Aldo Rebelo parece sofrer de jobinite. Jobinite, assim chamada em homenagem ao excelso ministro da defesa Nelson Jobim, é a moléstia de quem, como Jobim fez com a Constituição Federal em 1988, altera o texto de um projeto de lei após este ser acordado, de modo a fazer com que o texto efetivamente votado pelos parlamentares seja diferente daquele que eles pensam estar votando. Que isso seja sequer possível é, reconheço, surreal, uma excrescência do ritualismo por um lado e da tolerância com políticos por outro; para os pares de Jobim e Aldo Rebelo, isso será quando muito um pecadilho, e não algo que lhes roube para todo o sempre de qualquer credibilidade.
O surto de jobinite do deputado comunista(sic) se deu, claro, na relação do novo Código Florestal, na qual um monte de pegadinhas foram inseridas após o acordo realizado entre diversos partidos. O curioso dessas pegadinhas é que elas se estendem até a pontos que, em teoria, não afetariam em nada o agronegócio, apoiador de Aldo. Assim, foi retirada a proteção a manguezais e veredas; veredas tudo bem, mas que fazendeiro pretende plantar soja num manguezal? Essa encampação leva a sujerir que o antiambientalismo, e não apenas o da bancada ruralista, ganhou novas proporções, para além da irritação quando se impede alguém de dilapidar o patrimônio ambiental brasileiro e ganhar dinheiro pra si; passou a ser uma questão ideológica, movida por um animus quase evangélico.
Curiosamente, ao contrário da maioria de tais questões ideologicamente carregadas, o antiambientalismo não ficou nem à parte da dicotomia direita/esquerda nem encampado por um lado apenas do debate; ao invés disso, o que se tem é uma ampla maioria dos que se percebem como de direita - mas também uma parcela muito significativa dos que se consideram de esquerda, como o Paulo Henrique Amorim.
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