A tarifa paga pela indústria às concessionárias pelo uso de suas linhas para o transporte de energia, uma espécie de pedágio, subiu 549% nos últimos seis anos, já descontada a inflação do período. Esse aumento explosivo está levando grandes consumidores das áreas de mineração e alumínio a suspender investimentos e a rever estratégias.
Os preços do transporte de energia explodiram após a separação da tarifa: agora, parte da tarifa paga a energia e outra, o aluguel da infra-estrutura. Esse pedágio inclui dez encargos setoriais, além de impostos, tributos e a remuneração dos donos da linha. No ano passado, só os encargos custaram R$ 13 bilhões aos consumidores de energia, mais que o dobro dos R$ 5,4 bilhões de 2002.
A fábrica de alumínio da Novelis (ex-Alcan), em Minas, usa a linha da Cemig para levar a Ouro Preto energia da hidrelétrica Risoleta Neves, da qual detém 50% do capital. Nesse pequeno trajeto, de 100 quilômetros, o custo da energia aumenta 100%. "As regras mudaram e nossa vantagem competitiva, o baixo preço da energia, não existe mais", lamenta o diretor da Novelis, Cláudio Campos. A empresa estuda comprar alumínio primário de terceiros e congelar um investimento de US$ 120 milhões em Goiás.
O preço do transporte de energia força a Vale do Rio Doce a rever sua estratégia. A empresa sairá da hidrelétrica de Foz do Chapecó (SC), um investimento de R$ 2 bilhões. Roger Agnelli, presidente da Vale, disse que pretende investir na produção de energia a carvão, em usinas próximas de suas unidades industriais. Outro grande autoprodutor de energia, a mineradora BHP Billiton Metais, planeja se desfazer da fatia de 16,48% que detém na hidrelétrica de Estreito, projeto de R$ 2,5 bilhões. O especialista em energia Rafael Herzberg estima que em média a transmissão representa 50% dos custos de energia no país.
Nenhum comentário:
Postar um comentário