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7.10.10

Cavalo Louco da Costa

A elite da elite da elite brasileira sempre cultivou uma auto-imagem, digamos, não de tolerância, mas talvez de bonomia; até criticamente, sempre se considerou um povo que pode achar todo mundo que não faz parte dela um horror, mas não levanta a voz pra falar isso.

Aí vem o candidato a vice-presidente da República Antônio Pedro de Siqueira Índio da Costa. O homem, se fosse mais crème de la crème, era chantilly. O "Siqueira" aí muita gente Brasil afora reconhecerá como nome de rua ou praça ou, no Rio e em SP, estação de metrô (OK, tecnicamente em SP a estação não incorpora o nome oficial do parque acima dela e se chama só Trianon-MASP); o Índio da Costa resulta da afetação indigenista das famílias da aristocracia brasileira no segundo império. O pai é arquiteto famoso. O irmão, designer idem.

E cadê a bonhommie, a polidez, a educação? Ao invés disso o vice-candidato virou o cara que deixa claro que é contra os direitos LGBT na linguagem mais, ahem, clara possível. Poderia-se dizer que é apenas estratégia de campanha, afinal a filha do Allende está fazendo a mesma coisa pelo marido, enquanto sua "outra" ex-VJ segue a linha teoria de conspiração. Mas Índio da Costa não era vice-candidato quando propôs, na assembléia legislativa do Rio de Janeiro, lei punindo o ato de dar ou receber esmola.

Parece que a finesse aristocrática é tão mito quanto a idéia de que noblesse oblige...

Um comentário:

Marcus Pessoa disse...

Eu achei um tiro no pé, porque mendigo não vota, mas gay sim -- e são 10% da população.

Ele tentou negar no Twitter, dizendo que O Dia "deturpou" suas declarações. Eu queria saber como é que uma mera "deturpação" consegue chegar a uma frase bisonha como a que está publicada lá.