A seca está preocupante no Nordeste Brasileiro, e assustadora na África Oriental.
Da Economist, sobre a segunda:
THIS year’s drought is the worst in east Africa since 2000, and possibly since 1991. Famine stalks the land. The failure of rains in parts of Ethiopia may increase the number needing food handouts by 5m, in addition to the 8m already getting them, in a population of 80m. The production of Kenyan maize, the country’s staple, is likely to drop by one-third, hitting poor farmers’ families hardest. The International Committee of the Red Cross says famine in Somalia is going to be worse than ever. Handouts are urgently needed by roughly 3.6m Somalis, nearly half the resident population (several million having already emigrated during years of strife). In fractious northern Uganda cereal output is likely to fall by half. Parts of South Sudan, Eritrea, the Central African Republic and Tanzania are suffering too. Rich countries are being less generous than usual. The UN’s World Food Programme says it has only $24m of the $300m it needs just to feed hungry Kenyans for the next six months.
O pior é que não só os problemas de sempre com a sociedade africana continuam (com as novas potências emergentes doidinhas pra fazer as mesmas sacanagens que as velhas potências continuam fazendo, vide Vale em Moçambique ou CNOOC no delta do Níger), como o aquecimento global atinge mais justamente as regiões mais próximas do Equador.
Caso alguém teja interessado, dá pra comprar bandeide pela internet.
Auferre, trucidare, rapere, falsis nominibus imperium; atque, ubi solitudinem faciunt, pacem appellant.
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30.9.09
29.9.09
Frase do dia
É do ministro do TCU Aroldo Cedraz, ao comentar a recomendação de que 41 obras do governo federal sejam paralisadas. DO Globo: O TCU não é uma casa política. Nunca se curvou e não se curvará jamais a critérios políticos - afirmou o relator do processo de fiscalização das obras públicas feitas em 2009, ministro Aroldo Cedraz.
Alguém poderia se perguntar o que fazia Aroldo Cedraz antes de ser ministro do TCU. Juiz? Contador? Coisa parecida?
Mais ou menos.
Deputado federal (Congresso Revisor), 1991-1995, BA, PRN
Deputado federal, 1995-1999, BA, PFL
Deputado federal, 1999-2003, BA, PFL
Deputado federal, 2003-2007, BA, PFL
É pecuarista, ex-carlista, e mora em apartamento funcional do Senado. Foi indicado ao TCU pela Câmara dos Deputados.
Alguém poderia se perguntar o que fazia Aroldo Cedraz antes de ser ministro do TCU. Juiz? Contador? Coisa parecida?
Mais ou menos.
Deputado federal (Congresso Revisor), 1991-1995, BA, PRN
Deputado federal, 1995-1999, BA, PFL
Deputado federal, 1999-2003, BA, PFL
Deputado federal, 2003-2007, BA, PFL
É pecuarista, ex-carlista, e mora em apartamento funcional do Senado. Foi indicado ao TCU pela Câmara dos Deputados.
28.9.09
Monorail! Monorail!
A última brincadeira de transporte urbano em São Paulo é anunciar que as linhas de metrô adicionais planejadas serão de monotrilho, ao invés de metrô tradicional. O problema é que, bem monotrilho é uma porcaria.
Melhor dizendo: monotrilhos têm a vantagem de ocupar pouco espaço, comparado com um trem tradicional. Mas têm a desvantagem óbvia em compensação: transportam mais ou menos a metade do volume de passageiros (considerando-se o volume máximo a ser transportado). Numa cidade com mais de vinte milhões de pessoas, em que o metrô tradicional já está abarrotado, sugerir linhas de monotrilho como linhas de metrô é no mínimo temerário, pra não dizer ridículo.
A capacidade de transporte do monotrilho é a mesma do bonde (sobre pneus ou rodas de ferro); o único motivo pelo qual se escolheria ele no lugar do bonde seria caso se queira fazer uma linha ao longo de uma linha urbana, sem tirar área de rua. Mas ele é um serviço pra cidades de médio porte, ou em grandes cidades um serviço alimentador da linha principal de transporte.
