Enquanto foi estatal, a Vale do Rio Doce nunca se constituiu em monopólio. Estava até meio removida da estrutura produtiva nacional: era basicamente uma produtora de minério para exportação, com uma estrutura logística dedicada. Uma estrutura logística dedicada sem tamanho, diga-se - os terminais da Vale em Vitória e São Luís são ambos maiores do que o porto de Santos, pelo critério de toneladas de carga movida, e o conjunto Vitória-Minas/Porto de Tubarão (Vitória) já transportava boa parte do minério de terceiros para exportação.
Foi privatizada em um só lote (o que, por conta da falta de capital disponível no Brasil para comprar uma empresa desse tamanho, significou "privatizada de graça"), e desde então tem agido como seria natural uma empresa com a geração de caixa que tem agir: comprando as concorrentes, tanto na área de mineração quanto na de logística. A Vale, hoje, é quase monopolista na exportação de minério de ferro, e somou às suas estradas de ferro a FCA e uma participação de 40% na MRS (a segunda, menor, é também mais importante, porque liga, em bitola larga, os principais centros industriais do Brasil). Isso permite, entre otras cositas más, que ela jogue pesado com as mineradoras que sobraram e siderúrgicas, o que fez com que o preço do minério de ferro brasileiro se aproximasse do preço internacional.
Agora, a empresa considera mais um passo no caminho do monopólio logístico, a compra da Brasil Ferrovias.
Um comentário:
O pior é que a FCA arrendou da Brasil Ferrovias o trecho Boa Vista-Araguari da antiga Fepasa/Mogiana, o que dá um contorno de malha bem superior ao do mapa do Ministério dos transportes. Isso engloba cidades como Uberlândia, Uberaba, Mogi-Mirim e Ribeirão Preto.
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