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2.9.05

Katrina Aquecimentova

Katrina chegou, e muita gente aproveitou pra apontar o dedo pro Joãozinho Talibã. Tudo bem, a princípio qualquer coisa que se fale mal do Bush está certa, mas... o aquecimento globla aumenta a frequência e intensidade dos furacões, mas não é diretamente responsável pelo Katrina, que foi azar. Podia ter ido parar em qualquer outro lugar, podia não ter sido durante a maré alta...tudo bem, o aquecimento da água do Golfo do México aumenta as chances de vir outro, mas isso não é uma relação direta com este em particular. E o protocolo de Kyoto, ainda que tivesse sido implementado por todo mundo, não teria feito nenhum efeito ainda, teve muito pouco tempo - fora que ele é extremamente tímido, há quem diga que não teria efeito nem num prazo secular.

Apesar disso, é claro que "a culpa" é do Bush de várias maneiras. Listando:

1) A Guarda Nacional está no Iraque. Em número de soldados, a resposta ao Katrina está em um terço da resposta ao furacão Andrew, e a defasagem é maior em número de soldados treinados em enfermagem ou policiamento, ou de helicópteros, hospitais de campanha e e destacamentos de engenharia.
2) O programa de contenção de enchentes do Army Corps of Engineers teve verbas cortadas em 2001, e foi paralisado em 2003, com as verbas desviadas para a Homeland Security.
3) A FEMA, a defesa civil federal, foi sucateada desde o começo do governo Bush, perdendo sua capacidade de lidar com desastres.
4) A costa do Golfo do México, em seu estado natural, tem várias barreiras anti-furacão. A lama do Mississípi, que criou o pé-de-galo em que está situada Nova Orleáns, é abundante (o rio carrega mais lama do que o Amazonas, apesar de ser dez vezes menor), e ajuda a absorver a força dos furacões a quilômetros da costa; manguezais fazem o mesmo serviço; os canais auxiliares do delta se mudam, ajudando a escoar a água. Etc etc etc. É claro que a degradação da costa sul dos EUA antecede o Bush, mas ele conseguiu cortar muito da prevenção e recuperação que existia. No embalo, o programa de despoluição do Mississípi foi posto on hold, o que piora a situação de quem fica no meio das águas agora.
5) O "bolsa-família" americano foi cortado, começando com o Clinton, resultando em menos capacidade das próprias pessoas pobres de lidar com o furacão. Não custa lembrar que quase metade da população de N'awlins, e quase um terço da população dos três estados afetados, vive abaixo da linha da pobreza.
6) Tá que houvesse menos recursos, mas mesmo esses não foram mobilizados. O exército só foi mencionado ontem, a guarda nacional foi sendo mandada aos pouquinhos, até ontem a maior distribuição de água mineral era de um empresário que resolveu mandar o estoque dele, com a ajuda de voluntários. O Bush se orgulha de nunca dormir depois das oito, mas isso é exagero.
7) A antipatia pelo Bush não cortou a ajuda internacional aos EUA. Pelo contrário, as dificuldades fizeram com que o lucro político ficasse maior. Mas os canais de relacionamento pelos quais isso poderia ser organizado foram cortados, inclusive porque o Bush tem "trocado de mal" com o Departamento de Estado desde que este, ao contrário do Pentágono, se recusou a puxar o saco e concordar com Sua Majestade quanto ao Iraque.

Deve ter mais coisa. Em termos de catástrofe natural, o Bush tá quase no nível do Katrina.

Um comentário:

nenhum disse...

Bush é MUITO pior que qualquer furacão.