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24.7.07

Palavrões II - Remembramento

Remembramento é o contrário de desmembramento, obviamente. É importante quando um lote urbano (digamos um quarteirão) que antes estava dividido entre vários imóveis e/ou terrenos é adquirido por um único proprietário, que o transforma num único imóvel. O exemplo mais óbvio é o dos condomínios de luxo "neoclássicos" que proliferam nos bairros de luxo de São Paulo.
A maioria das cidades tem algum tipo de regra quanto à possibilidade de remembramento de lotes, justamente por considerar que o lote-quarteirão, sem comércio nem saídas na rua, fora um único conjunto portão/guarita, esteriliza a mesma rua, eliminando a vida urbana que poderia acontecer lá. A rua entre dois condomínios enormes é simplesmente lugar de passagem; se a proporção delas se avolumar o bastante temos a situação em que a vida passa a acontecer, como no Plano-Piloto de Brasília, dentro dos shopping centers.
A especulação imobiliária, cada vez mais, nessa questão e em outras, começa a moldar a cidade à sua própria imagem e semelhança, destruindo o passado complicado e, ironicamente, criando uma cidade zonal mais perfeita do que qualquer uma que já tenha sido sonhada pelo CIAM, até porque, ao contrário de processos de especulação imobiliária do passado, transcende as fronteiras e condicionantes do espaço urbano até mais do que qualquer Haussman ou Lúcio Costa. O que leva a outro palavrão meio cabeludo - permeabilidade. Permeabilidade (que todo mundo deve fazer idéia do que seja) é importante porque é, de certa forma, o "chão" das relações urbanas. O espaço se constitui a partir de locais permeáveis, nem dos absolutamente abertos nem das paredes lisas. A alteração mínima da permeabilidade - digamos que um lote extenso tenha uma grade ou um muro, ou mesmo a transparência visual de uma grade - já afeta consideravelmente a percepção de um lugar.

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