Quando tem saudades do tempo em que chacinas eram um acontecimento anual, que recebia atenção generalizada da imprensa brasileira e estrangeira. Desde que Saulo Ramos instituiu o comunicado oficial sobre emboscadas na polícia de São Paulo, isso parece ser coisa do passado. A chacina do mês (13 "bandidos") mal apareceu no miolo dos jornais; por pouco ia ser nota de pé de página. Teve 69 fontes no google news, contra 276 de "Justiça adia decisão sobre Varig."
Tudo bem, a última grande chacina ainda mal acabou, mas mesmo assim...
E sabe o que mais me estranha? Um partido tão preocupado com a imagem internacional quanto o PSDB, que fez tanto barbadas fenomenais quanto boas ações* com a quase exclusiva intenção de aparecer bem na fita, ter admitido que quadros seus efetuassem a institucionalização do caráter assassino da polícia brasileira, que antes funcionava "por fora," em esquadrões da morte e escuderias LeCoq. Vejamos pelo lado bom essa institucionalização: não dá mais pra empregar a defesa Rumsfeld, das maçãs podres, quando a violência é uma estratégia oficial da polícia, resultado de táticas coordenadas empregando tanto o setor de "inteligência" quanto o de repressão. Fica mais claro que o problema não é algum defeito de fabricação nos nossos policiais, que seriam piores que os dos ingleses, mas uma estratégia deliberada, uma "política de governo," contando com apoio de pelo menos grande parte da população.
Depois reclamam quando um tablóide australiano de quinta fala mal dessa bodega.
*Eg 1: os tratados desiguais de proteção de investimentos. Eg 2: o reconhecimento da existência de racismo no Brasil.
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