A Economist, que eu já vinha pensando em parar de ler, se redime com um par de artigos. O primeiro foi o sobre o laboratório de tudo mencionado abaixo; esse link agora é para um artigo sobre economistas que denunciam o lugar-comum repetido por governos (incluindo o do Brasil), organizações internacionais (todas), ONGs (a mais famosa é a Oxfam), e a mídia (incluindo a própria Economist): de que os subsídios agrários dos países ricos oprimem os países pobres.
A coisa é simples : para um agroexportador, é concorrência desleal, claro. Mas
a) a maioria dos países pobres não são agroexportadores
b) os países muito pobres têm direito, pelas regras européias, a vender seus produtos à Europa pelo preço interno desta - que é altíssimo, graças à intervenção do governo. Se quiserem comprar, compram pelo preço internacional - que é deprimido pelos subsídios euro-americano-nipo-canadenses.
ah sim,
c) os países pobres também têm seus subsídios ao agronegócio
A conclusão de um dos economistas citados faz sentido : a supressão dos subsídios, tanto ricos quanto pobres, poderia prejudicar muitos países, mas seria, no longo prazo e combinada a uma política fundiária, útil para as populações rurais desses países. (O que não é a mesma coisa)
Auferre, trucidare, rapere, falsis nominibus imperium; atque, ubi solitudinem faciunt, pacem appellant.
Pesquisar este blog
31.3.05
29.3.05
3D Printer
A economia do conhecimento se baseia, teoricamente, na criação de conhecimento. Cínicos diriam que na criação de patentes. Agora aparece algo com o potencial de mudar essa economia :
Neil Gershenfeld, the director of the Massachusetts Institute of Technology's Centre for Bits and Atoms, has built version 1.0 of the personal fabricator, and it is already being deployed around the world.
The “fab lab”, as Dr Gershenfeld has nicknamed his invention, is a collection of commercially available machines that, while not yet able to put things together from their component atoms, can, according to its inventor, be used to make just about anything with features bigger than those of a computer chip. Among other tools it includes a laser cutter that makes two-dimensional and three-dimensional structures, a device that uses a computer-controlled knife to carve antennas and flexible electrical connections, a miniature milling machine that manoeuvres a cutting tool in three dimensions to make circuit boards and other precision parts, a set of software for programming cheap computer chips known as microcontrollers, and a jigsaw (a narrow-bladed cutting device, not a picture puzzle). Together, these can machine objects with a precision of a millionth of a metre. The fab lab's purpose is to endow inventors—particularly those in poor countries who lack a formal education and the resources to implement their ideas—with a set of tools that can translate back-of-the-envelope designs into working prototypes.
Neil Gershenfeld, the director of the Massachusetts Institute of Technology's Centre for Bits and Atoms, has built version 1.0 of the personal fabricator, and it is already being deployed around the world.
The “fab lab”, as Dr Gershenfeld has nicknamed his invention, is a collection of commercially available machines that, while not yet able to put things together from their component atoms, can, according to its inventor, be used to make just about anything with features bigger than those of a computer chip. Among other tools it includes a laser cutter that makes two-dimensional and three-dimensional structures, a device that uses a computer-controlled knife to carve antennas and flexible electrical connections, a miniature milling machine that manoeuvres a cutting tool in three dimensions to make circuit boards and other precision parts, a set of software for programming cheap computer chips known as microcontrollers, and a jigsaw (a narrow-bladed cutting device, not a picture puzzle). Together, these can machine objects with a precision of a millionth of a metre. The fab lab's purpose is to endow inventors—particularly those in poor countries who lack a formal education and the resources to implement their ideas—with a set of tools that can translate back-of-the-envelope designs into working prototypes.
28.3.05
Pobre menino rico
O www.nominimo.com.br já teve pretensão a fazer um jornalismo de elite. Hoje, o último jornalista do site, Xico Vargas, deu a mesma notícia que podia ser lida no Gi Notícias. Quer dizer, quase a mesma - a versão No Mínimo carrega mais na retórica, e esquece de avisar que a notícia foi plantada pela assessoria do César Maia.
Por coincidência, eu li uma matéria que saiu há tempos sobre auditoria no HSE. Graças à magia do Google, aí vai ela :
revela irregularidades em hospitais
Investigação em 5 unidades federais no Rio constatou mau uso de dinheiro público
LUCIA MARTINS e KARINE RODRIGUES
RIO - O Ministério da Saúde economizou R$ 14 milhões, cancelou pelo menos 50 contratos e investiga 50 servidores públicos suspeitos de envolvimento em irregularidades nos cinco hospitais federais do Rio. Esses são os resultados preliminares de auditorias que acabaram de ficar prontas e levantaram os "ralos" do dinheiro público nessas unidades. Os relatórios estão sendo encaminhados para o Ministério Público Federal (MPF) e para a Polícia Federal.
A investigação durou quatro meses e foi realizada no Instituto Nacional de Câncer (Inca), no Instituto Nacional de Traumato-Ortopedia (Into), no Hospital de Cardiologia de Laranjeiras, no Hospital dos Servidores do Estado (HSE) e no Hospital Geral de Bonsucesso. Em alguns deles, a Polícia Federal e o MPF já abriram seus próprios inquéritos e preparam operações para prender servidores públicos, como é o caso do Into.
As auditorias encontraram casos de mau uso de dinheiro público em todas as unidades. Os casos mais absurdos foram descobertos no Into e no HSE. No primeiro, já foram recuperados R$ 3 milhões e a direção quer entrar na Justiça para tentar reaver outros R$ 6,3 milhões. A maior parte é de casos de licitações ou contratações de emergência para beneficiar fornecedores.
Uma das irregularidades que já foram transformadas em inquérito policial foi a contratação de quatro empresas para reformar o CTI do hospital. A auditoria descobriu que o contrato, no valor de R$ 300 mil, era feito com três empresas de propriedade da mesma pessoa e com uma quarta pertencente à mulher de um funcionário do Into. A auditoria também encontrou falsificações em pareceres jurídicos para autorizar compras de material para o hospital.
