Dilma Roussef planeja adquirir um Jumbo para termos um avião presidencial "à altura do Brasil Potência." Pobre quando come melaço se lambuza mesmo. Esclarecendo: em 2005, quando a presidência da República comprou um avião, apelidado na imprensa de Aerolula, fui dos que defenderam a medida da acusação de gastança desnecessária. O Brasil, à época, não possuía propriamente um avião presidencial que prestasse; o Sucatão, com esse apelido carinhoso, era perigoso o suficiente para que FH, entre 99 e 2002, deixasse-o de lado e fretasse (a preço de ouro) aviões da TAM. Não é o caso agora, como uma lista das datas de aquisição de aviões presidenciais brasileiros demonstra:
1941
1954
1968
1976
1986
2005
Reparem que o único a adquirir um avião antes do antigo completar uma década foi Ernesto Geisel - que, curiosamente, assim como Dilma, apesar disso conseguiu deixar nas mentes uma imagem pessoal austera. Sarney comprou um avião quando o velho tinha dez anos, mas era um avião usado, e tinha a vantagem do alcance transcontinental que os 737s comprados por Geisel não tinham. Aliás, falando em alcance, a alegação de que o Jumbo, além de ser dahora, tem mais alcance é besteira. O A319JC Aerolula tem alcance de 12500km, e o Jumbo tem 14800km. Em outras palavras, um pode voar sem reabastecimento até:
Todo o Hemisfério Ocidental
Toda a África
Toda a Europa
Todo o Oriente Médio
E o Jumbo até, além dos anteriores, apenas parte da Ásia Central, e todo o subcontinente indiano. Em outras palavras, alcance a mais só para viagens à Índia. Porque Dilma vive em Délhi, né? Por outro lado, o desnecessário jumbodilma seria a jóia da coroa da Força Aérea Brasileira, para combinar com o (sempre parado) porta-aviões São Paulo, da Marinha, e integrar com orgulho o enorme Grupo de Transporte Especial da FAB (a FAB tem mais jatinhos para ôtoridades do que aviões de transporte de tropas...). Porque país rico é país sem pobreza.
E sim, é verdade que fazendo as contas, a aquisição de um avião novo, ainda que um jumbo, não é muito dinheiro para o governo brasileiro. Não daria para aumentar os salários dos professores federais nem em dez reais por mês. Mas o simbolismo dessa compra quando se fala em crise econômica para cortar gastos do governo é curiosamente ignorado, quando a única justificativa para a compra que não é uma mentira é, justamente, o simbolismo.
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