Usar o bonde sobre pneus (ou corredores de ônibus dedicados) como linha principal se justifica como gambiarra, utilizando a oferta de linhas estruturais rodoviárias nas grandes cidades brasileiras, enquanto não se arruma grana pra fazer a linha de trem de verdade. Fazer uma desapropriação e viadutos para monotrilho, afundando uma grana em algo que depois não pode ser convertido, é mais caro, tem exatamente o mesmo efeito, e mais difícil de desfazer - diminuindo, portanto, as perspectivas de eventualmente se ter naquela rota uma linha-tronco de verdade.
******
Capacidade máxima segura, em pessoas por direção por hora, de sistemas de transporte:
Trem (bitola 1,6 - como os metrôs e trens de subúrbio atuais do Rio e SP): 81.000 (com trens compridos; com trens curtos como os usados no metrô daqui, cai pra 60.000)
Trem (bitola 1 como a linha 5-SP, ou monotrilho): 33.000
Bonde ou corredor de ônibus segregado, com estações (fura fila): 29.000
Bonde não segregado, ou corredor de ônibus semisegregado: 18.000
Ônibus no meio do trânsito: 6.000
Uma faixa de carros de passageiros: 1.500
As linhas de metrô e trem dos sistemas mais completos, como Paris e Londres, só lidam com uns 30,000 pphd, mas isso é porque o sistema, em rede, distribui todo mundo. Isso é uma situação ideal, até porque assim uma pane não para o sistema todo, como ocorreu quando um trem da linha 1 do metrô-SP pegou fogo este fim de semana - mas não consta que a idéia seja construir, simultaneamente, umas 15 linhas de monotrilho.
Melhor dizendo: monotrilhos têm a vantagem de ocupar pouco espaço, comparado com um trem tradicional. Mas têm a desvantagem óbvia em compensação: transportam mais ou menos a metade do volume de passageiros (considerando-se o volume máximo a ser transportado). Numa cidade com mais de vinte milhões de pessoas, em que o metrô tradicional já está abarrotado, sugerir linhas de monotrilho como linhas de metrô é no mínimo temerário, pra não dizer ridículo.
A capacidade de transporte do monotrilho é a mesma do bonde (sobre pneus ou rodas de ferro); o único motivo pelo qual se escolheria ele no lugar do bonde seria caso se queira fazer uma linha ao longo de uma linha urbana, sem tirar área de rua. Mas ele é um serviço pra cidades de médio porte, ou em grandes cidades um serviço alimentador da linha principal de transporte.
Usar o bonde sobre pneus (ou corredores de ônibus dedicados) como linha principal se justifica como gambiarra, utilizando a oferta de linhas estruturais rodoviárias nas grandes cidades brasileiras, enquanto não se arruma grana pra fazer a linha de trem de verdade. Fazer uma desapropriação e viadutos para monotrilho, afundando uma grana em algo que depois não pode ser convertido, é mais caro, tem exatamente o mesmo efeito, e mais difícil de desfazer - diminuindo, portanto, as perspectivas de eventualmente se ter naquela rota uma linha-tronco de verdade.
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Capacidade máxima segura, em pessoas por direção por hora, de sistemas de transporte:
Trem (bitola 1,6 - como os metrôs e trens de subúrbio atuais do Rio e SP): 81.000 (com trens compridos; com trens curtos como os usados no metrô daqui, cai pra 60.000)
Trem (bitola 1 como a linha 5-SP, ou monotrilho): 33.000
Bonde ou corredor de ônibus segregado, com estações (fura fila): 29.000
Bonde não segregado, ou corredor de ônibus semisegregado: 18.000
Ônibus no meio do trânsito: 6.000
Uma faixa de carros de passageiros: 1.500
As linhas de metrô e trem dos sistemas mais completos, como Paris e Londres, só lidam com uns 30,000 pphd, mas isso é porque o sistema, em rede, distribui todo mundo. Isso é uma situação ideal, até porque assim uma pane não para o sistema todo, como ocorreu quando um trem da linha 1 do metrô-SP pegou fogo este fim de semana - mas não consta que a idéia seja construir, simultaneamente, umas 15 linhas de monotrilho.
24.9.09
23.9.09
22.9.09
All-american
Tirado do Hermenauta: concurso do jornalzinho conservador da universidade de Staford pra achar beldades conservadoras.
O detalhe que fecha a piada com chave de ouro: a moça da foto, tirada de um catálogo de lingerie, é a modelo francesa Laetitia Casta, que já foi uma das escolhidas como modelo daqueles bustos bregas de Marianne que você acha em cidadezinhas francesas.
