com.ar/escenarios2.htm

A revitalização da Região Portuária

Como tudo no governo Cesaropapista, é uma mistura de factóides, promessas vazias, destruição urbana, e muito dinheiro na mão de empreiteiras. O presidente da Firjan, que é apresentado pelos jornais como um empresário em briga com a encarnação do mal, o casal Garotinho, é o comparsa. Como se a Firjan, o César Maia e o Garotinho não fossem una farza, una raza.

Alguns pontos biitos -

- Precisa do Guggenheim. Pela grana já gasta sem que o Guggenheim saísse do papel, dava pra transformar o Píer Mauá num belo terminal de passageiros-mercado. Pela grana do Guggenheim, dava pra fazer em algum canto do Rio (sugiro o Fundão) o maior aquário público do mundo, triplicar o Zoológico, e transformar o Museu Nacional numa atração internacional. Três vezes o chamado turístico, mais um retorno científico, pelo mesmo preço.

- A idéia é usar o Píer Mauá pro Guggenheim e aí construir outro píer pra ser terminal de passageiros. Sou só eu que acho meio desperdício, tirar pra pôr?

- Ao contrário de outros portos revitalizados, o cais da Gamboa, a exemplo do terminal de passageiros da Mauá, ainda tá sendo usado. Se a ameaça de renascimento da cabotagem se concretizar, mais ainda. Não há nenhum plano de expandir o cais do Caju, e Sepetiba não serve como desculpa.

- O projeto original prevê a miamização como revitalização, com um shopping center enorme na Francisco Bicalho, e uma ciclovia sinuosa, com coqueirinhos, no lugar dos trilhos e guindastes. Tem uma maquete de computador mais nova em que os coqueirinhos, pelo menos, foram tirados, e a ciclovia retificada.

11.11.04

Sai o doido...

Demitiu-se John Ashcroft, o ministro da justiça americano, que entre seus feitos conta ter perdido a disputa pro senado, para um oponente que morreu antes da eleição, gasto 8000 dólares pra pôr roupa nas estátuas do seu ministério, e a música "let the mighty eagle sooooooooooooar." É o primeiro a mudar, no novo ministério Bush. O substituto não é boa notícia - pode não ser um fanático religioso como Ashcroft, que se fazia ungir e mandava todo mundo rezar com ele, mas...



Mr Gonzales will oversee US anti-trust investigations and corporate crime cases, and his appointment is likely to be greeted favourably by US companies. After studying law at Harvard in 1982, he went to work for Vinson & Elkins, a large Texas law firm. He compiled a strong pro-business record in his stint on the Texas Supreme Court.

He is certain to face tough questioning at his Senate confirmation hearings. As White House counsel, he wrote a 2002 memo advising Mr Bush to deny Geneva convention rights to prisoners in the war on terrorism. After the Abu Ghraib prison-abuse scandal earlier this year, memos also surfaced in which Justice Department lawyers advised Mr Gonzales that prohibitions against torture of detainees could be loosened without breaking US or international laws.
(Financial Times)

10.11.04

De quem é a conta

Artigo do Villas Boas Corrêa fala da "vergonhosa" colocação brasileira no índice de educação do IDH, e do desmatamento "recorde," como motivos para o governo federal se envergonhar.

Deixemos de lado o fato de que a colocação brasileira no IDH se refere ao governo passado, nem nunca foi melhor do que isso, a incompetência quase homérica dos dois petistas que ocuparam a cadeira da educação (Cristóvam Buarque escrevia artigos conclamando o governo federal a fazer alguma coisa, como se o ministro não fosse ele; Tarso Genro só chegou perto do assunto "educação" para defender as cotas raciais), e a força da corrente "desenvolvimentista" no governo Lula (desenvolvimentismo significa "taca a escavadeira"), ou a falta de aparelhamento, não só do Ibama, mas de todas as agências do ramo no governo federal (INPI, Receita, a parte de fiscalização da PF, até a àrea de meteorologia), ou que "não ter resolvido um problema" seja uma acusação meio de chefe do Dilbert.

Vamos à obsessão com Brasília da imprensa brasileira, estimulada pelo próprio governo federal (aí incluído em "governo," como deveria, não apenas o executivo, mas também o congresso), nessa nossa federação Doutor Ulysses.

O governo federal não pode, pela constituição de 88, se vangloriar nem ser criticado tanto assim pela educação. Que a educação brasileira é municipal, depois estadual, e só então federal. Apesar da hecatombe sofrida no governo FH (queda de 87% no orçamento do MEC), as universidades federais brasileiras estão, relativo ao resto, até bem, mesmo hoje. Produzem bem mais do que os "rivais" latinoamericanos. Um professor universitário ganha, em média, 13 vezes o salário de um primário. A educação brasileira que é uma merda é a primária e secundária. Nem tem como um "município" sem receita própria se dispôr a melhorar a educação, a não ser por capricho bondoso dos vereadores (pagos com dinheiro de fora). E os estados ainda seguem o mote de Washington Luís.