O HSE, um dos maiores do Rio, atendendo 3 mil pessoas por dia, não realiza mamografias e tomografias apesar de ter máquinas de última geração. Os equipamentos foram comprados em 2002, mas os funcionários não sabem usá-los.
A direção também encontrou problemas em dezenas de contratos. Na maioria deles, as empresas não respeitavam o que foi acertado no papel.
Apesar do pagamento de R$ 172 mil para manutenção do prédio, havia entupimentos e vazamentos em todos os banheiros. As ambulâncias desapareciam, apesar de o hospital pagar para ter três carros à disposição durante 24 horas. Ainda havia irregularidades nos serviços de limpeza e lavanderia. A revisão levou a uma economia de R$ 100 mil mensais. Mas, depois de cancelar contrato com uma empresa de serviços gerais, começaram a ocorrer ameaças de morte.
Uma funcionária da nova empresa contratada foi agredida por dois homens armados. A diretora do hospital, Ana Lipke, teve seu consultório particular invadido e depredado. O mesmo ocorreu com o diretor do Into, Sérgio Côrtes, que, depois de sofrer várias ameaças anônimas, recebe proteção de policiais federais.
O ministro da Saúde, Humberto Costa, disse que pretende criar uma comissão de representantes das unidades federais e realizar, mensalmente, uma reunião para discutir as mudanças nos hospitais. Costa prometeu vir ao Rio uma vez por mês para acompanhar de perto essa situação. "Sabemos que todos (os hospitais) têm problemas. E já vimos que há corrupção pesada e, em alguns casos, podemos perceber até a atuação do crime organizado", afirmou o ministro.
Na sexta-feira, Costa esteve no Rio para empossar o novo diretor-geral do Inca, José Gomes Temporão. No instituto, uma sindicância do ministério já apurou várias irregularidades cometidas pela equipe do ex-diretor-geral Jamil Haddad, também nomeado pelo ministro.
A ex-diretora administrativa é acusada de ser a responsável pelo desabastecimento do hospital. O ministério apura se houve má-fé de Zélia Abdulmacih. A auditoria também levantou problemas administrativos anteriores à gestão de Zélia e Haddad. E apura se há beneficiamento de empresas fornecedoras.
Denúncias - A auditoria do Ministério da Saúde não detectou irregularidades no Hospital Geral de Bonsucesso (HGB), administrado pelo médico Victor Grabois desde 2000. O relatório afirma que o diretor conseguiu uma redução de cerca de 36% no preço pago na compra de material e medicamentos. Mas o Núcleo Sindical do hospital vai encaminhar hoje ao ministro Costa um pedido de afastamento de Grabois, réu em sete processos por improbidade administrativa no HGB e em outro hospital do Rio e condenado, em primeira instância, em dois deles.
No ano passado, ele foi obrigado pela Controladoria-Geral da União a devolver aos cofres públicos R$ 2,3 milhões, valor referente a contrato firmado, sem licitação, com a Fundação Escola Nacional de Saúde Pública.
Apesar de o contrato ter sido suspenso, Grabois não restituiu o dinheiro.
"Recentemente, ele contratou outra empresa por mais de R$ 1 milhão para melhorar o gerenciamento da unidade, mas isso não aconteceu. Há cerca de 700 pacientes na fila de espera por cirurgia geral. E é preciso aguardar mais de quatro meses para fazer exames radiológicos e ultrassonografias", acusa Júlio Noronha, diretor do Núcleo Sindical do HGB. A Assessoria de Imprensa de Grabois disse que as acusações são "políticas" e alegou que o parecer da controladoria não é definitivo.
PS eu não devo ser o único a achar a origem do link meio desconfortável...
Por coincidência, eu li uma matéria que saiu há tempos sobre auditoria no HSE. Graças à magia do Google, aí vai ela :
revela irregularidades em hospitais
Investigação em 5 unidades federais no Rio constatou mau uso de dinheiro público
LUCIA MARTINS e KARINE RODRIGUES
RIO - O Ministério da Saúde economizou R$ 14 milhões, cancelou pelo menos 50 contratos e investiga 50 servidores públicos suspeitos de envolvimento em irregularidades nos cinco hospitais federais do Rio. Esses são os resultados preliminares de auditorias que acabaram de ficar prontas e levantaram os "ralos" do dinheiro público nessas unidades. Os relatórios estão sendo encaminhados para o Ministério Público Federal (MPF) e para a Polícia Federal.
A investigação durou quatro meses e foi realizada no Instituto Nacional de Câncer (Inca), no Instituto Nacional de Traumato-Ortopedia (Into), no Hospital de Cardiologia de Laranjeiras, no Hospital dos Servidores do Estado (HSE) e no Hospital Geral de Bonsucesso. Em alguns deles, a Polícia Federal e o MPF já abriram seus próprios inquéritos e preparam operações para prender servidores públicos, como é o caso do Into.
As auditorias encontraram casos de mau uso de dinheiro público em todas as unidades. Os casos mais absurdos foram descobertos no Into e no HSE. No primeiro, já foram recuperados R$ 3 milhões e a direção quer entrar na Justiça para tentar reaver outros R$ 6,3 milhões. A maior parte é de casos de licitações ou contratações de emergência para beneficiar fornecedores.
Uma das irregularidades que já foram transformadas em inquérito policial foi a contratação de quatro empresas para reformar o CTI do hospital. A auditoria descobriu que o contrato, no valor de R$ 300 mil, era feito com três empresas de propriedade da mesma pessoa e com uma quarta pertencente à mulher de um funcionário do Into. A auditoria também encontrou falsificações em pareceres jurídicos para autorizar compras de material para o hospital.
O HSE, um dos maiores do Rio, atendendo 3 mil pessoas por dia, não realiza mamografias e tomografias apesar de ter máquinas de última geração. Os equipamentos foram comprados em 2002, mas os funcionários não sabem usá-los.
