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17.4.05

Foda-se o ursinho panda

Num momento infeliz, e reconhecendo o carisma do bicho, o World Wildlife Fund escolheu o urso panda como símbolo. Faz sentido, em termos mercadológicos - afinal, o bicho é a encarnação da expressão "megafauna carismática," é um urso de pelúcia vivo. O problema, fora "humanos acham você fofo" ser provavelmente a única vantagem evolutiva do infeliz que só come bambu, não trepa sem filme pornô, e tem propensão a doenças renais, é que, ao enveredar por esse ramo, a percepção do movimento ambientalista cresceu, mas na direção do "salve os bichinhos," se confundindo tanto com o sentimentalismo e as sociedades protetoras dos animais quanto com o elitismo Not In My Backyard, que pede morros com verdes para gozo dos ricos. Antagonizou tanto conservadores quanto socialistas no processo.

Hoje, talvez como parte da crescente monetização de toda a esfera pública, o ambientalismo está finalmente falando o óbvio - que ferrar com o meio ambiente pode ser muito caro, e, inversamente, recuperá-lo pode ser lucrativo. Ao exemplo paulistano mostrado no link (e baseado na Avaliação de Ecossistemas do Milênio), pode-se acrescentar, no Brasil, além da extensão da análise de Sampa a outras metrópoles, o ganho de até 5.000MW pela readequação dos lagos de hidrelétricas - maior do que a geração estável da usina de Belo Monte, e com a vantagem de que não é na PQP amazônica, mas espalhado pelo território nacional. O que leva a uma falácia dos próprios "ecologistas econômicos," a do desperdício na transmissão de energia elétrica brasileira. Esse desperdício é largamente estrutural, por conta da distância entre as hidrelétricas e os consumidores, e só vai ser reduzido a um custo altíssimo, e mesmo assim nunca vai chegar à média global, a não ser que se use supercondutores.

Nota - São Paulo é um caso particularmente extremo de importância da interação entre ambiente natural e ambiente construído porque é uma metrópole situada, não no curso baixo de um rio, como é mais comum, mas nas nascentes. Ou seja, o equilíbrio climático, hídrico, e etc... da área já está no limite, e pode ser alterado a um "custo" muito menor.

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