1099, pra ser específico. Afinal, não é como se os sinais da "nova idade média" apontada pelo Umberto Eco tivessem minguado. E a eles se somaram alguns outros, que não têm necessariamente nada a ver em termos reais de sociologia ou semiótica, mas que lembram, ah lembram. Por exemplo, a arquitetura simbólica e hermética, prenhe de analogias, metonímias, e parábolas. Leia a descrição do novo auditório do Albert Einstein. Não parece as descrições de arquitetos de igrejas românicas, com direito à infinita permutação numérica (que muito depois iria virar a Gematria)? OK, se trata apenas da projetificação do mundo, em que arquitetos, cientistas, artistas, e logo mais encanadores terão que justificar com clichês e citações da introdução de livros de Foucault todo e qualquer trabalho que queiram fazer.
Ou percebam que o príncipe de Roma voltou a ser, como na idade média, renomado pela sua corrupção e pelas concubinas? OK, o príncipe de Roma não é mais o papa, mas sim o primeiro ministro italiano. Mas vejam se Berlusconi, até nas suas relações mafiosas, não daria um bom papa medieval ou renascentista? Alexandre VI ficaria orgulhoso.
A própria Igreja, por sua vez, tem à sua frente um sujeito que definitivamente sente saudades de uma idade média que nunca existiu. Com Ratzinger, o ultramontanismo que fez do bispo Lefebvre um cismático por rejeitar o concílio ecumênico voltou a erguer a cabeça orgulhoso; a velha igreja católica, menos medieval do que anti-moderna, do Pio IX que raptava crianças judias para criá-las no catolicismo (espero que só para isso) está sentada no trono de São Pedro, e a guerra sem tréguas contra o concílio ecumênico e a modernidade fazem com que nessa guerra mesmo coisas como determinar o acobertamento de abuso de menores são consideradas legítimas.
OK, falei 1099? Pode ser 1939 também.
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