A direção também encontrou problemas em dezenas de contratos. Na maioria deles, as empresas não respeitavam o que foi acertado no papel.
Apesar do pagamento de R$ 172 mil para manutenção do prédio, havia entupimentos e vazamentos em todos os banheiros. As ambulâncias desapareciam, apesar de o hospital pagar para ter três carros à disposição durante 24 horas. Ainda havia irregularidades nos serviços de limpeza e lavanderia. A revisão levou a uma economia de R$ 100 mil mensais. Mas, depois de cancelar contrato com uma empresa de serviços gerais, começaram a ocorrer ameaças de morte.
Uma funcionária da nova empresa contratada foi agredida por dois homens armados. A diretora do hospital, Ana Lipke, teve seu consultório particular invadido e depredado. O mesmo ocorreu com o diretor do Into, Sérgio Côrtes, que, depois de sofrer várias ameaças anônimas, recebe proteção de policiais federais.
O ministro da Saúde, Humberto Costa, disse que pretende criar uma comissão de representantes das unidades federais e realizar, mensalmente, uma reunião para discutir as mudanças nos hospitais. Costa prometeu vir ao Rio uma vez por mês para acompanhar de perto essa situação. "Sabemos que todos (os hospitais) têm problemas. E já vimos que há corrupção pesada e, em alguns casos, podemos perceber até a atuação do crime organizado", afirmou o ministro.
Na sexta-feira, Costa esteve no Rio para empossar o novo diretor-geral do Inca, José Gomes Temporão. No instituto, uma sindicância do ministério já apurou várias irregularidades cometidas pela equipe do ex-diretor-geral Jamil Haddad, também nomeado pelo ministro.
A ex-diretora administrativa é acusada de ser a responsável pelo desabastecimento do hospital. O ministério apura se houve má-fé de Zélia Abdulmacih. A auditoria também levantou problemas administrativos anteriores à gestão de Zélia e Haddad. E apura se há beneficiamento de empresas fornecedoras.
Denúncias - A auditoria do Ministério da Saúde não detectou irregularidades no Hospital Geral de Bonsucesso (HGB), administrado pelo médico Victor Grabois desde 2000. O relatório afirma que o diretor conseguiu uma redução de cerca de 36% no preço pago na compra de material e medicamentos. Mas o Núcleo Sindical do hospital vai encaminhar hoje ao ministro Costa um pedido de afastamento de Grabois, réu em sete processos por improbidade administrativa no HGB e em outro hospital do Rio e condenado, em primeira instância, em dois deles.
No ano passado, ele foi obrigado pela Controladoria-Geral da União a devolver aos cofres públicos R$ 2,3 milhões, valor referente a contrato firmado, sem licitação, com a Fundação Escola Nacional de Saúde Pública.
Apesar de o contrato ter sido suspenso, Grabois não restituiu o dinheiro.
"Recentemente, ele contratou outra empresa por mais de R$ 1 milhão para melhorar o gerenciamento da unidade, mas isso não aconteceu. Há cerca de 700 pacientes na fila de espera por cirurgia geral. E é preciso aguardar mais de quatro meses para fazer exames radiológicos e ultrassonografias", acusa Júlio Noronha, diretor do Núcleo Sindical do HGB. A Assessoria de Imprensa de Grabois disse que as acusações são "políticas" e alegou que o parecer da controladoria não é definitivo.
PS eu não devo ser o único a achar a origem do link meio desconfortável...
27.3.05
Haja óleo de peroba
César Epitácio Maia gosta de passar a bola adiante. Um de seus motes, repetidos por quem (peça a Deus que o mate e ao diabo que lhe carregue) vota nele, é que o Rio tem problemas de saúde pública por conta da Baixada. Quando explicaram a seu secretàrio RCC que a porcentagem de pacientes vindos da Baixada, 18%, era menor do que a média das regiões metropolitanas, em que 20% dos pacientes nas capitais é da periferia, e muito menor que os 40% alegados por ele, Ronaldo César explicou em nome de César que os pacientes podem estar mentindo sobre o próprio endereço.
23.3.05
Reforma agrária às avessas
Está pronta e começa a sair do papel nos próximos meses a nova política nacional de irrigação, um projeto do governo federal para buscar maior envolvimento de grandes empresários na agricultura irrigada e explorar o potencial do país no setor. Apenas 3,15 milhões de hectares cultivados - ou 5,9% das propriedades rurais - usam algum método de irrigação para melhorar a produtividade do campo. Trata-se de um percentual ínfimo em relação a outros países e representa só 10,5% do potencial brasileiro em agricultura irrigada.
Discutida desde abril de 2004, a nova política de irrigação terá como principal mudança o direcionamento dos novos projetos de irrigação ao agronegócio de grande porte. Tradicionalmente, pequenos produtores e assentamentos rurais têm sido o maior foco do governo no momento de distribuir as terras em volta dos empreendimentos de irrigação.
Há projetos levados a cabo pela iniciativa privada, mas a maior parte da infra-estrutura de irrigação é desenvolvida pelo poder público, que depois entrega lotes para programas de agricultura familiar. Mesmo no Vale do São Francisco, conhecido pela recente pujança agrícola, a maior parte das propriedades é de pequenos e médios produtores e os grandes lotes dificilmente passam de 300 hectares.
Quando iniciou as discussões para reformular a política nacional de irrigação, o governo deparou-se com uma situação desanimadora: visitou 72 perímetros de agricultura irrigada e constatou que havia pouco mais de 200 mil hectares de terras cultivadas, com projetos implementados. Outros 103 mil hectares estavam ociosos. Por falta de financiamento, pouca assistência na formação de cooperativas ou simples desinteresse, boa parte dos assentados havia desistido.
Baseado no cálculo de que o investimento médio para viabilizar a produção agrícola irrigada é de US$ 10 mil por hectare, além de US$ 5 mil adicionais para fornecer capital de giro aos produtores, o governo ficou chocado com a quantidade de gastos perdidos. "A ociosidade dessas áreas gera um desperdício de US$ 1 bilhão em investimentos públicos", afirma Marcio Lacerda, secretário-executivo do Ministério da Integração Nacional, pasta responsável pela reformulação da nova política.
