Pesquisar este blog

1.4.11

Seus problemas acabaram!

Não, não são as organizações Tabajara. É o CERN mesmo. Pesquisadores russos usando o Large Hadron Collider, na Suíça (sem precisar levantar a bunda da cadeira em Leningrado, graças à excelente rede de dados do CERN) conseguiram demonstrar a possibilidade de assimetria de Bose em escalas de energia acima do TeV em léptons. Em outras palavras, provaram a viabilidade prática, além de teórica, da fusão nuclear controlada gerando energia a partir da energização de partículas.

Até hoje, só se sabia de dois métodos de fusão nuclear que eram capazes de liberar mais energia do que tinha sido gasta para iniciar a fusão, nenhum deles lá exatamente prático para ser utilizado como fonte de energia; a saber

1) Englobe um pouco de hidrogênio numa esfera oca que sofrerá uma explosão nuclear, isso é uma reação em cadeia exponencial de nêutrons. O problema é que (noves fora a dificuldade de alguma coisa feita pelo homem sobreviver à explosão) a reação ocorre uma vez, e rapidamente a própria explosão se encarrega de dissipar o campo de reação.

2) Arrume um campo gravitacional grotescamente gigantesco - da ordem de umas três vezes a massa de Júpiter, ou mil vezes a da Terra, ou 6.000.000.000.000.000.000.000.000 de toneladas, pelo menos. É o que faz o Sol e as outras estrelas brilharem. A gravidade se encarrega de impedir que a explosão disperse os núcleos atômicos, e assim mantém a geração de energia. Obviamente, nós ainda estamos meio atrasados em "gerar gravidade."

Com a descoberta dos russos, soma-se um terceiro método: a ativação de núcleos a energias insanas num acelerador, para adentrarem depois a câmera de um tokamak, uma imensa rosquinha com um mega campo magnético dentro da qual e do qual ocorre a fusão, como o que está sendo construído na França. O melhor da descoberta é que a assimetria mencionada é transferível - isso é, você não precisa de um acelerador de partículas para cada tokamak, mas pode transferir em "garrafas" de fusão a reação toda de um tokamak para outro. Com isso, num horizonte de trinta a cinquenta anos, vamos poder fazer usinas nucleares de fusão.

Ao contrário das usinas de fissão nuclear, atuais, as usinas de fusão não soltam lixo nuclear, nem dependem da disponibilidade de urânio (o urânio atual dura muito pro consumo atual, mas desapareceria rápido se o parque de usinas fósseis do mundo fosse convertido para usinas de fissão). Como não soltam lixo radioativo nem teriam maiores problemas em caso de acidente, seriam muito mais baratas que as usinas de fissão, em que boa parte do custo é por conta das medidas de contenção e segurança. Não causam danos ambientais que nem todas as energias recicláveis. Não contribuem pro efeito estufa. Em resumo: se hoje nós ainda nos preocupamos porque não há forma de gerar energia elétrica sem problemas, em 2040 isso não vai mais ser preocupação. Alguma coisa boa pro futuro, enfim.