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8.2.06

Eu não sou de esquerda

E cada vez mais, quando digo isso, me sinto como o personagem daquele sketch homofóbico e sem graça do Casseta & Planeta, na sauna gay. Dá pra confundir com "esquerda" uma tendência a ser do contra porque, afinal, o mundo é de direita.

E o que é pior, eu não consigo deixar de achar que quem se mexeu não fui eu, foi o mundo. Até meu pai agora é de centro, reclama da política econômica do Lula por ser muito de direita.

Suportes à minha alegação, de toalhinha e massagista (ao invés do Casseta peludo, põe a Brittany Murphy, por favor):

Gosto do modelo universitário californiano, que é explicitamente baseado na desigualdade institucionalizada, com direito a pagamento de anualidade (de acordo com as possibilidades financeiras de cada aluno).
Sou (com reservas e qualificações) contra o multiculturalismo, que no Brasil como nos países anglo-saxões se tornou parte integrante do portifólio da esquerda.
Sou neutro quanto à privatização em tese, e apoiaria até uma privatização da Petrobras, dependendo das condições (esse "dependendo das condições" significa um "não" no futuro previsível, dados os tamanhos respectivos da Petrobras e da economia brasileira; a venda da Petrobras representaria três meses do movimento da Bovespa).
Acho razoável a desindexação das aposentadorias públicas, e até a equiparação delas ao sistema geral. E sou a favor de tetos de contribuição/recebimento razoavelmente baixos pra previdência pública.
Sou a favor da abertura de certos setores de serviços (eg advocacia) à concorrência estrangeira.
(No Brasil, é ser de direita) sou anti-nacionalista e anti-desenvolvimentista.
Deve ter mais, que tô esquecendo agora.

Ah sim - que tal privatizar parcialmente a Embrapa, ou melhor ainda, torná-la pública? Hoje em dia, ela faz serviço de graça ou quase pro setor mais rico do Brasil, e para multinacionais. Se virasse uma empresa de biotecnologia em bolsa, faturava uma pusta grana com isso, e sobraria mais pras pesquisas não-lucrativas.

Um comentário:

Anônimo disse...

Bom, ok, pessoalmente de esquerda ou de direita não define um ser humano. Ainda mais que ser um ou outro significa aderir à qualquer m**** que o partido disser, estou fora! Gostaria apenas de um esclarecimento sobre um dos raros pontos que me dizem alguma coisa (bovespa, embrapa, kezakô?): o que você entende por multiculturalismo? e quais reservas e qualificações? mas talvez eu tenha entendido, e esteja de acordo: sendo um imigrante, eu considero totalmente normal ter-me integrado e adotado os costumes do pois onde moro, e não acho nada "legal" quando vejo estrangeiros (conterraneos ou não) que ficam entre si, criando um microverso ficticio dentro de uma sociedade incompativel. No entanto sou brasileiro, e sempre serei, e mesmo se outros brasileiros me acham "francês", os franceses me acham brasileiro, e minha educação leva a marca dessa diferença, criando um aporte "cultural" ao meu jeito de "ser francês". Para mim isso é respeitar a diversidade cultural: deichar ser as diferenças, mas sem precisar exibi-las. E aì?