Em vez de uma orientação exclusivamente voltada para os aspectos sociais, a agricultura irrigada dará prioridade agora aos projetos de benefício socioeconômico e ambiental.
...
O secretário Lacerda vê multinacionais do agronegócio, grandes tradings e até fundos de investimento como os principais candidatos nas futuras licitações. Os projetos receberão maior foco econômico, mas Lacerda garante que haverá contrapartidas sociais. Uma idéia é exigir que o vencedor da licitação use pelo menos 20% das terras irrigadas para assentar pequenos produtores, garantindo financiamento e comercialização.
Discutida desde abril de 2004, a nova política de irrigação terá como principal mudança o direcionamento dos novos projetos de irrigação ao agronegócio de grande porte. Tradicionalmente, pequenos produtores e assentamentos rurais têm sido o maior foco do governo no momento de distribuir as terras em volta dos empreendimentos de irrigação.
Há projetos levados a cabo pela iniciativa privada, mas a maior parte da infra-estrutura de irrigação é desenvolvida pelo poder público, que depois entrega lotes para programas de agricultura familiar. Mesmo no Vale do São Francisco, conhecido pela recente pujança agrícola, a maior parte das propriedades é de pequenos e médios produtores e os grandes lotes dificilmente passam de 300 hectares.
Quando iniciou as discussões para reformular a política nacional de irrigação, o governo deparou-se com uma situação desanimadora: visitou 72 perímetros de agricultura irrigada e constatou que havia pouco mais de 200 mil hectares de terras cultivadas, com projetos implementados. Outros 103 mil hectares estavam ociosos. Por falta de financiamento, pouca assistência na formação de cooperativas ou simples desinteresse, boa parte dos assentados havia desistido.
Baseado no cálculo de que o investimento médio para viabilizar a produção agrícola irrigada é de US$ 10 mil por hectare, além de US$ 5 mil adicionais para fornecer capital de giro aos produtores, o governo ficou chocado com a quantidade de gastos perdidos. "A ociosidade dessas áreas gera um desperdício de US$ 1 bilhão em investimentos públicos", afirma Marcio Lacerda, secretário-executivo do Ministério da Integração Nacional, pasta responsável pela reformulação da nova política.
Em vez de uma orientação exclusivamente voltada para os aspectos sociais, a agricultura irrigada dará prioridade agora aos projetos de benefício socioeconômico e ambiental.
...
O secretário Lacerda vê multinacionais do agronegócio, grandes tradings e até fundos de investimento como os principais candidatos nas futuras licitações. Os projetos receberão maior foco econômico, mas Lacerda garante que haverá contrapartidas sociais. Uma idéia é exigir que o vencedor da licitação use pelo menos 20% das terras irrigadas para assentar pequenos produtores, garantindo financiamento e comercialização.
22.3.05
Carregando esse país nas costas
Da Fecomércio-SP:
A classe A gasta 20,5% dos seus gastos totais com tarifas e impostos.
Classe B : 19%
C : 19%
D : 22,1%
E : 20,4%
As classes signficam renda familiar em salários mínimos de
A - >30
B - 10-30
C - 5-10
D - 2-5
E - <2
A classe A gasta 20,5% dos seus gastos totais com tarifas e impostos.
Classe B : 19%
C : 19%
D : 22,1%
E : 20,4%
As classes signficam renda familiar em salários mínimos de
A - >30
B - 10-30
C - 5-10
D - 2-5
E - <2
21.3.05
Boa pergunta
Certains diplomates s'agacent de ne pas entendre la voix des pays émergents. "L'année dernière, les pays du Sud ont profité de la désignation du patron du FMI pour critiquer la répartition des postes entre Européens et Américains, s'insurge un Européen. Où sont les Lula, les Thabo Mbeki, les Obasanjo, qui étaient alors montés au créneau contre les Européens ?"
Resposta - estão, assim como vocês, falando fininho, porque já viram que o homem não vai embora tão cedo, nem debate com ninguém. Divide et impera...
Detalhe - a tradição de que os gringos escolhem um deles pra ser presidente do Banco Mundial, e os europeus do FMI, é só isso- tradição. Os EUA têm só 17% dos votos (equivalente à porcentagem de dinheiro deles no Banco). Os euros têm uns 30, e a América hors-Eua soma uns 7, 8%.
Resposta - estão, assim como vocês, falando fininho, porque já viram que o homem não vai embora tão cedo, nem debate com ninguém. Divide et impera...
Detalhe - a tradição de que os gringos escolhem um deles pra ser presidente do Banco Mundial, e os europeus do FMI, é só isso- tradição. Os EUA têm só 17% dos votos (equivalente à porcentagem de dinheiro deles no Banco). Os euros têm uns 30, e a América hors-Eua soma uns 7, 8%.
16.3.05
Geeeente
Milagre- o Globo se rebelando contra o César Maia. Também, com a intervenção, o ilustríssimo alcaide levou a sua política da terra arrasada a um nível insustentável (ridículo e criminoso já é normal, mas os cariocas gostam). Não só isso, como no blog sobre petróleo, o Wagner Victer ainda admite que as porras das leis de ICMS da Rosinha impedem investimentos. Não canta os números, porque aí já é demais : sem a lei da bitributação do petróleo, seriam mais 10bn em investimentos no Rio, todo ano. Com o ICMS e o ISS a níveis paulistas, a economia do estado até cresceria como um todo.
15.3.05
Eu quero ser amigo do FH
Quer dizer, no caso, acreditar em corrupção nas privatizações, ou no linkado "programa de termelétricas de emergência" (como se uma térmica ficasse pronta em dez dias, pra ser "de emergência") é melhor do que acreditar que o FH realmente fosse tão completamente imbecil assim. Pensando melhor, é a mesma operação que se faz com o Bush, teorizando que assim os EUA têm a Ásia Central inteira, ao invés de achar que ele realmente é imbecil como diz.