Quanto ao desmatamento, mais uma vez, em princípio o IBAMA só age em terras federais, reservas indígenas, ou fronteiras entre estados. O que até faz sentido, dentro de uma federação feita para preservar o poder das oligarquias locais (como toda federação é, de certa forma; a diferença é que, nesta, o poder delas depende do governo central, não é orgânico). E 80% do desmatamento brasileiro se concentra em dez municípios, 90% em três estados. Os governadores dos três estados já declararam pra quem quiser ouvir que são, eles mesmos, desmatadores contumazes. Imagino que os prefeitos dos dez municípios também o tenham feito.

Pro mal ou pro bem - principalmente pro mal - o BRasil é uma federação. Às vezes eu até penso que seria melhor não ser. Pra muita gente, já não é, pelo visto.

Humor militar?

Fairfax, Va. — The Marine and Army forces now entering Falluja, Iraq have prepared for this fight for some time, and not just since the collapse of Saddam Hussein's regime last spring. Our military has a long history of training for and battling against unconventional enemies - the Revolutionary War, the Indian wars, Vietnam and, in particular, a battle few American think much about: the invasion of Panama City in 1989.

In the effort to topple the corrupt government of Manuel Noriega, the American military pulled off one of the most complex and risky operations in the history of warfare. The elements were daunting: a diversity of urban and jungle terrain; a need to synchronize air power, airborne troops, light forces and special operations troops (some 23,000 Americans in all) on nearly 30 simultaneous missions; and a desire to keep civilian casualties and damage to a minimum. Yes, some things went wrong, and two dozen Americans were killed. But on the whole it was an overwhelming success.

That fight served to inform, teach and train a generation of leaders, many of whom are entering Falluja today. The young lieutenants, corporals and privates of 15 years ago are now battalion commanders and senior sergeants in Iraq. They carry with them the scar tissue of experience.

Urban fighting is grinding, destructive and deadly. When I entered Baghdad last year the city was without power, order or livestock. Dead horses rotted in the slums of Sadr City while looters, called "couchpushers" by the coalition troops, made off with everything. Nothing was without value; everything was pilfered. But other than a few isolated spots where there had been pitched battles, the city wasn't destroyed.

In Falluja things may be different. We will use precision weapons where there is a high probability of killing innocent Iraqis, but for the most part we will use conventional artillery, mortars and rockets. Buildings will crumple - the train station demolished on Monday will not be the last - because we will destroy them and so will the insurgents. Dust will be everywhere, small fires and smoke will obscure the vision of our troops and the enemy.

But it will not be as out of control as it may seem; the destruction will have a purpose. We will not do what the Russians did to Grozny, the capital of Chechnya: level the city and completely strip it of its form and shape. Our goal is to bring democracy and liberty to Iraq, and that won't happen if we destroy whole cities and towns. Fortunately, our soldiers have extensive training in urban operations down to the platoon and company level.

A surpresa e o absurdo

Que empresários no Brasil preferem embolsar o dinheiro a reinvestir no negócio é uma "surpresa" - o absurdo é que existe no Brasil uma lei OBRIGANDO as empresas a pagar dividendos, ao invés de reinvestir tudo. Taí um belo par de "reformas microeconômicas" que estimularia muito o crescimento, mas ao contrário das que beneficiam empresários, essas eu não ouço o Palocci mencionar. Reverte a lei de dividendos (pagamento máximo ao invés de mínimo), e corta as ações preferenciais da existência. Ações preferenciais são ações sem direito a voto na empresa, isso é, que só servem pra receber dividendos mesmo (e para serem negociadas em bolsa, claro). As "PN" não existem na maioria dos países, e é em parte por causa delas que existe a lei de dividendos, para proteger o vivente que compra uma e não tem o que fazer contra as decisões dos ON.

Detalhe - as melhores pagadoras de todas, chegando a 20%, são as prestadoras de serviços públicos privatizadas, as mesmas que reclamam ajuda do governo pra pagar sua dívida, que inclui a "dívida" com as matrizes estrangeiras.




Os investidores brasileiros têm o que comemorar quando o assunto é o ganho obtido com a distribuição de lucros para os acionistas. Estudo feito pela consultoria Economática, a pedido do Valor, mostra que o Brasil está entre os primeiros colocados no retorno obtido com dividendos.

Levando em conta a relação entre os proventos distribuídos pelas empresas e as cotações dos papéis que formam os principais indicadores dos mercados de ações de seis países, o Índice Brasil 50 (IBrX-50) proporcionou nos últimos 12 meses um retorno de 5,15%. Com isso, o Brasil só perde para o Chile no campeonato de retorno com a distribuição de dividendos e juros sobre capital próprio, entre os países analisados pela consultoria.

