Aparentemente, tem mais chances de aprovação do que se pensava o projeto do Aldo Rebelo, de acrescentar fécula de mandioca à farinha de trigo (à usada na panificação). Isso é, toda a farinha de trigo comercializada para padarias e fábricas de pão (são mais de 50.000 padarias, responsáveis por mais de dois terços do consumo brasileiro de farinha de trigo), terá, obrigatoriamente, 10% de fécula de mandioca, por peso, misturada. Depois de passar por uma comissão especial (sic), a lei, claro, adicionou outras farinhas, como arroz, caju e milho. Vai conceder subsídios e incentivos fiscais aos moinhos por conta da adição, claro.
O presidente do congresso defende o projeto, que teria a intenção de baratear o pão e, de forma mais imediata, ajudar os plantadores de mandioca de seu estado, dizendo que é "que nem a mistura de álcool na gasolina." Ahem.
1) Se o nobilíssimo deputado consome combustível, sinto muito. Eu como, o que é algo bem diferente. Mas munido dessa informação, peço desde já que seu mordomo passe a alimentar o nobilíssimo com papa de nenê todo dia.
2) Mesmo no caso do álcool e gasolina, os carros tiveram de ser adaptados para que a gasolina brasileira, conhecida lá fora como E20 ou E25 (etanol a tantos por cento), fosse introduzida em seus tanques. O Aldo pretende adaptar a gente?
3) Trigo e féculas não são a mesma coisa. Quer dizer, não é simplesmente o gosto que muda, é que o trigo serve pra fazer pão porque ele tem glútem; tem uma proteína elástica que é alterada pelo fermento e quando é batido, o que faz com que ele forme aquela massa com as bolhinhas mais firme do que um bolo. Ainda dá pra fazer pão com proporções de amido (féculas, farinha de milho, etc) bem maiores do que 10%; um pão saloio tem 16% de farinha de milho, um pão de milho pode ter até 2o e poucos por cento. Mas não é o mesmo pão. Muda a textura, muda o sabor, muda tudo. Vamos ter pãezinhos de mandioca ao invés de pãezinhos franceses. E esses outros pães vão, em alguns casos, se tornar impossíveis. Se você já tem 10% de mandioca na farinha de trigo, adicionar um quinto de fubá pra fazer um pãozinho de milho num babá borocoxoxo, não num pão, com menos de três quartos de farinha de trigo na mistura.
4) Vai baratear p... nenhuma. Não há produção de mandioca o bastante; o preço dela vai aumentar. E, no Brasil, se aumentar bastante os minifúndios de mandioca de Alagoas, que o Aldo quer beneficiar, vão é ser atropelados pelos latifúndios do agronegócio, auxiliados pelos subsídios e incentivos previstos na lei.
3 comentários:
Olha, eu nao entendo nada de pao e afins, mas lembro de em uma aula da faculdade, o professor mencionando q mandioca tem uma razoavel quantidade de cianeto... tanto q nao eh aconselhado comer mandioca demais, pq pode intoxicar. Soh nao me pergunte como os indios comem e nao passam mal, pq essa o professor nao soube responder. :-D
Oi, eu também não sou nem agronomo nem nutricionista, mas diria que é preferèivel diversificar o conteùdo da alimentação das pessoas. Que o pão mude... ainda bem! Aqui na França é uma sorte poder escolher entre o pão branco, preto, de centeio, multi-cereais...
Admito que se deveria poder ter escolha, e que vença ou o mais barato ou o mais adaptado para aquilo que se quer cozinhar. Mas se a farinha de mandioca for mesmo cara, receio que rapidamente seja farinha de milho, arroz ou soja transgênico que sejam utilisadas...
Oooops... depois de ler o artigo do teu link tenho que adicionar: a aplicação da tal medida é podre.
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