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23.5.06

Da janela vê-se o redentooor

Um pouco como a situação das penitenciárias paulistas, onde presos têm negados direitos humanos básicos e permitidos privilégios inaceitáveis, sem que isso seja contraditório:

A prefeitura do Rio de Janeiro tenta engessar bairros inteiros através do tombamento, incluindo o seu "ambiente cultural" - como se isso fosse possível, e no mais das vezes tentando engessar um "ambiente cultural" que nem está mais lá, que era da década de 60, 50, 40. O efeito do processo, que faz com que quase 5% das construções na área central (ZS, Grande Tijuca e Centro amplo) sejam tombadas, é só criar uma camada adicional de burocracia e dificultar a mudança orgânica da cidade. Enquanto isso, em áreas que são realmente merecedoras do tombamento que ostentam, a prefeitura intervém sem medo de ser feliz, e sem nenhuma consideração para com o entorno. Até o final do governo César Maia, lá pelo ano de 2048, acho que não vai ter sobrado uma única árvore com mais de 2 anos de idade nos parques cariocas. Isso é, nos que ainda forem parques, não estacionamentos ou shopping centers.

Primeiro foi o Passeio Público, agora é o Aterro do Flamengo. Quando estive em Brasília, das coisas que mais me chocaram foi como a cidade é privatizada, em especial a orla do lago Paranoá, que é quase toda dividida entre clubes e casas particulares; um contraste com a orla pública (feitas todas as ressalvas de praxe) do mar carioca. Lá, os espaços públicos são conseguidos meio que nas frestas do planejamento, à revelia do "público" estatal, como é o caso do Eixo Monumental, cujo gramado, bem, monumental virou campo de futebol. Dá pra imaginar, exagerando um pouco que até o dito ano de 2048 a orla marítima vai ser de shopping centers.

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