O Índice de Preços Seletivos de Ações (IPSA) chileno acumula média de 6,63% de retorno sobre o preço das 40 ações do indicador, ponderadas de acordo com sua participação no indicador. Chama a atenção que, nos últimos 12 meses, o Brasil está à frente mesmo de mercados considerados "mais desenvolvidos" acompanhados pela consultoria, como Espanha, cujo IBEX 35, da bolsa de Madrid, teve um dividend yield de 2,97%.

Nos EUA, o retorno de proventos do Standard & Poor's 500 foi ainda menor, de 1,55%, percentual considerado bastante baixo pelos especialistas em carteiras de dividendos. Dos papéis, 124 empresas não distribuíram dividendos nos últimos 12 meses.

Desconsiderando os pesos de cada ação na carteira - o que elimina a concentração de casos como o da Petrobras e das empresas de telecomunicações -, em uma média simples, o Brasil mostra um desempenho ainda melhor, de líder no ganho com a distribuição de dividendos. O retorno é de 4,42% sobre o valor inicial das ações no IBrX-50. O Chile viria em seguida, com 4,23%. O S&P 500, dos EUA, continuaria na lanterna, com 1,33% de dividend yield.

Uma explicação dos analistas para a boa colocação do Brasil é o baixo preço das ações, o que aumenta o peso dos dividendos no cálculo. No entanto, nos 12 meses anteriores a 5 de novembro o Ibovespa acumulou variação de 28,59%, enquanto o IBrX-100 subiu 45,01% e o IBrX-50, 42,42%.

Especialistas reconhecem que a cultura de dividendos está crescendo no Brasil, indo além dos 25% obrigatórios pela Lei das S/A. Mas lembram que, muitas vezes, esta "boa vontade" pode estar associada à concentração do controle, ou seja, à quantidade de ações que o dono possui, já que ele também recebe dividendos proporcionais. Estas empresas podem dar frutos, mas menos voz ao acionista.

O diretor para América Latina da Economática, Einar Rivero, lembra que muitas ações nos EUA têm procura forte de investidores mesmo sem a distribuição de dividendos. Ele usa o exemplo da Microsoft, que ofereceu proventos pela primeira vez nesse ano. Nos EUA, a maioria das empresas prefere reinvestir os lucros, em vez de pagar dividendos, o que aumenta o valor das ações. Não há uma lei de dividendo mínimo como aqui.

Serra Tamborindeguy

Não, apesar dele merecer, esse não é um artigo pra falar mal do Serra, mas da coluna do Ancelmo Gois, que virou a Hilde.


Aliás...

Serra, que descansa em Buenos Aires, está maravilhado com o cinema latino-americano. Já viu cinco filmes, todos argentinos e colombianos.

A mala também já está cheia de livros.








As moedas de um euro e de R$ 1 são parecidas (não no valor, o que é uma pena).

Acredite. Em Paris, uma brasileira recebeu duas vezes moedas de R$ 1 como se fosse de euro.






O irmão de Rita

Deu no “Le Monde”.

O jornalão francês publicou na edição de segunda uma longa reportagem elogiando a Trama, gravadora independente criada por João Marcelo Bôscoli, irmão de Maria Rita, e André Szajman.

9.11.04

Gigante pela própria natureza

Lembrando do dado, aceito por todo mundo, de que cada município brasileiro representa uma cidade, cada distrito uma vila, e portanto 80% da população é urbana, e a maior parte das "cidades" não tem equipamentos culturais básicos.

Bom, estava lendo um texto sobre a China - e lá, para sublinhar o gigantismo dela, o autor lista os números - China has 31 provinces, 656 cities, 48,000 districts, seven major dialects and 80 spoken tongues.

Ou seja, o Brasil é dez vezes maior que a China!

PS o link pro artigo anterior tá aí em cima.

5.11.04

Eu quero

É uma jóia do kitsch neofascista. Sério. Todo mundo devia comprar um. De preferência, com cartão de crédito roubado.

Inflação de Bush

Com a reeleição de Bush, a sua política pró-Seven Sisters continua. A reserva americana de petróleo - gigantescas cavernas de sal no Golfo do México, projetadas, logo após os Choques da OPEC, para liberar óleo quando o preço ficasse muito alto ou as importações parassem, vai continuar enchendo (liberar, nem pensar). No fundo, estão servindo ao seu papel, o de fornecer aos EUA, apesar de sua condição de importador, falta de controle direto sobre a indústria, privada, e produção declinante, uma condição de controlador de preços, parecida com a da própria OPEC.