Já foi dito que a teoria da conspiração não é nada mais do que uma tentativa de ordenamento do mundo. Um protesto contra a imbecilidade e a mesquinharia, às quais até o Mal seria preferível. Acrescentaria algo - os empresários brasileiros e multinacionais, no caso do FH, os interesses econômicos americanos, no caso do Bush, lucraram muito com as "besteiras" deles. Quando ações imbecis sistemáticas beneficiam os seus autores às custas dos outros, sistematicamente, não tem como a pulga não coçar a orelha.
Como resolver o problema, sem se reportar a uma teoria da conspiração? É só lembrar de que os mencionados se movem num ambiente político; têm caminhos de ação recomendados por vários interlocutores diferentes. E a mistura de "isso é uma emergência/ameaça" (principalmente se você não entende muito do assunto, para poder julgar por si mesmo se é ou não) com "você e seus amigos vão se dar bem" é um argumento pra lá de convincente.
Já foi dito que a teoria da conspiração não é nada mais do que uma tentativa de ordenamento do mundo. Um protesto contra a imbecilidade e a mesquinharia, às quais até o Mal seria preferível. Acrescentaria algo - os empresários brasileiros e multinacionais, no caso do FH, os interesses econômicos americanos, no caso do Bush, lucraram muito com as "besteiras" deles. Quando ações imbecis sistemáticas beneficiam os seus autores às custas dos outros, sistematicamente, não tem como a pulga não coçar a orelha.
Como resolver o problema, sem se reportar a uma teoria da conspiração? É só lembrar de que os mencionados se movem num ambiente político; têm caminhos de ação recomendados por vários interlocutores diferentes. E a mistura de "isso é uma emergência/ameaça" (principalmente se você não entende muito do assunto, para poder julgar por si mesmo se é ou não) com "você e seus amigos vão se dar bem" é um argumento pra lá de convincente.
14.3.05
BWAHAHAHA
Valor S/A : Lula gastou menos que FHC com pessoal
O número de servidores públicos na área federal cresceu, mas os gastos com pessoal e encargos, em termos reais, encolheram nos dois primeiros anos do governo Lula em relação a 2002, último ano da gestão de Fernando Henrique Cardoso. Enquanto o total de servidores aumentou em 6,2%, a despesa recuou 1,0% entre 2002 e 2004.
Três fatores ajudam a explicar esse quadro. Nos oito anos da gestão FHC a prioridade na área de recursos humanos foi a recomposição salarial dos servidores de nível mais alto e a contratação de mais funcionários dessa faixa. O governo Lula, por sua vez, contratou pessoal de nível médio, de salário mais baixo. E os aumentos salariais negociados no ano passado vão impactar as contas de forma diluída: a intensidade foi menor no ano passado e será maior em 2005 e 2006.
O número de servidores públicos federais cresceu 6,2% nos dois primeiros anos da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, interrompendo uma tendência de redução do número de servidores públicos, iniciada em 2001.
O Globo : Gasto com pessoal subiu 30%
Em 2002, último ano do governo Fernando Henrique, o número de servidores civis em atividade era 456.741. Em 2004 pulou para 499.655, sem contar os cargos comissionados.
Num primeiro momento, o governo Lula promoveu um enxugamento dos cargos comissionados, que eram 18.374 em 2002 e caíram para 17.559 em 2003. No ano passado, a curva se inverteu e em dezembro os cargos de confiança, chamados DAS (Direção de Assessoramento Superior), eram 19.828. Normalmente, quem ocupa esses cargos não é funcionário público. Entre outubro e dezembro, 793 novos cargos desse tipo foram criados, parte para acomodar aliados derrotados nas eleições.
Reajuste para servidor de até 30%
O governo assumiu em 2003 com o discurso de acabar com a terceirização no serviço público e promover a valorização dos servidores. O chefe da Casa Civil, José Dirceu, mesmo reagindo anteontem às críticas sobre o aumento dos gastos públicos, reconheceu que houve uma elevação das despesas com pessoal:
— É fato que aumentamos os gastos com pessoal, mas porque era uma demanda da modernização e do crescimento do país e não porque estamos desperdiçando gastos.
A informação é de que foi dispensado um grande número de terceirizados, mas os dados não são confirmados pelo Ministério do Planejamento. Pressionado por greves e promessas de campanha, o governo deu em 2004 reajustes diferenciados de até 30% para servidores em atividade e aposentados. E autorizou a contratação, nos dois últimos anos, de 38.811 aprovados em concursos desde 2002.
Por conta dessa nova política, as despesas de pessoal cresceram R$23,1 bilhões no governo Lula. Em 2002, a folha de pagamentos consumiu R$75 bilhões do Orçamento e em 2005 essa conta chegará a R$98,1 bilhões, um aumento equivalente a 30%.
Em 2003, o maior número de contratações foi no Ministério da Educação: 15.385 vagas, principalmente professores das universidades federais. Ministério da Previdência Social foi autorizado a contratar 4.906 novos servidores públicos em 2003 e 250 em 2004. As carreiras com poder de mobilização e consideradas de Estado, como a Receita Federal , o Banco Central e a Polícia Federal, também foram beneficiadas por concursos. O Ministério da Fazenda contratou 1.100 funcionários em 2003 e mil em 2004 para os cargos de auditor e técnico da Receita e analista e procurador no BC.
O Ministério da Justiça contratou 1.537 servidores para a PF em 2003 e 1.100 ano passado para a Polícia Rodoviária Federal. O Ministério do Meio Ambiente, sempre citado pela falta de fiscais para o Ibama, contratou 305 funcionários concursados.
Também cresceu muito nestes dois anos o quadro da Advocacia Geral da União (AGU), ligada à Presidência da República: foram contratados, em 2003, 616 procuradores federais e 316 advogados da União.
