Matéria do Estadão denuncia: impostos invisíveis são responsáveis por até 93% do preço dos produtos. A matéria foi tuitada pela economista Elena Landau com a eterna invectiva "por isso que esse país não vai pra frente."
Até entendo o comentário, se o que está sendo criticado é a ignorância matemática ou a histeria midiática. Porque a matéria-infográfico é uma porcaria. Vejamos:
Salário de 3500 reais: IR de 22,5%, menos dedução, e Previdência de 20%. O tributarista do Estadão pelo visto não sabe o que significa alíquota marginal. Alternativamente, pode ser um estagiário, caso em que se entende que não saiba como funciona imposto de renda. A alíquota de 22,5% sobre rendimentos acima de 3000 reais não atinge toda a renda, mas só os 500 reais acima de 3000. A alíquota efetiva de quem ganha 3500 é 8%. E previdência não é imposto. (Se fosse, o Estadão não defenderia sua privatização.) Nas mesmas bases previstas pelo Estadão, na calculadora da Receita, tem-se 1,8%.
Vinho fino importado: os tais 93%, assumindo-se um IPI de 30%. Engraçado que o IPI sobre vinho não é uma porcentagem...
E, o mais divertido: no país do Estadão, o IPTU é maior ainda do que como eu queria que fosse. Alguém que paga 1200 de aluguel, segundo o Estadão, morre em 350 por mês de IPTU. Ora, como dá pra ver neste anúncio, nem que o apartamento custasse 8.000 por mês. (Caso em que seria 220)
E isso sem nem falar de incorporarem ao "preço dos alimentos" o imposto de renda das empresas ou a CSLL.
A única coisa absurda em que o Estadão tem razão é imaginar que alguém que ganha 3500 por mês compra um iPhone de 2000 e um carro de 30.000...
Um comentário:
20% da Previdência sob salário só se o sujeito for autonomo. A contribuição do EMPREGADO é de até 11%. Os 20% é a contribuição do empregador, e é a fatia sob a folha das empresas.
Há bons motivos para se ser contra o valor dessa contribuição(Embora o fato de não ser raro ter gente passando mais tempo aposentada que contribuindo faça com que esse valor a longo prazo seja insuficiente para cobrir a Previdência), mas isso não é pago pelo empregado.
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