O detalhe que fecha a piada com chave de ouro: a moça da foto, tirada de um catálogo de lingerie, é a modelo francesa Laetitia Casta, que já foi uma das escolhidas como modelo daqueles bustos bregas de Marianne que você acha em cidadezinhas francesas.
Fair and balanced
Não, não é a Fox News. É a União Européia, nas palavras de seu presidente José Manuel Barroso (sim, o presidente da UE é portuga).
A União Européia e o Canadá, em particular, têm liderado o movimento pelo "pagamento igual" pelo qual os países mais pobres aguentariam parte da conta de diminuir o aquecimento global. E uma parte desproporcional da conta, obviamente, ou melhor, uma parte proporcional às emissões correntes. Noves fora as emissões totais dos países ricos ainda serem ligeiramente maiores do que as dos países remediados, e as emissões per capita ainda serem vastamente maiores.
Que tal fazer um trato, então, seu Barroso? Ao invés de os governos dos países fudidos e mal pagos da África pagarem a conta, que tal certas entidades sediadas nesses países fazerem isso diretamente. Afinal, enclaves de extração de recursos naturais, isolados do resto do país fisica e economicamente, são responsáveis por boa parte das emissões de gases do efeito estufa dos países em desenvolvimento. E remetem os lucros pra suas sedes na Europa e outros países desenvolvidos. No resultado final, o PIB do país aumenta, sem que um ceitil tenha ido parar nas mãos de qualquer habitante dele, exceto meia dúzia de políticos e tecnocratas. OK, e jagunços.
(O Brasil faz isso internamente, com o Sul Maravilha e Brasília pagando de "desenvolvidos." Um exemplo disso é a produção de alumínio na Amazônia.
A União Européia e o Canadá, em particular, têm liderado o movimento pelo "pagamento igual" pelo qual os países mais pobres aguentariam parte da conta de diminuir o aquecimento global. E uma parte desproporcional da conta, obviamente, ou melhor, uma parte proporcional às emissões correntes. Noves fora as emissões totais dos países ricos ainda serem ligeiramente maiores do que as dos países remediados, e as emissões per capita ainda serem vastamente maiores.
Que tal fazer um trato, então, seu Barroso? Ao invés de os governos dos países fudidos e mal pagos da África pagarem a conta, que tal certas entidades sediadas nesses países fazerem isso diretamente. Afinal, enclaves de extração de recursos naturais, isolados do resto do país fisica e economicamente, são responsáveis por boa parte das emissões de gases do efeito estufa dos países em desenvolvimento. E remetem os lucros pra suas sedes na Europa e outros países desenvolvidos. No resultado final, o PIB do país aumenta, sem que um ceitil tenha ido parar nas mãos de qualquer habitante dele, exceto meia dúzia de políticos e tecnocratas. OK, e jagunços.
(O Brasil faz isso internamente, com o Sul Maravilha e Brasília pagando de "desenvolvidos." Um exemplo disso é a produção de alumínio na Amazônia.
17.9.09
Mais cristalino que cajuína
Rush Limbaugh diz o que muito conservador por aí tá fingindo que não diz.
com vídeo e tudo.
*************
Serra finalmente é forçado a apoiar publicamente a Yeda - aquela que suicidou o assessor que ia dar com a língua nos dentes.
************
Posso repetir o gráfico do orçamento das IFES sob o príncipe dos sociólogos?
com vídeo e tudo.
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Serra finalmente é forçado a apoiar publicamente a Yeda - aquela que suicidou o assessor que ia dar com a língua nos dentes.
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Posso repetir o gráfico do orçamento das IFES sob o príncipe dos sociólogos?
15.9.09
Pingos nos is
"Meu amigo Serra daria um bom presidente" - Frase da Soninha em entrevista recente. Ela sublinhou, ainda, que Serra é de esquerda e odeia o neoliberalismo.
Muita gente boa acredita nisso. Serra é ligado pela imprensa aos "desenvolvimentistas" e já ouvi até quem disesse que ele estaria "à esquerda da Dilma." E afinal ele foi militante de esquerda na juventude, né?