O número de servidores públicos na área federal cresceu, mas os gastos com pessoal e encargos, em termos reais, encolheram nos dois primeiros anos do governo Lula em relação a 2002, último ano da gestão de Fernando Henrique Cardoso. Enquanto o total de servidores aumentou em 6,2%, a despesa recuou 1,0% entre 2002 e 2004.
Três fatores ajudam a explicar esse quadro. Nos oito anos da gestão FHC a prioridade na área de recursos humanos foi a recomposição salarial dos servidores de nível mais alto e a contratação de mais funcionários dessa faixa. O governo Lula, por sua vez, contratou pessoal de nível médio, de salário mais baixo. E os aumentos salariais negociados no ano passado vão impactar as contas de forma diluída: a intensidade foi menor no ano passado e será maior em 2005 e 2006.
O número de servidores públicos federais cresceu 6,2% nos dois primeiros anos da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, interrompendo uma tendência de redução do número de servidores públicos, iniciada em 2001.
O Globo : Gasto com pessoal subiu 30%
Em 2002, último ano do governo Fernando Henrique, o número de servidores civis em atividade era 456.741. Em 2004 pulou para 499.655, sem contar os cargos comissionados.
Num primeiro momento, o governo Lula promoveu um enxugamento dos cargos comissionados, que eram 18.374 em 2002 e caíram para 17.559 em 2003. No ano passado, a curva se inverteu e em dezembro os cargos de confiança, chamados DAS (Direção de Assessoramento Superior), eram 19.828. Normalmente, quem ocupa esses cargos não é funcionário público. Entre outubro e dezembro, 793 novos cargos desse tipo foram criados, parte para acomodar aliados derrotados nas eleições.
Reajuste para servidor de até 30%
O governo assumiu em 2003 com o discurso de acabar com a terceirização no serviço público e promover a valorização dos servidores. O chefe da Casa Civil, José Dirceu, mesmo reagindo anteontem às críticas sobre o aumento dos gastos públicos, reconheceu que houve uma elevação das despesas com pessoal:
— É fato que aumentamos os gastos com pessoal, mas porque era uma demanda da modernização e do crescimento do país e não porque estamos desperdiçando gastos.
A informação é de que foi dispensado um grande número de terceirizados, mas os dados não são confirmados pelo Ministério do Planejamento. Pressionado por greves e promessas de campanha, o governo deu em 2004 reajustes diferenciados de até 30% para servidores em atividade e aposentados. E autorizou a contratação, nos dois últimos anos, de 38.811 aprovados em concursos desde 2002.
Por conta dessa nova política, as despesas de pessoal cresceram R$23,1 bilhões no governo Lula. Em 2002, a folha de pagamentos consumiu R$75 bilhões do Orçamento e em 2005 essa conta chegará a R$98,1 bilhões, um aumento equivalente a 30%.
Em 2003, o maior número de contratações foi no Ministério da Educação: 15.385 vagas, principalmente professores das universidades federais. Ministério da Previdência Social foi autorizado a contratar 4.906 novos servidores públicos em 2003 e 250 em 2004. As carreiras com poder de mobilização e consideradas de Estado, como a Receita Federal , o Banco Central e a Polícia Federal, também foram beneficiadas por concursos. O Ministério da Fazenda contratou 1.100 funcionários em 2003 e mil em 2004 para os cargos de auditor e técnico da Receita e analista e procurador no BC.
O Ministério da Justiça contratou 1.537 servidores para a PF em 2003 e 1.100 ano passado para a Polícia Rodoviária Federal. O Ministério do Meio Ambiente, sempre citado pela falta de fiscais para o Ibama, contratou 305 funcionários concursados.
Também cresceu muito nestes dois anos o quadro da Advocacia Geral da União (AGU), ligada à Presidência da República: foram contratados, em 2003, 616 procuradores federais e 316 advogados da União.
Resolução de problemas
A USP resolveu abrir um segundo campus na zona leste. Até aí, ótima idéia, mesmo que manchada pela ação do estado ao impedir a prefeitura de fazer coisa parecida. Afinal, a zona leste de São Paulo, se fosse uma cidade, seria a terceira maior do Brasil, e uma com todas as características e problemas crônicos dos municípios de periferia - muita gente e pouco emprego, estrutura de transportes pendular, infraestrutura inadequada, etc...
O que estraga é que, pelo estatuto da USP, são proibidos os cursos e matérias repetidos na mesma cidade. Ao invés de mudar a porra do estatuto, os responsáveis puxaram da cartola cursos esdrúxulos, e muitos com viés de "curso profissionalizante," o que é contraproducente se a idéia é fazer uma universidade na zona leste, não uma escola técnica apoiada pela USP. (E universidade implica status, mais do que o caráter da formação propriamente dita.)
Alguns dos cursos oferecidos : gestão de políticas públicas, sistemas de informação, lazer e turismo, tecnologia têxtil e da indumentária, ciência da atividade física.
Matérias : "sociedade, multiculturalismo e direitos", "ferramentas de informática," "cultura, comunicação e criatividade," "resolução de problemas."
O que estraga é que, pelo estatuto da USP, são proibidos os cursos e matérias repetidos na mesma cidade. Ao invés de mudar a porra do estatuto, os responsáveis puxaram da cartola cursos esdrúxulos, e muitos com viés de "curso profissionalizante," o que é contraproducente se a idéia é fazer uma universidade na zona leste, não uma escola técnica apoiada pela USP. (E universidade implica status, mais do que o caráter da formação propriamente dita.)
Alguns dos cursos oferecidos : gestão de políticas públicas, sistemas de informação, lazer e turismo, tecnologia têxtil e da indumentária, ciência da atividade física.
Matérias : "sociedade, multiculturalismo e direitos", "ferramentas de informática," "cultura, comunicação e criatividade," "resolução de problemas."
12.3.05
Tsé Tsé
Alguém honestamente acredita que um terço de um território não ser diretamente ocupado e arrasado faz de uma área um "corredor ecológico"? Na melhor das hipóteses (aquela em que os assentamentos não cumprem a ameaça de simplesmente ignorar as restrições legais), vira reserva de caça.
