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12.7.07

Flawless Victoly!

Uma das coisas que me assustam, no embate ideológico brasileiro e mundial, é a idéia do "pragmatismo." Não que eu seja contra o pragmatismo propriamente dito, antes pelo contrário. Me considero um resignado, poltrão, ou o termo que se queira usar pra alguém que desistiu de sonhar, politicamente. Et pourtant, o assunto de que falo é diferente: é a apresentação de determinada posição ideológica como realista ou pragmática, numa petição de princípio que, o que é pior, raramente é questionada. Exemplo principal no Brasil: a posição dos advogados dos "direitos humanos para humanos direitos" de que a situação de guerra (sem convenção de Genebra) é o único jeito de se enfrentar o tráfico de drogas. Isso não é uma posição realista ou pragmática, antes pelo contrário (como pode ser comprovado pela escalada da violência não-policial em seguida ao aumento da violência policial, ao longo das últimas décadas. Comprovadamente, a guerra e o extermínio não funcionam, mas a defesa delas foi aceita como a posição realista em oposição à posição moral, de defesa dos direitos humanos. Essa falsa dicotomia entre o moral e o pragmático se estende a diversos outros campos, no Brasil talvez mais do que em outros lugares. Vide também a política energética, que leva a outra reclamação minha sobre política, o papel da pinimba:
Apesar de muito se falar de princípios políticos, se ligando por afinidades lógicas ou eletivas, a verdade é que muitas vezes a filiação política é mais negativa, isto é, de oposição, do que positiva. Isso pode ser visto com muita força na oposição ao "ambientalismo" da parte de muita gente. Mesmo que as medidas "ecológicas" sejam mais baratas, gerem renda, etc etc etc, as pessoas são contra elas por definição. Tomemos as usinas do Rio Madeira, que acabaram de forçar inclusive a reformulação do próprio ministério do meio ambiente. Descontemos a posição da Odebrecht, que é "nós vamos encher a burra de grana." O que sobra? Uma obra caríssima, com um custo oculto adicional de 15bn (as linhas de transmissão) a ser coberto integralmente pelo governo, com externalidades desconhecidas e imprevisíveis, fora que sabemos que serão consideráveis. Que conservador ou liberal seria a favor de um troço desses, se não fosse a oportunidade de causar devastação ecológica num rio do tamanho do Mississípi, sabendo que daria pra poupar e gerar mais de três vezes a quantidade de energia envolvida, a um quinto do custo, com medidas como programa de distribuição de lâmpadas fluorescentes (em ruas e casas), atualização tecnológica de usinas antigas, reflorestamento de reservatórios, etc?

Um comentário:

Adam Victor Nazareth Brandizzi disse...

Post genial, sir! Odeio comentar para apenas elogiar, mas seu texto merece :)