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29.10.12

A morada do poder

Em meio a toda a profusão de mapas de votação mostrando uma distância bem nítida entre as preferências eleitorais da periferia pobre (esquerda, menos no Rio) e do centro rico (direita, menos no Rio) das capitais brasileiras, achei curiosa a falta de distância entre os endereços dos candidatos propriamente ditos. Pensei nisso, ontem, ao ver a dúzia de carros de satélite próximos ao apartamento do Haddad (que vota na frente da minha casa). O Paraíso, aonde eu e Haddad moramos, é quase na ponta leste do setor sudoeste paulistano, em que se concentra a burguesia tradicional (há bolsões burgueses em cada região da cidade, que nesse sentido é bem descentralizada, bem como na sua região metropolitana, com direito a subúrbio à americana em Cotia e Mairiporã). Quase na ponta oeste está o Alto de Pinheiros, bairro onde fica a mansão de José Serra. Nem São Paulo é excepcional nesse quesito; pelo contrário, ainda está "bem distribuída." No Rio, Freixo e Paes moram em bairros vizinhos, Leblon e São Conrado. Em Salvador, Pelegrino e ACMinho moram no mesmo bairro, e uma velhinha artrítica não teria problemas em percorrer a distância que lhes separa.

Resolvi, então, conferir a distância (as the crow flies) entre os principais candidatos em algumas cidades, bem como o metro quadrado de seus bairros:



São Paulo: Haddad: 11.806. Serra: 8.278
Rio de Janeiro: Paes 11.514. Freixo: 18.332
Salvador: Pelegrino e ACMini: 3.377
Belo Horizonte: Marcio Lacerda: 7.812. Patrus Ananias: 4.998.


E daí isso tudo? E daí nada. A maioria  dos candidatos a prefeito de capital já são políticos, e políticos ganham muito bem; no caso são todos de classe média, e de origem classe média, mas nesse sentido a política brasileira está bem mais democrática do que a americana, por exemplo (Obama, de família classe média-alta, é uma exceção pra baixo; Clinton gostava de dizer que nasceu num trailer park, a favela deles, mas se mudou pruma mansão antes de aprender a falar).  É só curiosidade mesmo. A informação mais relevante desses números é o abismo entre os valores de cada cidade.

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