Pois bem, não, não é nem um pouco. Noves fora Serra ter sido parte do governo neoliberal de FHC durante todos os seus oito anos, ele como prefeito e governador de SP foi de direita, e radical. Mês passado, sancionou a lei abrindo caminho para a privatização (via OS) do sistema de saúde estadual. Revogou, assim que entrou na prefeitura, os programas de habitação social no centro de SP, para substituí-los por um projeto de concessão da área à iniciativa privada. Está construindo a "nova marginal," que vem a ser uma versão piorada da freeway de Paulo Maluf. Fala em "direitos humanos para os humanos direitos."
Ah sim, e pra deixar bem claro.
A opinião do secretário de meio ambiente do estado de Sâo Paulo sobre o ambientalismo: aqui e aqui.
A entrevista do secretário do emprego e das relações trabalhistas do estado de São Paulo no site do Olavo de Carvalho, que aliás é ele quem financia: aqui. E aqui a proposta dele contra a crise econômica.
Do secretário de educação, é só lembrar que ele foi ministro da educação no governo FH
Se alguém quiser votar no Serra, discordo mas nada contra. Se quiser votar no Serra achando que está votando em alguém de esquerda, ou que entre ele e a Dilma não há diferença ideológica, vai fazer papel de otário.
Muita gente boa acredita nisso. Serra é ligado pela imprensa aos "desenvolvimentistas" e já ouvi até quem disesse que ele estaria "à esquerda da Dilma." E afinal ele foi militante de esquerda na juventude, né?
Pois bem, não, não é nem um pouco. Noves fora Serra ter sido parte do governo neoliberal de FHC durante todos os seus oito anos, ele como prefeito e governador de SP foi de direita, e radical. Mês passado, sancionou a lei abrindo caminho para a privatização (via OS) do sistema de saúde estadual. Revogou, assim que entrou na prefeitura, os programas de habitação social no centro de SP, para substituí-los por um projeto de concessão da área à iniciativa privada. Está construindo a "nova marginal," que vem a ser uma versão piorada da freeway de Paulo Maluf. Fala em "direitos humanos para os humanos direitos."
Ah sim, e pra deixar bem claro.
A opinião do secretário de meio ambiente do estado de Sâo Paulo sobre o ambientalismo: aqui e aqui.
A entrevista do secretário do emprego e das relações trabalhistas do estado de São Paulo no site do Olavo de Carvalho, que aliás é ele quem financia: aqui. E aqui a proposta dele contra a crise econômica.
Do secretário de educação, é só lembrar que ele foi ministro da educação no governo FH
Se alguém quiser votar no Serra, discordo mas nada contra. Se quiser votar no Serra achando que está votando em alguém de esquerda, ou que entre ele e a Dilma não há diferença ideológica, vai fazer papel de otário.
11.9.09
Barack HUSSEIN Obama
Assim como quando um operário virou presidente do Brasil, alguns anos antes, a eleição de um negro para a presidência dos EUA deixou certas pessoas em polvorosa. O nível dos ataques dirigidos contra Obama pelos republicanos não para de cair, e chegou nesse texto delicioso que achei:
1) The koran commands muslims to kill those who turn away from the islam. Barack Hussein Obama admits he was a muslim at one time. He claims he left it but if he did why didn't his parents, family, friends, ect., kill him?
2) Obama said the muslim call to prayer is "one of the prettiest sounds on Earth at sunset," and recited "with a first-class Arabic accent" the opening lines: allah is Supreme! I witness that there is no god but allah!" (In islam this phrase is called "the Shahadah" and reciting this phrase officially makes you a muslim.)
3) Obama's claims of conversion to Christianity only arose after he became politically ambitious.
4) Obama has never received baptism. He is not been born again. He cannot claim to be a Christian.
5) The islamic doctrine of taqiyya encourages adherents to deny they are muslim if it advances the cause of islam.
6) Obama believes in socialism, an antiChristian worldview.
7) Obama uses the muslim pronunciation for "Pakistan" rather than the correct American one.
8) Obama has chosen the Secret Service code name "Renegade". "Renegade" conventionally describes someone who goes against normal conventions of behavior, but its first usage was to describe someone who has turned from their religion. It is a word derived from the Spanish renegado, meaning "Christian turned muslim."
9) Obama received widespread vocal support from muslims during his campaign. Why would they vote for him unless they knew he was one of their own? (islam forbids obedience to political leaders if they are not muslim.)
