Tá, eu tô ficando especialista em repetição. Dessa vez, tô repetindo as idéias que já foram pisadas neste e neste posts, mas eu tenho uma desculpa. É que a Unicamp e o WWF acabaram de publicar um estudo (otimista demais, na minha opinião) sobre políticas energéticas alternativas, que bate de frente com a opção fóssil-hidrelétrica da Empresa de Pesquisa eEnergética, órgão federal responsável por fazer o planejamento a longo prazo, pra ser usado pelo governo.
O interessante é a reação imediata e indignada a ele do presidente da EPE, que chamou de "utópica" e "ideológica" a idéia de aumentar a eficiência energética do país, além de atacar um boneco de palha ao fingir que o estudo da Unicamp previa uma expansão zero da oferta de energia. Ou seja, encampou-se, ideologicamente, no campo dos hidros (carbonetos e elétricos).
O que é engraçado, porque é uma bela demonstração de captura do regulador. Bem, no caso do planejador. Geralmente, quando alguém fala em captura, se pensa em algo próximo da prevaricação, no Hélio Costa agindo como lobista da Globo junto a si mesmo. Mas captura, a rigor, não é isso, é algo do gênero do Tolmasquin, ou de incontáveis banqueiros centrais - é quando o sujeito encarregado de manter um setor na linha encampa, honestamente, a ideologia daquele setor, e acredita sinceramente que os seus interesses equivalem aos da nação.
E só pra registrar - as hidrelétricas do Madeira ou do Xingu, ao mandar sua energia pro Sudeste ou Nordeste, teriam, com as melhores condições possíveis (cabos de corrente contínua ABB), mais de 30% de perda na transmissão. Isso é, sempre que ler sobre a geração delas, dê um desconto de 35% em termos práticos (e aumente proporcionalmente o preço por kW). Fora imaginar, além da obra da própria usina, os milhares de quilômetros de cabos e torres de transmissão gigantes. Que teriam que ser mantidos...
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