1 - Prioridade zero - as dívidas "pessoais" do Estado brasileiro. Índios, quilombolas e prisioneiros. Contra os dois primeiros, o Brasil é culpado de crimes contra a humanidade; sobre os últimos, ele tem responsabilidade direta. Pode incluir no balaio a questão dos direitos humanos como um todo. É o essencial, o básico. Todos os outros direitos, sociais ou não, são secundários diante disso.
2 - Prioridade um - Meio ambiente. Parece esquisito dizer isso, com tanta gente passando fome, com a média de educação sendo de uns seis anos. Mas...usando como exemplo uma agressão a um meio ambiente nada natural, o Passeio Público do Rio de Janeiro, parque mais antigo do Brasil. Décadas de abandono não tiveram nenhum efeito negativo irreversível ao parque, mas uma "restauração" levada a cabo pelo César Maia recentemente removeu metade das árvores. Noves fora a concepção antiquada de restauração, que buscava retornar o parque ao "original," ser particularmente estúpida quando aplicada ao Passeio Público, cujo "original" de Glaziou já é uma reforma, e que costumava ficar defronte ao mar, não separado deste por umas doze pistas de tráfego e um parque, o que fica disso é que a devastação foi irreversível. Não se recria, no tempo de uma vida humana, um parque como o Passeio Público costumava ser. E a devastação ambiental brasileira está, do mesmo modo, detonando recursos irrecuperáveis, muito rápido. A área de origem da mandioca tá sendo detonada tão rápido que se perdem umas dez variedades e duas espécies da bicha todo ano. Daqui a pouco, bastante da Amazônia pode ter sido destruído pra que o resto vá embora sozinho. O clima do centro-sul brasileiro já está ficando mais seco, afetando diretamente a disponibilidade de energia elétrica. Etc etc etc.
3 - Reforma tributária. Só que não essa que clamam por aí. Por mim, a carga tributária tá boa. Eu instituiria maior progressividade no IR, a ser contrabalançada por diminuição nos impostos indiretos. E IRs estaduais e municipais. Ah sim, a CIDE também subia. Em compensação, todos os outros impostos indiretos federais iriam pelo ralo. O ITR ia pros estados.
4 - Distorção do incentivo à produção pelo BNDES. Parar de financiar qualquer investimento, e direcionar esses investimentos pra criar e manter indústrias que sejam boas pro país. Exemplo - ao invés de financiar qualquer ônibus, só dar dinheiro pra quem quisesse comprar um diesel-elétrico. (Subir pra Selic os empréstimos em outros setores.)
2 comentários:
Tiago, por quê essa tara por ônibus diesel=elétricos? Por quê não ônibus à gás?
Você diz isso porque não mora em ladeira, carro a gás tem um ronco maior do que o a gasolina...
A sério:
1 - A eficiência energética de transmissão mecânica, em termos de unidade de combustível ou liberação de CO2 por pesodistância, é muito maior. Parte da vantagem da ferrovia e hidrovia nesse sentido é por conta disso. (Navios têm transmissão mecânica, mas os motores operam em regime de eficiência máxima na maior parte do tempo.)
2 - Então poderia ser um ônibus gás-elétrico(multiplicando as reduções de poluentes em relação ao diesel-mecânico)? Sim, mas aí entra o problema da rede de distribuição. A expansão do consumo de gás no país, incentivada pelo governo FH, já ultrapassou a capacidade de resposta da Petrobras. A rede de distribuição de diesel já tá consolidada. E distribuição, pra ônibus a gás, é um puta problema, porque a capacidade energética por volume do gás é muito menor que a do diesel (ainda mais se você comparar um gás-mecânico com um diesel-elétrico).
3 - A coisa do ronco é só meia piada. A poluição sonora é um problema real nas grandes cidades brasileiras, e muito dela devido ao ronco de motores de ônibus acelerando. Principalmente nas que, como SP, têm muitas ladeiras. Aliás, quanto mais ladeiras, mais aumenta a vantagem do motor elétrico em termos de eficiência energética, também.
4 - Existe uma sinergia entre a fabricação de equipamentos diesel-elétricos para a ferrovia e para a rodovia, que ajudaria o parque de bens de capital nacional, especialmente na área de ferropeças.
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