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18.12.09

Lugares estranhos do mundo IX

Eu prometo que o 10 faço um próprio, mas achei que essa matéria do Valor se encaixava demais na lista pra não repassar.

À rua São Caetano, zona central de São Paulo, o movimento é intenso. São apenas duas da manhã de quinta-feira, dia 17. Ônibus enfileiram-se rumo à rua Monsenhor de Andrade. Bancas à mercê do sereno estão repletas de vestidos pendurados em cabides, iluminados por lâmpadas que se equilibram por um fio. O cheiro de milho verde e de churrasquinho se mistura ao funk e ao samba que vêm dos CDs piratas dos camelôs.

Os ambulantes da rua Monsenhor de Andrade, onde funciona a tradicional "Feirinha da Madrugada", no bairro do Brás, disputam consumidores com os ex-camelôs, que se tornaram comerciantes legalizados e com banca fixa no Shopping Popular da Madrugada, na mesma rua.

No centro da disputa, um público que chega apressado, trazendo nos ombros imensas sacolas. No bolso, no mínimo, R$ 1,5 mil em dinheiro para gastar com produtos para revender. Só neste mês, os sacoleiros movimentam no Brás e na rua 25 de Março pelo menos R$ 50 milhões por noite. Tanto dinheiro chamou atenção até da multinacional Nestlé, que já se instalou no centro de compras mais popular da cidade.

O Shopping Popular da Madrugada deve atingir seu pico de vendas e de público neste sábado, último antes do Natal, quando são esperadas 80 mil pessoas. Criado há quatro anos pela Prefeitura de São Paulo, como alternativa legal aos ambulantes, o lugar se transformou na nova atração do turismo popular de compras da cidade.

Com roupas baratas, acessórios e artigos eletrônicos, seu grande trunfo é contar com estacionamento para ônibus - as 240 vagas originais foram ampliadas para 390, tendo em vista o aumento da procura. Também foram criadas 100 vagas para vans. Cada ônibus paga R$ 50 por noite e, a van, R$ 30, serviço que antes era gratuito, mas começou a ser cobrado este ano.

Com isso, os sacoleiros que vêm das mais variadas regiões do país, principalmente Sudeste e Sul, fazem do Shopping sua base de apoio: compram na feirinha, no próprio Shopping e, ao amanhecer, nas lojas do Brás e da rua 25 de Março. Enquanto isso, vão guardando as mercadorias nos ônibus.

Quem administra o espaço de 140 mil metros quadrados é a empresa GSA, que paga aluguel de R$ 137 mil ao governo federal, uma vez que o terreno, cortado pela linha do trem, pertencia à antiga Rede Ferroviária Federal SA (RFFSA).


Falando na RFFSA: saiu o edital para os trens regionais de passageiros. Entre as linhas, Campinas-Arararaquara, São Paulo-Itapetininga, Santa Cruz-Mangaratiba, e Campos-Macaé.

2 comentários:

Victor disse...

sério que saíram esses editais? se for verdade, será a maior revolução nos transportes brasileiros nos últimos 30 anos.

nenhum disse...

Não será revolução, porque duvido que alguém se arrisque a fazer isso. No trecho de São Paulo a Itapetininga seria preciso uma forma de contornar a CPTM até Itapevi(Que é muito fresca com trens de outras operadores em suas linhas) e competir com a Castelo Branco com uma linha de baixa velocidade construída nos anos trinta.

O antigo trem da FEPASA levava mais que três, cinco vezes mais rempo que o ônibus em muitos trechos nesta linha.