Aliás, a caatinga e o cerrado sofrem da versão vegetal da reclamação sobre "megafauna fotogênica." Por algum motivo, qualquer desenvolvimento humano na amazônia é considerado pecado (a ponto de o Pascal Lamy, da terra 100% antrópica que é a Europa, ter proposto a internacionalização), mas na caatinga e cerrado, fique à vontade, pode detonar, ligue não.
Aliás, a caatinga e o cerrado sofrem da versão vegetal da reclamação sobre "megafauna fotogênica." Por algum motivo, qualquer desenvolvimento humano na amazônia é considerado pecado (a ponto de o Pascal Lamy, da terra 100% antrópica que é a Europa, ter proposto a internacionalização), mas na caatinga e cerrado, fique à vontade, pode detonar, ligue não.
11.3.05
HA HA
O Citibank aliou-se a fundos de pensão de funcionários de estatais e destituiu o Opportunity da gestão de seus negócios no País, exercida pelo fundo de investimentos CVC Opportunity Internacional. A decisão tira o poder do banqueiro Daniel Dantas em pelo menos seis empresas, entre as quais a Brasil Telecom, e deve desencadear substituição em série de executivos e diretorias inteiras.
A perda de poder de Dantas começou quando o Opportunity deixou de ser o gestor do CVC nacional, o fundo de investimento que reúne fundos de pensão, capitaneados pela Previ, dos funcionários do Banco do Brasil, depois de mais de três anos de desentendimentos e mais de 50 ações judiciais. Dantas mantinha batalha judicial também com a Itália Telecom pelo controle da Brasil Telecom, que agora perde.
O Opportunity, não custa lembrar, foi, junto com o Benjamin Steinbruch*, quem mais lucrou com as privatizações muy honestas da era FH. As mesmas que a imprensa esquece, ao se ufanar da Vale do Rio Doce. Por que eu digo que esquece? Porque essa empresa que está valendo, orgulhosamente, 40 bilhões (segundo as consultorias, vale o dobro) foi vendida, em nosso nome, por um décimo disso. Com o detalhe de que um investimento de três bilhões de dólares, na EF Carajás e no porto de Ponta da Madeira, tinha acabado de ficar pronto, e o governo continuou pagando os juros por ele...
*E, rezam as más línguas, Armínio Fraga, FHC e Gustavo Franco.
A perda de poder de Dantas começou quando o Opportunity deixou de ser o gestor do CVC nacional, o fundo de investimento que reúne fundos de pensão, capitaneados pela Previ, dos funcionários do Banco do Brasil, depois de mais de três anos de desentendimentos e mais de 50 ações judiciais. Dantas mantinha batalha judicial também com a Itália Telecom pelo controle da Brasil Telecom, que agora perde.
O Opportunity, não custa lembrar, foi, junto com o Benjamin Steinbruch*, quem mais lucrou com as privatizações muy honestas da era FH. As mesmas que a imprensa esquece, ao se ufanar da Vale do Rio Doce. Por que eu digo que esquece? Porque essa empresa que está valendo, orgulhosamente, 40 bilhões (segundo as consultorias, vale o dobro) foi vendida, em nosso nome, por um décimo disso. Com o detalhe de que um investimento de três bilhões de dólares, na EF Carajás e no porto de Ponta da Madeira, tinha acabado de ficar pronto, e o governo continuou pagando os juros por ele...
*E, rezam as más línguas, Armínio Fraga, FHC e Gustavo Franco.
8.3.05
Dia Internacional da Mulher
É estranho que dois dos "dias internacionais," o da Mulher e o do Trabalho, tenham sua origem no movimento sindical e socialista americano. Nem tão estranho assim, se você pensar que os EUA são das pátrias tanto da revolução industrial quanto do ativismo político, mas a lavrentização que foi aplicada à história americana faz com que a relação entre o país e o socialismo seja sempre imaginada como simplesmente antagônica. E isso apesar de o New Deal ter sido modelo para vários estados de bem estar social europeus.
On March 8, 1857, garment workers in New York City marched and picketed, demanding improved working conditions, a ten hour day, and equal rights for women. Their ranks were broken up by the police. Fifty-one years later, March 8, 1908, their sisters in the needle trades in New York marched again, honoring the 1857 march, demanding the vote, and an end to sweatshops and child labor. The police were present on this occasion too.
In 1910 at the Second International, a world wide socialist party congress, German socialist Clara Zetkin proposed that March 8th be proclaimed International Women's Day, to commemorate the US demonstrations and honor working women the wor ld over.
On March 8, 1857, garment workers in New York City marched and picketed, demanding improved working conditions, a ten hour day, and equal rights for women. Their ranks were broken up by the police. Fifty-one years later, March 8, 1908, their sisters in the needle trades in New York marched again, honoring the 1857 march, demanding the vote, and an end to sweatshops and child labor. The police were present on this occasion too.
In 1910 at the Second International, a world wide socialist party congress, German socialist Clara Zetkin proposed that March 8th be proclaimed International Women's Day, to commemorate the US demonstrations and honor working women the wor ld over.
7.3.05
Quem Lucra
...e quem perde : já que a soja Roundup Ready da Monsanto (monopolista das boas) não é resistente a pragas, mas ao herbicida Roundup.
E enquanto isso as pessoas continuam enchendo a boca pra falar de uma vocação agrícola brasileira, dii novu. Os jornais comemoram a "vitória brasileira na OMC," que permite às multis e latifundiários envolvidos plantar mais algodão irrigado no sertão. Falam da seca no Sul, mas ninguém comenta que a desertificação do vale do Uruguai é causada pelo homem, retirando água e destruindo matas e outros obstáculos no caminho da chuva até o Rio da Prata. No (ex-)Mar de Aral, pode ser visto o resultado do algodão irrigado - os navios enferrujando no meio do deserto são, inclusive, imagens belíssimas.
