O Rio tem dois focos de poluição : a Reduc e a Avenida Brasil. O resto é resto. Quer dizer, é óbvio que existe poluição na Nossa Senhora de Copacabana às seis da tarde de um dia de inverno, mas as únicas fontes que geram poluição pesada sobre uma área grande e acima do nível do solo são essas duas.
No primeiro caso, é de se perguntar porque o governo do Rio, um estado que poderia ter vocação para o turismo e a economia do conhecimento, chantageia tanto o governo federal para pedir indústria pesada aqui. Normalmente, indústria poluidora e que gera (relativo ao investimento) poucos empregos é uma coisa que ninguém quer. Mas vai ver Deus segredou ao casal Garotinho que poluição é uma coisa boa.
No caso da Avenida Brasil, o pior da sua poluição não são apenas os carros particulares, mas a ênfase dada no Rio ao transporte de ônibus. Note-se que a maior parte das áreas cobertas por ônibus que usam a avenida Brasil já é coberta por trens. Então não se trata de falta de dinheiro, como é alegado. O trem transporta hoje 400.000 pessoas por dia, um milhão a menos do que no seu auge. A privatização, ao invés de acabar com a necessidade de subsídios com corte de custos, o fez com o aumento da passagem, de quase 100% em termos reais. Se apenas a qualidade do serviço fosse melhorada, teríamos um transporte de massa verdadeiro para quase toda a população do Rio, e poderíamos reorganizar as linhas de ônibus, eliminando as de longa distância.
E o metrô nisso? O metrô do Rio tem duas linhas. Uma delas na verdade funciona como trem, isso é, como uma linha de baixa densidade ligando o subúrbio ao centro. Que, aliás, já foi mal concebida, porque é paralela e próxima a uma linha de trem. Ou seja, se trocassem de linha na Central ao invés de no Estácio, os passageiros poderiam ir pro mesmo lugar. Não seria um problema se a linha fosse subterrânea; seria um problema menor se fosse elevada ou semi-enterrada. Com uma linha de superfície, temos um imenso muro cego a mais cortando a cidade. A outra, projetada para servir às áreas mais ricas e densamente povoadas da cidade, se rarefaz logo em Copacabana. Inexplicavelmente, porém, linhas de ônibus inteiramente paralelas ao metrô, como a 119-Copacabana Praça XV, continuam operando.
Existem ainda projetos para o metrô. Pela ordem de importância dada pelos governos.
1- Linha 4, Barra- Linha 1.
Essa linha liga um bairro de baixa densidade à "rede" de metrô. Existem duas opções de traçado, ambas começando no Cebolão, Alvorada, uma acabando numa estação da linha 1 entre Botafogo e Copacabana, embaixo do Morro de São João, a outra acabando na Carioca. As duas têm uma densidade baixa de estações, ou seja, seriam algo mais pra trem de subúrbio, só que pro subúrbio rico ao invés do subúrbio industrial. Em termos de substituição ao ônibus, de dinâmica de transporte, não é uma linha tão importante. Por servir a um bairro rico, e ainda mais por ser apresentada como uma vantagem para o Pan e as Olimpíadas, ganhou mais importância. Atualmente, uma versão ridícula dela, com três ou quatro estações entre a Barra e a PUC, foi anunciada. Vai servir pra algum estudante da PUC ir ao Fashion Mall, se for feita, e pra mais nada.
2 - Linha 6 (Transpan), Barra - Galeão + ou Santos Dumont ou Caxias
Liga de novo o Alvorada ao Galeão. Tem uma versão alternativa da prefeitura, toda em superfície (a opção Santos Dumont), que parece mais um factóide. A versão original é elevada da Barra a Cidade de Deus, subterrânea até a Av. Brasil, elevada de novo até a Ilha do Governador e aí semi-enterrada. Seria uma ótima idéia para integrar todas as linhas de trem da cidade, mais a linha 2 do metrô, se não fosse que os dois transportes não são integrados. Poderia absorver, também, um bom fluxo de final de semana. A atenção dada, porém, é mais uma vez pelos eventos esportivos, e a idéia de se fazer da Barra o "novo centro" do Rio.
3 - Linha 3, Carioca - São Gonçalo
É a que aposentaria mais ônibus. Já licitada. Túnel só debaixo da baía, depois elevada de Araribóia em diante.
4 - Completar as existentes.
A linha 2 deveria bater na Carioca, que é o destino final da maioria dos usuários. Com estações no Catumbi, na Cruz Vermelha, e na Praça XV. Essa seria boa inclusive para a concessionária, já que aumentaria muito a demanda na linha 2, e desafogaria o Estácio. A Carioca já foi planejada, como estação, para comportar várias linhas.
A linha 1 deveria ser um anel, com estações no Cantagalo, General Osório, Nossa Senhora da Paz, Jardim de Alah/Praça de Espanha, Bartolomeu Mitre, Praça Santos Dumont, Usina e Uruguai. O túnel até a Rua Uruguai já está cavado, e com estacionamentos subterrâneos prontos.
5 - Linha 5, Santos Dumont- Galeão
Não existe nem como projeto.
Só pra finalizar, existem várias propostas de empresários para, sem ônus nenhum do Estado ou da Prefeitura, criar uma ligação hidroviária entre os aeroportos, Copacabana, e a Barra. Um catamarã entre o Alvorada e o Centro seria quase tão rápido quanto o metrô, teria de quebra um potencial turístico, e não custaria um bilhão mais subsídios operacionais, como o minimetrô anunciado pelas ôtoridades. Inclusive, se um dia a linha 6 for feita, poderia ser estendida ao píer da Barca depois do Alvorada, integrando os dois meios de transporte.
Nenhum comentário:
Postar um comentário