Com a entrada em campo de Marina Silva, o governo Serra busca estabelecer suas credenciais verdes editando uma lei que prevê a queda nas emissões de gases do efeito estufa do estado. Com direito ao secretário de meio ambiente (aquele mesmo que odeia ambientalistas) declarando que "está faltando a coragem ao governo federal de assumir essa agenda com a altivez que nós estamos aqui empenhados em São Paulo pelo nosso governador."
Curiosamente, é a primeira lei de restrição de emissões de carbono de que já ouvi falar que não mereceu um protesto, um pio, um ai por conta de qualquer entidade empresarial, nem da FIESP, nem do CIESP, nem do IBA, ninguém. Nem o agronegócio paulista, geralmente tão aguerrido contra ambientalistas quanto contra sem-terra. Que coisa.
Olhando para a lei, a coisa se explica. Primus, a lei não fala em fazer absolutamente nada até 2014. O plano vai ser formulado "nos próximos dois anos." Secundus, Serra já dá a dica: a meta vai ser atingida "com a troca de combustíveis poluentes na indústria, com o incentivo a transportes mais limpos e com o reflorestamento de matas ciliares" - ou seja, com medidas que o estado e sua indústria já serão obrigados a cumprir, por lei ou programa de incentivos federais, e com meios dúbios como chamar o metrô de "investimento em redução de emissões" e incentivos fiscais a plantações de eucalipto.
Tertio, a cereja do bolo: a lei fala em uma emissão atual de 122MtCO2eq, a ser reduzida para 98MtCO2eq até 2020 através dessas medidas "a conferir." Ora, o último inventário da CETESB, referente a 2006, falava que tinham sido emitidos 72Mt no estado...
Nenhum comentário:
Postar um comentário