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21.11.06

Do verde ao verde ao verde

A visão comum sobre os organismos geneticamente modificados é mais ou menos simpática dependendo de aonde você vá, mas num mundo que idolatra os orgânicos é difícil negar que a visão do futuro mudou, em relação aos anos 50. Naquela época a Revolução Verde, com organismos ainda modificados usando técnicas "arcaicas" de manipulação genética (isto é, cruzamentos), era vista como um grande e utópico movimento, uma realização pela tecnologia dos sonhos da humanidade. Deu em várias merdas homéricas, claro, como sói acontecer com utopias. Os ecossistemas antrópicos tradicionais têm desaparecido, graças a ela, mais rápido do que a maioria dos ambientes naturais, com riscos de doenças agrícolas e certezas de aumento da dependência econômica, desigualdade e uso de agrotóxicos. Bem, nesta segunda frase talvez já se veja a transformação pela qual a nova Revolução Verde, de hoje em dia, já deixou de ser de cientistas utópicos pra ser de corporações bastante pragmáticas. Novos organismos deixaram de se preocupar em acabar com a fome para significar aumento na geração de divisas, ou qualquer que seja o termo elegante da vez para encher o rabo de grana. E, como tal, ao contrário da radicalização e transformação nos hábitos proposta pela primeira Revolução Verde (que fez os indianos passarem a comer trigo ao invés de lentilha), se preocupa em não fazer nada que não seja reconhecível e fácil de vender. Hoje em dia, o efeito colateral bunda da primeira revolução verde, o aumento do uso de pesticidas, virou a própria raison d'etre de produtos como o grão de soja "Pronto pro Pesticida" da Monsanto.

Por isso, não deixa de ser interessante a volta às origens do trabalho realizado agora, que visa fazer com que algodão seja comestível, pelo visto com sucesso. Veja bem, algodão é venenoso - pra gente e pra maioria dos animais que comemos. Se cultivássemos algodão comestível, a produção mundial de alimentos, especialmente de proteína, aumentaria muito, sem que um acre de terra ou quintal de água a mais tivesse que ser gasto. De deixar o Norman Borlaug orgulhoso

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