10) Obama used his muslim middle name when sworn in as President.
(Confesso que li "coreano" ao invés de "Alcorão" na primeira linha)
1) The koran commands muslims to kill those who turn away from the islam. Barack Hussein Obama admits he was a muslim at one time. He claims he left it but if he did why didn't his parents, family, friends, ect., kill him?
2) Obama said the muslim call to prayer is "one of the prettiest sounds on Earth at sunset," and recited "with a first-class Arabic accent" the opening lines: allah is Supreme! I witness that there is no god but allah!" (In islam this phrase is called "the Shahadah" and reciting this phrase officially makes you a muslim.)
3) Obama's claims of conversion to Christianity only arose after he became politically ambitious.
4) Obama has never received baptism. He is not been born again. He cannot claim to be a Christian.
5) The islamic doctrine of taqiyya encourages adherents to deny they are muslim if it advances the cause of islam.
6) Obama believes in socialism, an antiChristian worldview.
7) Obama uses the muslim pronunciation for "Pakistan" rather than the correct American one.
8) Obama has chosen the Secret Service code name "Renegade". "Renegade" conventionally describes someone who goes against normal conventions of behavior, but its first usage was to describe someone who has turned from their religion. It is a word derived from the Spanish renegado, meaning "Christian turned muslim."
9) Obama received widespread vocal support from muslims during his campaign. Why would they vote for him unless they knew he was one of their own? (islam forbids obedience to political leaders if they are not muslim.)
10) Obama used his muslim middle name when sworn in as President.
(Confesso que li "coreano" ao invés de "Alcorão" na primeira linha)
10.9.09
Rodízio só de massa
O Instituto Estadual do Meio Ambiente do Rio, INEA, avisou que estuda fazer um rodízio de indústrias em Caxias. A notícia é meio estranha pelo fato de escolher Caxias; apesar da fama, o município não é o que mais sofre com poluição no estado, e olha que o estudo do IBGE foi feito antes da inauguração de uma siderúrgica gigante na Zona Oeste, e vários novos terminais de minério em Itaguaí.
O rodízio, como estratégia pra controlar a poluição, é tão imbecil quanto o rodízio de automóveis em São Paulo. Afeta indiretamente, e portanto de maneira difícil de controlar, o universo a ser modificado. Assim, em SP o rodízio provocou transtornos a empresas e pessoas de classe média e baixa, fez com que a classe alta passasse a comprar apartamentos de seis vagas na garagem (incentivando o megacondomínio), e no trânsito...fez diferença não. Aliás, como fica essa alegação de problemas em Caxias que teriam que ser resolvidos por uma medida alucinada dessas, em relação à autorização dada pelo próprio INEA, em tempo recorde, para a Thyssen-Krupp fazer uma megasiderúrgica no lugar que já era o mais poluído do estado?
A solução em ambos os casos é bem mais simples:
Em Caxias (ou outros lugares poluídos, incluindo São Paulo): imponha-se um teto de poluição. Quem quiser poluir mais do que esse teto paga. O teto baixa todo ano. Créditos podem ser negociados livremente entre as empresas.
Em São Paulo (e outros lugares poluídos e com problema de trânsito, incluindo Caxias): imponha-se pedágio urbano para circular na área interna da cidade. Qualquer carro que saia da garagem dentro da zona central, ou adentre a zona central, paga tantos reais por dia. (Em Londres, uns 30 se bem me alembro.)
O rodízio, como estratégia pra controlar a poluição, é tão imbecil quanto o rodízio de automóveis em São Paulo. Afeta indiretamente, e portanto de maneira difícil de controlar, o universo a ser modificado. Assim, em SP o rodízio provocou transtornos a empresas e pessoas de classe média e baixa, fez com que a classe alta passasse a comprar apartamentos de seis vagas na garagem (incentivando o megacondomínio), e no trânsito...fez diferença não. Aliás, como fica essa alegação de problemas em Caxias que teriam que ser resolvidos por uma medida alucinada dessas, em relação à autorização dada pelo próprio INEA, em tempo recorde, para a Thyssen-Krupp fazer uma megasiderúrgica no lugar que já era o mais poluído do estado?
A solução em ambos os casos é bem mais simples:
Em Caxias (ou outros lugares poluídos, incluindo São Paulo): imponha-se um teto de poluição. Quem quiser poluir mais do que esse teto paga. O teto baixa todo ano. Créditos podem ser negociados livremente entre as empresas.
