O Globo noticia "Club Med em praia entre Cabo Frio e Búzios será o mais luxuoso do mundo" Há dois problemas reais, o título de duas linhas e que nenhuma das fontes citadas fala em "mais luxuoso do mundo," uma alegação bastante exótica e que ocupa metade do título. Mas não é isso que me chamou a atenção. É que, sabe, eu acho que noticiaria como "Dinheiro público para construir em reserva ecológica."
A Área de Proteção Ambiental, que será cortada pelo Club Med e pela infraestrutura que atende ao resort, a ser criada pelos diferentes níveis de governo, apesar do pequeno tamanho, é das mais diversas do estado, incluindo lagoas, dunas, uma pequena serra e planície costeira. Ela foi criada especificamente para ser um corredor ecológico preservando a sucessão de biomas entre mar e morro, função que será eliminada com a estrada pavimentada e o resort.
Numa área de proteção ambiental, ausentes Resorts Mais Luxuosos do Mundo, são proibidos desmatamentos, abates de árvores, extração de madeiras, retiradas de espécies vegetais, promoção de queimadas, caça, perseguição de animais, funcionamento de indústrias poluidoras e desmatamento ou ocupação nas faixas marginais de mananciais e lagoas. mas a estrada a ser pavimentada e duplicada , de sete quilômetros por 7 metros, ocupará uma área adicional, contando a infra lindeira, de 10ha, o que não é tanto assim comparado aos 9.900 da área total, mas é desmatamento, e pode ser considerado "indústria poluidora." Vai gastar quatro milhões. O resort, a um custo de 70 milhões, vai ocupar, alegadamente, outros 70ha, e é justificado por gerar "3000 empregos." - entre a estrada e incentivos diversos, sem contar o custo da reserva ecológica depredada, nem a ampliação do aeroporto de Cabo Frio, dá mais ou menos 5.000R$ de investimento público por emprego, o que é, admita-se, uma produtividade bem maior do que a média dos investimentos e incentivos governamentais em indústria pesada. (120.000 por emprego). Como no caso da refinaria que o governo federal resolveu pôr em Itaboraí, ninguém explicou direito ainda de onde vai sair a água para abastecer o empreendimento.
Não que o Club Med seja em nada excepcional. Os grandes resorts, pouco integrados na economia e muito menos na sociedade local (como no caso, até com aeroporto quase particular) ocupam áreas de grande beleza cênica, e portanto frequentemente de proteção ambiental, em todo o mundo. Não poluem tanto quanto uma siderúrgica da vida, mas compensam se situando em pontos críticos. Volta e meia, como emblemas da divisão mundial de riqueza que são, têm que encarar o ataque de um grupo terrorista ou de bandidos da vida, principalmente na Ásia onde são mais comuns. (O último ataque terrorista foi no Egito, em Abril deste ano)
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