Auferre, trucidare, rapere, falsis nominibus imperium; atque, ubi solitudinem faciunt, pacem appellant.
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29.11.05
Serra faz escola
Os 55 mil alunos das 132 escolas municipais de Petrópolis vão ajudar a pagar a conta dos uniformes e material distribuído gratuitamente pela prefeitura. Na última sexta-feira, o prefeito Rubens Bomtempo sancionou a Lei municipal 6.298, que autoriza a propaganda de empresas privadas ou públicas nos uniformes, desde que eles sejam doados para a prefeitura. Estão vetadas propagandas político-partidárias, que atentem contra a moral e os bons costumes, de jogos de azar e de empresas ligadas a fabricação, distribuição, venda ou publicidade de fumo ou bebidas alcoólicas.
Detalhe: Rubens Bontempo ganhou, em 2004, o título de "prefeito amigo da criança." Imagina se não fosse.
20.11.05
Back to the Future
Roberto DaMatta, PhD em Brasil, diz que Gisele tem um tipo mais “apolíneo”. Mas acha que a supermodelo tem um riso e um glamour que são brasileiros.
DaMatta reconhece que o homem brasileiro prefere mesmo uma mulher mais carnuda, de bumbum farto. “Este gosto tem a ver com a nossa herança. Fomos criados comendo paçoca, torresmo e mamando nos seios fartos de negras.”
18.11.05
The Village that Voted the Earth was Flat
Atenção para a passagem em que a febre aftosa faz uma breve aparição. Kipling era atual paca.
Meu momento neoliberal II
Como eu já disse lá no post sobre poluição, essa situação é em parte derivada de fatores históricos, em parte geografia mesmo - boa parte das vantagens de ferrovias e hidrovias são anuladas pela topologia brasileira, que põe uma barreira formidável entre o planalto e o litoral, e enche os rios de cachoeiras. Mas existem, no momento, dois fatores principais privilegiando o caminhão sobre o trem, a balsa ou o navio:
1) O custo de capital. Caminhões são mais baratos do que ferrovias e navios; ergo se pagam mais rápido; ergo, no país em que os juros não descem a um dígito desde 1980, são mais baratos ainda. Se alguém nesse país ainda não reclamou dos juros altos (tudo bem que alguns precisando de investir em óleo de peroba para fazê-lo), desconheço. Mas esse não é o ponto a que quero chegar.
2) O óleo diesel é objeto de uma política de preços que funciona como um subsídio de valor difícil de determinar, mas bilionário. Ora, o preço do óleo diesel é justamente o maior incentivo para que se invista num meio de transporte mais eficiente (ie que gaste menos óleo diesel). Se você gasta dinheiro público para torná-lo mais barato, está diminuindo o valor da eficiência no transporte, e aumentando a competitividade de ônibus e caminhões contra trens, balsas e navios. Aumentar os preços do diesel é quase um free lunch: o governo fica com mais dinheiro, e assim leva a uma situação melhor.
O "quase" fica por conta da necessidade de dosar esse aumento de modo a minimizar o efeito sobre a inflação.
17.11.05
Its structural perfection is matched only by its drabness
15.11.05
Mudando o foco do debate
In short, the debate should not be centered on whether one is in favor of growth or against it. The question should be, are there policies that can promote what might be called moral growth -- growth that is sustainable, that increases living standards not just today but for future generations as well, and that leads to a more tolerant, open society? Also, what can be done to ensure that the benefits of growth are shared equitably, creating a society with more social justice and solidarity rather than one with deep rifts and cleavages of the kind that became so apparent in New Orleans in the aftermath of Hurricane Katrina?
9.11.05
Perdeu, preibói
Já a morte de ecossistemas me assusta mais. Inclusive porque, como um genocídio, ela comporta dentro de si muitas mortes. Pois o Brasil tem uns prontinhos pra entrar no Vernichtungslager, ainda mais se "o Brasil" ganhar as negociações na OMC, com a ajuda da Oxfam.
“Para São Paulo, os campos de altitude e as florestas acima dos 1,2 mil metros tendem a desaparecer. As matas de araucária também deverão sofrer uma redução drástica em seus limites”, disse. Se a situação já está ruim para a região das serras paulistas, rumo ao interior, para o ecossistema Cerrado, ela pode piorar ainda mais.
Os impactos das mudanças climáticas sobre o Cerrado são difíceis de prever, entre outros motivos, por causa da grande fragmentação desse tipo de formação.
“Hoje, existem 8,5 mil fragmentos de Cerrado em São Paulo, dos quais apenas 20 têm mais de 500 hectares”, disse Joly.
Segundo ele, essas áreas maiores são consideradas suficientes para preservar a sobrevivência, em se tratando de grandes vertebrados, de apenas um casal de lobo guará, por exemplo.
7.11.05
6.11.05
Advogado do diabo
Fora isso, ué, agora arrecadação crescer é bom? Cadê os editoriais e míriam leitões falando da sanha arrecadatória?
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Se eu fosse um pouco cínico, diria que a jacquerie em curso, contrastada com as notícias de "tensões raciais" entre caribenhos e pakis na Grã-Bretanha, rednecks e hispânicos nos EUA, deixa margem à avaliação de que o multiculturalismo realmente é muito melhor. Divide et impera.
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Ainda não vi um mísero artiguete na imprensa brasileira falando do caixa 2 do Partido Liberal canadense, alimentado com verba pública. Tá, o Canadá não é tão importante assim, mas no mínimo serviria como um antídoto ao gosto de jabuticaba.
Malo
4.11.05
Nightsticks make the world turn around, the world...
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Por onde Bush passa a grama não cresce. Graças a Deus ele só corta árvores quando o país é um país africano pobre mesmo, mas barrar as pessoas de circular em suas próprias ruas é direito de todos, sejam franceses, argentinos ou ingleses.
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Seja o crime seja o terror, sempre haverá alguma desculpa pra te tirar um direito. O terror tá na moda.
2.11.05
Artesiano
Querer preservar uma doença sexualmente transmissível, de efeitos horrendos, pra que isso sirva de cinto de castidade, não é a mesma coisa. É nojento. E eu que achava que as campanhas deles pelo criacionismo e congêneres eram o fundo do poço. Honestamente, em termos de reação instintiva, gut feeling, isso me assusta mais do que tacar fogo em clínica de aborto, no WTC ou no Omar Sharif. Ameaçar de câncer a sua própria filha é...
1.11.05
Lágrimas de Portugal
A edição presente da Saudi Aramco World fala do mar. Em geral, a revista é a prova de que nem todo o lucro dos 10.000.000 de barris de petróleo a 60USD cada é desperdiçado, mas achei o assunto de "hoje" (a revista é bimestral) maneiro. Falando na Saudi Aramco, um aviso pra quem achou absurdo o lucro trimestral de 10bn da Exxon, que os congressistas americanos pensam em submeter a uma "windfall tax": o custo de extração deles é de 3USD o barril. Mais frete, exploração, tudo, dá no mínimo 40USD de lucro por barril. 400 milhões de dólares por dia. 36 bilhões de dólares em um trimestre de noventa dias.
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal.
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantas filhas em vão rezaram,
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Se a alma não é pequena.
Quem quere passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
- Fernando Pessoa.