Em São Paulo (e outros lugares poluídos e com problema de trânsito, incluindo Caxias): imponha-se pedágio urbano para circular na área interna da cidade. Qualquer carro que saia da garagem dentro da zona central, ou adentre a zona central, paga tantos reais por dia. (Em Londres, uns 30 se bem me alembro.)
9.9.09
Innumeracy parte 333
A Folha de São Paulo, no caderno de Dinheiro de hoje, anuncia que "Empresário do país trabalha 2.600 horas por ano para o fisco."
Alegadamente, segundo o Banco Mundial.
Acostumado com as mancadas da Folha, inclusive as de má-fé (como a ficha corrida da Dilma e a notícia de que "obra do PAC utiliza trabalho escravo, sobre uma obra que foi autuada pelo governo federal antes de começar o PAC), achei que tinha algo de errada na alegação de que o "empreendedor" brasileiro trabalharia o equivalente a 65 semanas por ano só pra pagar o fisco, ainda mais pensando num ano de 52 semanas.
Então que medida é essa, já que necessariamente não é a alegada pela folha? É o tempo, em horas/homens, necessário para que uma companhia que seja
Is a limited liability, taxable company. If there is more than one type of limited liability company in the country, the limited liability form most popular among domestic firms is chosen. The most popular form is reported by incorporation lawyers or the statistical office.
Started operations on January 1, 2007. At that time the company purchased all the assets shown in its balance sheet and hired all its workers.
Operates in the country’s most populous city.
Is 100% domestically owned and has 5 owners, all of whom are natural persons.
Has a start-up capital of 102 times income per capita at the end of 2007.
Performs general industrial or commercial activities. Specifically, it produces ceramic flowerpots and sells them at retail. It does not participate in foreign trade (no import or export) and does not handle products subject to a special tax regime, for example, liquor or tobacco.
At the beginning of 2007, owns 2 plots of land, 1 building, machinery, office equipment, computers and 1 truck and leases 1 truck.
Does not qualify for investment incentives or any benefits apart from those related to the age or size of the company.
Has 60 employees - 4 managers, 8 assistants and 48 workers. All are nationals, and 1 manager is also an owner.
Has a turnover of 1,050 times income per capita.
Makes a loss in the first year of operation.
Has a gross margin (pretax) of 20% (that is, sales are 120% of the cost of goods sold).
Distributes 50% of its profits as dividends to the owners at the end of the 2nd year.
Sells one of its plots of land at a profit during the 2nd year.
Has annual fuel costs for its trucks equal to twice income per capita.
Is subject to a series of detailed assumptions on expenses and transactions to further standardize the case. All financial statement variables are proportional to 2007 income per capita. For example, the owner who is also a manager spends 10% of income per capita on traveling for the company (20% of the expenses are purely private, 20% for entertaining customers and 60% for business travel).
consiga prepare, file and pay (or withhold) 3 major types of taxes and contributions: the corporate income tax, value added or sales tax and labor taxes, including payroll taxes and social contributions. Preparation time includes the time to collect all information necessary to compute the tax payable and to calculate the amount payable. If separate accounting books must be kept for tax purposes—or separate calculations made—the time associated with these processes is included. This extra time is included only if the regular accounting work is not enough to fulfill the tax ac counting requirements. Filing time includes the time to complete all necessary tax forms and file the relevant returns at the tax authority. Payment time is the hours needed to make the payment online or at the tax office. Where taxes and contributions are paid in person, the time includes delays while waiting.
Como indicador, é indevidamente complexo e questionável, como em geral o são as medidas do tipo do Banco Mundial. Mas reflete uma realidade: há burocracia demais no Brasil (se menos do que a indicada pela estatística, que ignora que a maioria das empresas de pequeno porte no Brasil paga SIMPLES). E nem de longe se compara ao que foi alegado pela Folha, que ainda por cima confundiu a coisa com as medidas ridículas do IBPT sobre "quantas horas se trabalha só para pagar impostos."
