http://oglobo.globo.com/jornal/Bairros/ZonaNorte/169739796.asp
Os apitos da locomotiva da MRS Logística soam como tiros de largada. No viaduto que passa sobre a Linha Vermelha, crianças que empinam pipas correm para as pequenas plataformas de recuo para ficar a salvo do trem. Este, por sua vez, diminui a velocidade para algo em torno de 25 quilômetros por hora. O ritmo lento é necessário para que, nos próximos três quilômetros, não haja incidentes.
O trem passa tão rente aos casebres que o fiscal de linha Ailton de Andrade, há 27 anos na MRS, cumprimenta quem está dentro de casa. Ele diz que, muitas vezes, seus técnicos têm de entrar nos barracos para fazer a manutenção dos dormentes — muitos afetados pelas construções.
Ao ouvir um tiro, disparado a poucos metros como advertência por causa da máquina do repórter fotográfico, Ailton revela também que a proximidade com os traficantes é bem maior do que gostariam os maquinistas:
— Neste pequeno trecho por onde passamos, eles são presença constante. Em geral, a convivência é pacífica mas a maioria dos colegas trabalha com medo.
Os barracos sobre a linha férrea se tornaram um emblema dos transtornos trazidos para a região pelo avanço da favelização e são um problema duplo que o Ministério das Cidades pretende solucionar com a assinatura do convênio com a prefeitura.
Por um lado, idosos, adultos e crianças que convivem com os trens de carga estão sob permanente risco de morte. Um incidente ocorrido há um ano é um exemplo: um rolo de aço que não estava centralizado no vagão caiu e destruiu vários barracos durante a passagem da composição. Perigos como este foram objeto de um relatório elaborado em abril pela Comissão de Desenvolvimento Urbano da Câmara de Deputados.
Por outro lado, a produtividade dos terminais portuários, segundo a MRS, é afetada pela proximidade das favelas. As conseqüências são o risco de saques e acidentes.
Um comentário:
MAs como o fiscal de linha trabalha há 27 anos na MRS se empresa nem tem dez anos de vida? ;)
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