Às vezes, só às vezes, eu acho que tecnocratas, sejam eles de governos ou corporações privadas, realmente cometem alguns dos abusos que cometem, não por descaso ou má-fé, mas simplesmente por acreditar que, como no preto-no-branco das tabelas, território e espaço não existem, e todas as coisas são fungíveis como o dinheiro.
Exemplo disso é que o Governo Federal, ao mesmo tempo que diz que quer "revitalizar" o porto do Rio (não confundir com a "revitalização" da área portuária, que é outra coisa) está tirando, essa semana, vários pedaços dele.
Na ponta do Caju, parte do que hoje é pátio de contêineres do porto vai acabar, com a reativação do estaleiro pra fabricar os navios da Petrobrás. E ambos estão ameaçados pelo decreto que cria, ali, um "terminal pesqueiro." O hospital a ser feito no antigo prédio do JB (ô tristeza, tá, hospital é uma coisa legal, mas eu queria era que o JB ainda tivesse lá) comeu outro pátio, que vai virar estacionamento. O pedaço do cais mais antigo, entre a Praça Mauá e a Rodoviária, já está designado pra revitalização da área portuária, então também será subtraído...vão revitalizar que porto, sobrando disso tudo? As traineiras vão estacionar por cima ou por baixo dos cargueiros?
Bem, vai ver o negócio é matar de vez, pra justificar o SUPERPORTO (assim, com maiúsculas) de Sepetiba. Esse é tão importante que aposto que, como a vizinha siderúrgica da Krupp-Thyessen, não vai precisar nem de relatório ambiental pra receber a licença prévia da Feema e do Ibama.
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