Ah sim, a Folha podia ter incluído na reportagem, já que menciona que a Colômbia do tudifófi Uribe é o melhor reformador da América Latina, o resto dos primeirões da turma:
Top 10 Reformers
1 - Rwanda
2 - Kyrgyz Republic
3 - Macedonia, FYR
4 - Belarus
5 - United Arab Emirates
6 - Moldova
7 - Colombia
8 - Tajikistan
9 - Egypt
10 - Liberia
Alegadamente, segundo o Banco Mundial.
Acostumado com as mancadas da Folha, inclusive as de má-fé (como a ficha corrida da Dilma e a notícia de que "obra do PAC utiliza trabalho escravo, sobre uma obra que foi autuada pelo governo federal antes de começar o PAC), achei que tinha algo de errada na alegação de que o "empreendedor" brasileiro trabalharia o equivalente a 65 semanas por ano só pra pagar o fisco, ainda mais pensando num ano de 52 semanas.
Então que medida é essa, já que necessariamente não é a alegada pela folha? É o tempo, em horas/homens, necessário para que uma companhia que seja
Is a limited liability, taxable company. If there is more than one type of limited liability company in the country, the limited liability form most popular among domestic firms is chosen. The most popular form is reported by incorporation lawyers or the statistical office.
Started operations on January 1, 2007. At that time the company purchased all the assets shown in its balance sheet and hired all its workers.
Operates in the country’s most populous city.
Is 100% domestically owned and has 5 owners, all of whom are natural persons.
Has a start-up capital of 102 times income per capita at the end of 2007.
Performs general industrial or commercial activities. Specifically, it produces ceramic flowerpots and sells them at retail. It does not participate in foreign trade (no import or export) and does not handle products subject to a special tax regime, for example, liquor or tobacco.
At the beginning of 2007, owns 2 plots of land, 1 building, machinery, office equipment, computers and 1 truck and leases 1 truck.
Does not qualify for investment incentives or any benefits apart from those related to the age or size of the company.
Has 60 employees - 4 managers, 8 assistants and 48 workers. All are nationals, and 1 manager is also an owner.
Has a turnover of 1,050 times income per capita.
Makes a loss in the first year of operation.
Has a gross margin (pretax) of 20% (that is, sales are 120% of the cost of goods sold).
Distributes 50% of its profits as dividends to the owners at the end of the 2nd year.
Sells one of its plots of land at a profit during the 2nd year.
Has annual fuel costs for its trucks equal to twice income per capita.
Is subject to a series of detailed assumptions on expenses and transactions to further standardize the case. All financial statement variables are proportional to 2007 income per capita. For example, the owner who is also a manager spends 10% of income per capita on traveling for the company (20% of the expenses are purely private, 20% for entertaining customers and 60% for business travel).
consiga prepare, file and pay (or withhold) 3 major types of taxes and contributions: the corporate income tax, value added or sales tax and labor taxes, including payroll taxes and social contributions. Preparation time includes the time to collect all information necessary to compute the tax payable and to calculate the amount payable. If separate accounting books must be kept for tax purposes—or separate calculations made—the time associated with these processes is included. This extra time is included only if the regular accounting work is not enough to fulfill the tax ac counting requirements. Filing time includes the time to complete all necessary tax forms and file the relevant returns at the tax authority. Payment time is the hours needed to make the payment online or at the tax office. Where taxes and contributions are paid in person, the time includes delays while waiting.
Como indicador, é indevidamente complexo e questionável, como em geral o são as medidas do tipo do Banco Mundial. Mas reflete uma realidade: há burocracia demais no Brasil (se menos do que a indicada pela estatística, que ignora que a maioria das empresas de pequeno porte no Brasil paga SIMPLES). E nem de longe se compara ao que foi alegado pela Folha, que ainda por cima confundiu a coisa com as medidas ridículas do IBPT sobre "quantas horas se trabalha só para pagar impostos."
Ah sim, a Folha podia ter incluído na reportagem, já que menciona que a Colômbia do tudifófi Uribe é o melhor reformador da América Latina, o resto dos primeirões da turma:
Top 10 Reformers
1 - Rwanda
2 - Kyrgyz Republic
3 - Macedonia, FYR
4 - Belarus
5 - United Arab Emirates
6 - Moldova
7 - Colombia
8 - Tajikistan
9 - Egypt
10 - Liberia
3.9.09
Velha da garrafa de vinagre
Uma das coisas que sempre lamentei foi o fato de o Rio de Janeiro não possuir um aquário público decente. E sempre sou a favor da devolução da rua aos pedestres, que nunca deveriam ter sido dela expulsos. Então por que não posso me empolgar com as duas notícias de ontem, sobre aquário marinho no porto e pedestrianização da Rio Branco?
