Já que Belo Monte está por aí na blogosfera, eu, que sou preguiçoso, simplesmente ponho links aqui pra meia dúzia das muitas vezes que falei sobre ela.
http://sambadoaviao.blogspot.com/2010/10/da-unanimidade-burra.html
http://sambadoaviao.blogspot.com/2009/07/descascando-o-pac-iii-energia.html
http://sambadoaviao.blogspot.com/2010/02/homens-invisiveis.html
http://sambadoaviao.blogspot.com/2010/04/minas-e-energia.html
http://sambadoaviao.blogspot.com/2010/05/there-is-no-alternative.html
Resumindo:
1) Belo Monte não vai gerar 11GW, mas entre 2,4 e 6,6GW, dependendo da estação, porque 40% da energia vai se perder pelo caminho até São Paulo.
2) Belo Monte só pode vender essa energia ao preço que venderá porque o governo, e não o consórcio, vai erguer essas linhas de transmissão enormes. E mesmo assim, ninguém quis investir sem a Eletrobrás de sócio arcando com os riscos.
3) O desmatamento a ser causado não é apenas o dos 500Km2 em volta, mas o induzido, pelo mundaréu de gente que se muda pra lá durante a construção. E aquela área tem parques nacionais e reservas indígenas em volta.
4) Os danos ambientais com a destruição da volta grande e a interrupção do rio não se restringem ao desmatamento; perguntem aos felahim do Egito como anda a lavoura cantada desde Menés desde a barragem de Nasser. (Dica: muitos fertilizantes importados.)
5) O peso do modelo institucional brasileiro e da experiência e visão profissional vigentes nos ministérios e empresas geradoras, estatais ou não, significa que Belo Monte está longe de ser a última barragem na margem direita do Amazonas. E quiçá na esquerda. E as consequências disso pro ecossistema e até para o clima são difíceis de se prever.
6) O Pará não vai "se desenvolver" com a usina. Vai aumentar o PIB, nas contas, sem que isso reverta em renda para a população. Para ter uma idéia do que isso significa, enquanto o Rio de Janeiro cresceu mais rápido que o Brasil no período 1990-2010 em PIB, em renda mediana ele declinou.
7) A diferença é que pelo menos o governo fluminense auferiu alguma renda através de royalties; como os royalties da eletricidade são pífios e o ICMS, como no caso do petróleo, cobrado no estado consumidor, nem impostos o Pará vai ganhar com a usina.
8) Admitindo-se que precisamos de mais geração de energia, e de preferência que não emita gases de efeito estufa, precisaremos de mais usinas nucleares, se se quiser evitar os problemas acima, além de muito mais geração de resíduos de biomassa e eólica.
9) Usinas nucleares seriam necessárias até porque usinas hidrelétricas a fio d'água, ao contrário das com reservatórios grandes, não servem de geração básica. Afinal, a vazão do rio varia, às vezes imprevisivelmente.
10) Além de Belo Monte, outro absurdo ambiental que está recebendo menos ibope são os 10GW de geração térmica com carvão de combustível, em Maranhão e no Norte Fluminense, sendo construídos pelo Eike Batista.
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