Um dia as pessoas ainda vão entender que ecologia é só outro tipo de economia, que o problema de mandar uma banana pras questões ambientais não é uma meia dúzia de ripongos protestando, mas um puta prejú no futuro. Pelo andar da carruagem, com a interseção entre os dois ligada a um "desenvolvimento sustentável" que fede a Rousseau, com as "energias alternativas" desenvolvidas em usinas, ao invés de se conter o desperdício e estimular "energias alternativas" descentralizadas...esse dia não vem nunca.
E enquanto isso as pessoas continuam enchendo a boca pra falar de uma vocação agrícola brasileira, dii novu. Os jornais comemoram a "vitória brasileira na OMC," que permite às multis e latifundiários envolvidos plantar mais algodão irrigado no sertão. Falam da seca no Sul, mas ninguém comenta que a desertificação do vale do Uruguai é causada pelo homem, retirando água e destruindo matas e outros obstáculos no caminho da chuva até o Rio da Prata. No (ex-)Mar de Aral, pode ser visto o resultado do algodão irrigado - os navios enferrujando no meio do deserto são, inclusive, imagens belíssimas.
Um dia as pessoas ainda vão entender que ecologia é só outro tipo de economia, que o problema de mandar uma banana pras questões ambientais não é uma meia dúzia de ripongos protestando, mas um puta prejú no futuro. Pelo andar da carruagem, com a interseção entre os dois ligada a um "desenvolvimento sustentável" que fede a Rousseau, com as "energias alternativas" desenvolvidas em usinas, ao invés de se conter o desperdício e estimular "energias alternativas" descentralizadas...esse dia não vem nunca.
2.3.05
Admirável Novo Mundo
The Department of Homeland Security is experimenting with a controversial new method to keep better track of immigrants who are applying to remain in the United States. It is requiring aliens in eight cities to wear electronic monitors 24 hours a day.
The ankle bracelets are the same monitors that some rapists and other convicted criminals have to wear on parole. But the government's pilot project is putting monitors on aliens who have never been accused of a crime.
So far, the Department of Homeland Security has put electronic monitors on more than 1,700 immigrants. Victor Cerda, director of Detention and Removal Operations at Homeland Security, says the anklets will help prevent tens of thousands of immigrants who are ordered to leave the country each year from "absconding" -- going into hiding to avoid deportation.
But critics say Cerda and other Homeland Security officials have exaggerated the extent of the problem. They point to a Justice Department study that put part of the blame on immigration officials, saying they'd failed to keep adequate records to track aliens.
The ankle bracelets are the same monitors that some rapists and other convicted criminals have to wear on parole. But the government's pilot project is putting monitors on aliens who have never been accused of a crime.
So far, the Department of Homeland Security has put electronic monitors on more than 1,700 immigrants. Victor Cerda, director of Detention and Removal Operations at Homeland Security, says the anklets will help prevent tens of thousands of immigrants who are ordered to leave the country each year from "absconding" -- going into hiding to avoid deportation.
But critics say Cerda and other Homeland Security officials have exaggerated the extent of the problem. They point to a Justice Department study that put part of the blame on immigration officials, saying they'd failed to keep adequate records to track aliens.
Perguntas que ninguém faz
Ou, pelo menos, que eu não vejo ninguém fazendo.
Os fazendeiros de soja e think tanks econômicos alegam que o asfaltamento da BR163 é essencial para diminuir o custo da soja levada para a Europa. A Cargill já até preparou um complexo portuário em Santarém, prevendo isso. Só que há um monte de problemas ambientais e sociais que se seguem à abertura, depois ao asfaltamento, de uma estrada na Amazônia. A resposta que o governo tem pra isso é um gigantesco "plano de manejo," que faria da BR163 a primeira "auto-estrada ecologicamente responsável" do mundo. Elogiado até pela Economist. Por favor não pise na freira morta.
Agora a pergunta - ao invés desse plano ambicioso, e planos ambiciosos fracassam muitas vezes, ainda mais que o governo NÃO vai ter a cooperação dos estados e municípios envolvidos, que tal fazer uma estrada de ferro, das regiões produtoras de soja até a EF Carajás? A área percorrida já está degradada mesmo, o investimento inicial é maior que o de uma auto-estrada, mas menor que o de uma "auto-estrada ecológica," o custo de manutenção na selva é menor, o custo de levar soja de trem é mais barato que de caminhão, já existe um porto grande na ponta...
Por que será que ninguém pergunta isso? Qual o erro que eu não tô vendo? Tudo bem, os ruralistas são filhas da puta, mas isso parece melhor até pra eles, fora a Cargill, que fica com um elefante branco nas mãos.
Os fazendeiros de soja e think tanks econômicos alegam que o asfaltamento da BR163 é essencial para diminuir o custo da soja levada para a Europa. A Cargill já até preparou um complexo portuário em Santarém, prevendo isso. Só que há um monte de problemas ambientais e sociais que se seguem à abertura, depois ao asfaltamento, de uma estrada na Amazônia. A resposta que o governo tem pra isso é um gigantesco "plano de manejo," que faria da BR163 a primeira "auto-estrada ecologicamente responsável" do mundo. Elogiado até pela Economist. Por favor não pise na freira morta.
Agora a pergunta - ao invés desse plano ambicioso, e planos ambiciosos fracassam muitas vezes, ainda mais que o governo NÃO vai ter a cooperação dos estados e municípios envolvidos, que tal fazer uma estrada de ferro, das regiões produtoras de soja até a EF Carajás? A área percorrida já está degradada mesmo, o investimento inicial é maior que o de uma auto-estrada, mas menor que o de uma "auto-estrada ecológica," o custo de manutenção na selva é menor, o custo de levar soja de trem é mais barato que de caminhão, já existe um porto grande na ponta...
Por que será que ninguém pergunta isso? Qual o erro que eu não tô vendo? Tudo bem, os ruralistas são filhas da puta, mas isso parece melhor até pra eles, fora a Cargill, que fica com um elefante branco nas mãos.
Assinar:
Postagens (Atom)