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20.7.07

A canga de bois do Brasil

Em Abril, tive a oportunidade de conhecer a pontinha de São Paulo, onde o Paranapanema deságua no Paraná. Uma das coisas que pensei, enquanto o carro me conduzia de Presidente Prudente a Presidente Epitácio (fora a quantidade de "Presidentes algumacoisa") foi que aquilo tinha um ar meio medievalesco. Parte por um efeito da natureza - nascido e criado ao lado da serra do mar, nunca tinha visto um grande rio de planície, como o Paraná. A natureza lá lembra muito, se você tirar as palmeiras, a estepe arbórea da Ucrânia, e dá quase pra imaginar uma druzhina de bogatyri saindo de um dos castelos.
Castelos? Isso mesmo, castelos. Porque os últimos governos de São Paulo, um pouco menos assassinos do que os do Rio, em compensação gostam muito mais de construir cadeias, e a justiça paulista tem alergia a penas alternativas. Então, ao longo da rodovia Raposo Tavares, a cada poucos quilômetros se erguia um presídio, como aqueles trechos do médio Danúbio que turistas gostam de visitar de bateau mouche.
E não é que as condições nesses castelos são mesmo dignas de uma masmorra medieval? Como nessa reportagem da Carta Maior:

Na última quarta-feira (18), a Defensoria Pública do Estado de São Paulo reiterou na Justiça seu pedido de interdição da Penitenciária Feminina de Sant'Ana, que abriga atualmente cerca de 2.700 mulheres – a capacidade da unidade, maior da América Latina, é de 2.516 pessoas.

O pedido anterior, feito em maio, baseava-se na falta de médicos e medicamentos, na má qualidade da água e na infestação do espaço por ratos e pombos doentes. No entanto, mesmo ainda sem sentença definitiva sobre o pedido, a Defensoria Pública resolveu reiterá-lo com veemência, depois de tomar conhecimento da morte de uma detenta por leptospirose, no último dia 23 de junho. O novo documento já está com o juiz corregedor da Vara de Execuções Criminais (VEC), Cláudio Amaral.

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