Uma das defesas das ditaduras que às vezes se ouve é a noção de que na ditadura, varridos os políticos, teríamos menos corrupção; os próprios militares certamente parecem acreditar nisso em suas invectivas no clube militar.
A noção é, evidentemente, asinina, mais até do que a maioria das defesas das ditaduras. Logicamente, porque se há menos transparência e controle externo dos afazeres do Estado há mais espaço para roubar. Historicamente, porque as ditaduras não varrem com políticos, só os substituem por outros; mesmo os políticos civis hoje tidos como exemplos de roubalheira Brasil afora ascenderam na política justamente durante e como aliados da ditadura - Sarney, Maluf, ACM, e Collor foram todos interventores, governadores nomeados pelos generais. E os políticos sem esse nome, militares, foram (e continuam sendo, num ministério que gasta tanto quanto os da Saúde e da Educação, sem que muito se veja disso por aí) extremamente corruptos. Exemplo disso (e com perdão à morta) é o Figueiredo. O obituário de sua viúva no Globo fala em "dificuldade financeira" pela qual ela vendeu, entre outras coisas, duas telas do Di Cavalcanti. Realmente, pagar condomínio de apartamento de luxo na praia de São Conrado e manter um haras na região serrana deve custar caro; imagino que os trocados das telas do Di tenham ajudado.
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