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21.12.05

En Français dans le texte

Pra muita gente, com a ascensão da china ao posto de potência global, o Putonghua vai tirar o inglês do papel de língua global. Ou melhor, erroneamente falando do "Mandarim," já que o putonghua é apenas um dialeto de mandarim. Ou melhor ainda, acertadamente falando mandarim, já que "mandarim" referia-se originalmente à língua oficial (guanhua, na época) chinesa, não ao conjunto de dialetos (línguas) no qual ela se inscreve, que é o significado moderno. De qualquer jeito, à "língua da China."

Na minha opinião eminentemente ignorante: Claro que qualquer afirmação do vigor continuado de uma língua franca é arriscada; acho que não seriam poucos os que, até há relativamente pouco tempo, achariam estranha a noção de que o francês pudesse perder seu papel de língua franca entre os círculos diplomáticos, por exemplo. Mas aí é que está a questão: línguas francas não estão associadas diretamente ao vigor de uma potência hegemônica, mas a uma elite transnacional que por algum motivo fala aquela língua. A França foi central na Europa por muito tempo? Foi, mas nunca chegou a ser "hegemônica." A França de Richelieu e do Rei-Sol, no auge de sua força, nunca conseguiu expandir suas fronteiras, e não foi por falta de tentativa - as pessoas ficam impressionadas com Versailles, mas Luís XIV gastou seis vezes mais no exército do que na corte. O francês, no entanto, era falado, por vários motivos, pela nobreza européia, dos Pirineus aos Urais. Era uma língua de cultura, que não era necessariamente associada à França.

Do mesmo modo, o inglês, hoje - ou melhor, um pidgin English meio assustador - é uma língua que já perdeu a relação direta com os EUA (sem negar a continuada, e talvez crescente, irradiação cultural americana), e tomou o poder associado mais com uma nova elite (a mudança na constituição da comunidade científica, especialmente no pós-guerra, e a ascensão dos tecnocratas e administradores) do que com os Estados Unidos em si. A não ser que algo mude muito na subida chinesa, esta parece se dar reproduzindo a cultura "managerial," e não representando uma alternativa a ela.

Em tempos: o número de falantes nativos do putonghua ainda é relativamente exíguo. Uma das maiores zonas onde se concentram é Taiwan, porque a República da China sempre foi mais, ahan, insistente quanto ao seu uso do que a República Popular da China. Inclusive, enquanto putonghua significa "língua comum" (no sentido de língua franca, que nem no Tolkien e outros mundos de fantasia derivados), em Taiwan o nome é guoyu, "língua nacional."

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