Vi com a minha irmã o (penúltimo?) capítulo de Sex and the City. Um dos temas era o horror de uma delas ir morar no subúrbio.
É engraçado que logo num país como os EUA, que se orgulham de ser de classe média, e criticam o elitismo francês ou o classismo inglês, ou, como todo mundo, a elite brasileira*, possa ser feito um elogio tão rasgado ao elitismo geográfico. E o que é mais estranho, sem nenhum protesto - e olha que haja neguinho pra gostar de protesto como americano. Protesta-se de tudo, mas esse tipo de elitismo** - que não se restringe ao Sex and the City - pelo visto não indigna muita gente. Imagine um grupo de protagonistas (boazinhas) de uma novela falando sobre como a Zona Sul é mesmo o único lugar que vale a pena do Rio? Viram as vilãs peruas na hora. (Me corrijam se eu estiver errado, por favor. Não vejo novela há tempos.)
Continuando a filosofia de botequim***, isso acontece porque os EUA sublimaram a luta de classes na idéia da democracia como um grande tribunal, onde grupos distintos disputam entre si. Simbolicamente, não existe hierarquia, e portanto uns não gostarem de outros é normal, mesmo que não seja simpático - e não importa aí que sejam ricos contra pobres, multibultimegacorporações contra imigrantes - todo mundo é, nesse ponto de vista, igual. De modo que a igualdade simbólica serve até pra preservar as desigualdades.
*Isso é, quando alguém lembra desta birosca.
** Falando em elitismo, é impressão minha ou aquelas socialites novaiorquinas do S&tC se vestem que nem o estereótipo da empregadinha do Méier?
***Que, pelamordedeus, observação antropológica de alguém sentado no sofá assistindo seriado não vale nada. Ainda por cima baseada em "dados" desse tipo. Sem nem a desculpa da cervejinha, vergonha...
(A próxima filosofia de buteco também é sobre o Tio Sam)
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