Bem, quase. Na verdade, o assunto deles, no Charlemagne, coluna editorial do caderno de Europa, é apenas um pouco parecido: trata-se do problema espinhoso de como lidar com a ascensão dos políticos de extrema direita, xenófobos, em todos os seus matizes. A Economist sugere que as estratégias tradicionais dos partidos igualmente tradicionais, à esquerda e à direita, falharam. O cordão sanitário, afinal, começa a ele mesmo por em questão a legitimidade democrática num país quando, como na Bélgica, o partido de extrema direita é o mais votado de todos, consistentemente, e apesar disso nunca vira governo. A Economist apresenta essa questão espinhosa, com toda a discussão da democracia equilibrada entre oclocracia e império da lei, apenas para fugir dela na mesma hora. O assunto é outro, é apresentar a sugestão deles. Para isso, também, tomam cuidado para apresentar o estudo de caso deles como bem "limpinho." Geert Wilders não é nazi, é a favor dos direitos das mulheres e gays. Ele é "só" xenófobo, com uma retórica islamofóbica extremamente agressiva e preconceituosa.
A solução, advoga o periódico, é integrar esses xenófobos mais "limpinhos" aos partidos tradicionais de extrema direita. Com isso, a "responsabilidade" de serem alçados ao ministério faria com que eles recuassem de suas posições mais extremas. O argumento é tênue por duas razões: uma é que a única moderação que o ministério já ensinou a alguém é a fiscal, e essa por motivos óbvios. A outra é que os ministérios que têm "reais responsabilidades" são os importantes. A Economist se sentiria à vontade entregando o banco central a um "populista"? A impressão que dá é que a revista se sentiu mais tentada pelo que fica nas entrelinhas : a aliança daria bastante força ao membro "sênior" da coalizão, o partido de direita tradicional. O problema, como se pode ver nos casos em que se tentou algo parecido mundo afora, dos EUA do TEA Party ao Brasil do Silas Malafaia, o parceiro "sênior" corre mais risco de ficar refém do "júnior" do que o contrário, já que este depende muito menos dos instrumentos de estado para sua sustentação no poder. Silas Malafaia, Geert Wilders, e Ron Paul podem ficar quantos anos sejam necessários longe do poder político e até do grosso do poder econômico e midiático, sem maiores problemas. José Serra, Mark Rutte, e Newt Gingrich não podem se dar a esse luxo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário