Margareth Thatcher, primeira ministra britânica e bruxa má do oeste nas horas vagas, resumiu os motivos para o sucateamento deliberado da rede de transportes sobre trilhos britânica com a frase "If at thirty you do not have your own car, you are a failure at life." Ela queria promover uma "ownership society," na qual esse fracasso fosse menos comum e mais óbvio, já que não haveria alternativas à posse de um automóvel, ou pelo menos não para qualquer um que quisesse sair de casa.
Essa mesma atitude, numa versão mais branda, marca tanto o nababo indiano Tata quanto os jornalistas mundo afora que saúdam sua invenção do carro Nano. O bichinho pretende oferecer a literalmente bilhões de pessoas a oportunidade de dirigir automóveis; é uma versão do século XX do Ford modelo T.
O poroberema com essa aposta é que, ao contrário da época do Ford, hoje em dia a gente já sabe as consequências da massificação da disponibilidade de automóveis. Sprawl suburbano. Colossais verbas públicas destinandas ao transporte rodoviário. Mortos de acidentes de trânsito às centenas de milhares. Consumo de energia monstruoso, com o concomitante aumento no efeito estufa (e/ou na utilização de terras). Poluição atmosférica. Degradação e segregação do transporte público.
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