Já foi dito que a religiosidade brasileira é "intensa, mas difusa." Isto é, crê-se ciosamente em Deus, mas não se busca muito coerência ou intelectualidade nessa crença. Eu adicionaria "e pode-se pôr Deus em qualquer lugar."
Um exemplo disso é o "monumento ao Holocausto" planejado pelo estado do Rio de Janeiro.
O Mirante do Pasmado, em Botafogo, vai ganhar um memorial em homenagem às vítimas do Holocausto. Localizado no parque Yitzhak Rabin, batizado com o nome do premiê israelense assassinado em 1995, a construção terá uma torre dividida em 10 partes. A estrutura simboliza os mandamentos e, em sua base, será escrito "Não matarás". O projeto será executado pela secretaria estadual de obras.
Repare que será o primeiro memorial do Holocausto do mundo a não fazer menção alguma ao Holocausto. Ao invés disso, faz uma citação religiosa que é judaica, mas também poderia ser, olha que coincidência, evangélica. O detalhe maravilhoso disso tudo? YITZHAK RABIN ERA AGNÓSTICO. (E quando político diz que é agnóstico, é ateu convicto.)
Abaixo, maquete do monumento:
2 comentários:
Um memorial do holocausto não faz o menor sentido no Rio de Janeiro. Não mais que um memorial da escravidão negra em Berlim.
Pois é, se for pra fazer algo em memória do massacre humano, compro sua ideia de que é melhor faze-lo no contexto de um memorial ou museu geral sobre massacres, com enfase maior no tráfico negreiro e nos empreendimentos de seus compradores.
Mas se for pra fazer algo em homenagem à religião judaica, que se faça um monumento em homenagem ao ecumenismo ou vários monumentos em homenagem a várias religioes.
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