O que ninguém poderia imaginar é que um presidente americano usasse ela para manter o preço do troço, não apenas alto, mas quase o dobro do preço "ideal." E é assim que, logo depois da reeleição do dito cujo, boa parte dos títulos do Financial Times fala do reajuste de preços de derivados, a ser efetuado em países onde há controle (incluindo o Brasil). Estavam todos esperando pra ver se o alto preço do barril ia se reeleger, apesar das reinvindicações da mídia e políticos de oposição, aqui, por um reajuste, e denúncias de que este não acontecia por conta da eleição. Note-se que o preço de um reajuste, para a economia, é similar ao de aumentar os juros...

Quais os motivos desse preço alto, se baixar um marxista ortodoxo aqui, e descontar a possibilidade de que Bush esteja simplesmente ajudando os cupinchas? Como um petróleo alto beneficiaria a burguesia americana, maior consumidora de energia do mundo? Existe mais de um ângulo. O primeiro é uma questão de atrito econômico - o alto preço da energia prejudica a produção americana, mas a Índia e a CHina têm uma necessidade de energia por dólar produzido muito maior. Fora isso, o alto preço do petróleo não parece estar impedindo a economia americana de se desenvolver, e permite assim o esticamento da bolha de juros baixos. Finalmente, o alto preço do petróleo dá uma sobrevida às tiranias aliadas no Golfo Pérsico, que passam a poder oferecer pão e circo a uma população que dobrou ou triplicou desde a formação da OPEC.

O problema da idiotia do Bush é esse - as burrices que ele faz, quase invariavelmente, resultam em algo bom, ou pra ele pessoalmente, ou para um projeto de poder americano. Chamar ele de Bismarck o palhaço pode ser demais, mas ignorar as tais vantagens também é perigoso.

3.11.04

Lição eleitoral

Marqueteiros não prestam.

Pelamordedeus, o Duda Mendonça tinha que ser preso, não pela rinha de galos (eu como carne, então não posso falar nada), mas pela incompetência. Depois da grana que ele teve, um contingente grande de pessoas dizer "acho que ela fez um bom trabalho, mas não vou com a cara dela"? Nos EUA, o contrário - os marqueteiros do Bush são gênios, já que as pessoas dizem "poxa, todas as merdas aconteceram quando ele tava de serviço, mas não foi culpa dele, ele é tão bonzinho."

Conclusão - nem uma nem a outra coisa são culpa dos marqueteiros, e sim dos candidatos, e de uma atenção à personalidade dos candidatos, que precisaria de uma discussão maior. A Marta pode ser uma ótima prefeita, mas é uma perua chata, e o Bush é o desastre em pessoa, mas é um fratboy, figura que eu acho um porre, mas muita gente gosta.

Então, despeçam os marqueteiros, e chutem a política da opinião pra pqp.

Ah, se pegarem a galera de educação e política social de SP pra trabalhar no governo federal, eu agradeço. Depois das múmias paralíticas de ministros nessa área, tô aceitando qualquer um, mas se o que a Marta fez em Sampa se repetisse pelo Norte ou Nordeste, ou pelas "Zonas Leste" das outras regiões metropolitanas, ia ser uma boa.

1.11.04

O pólo siderúrgico Lessa-Vale

É digno de um Brasil Grande. São 24 milhões de toneladas de aço, quase igual a tudo que é produzido no Brasil de hoje. Também é exemplar da globalização contemporânea - à medida em que produtos industriais viram commodities, empresas localizadas em países desenvolvidos deslocam a produção deles para os países periféricos. Ganham com os custos mais baixos, e se livram do passivo ambiental que a indústria pesada implica. No caso do pólo siderúrgico do Maranhão, as candidatas a fazer isso são a Arcelor belga (a Bélgica foi o primeiro país da indústria pesada, até um pouco antes da Grã-Bretanha), a Krupp alemã (que na verdade é Krupp-Thyssen, reunindo os dois rivais do período áureo da indústria pesada), e a Posco coreana (a novata entre as três, e mais nova até do que a CSN, mas na Coréia não havia alternativa ao desenvolvimento industrial). As três pretendem fabricar placas no maranhão - é o produto siderúrgico mais barato, e pode ser exportado para outras siderúrgicas da mesma companhia, para que lá produzam itens mais sofisticados. Isso é, fabricariam o aço-commodity propriamente dito, principalmente em função do aumento do preço do minério de ferro e do frete, que faz com que carregar ferro do Brasil e da Austrália fique mais caro.

Ganham mais; em nome do desenvolvimento, tecnocratas nos tais países periféricos, como o Lessa aqui, praticamente pagam a eles para isso, com suas visões de um desenvolvimento industrial baseadas no "catching-up" forçado. Mais ou menos as mesmas que tiveram o maior de todos os sucessos na União Soviética - onde Chernobyl, Magnitogorsk, e o Mar de Aral mostram o resultado ambiental, e a produção industrial maior que a do Ocidente em 1980 não impediu o colapso econômico e social.