Bem, é que o diabo, como se sabe, mora nos detalhes. Eu queria um aquário bem maior, e no gasômetro, mas não é isso que me faz desgostar do aquário no antigo armazém da Cibrazem. É que o projeto
a) Não passou por concurso de arquitetura. E é além de horrível medíocre.
b) Tem uma concepção estranha prum projeto anunciado como parte de um processo de "revitalização" de uma área. Metade da área total do prédio será destinada a estacionamentos, e pelo que dá pra ver a idéia é que as pessoas cheguem de carro ou no máximo de van de excursão, e não, em hipótese alguma, a pé.
c) Será gerido por atores privados, com dinheiro público.
Bem, qualquer esmola é esmola, mesmo esse aquário é melhor que aquário nenhum. Mas não é o aquário dos meus sonhos... (No gasômetro, com o triplo do tamanho do tanque principal, e inteiramente público.)
Quanto à Rio Branco, o projeto em si (que é velho) não tem problema algum. (Quem acha que vai dar nó no trânsito superestima o fluxo próprio da Rio Branco). Problema tem que afundar partes da Rio Branco é tão caro quanto o projeto de afundar a Marginal, e com um retorno em termos urbanísticos muito menor. Não é como se o Rio estivesse nadando em dinheiro; num momento em que o saneamento básico é deficiente em toda a zona oeste, será que enterrar bilhões pra deixar a Rio Branco mais chique é uma prioridade?
Talvez seja por isso que a prefeitura mente falando em parque de "2 milhões de metros quadrados." (Algo entre a Quinta da Boa Vista e o Ibirapuera.) De verdade, a Rio Branco, da Candelária ao Aterro, tem 1.350m x 35m. Nas contas do Eduardo Paes, 1350x35 = 2.000.000; um parque de 2Km2 centrado naquele trecho da Rio Branco teria que incluir todo o terreno entre a Av. Paraguai e a Antônio Carlos.
Divertido é que O Globo repete a informação sem pensar, e complementa com o número de vezes que isso seria o Campo de Santana...
Bem, é que o diabo, como se sabe, mora nos detalhes. Eu queria um aquário bem maior, e no gasômetro, mas não é isso que me faz desgostar do aquário no antigo armazém da Cibrazem. É que o projeto
a) Não passou por concurso de arquitetura. E é além de horrível medíocre.
b) Tem uma concepção estranha prum projeto anunciado como parte de um processo de "revitalização" de uma área. Metade da área total do prédio será destinada a estacionamentos, e pelo que dá pra ver a idéia é que as pessoas cheguem de carro ou no máximo de van de excursão, e não, em hipótese alguma, a pé.
c) Será gerido por atores privados, com dinheiro público.
Bem, qualquer esmola é esmola, mesmo esse aquário é melhor que aquário nenhum. Mas não é o aquário dos meus sonhos... (No gasômetro, com o triplo do tamanho do tanque principal, e inteiramente público.)
Quanto à Rio Branco, o projeto em si (que é velho) não tem problema algum. (Quem acha que vai dar nó no trânsito superestima o fluxo próprio da Rio Branco). Problema tem que afundar partes da Rio Branco é tão caro quanto o projeto de afundar a Marginal, e com um retorno em termos urbanísticos muito menor. Não é como se o Rio estivesse nadando em dinheiro; num momento em que o saneamento básico é deficiente em toda a zona oeste, será que enterrar bilhões pra deixar a Rio Branco mais chique é uma prioridade?
Talvez seja por isso que a prefeitura mente falando em parque de "2 milhões de metros quadrados." (Algo entre a Quinta da Boa Vista e o Ibirapuera.) De verdade, a Rio Branco, da Candelária ao Aterro, tem 1.350m x 35m. Nas contas do Eduardo Paes, 1350x35 = 2.000.000; um parque de 2Km2 centrado naquele trecho da Rio Branco teria que incluir todo o terreno entre a Av. Paraguai e a Antônio Carlos.
Divertido é que O Globo repete a informação sem pensar, e complementa com o número de vezes que isso seria o Campo de Santana...
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